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Publicado em 24/11/2013 09h00 Atualizado em 09/12/2025 17h19

Você conhece o Acarajé?

Publicado em 25/11/2016 09h05 Atualizado em 07/06/2023 13h40

O Acarajé é uma das mais tradicionais especiarias populares no Brasil e carrega uma história cultural ainda pouco conhecida. Ele é vendido por todo o país, principalmente em regiões turísticas da Bahia, produzido majoritariamente por mulheres – mães e filhas de santo -, e oferecido no tabuleiro, onde acompanha também outras iguarias baianas, como o abará, o lelê, a cocada preta, cocada branca, o pé-de-moleque, a passarinha, o bolo de estudante. Além disso, como se assemelha a um balcão, o tabuleiro também tem espaço para guardar panelas, colheres de pau e objetos rituais, como figas, dandás e colares de conta.

Preparado com um bolinho de feijão-fradinho artesanal, temperado com cebola e sal, frito em azeite de dendê e depois recheado com vatapá (leite de coco, castanha de caju, amendoim e camarão), vinagrete e camarão seco, o acarajé é servido “quente” ou “frio”, ou seja, com muita ou pouca pimenta.

De onde ele vem?

Difundida no candomblé e ofertada para a orixá Iansã, a receita chegou ao Brasil vinda do Golfo do Benim, na África Ocidental, por imigrantes africanos na época da escravidão.

A palavra acarajé se origina da língua africana iorubá: akará = bola de fogo e jé = comer, sendo assim, “comer bola de fogo”. O significado vem da história de Xangô com sua esposa Iansã.

Conforme a narrativa da Fundação Joaquim Nabuco, “Iansã, a deusa dos ventos e das tempestades, foi à casa de Ifá (oráculo africano) buscar um alimento para seu marido. Ifá o entregou recomendando que quando Xangô comesse fosse falar para o povo. Desconfiada, Iansã o provou antes de entregá-lo ao marido e nada aconteceu. Chegando em casa, entregou o preparado a Xangô, sem esquecer de repassar as informações do Ifá. Xangô o comeu e quando estava falando ao povo, começaram a sair labaredas de fogo da sua boca. Aflita, Iansã correu para ajudá-lo, começando também a ter labaredas de fogo saindo da sua boca. Diante disso, o povo começou a saudá-los de grandes reis de Oyó, ou seja, grandes reis do fogo”.

De acordo com outra versão da história, “um dia Iansã foi levada por Xangô às terras dos baribas. De lá ela traria uma porção mágica, cuja ingestão permitia cuspir fogo pela boca e nariz. Iansã, sempre curiosa, também usou a fórmula, e desde então possui o mesmo poder do marido”.

Quando ofertada para os orixás, a receita é apenas frita, não podendo ser modificada e só deve ser preparada por filhos de santo, não havendo dissociação do candomblé. O acarajé é preparado com diferentes formas e tamanhos, de acordo com a oferenda. O maior e mais redondo é oferecido a Xangô e os menores para os obás (ministros de Xangô) e para os erês (intermediários entre a pessoa e seu orixá). Para Iansã, são oferecidos tradicionalmente nove acarajés, também pequenos – ela é considerada a deusa dos nove partos/filhos e a crença diz que o número está ligado às passagens desse orixá. Sendo assim, ofertando a ele essa quantidade de acarajés, é possível que se consiga maiores graças.

Em Ilê Ifê, na Nigéria, o acarajé representa os filhos gerados do orixá. O acarajé banhado no azeite de dendê é relacionado ao feto ainda em estado de formação, envolto em sangue.

A comercialização do acarajé começou no período da escravidão e foi se tornando uma fonte de renda para os terreiros, quando as ‘escravas de ganho’ passaram a vender o produto para outras pessoas. O acarajé era considerado um alimento bom para as crianças e idosos doentes ou com anemia, porque fortalecia e fazia melhorar. Seu consumo era restrito a negros, escravos e livres, moradores de rua e pessoas pobres. Esse tipo de alimento não fazia parte do cardápio das famílias com melhores condições econômicas.

Ofício das Baianas de Acarajé

As baianas são conhecidas principalmente pelas vestimentas: panos na cabeça, vestidos longos brancos, adereços e colares, que significam a que candomblé as baianas usuárias pertencem. O Ofício das Baianas de Acarajé foi reconhecido como Patrimônio Nacional e inscrito no Livro dos Saberes em 2005 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

O Ofício diz respeito a todo o ritual envolvido, desde o preparo do alimento para oferendas ou para comercialização, até a indumentária própria das baianas, que revela sua condição social e sua crença. 25 de novembro é o dia Nacional das Baianas de Acarajé.

Por Maria Luíza

Lélia Gonzalez: A mulher que revolucionou o movimento negro

Publicado em 04/02/2019 09h05 Atualizado em 07/06/2023 13h47

Lélia Gonzalez foi uma ativista e intelectual negra; denunciou o racismo e o sexismo como formas de violência que subalternizam as mulheres negras.

Nascida em Belo Horizonte, no dia 1° de fevereiro de 1935, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde graduou-se em História e Geografia, fez mestrado em Comunicação e doutorado em Antropologia Política. Atuou como professora em escolas de nível médio, faculdades e universidades.

Iniciou o primeiro curso de Cultura Negra na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV). Para Lélia Gonzalez, o conceito de cultura deveria ser pensado em pluralidade e servir como elemento de conscientização política. Neste sentido, por meio do curso de Cultura Negra, propunha uma análise da contribuição africana na formação histórica e cultural brasileira, tendo incorporado ao currículo aulas práticas de dança afro-brasileira, capoeira e o conhecimento das religiões de matriz africana.

Foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado contra Discriminação e o Racismo (MNUCDR), em 1978, atualmente Movimento Negro Unificado (MNU), principal organização na luta do povo negro no Brasil e, integrou a Assessoria Política do Instituto de Pesquisa das Culturas Negras.

Lélia também ajudou a fundar o Grupo Nzinga, um coletivo de mulheres negras e integrou o conselho consultivo da Diretoria do Departamento Feminino do Granes Quilombo.

Uma das primeiras obras publicadas pela ativista foi o artigo “Mulher negra: um retrato” e, na década de 80, publicou seu primeiro livro “Lugar de negro” em parceria com o sociólogo Carlos Hasenbalg. A obra trouxe um panorama histórico do modelo econômico de 1964, a inserção da população negra neste cenário e o resgate histórico dos movimentos sociais negros. Publicou em 1987 o livro “Festas Populares no Brasil”, onde registra as festas populares espalhadas pelo Brasil, traduzindo a diversidade das manifestações culturais de cunho religioso ou não. Além da festividade a obra mostra os laços indissociáveis entre Brasil e África.

Lélia faleceu em 10 de julho de 1994, seu legado através de sua obra acadêmica e militância contribuíram para impulsionar não apenas a problemática racial no Brasil, mas também o papel da mulher negra na sociedade.

Pan-africanismo: o conceito que mudou a história do negro no mundo contemporâneo

Publicado em 19/02/2013 09h05 Atualizado em 07/06/2023 15h34

A ideologia Pan-africanista surgiu de um sentimento de solidariedade e consciência de uma origem comum entre os negros do Caribe e dos Estados Unidos. Ambos estavam envolvidos numa luta semelhante contra a violenta segregação racial. Essa solidariedade que marcou a segunda metade do séc. 19 propôs a união de todos os povos da África como forma de potencializar a voz do continente no contexto internacional.

O termo Pan-africanismo foi cunhado pela primeira vez por Sylvester Willians, advogado negro de Trinidad, por ocasião de uma conferência de intelectuais negros realizada em Londres, em 1900. Willians levantava sua voz contra a expropriação das terras dos negros sul-africanos pelos europeus e conclamava o direito dos negros à sua própria personalidade.

Essa reivindicação propiciou o surgimento de uma consciência africana que começou a se expressar a partir do I Congresso Pan-africano, organizado em Paris, em 1919, sob a liderança de Du Bois. Naquela época, Du Bois profetizou que o racismo seria um problema central no século 20 e reivindicou um Código Internacional que garantisse, na África tropical, o direito dos nativos, bem como um plano gradual que conduzisse à emancipação final das colônias.

Repercussão – Após o primeiro, foram realizados outros quatro congressos pan-africanos. No último, foi tratado de aclamar a necessidade da formação de movimentos nacionalistas de massas para obterem a independência da África o mais rápido possível. No Brasil, o Congresso de Cultura Negra realizado a partir da década de 1970 foi o principal reflexo do movimento.

O ativista Abdias Nascimento foi o difusor da importância do Pan-africanismo no país. Considerado um dos maiores defensores da cultura e igualdade para as populações afrodescendentes, ele conseguiu resultados positivos a partir de suas iniciativas na defesa e na inclusão dos direitos dos negros.

A partir das lutas marcadas pelo pan-africanismo, na contemporaneidade o Governo Brasileiro trabalha alternativas políticas e ações afirmativas que garantam a melhoria da qualidade de vida da população afrodescendente. O principal objetivo é o alcance da democracia. O maior desafio continua a ser o racismo. Porém, com um olhar mais sensível, o Estado passa superar os obstáculos do desenvolvimento democrático.

Quilombos ainda existem no Brasil

Publicado em 17/11/2008 09h00 Atualizado em 07/06/2023 15h43
No imaginário popular é muito comum a associação dos quilombos a algo restrito ao passado, que teria desaparecido do país com o fim da escravidão. Mas a verdade é que as chamadas comunidades remanescentes de quilombos existem em praticamente todos os estados brasileiros. Levantamento da Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura, mapeou 3.524 dessas comunidades. De acordo com outras fontes, o número total de comunidades remanescentes de quilombos pode chegar a cinco mil.

Tradicionalmente, os quilombos eram das regiões de grande concentração de escravos, afastados dos centros urbanos e em locais de difícil acesso. Embrenhados nas matas, selvas ou montanhas, esses núcleos se transformaram em aldeias, dedicando-se à economia de subsistência e às vezes ao comércio, alguns tendo mesmo prosperado. No entanto, devido justamente ao seu isolamento, existe uma grande dificuldade em se obter informações precisas e tornar amplo o conhecimento da população sobre as comunidades remanescentes de quilombos. Esse isolamento fazia parte de uma estratégia que garantiu a sobrevivência de grupos organizados com tradições e relações territoriais próprias, formando, em suas especificidades, uma identidade étnica e cultural que deve ser respeitada e preservada.

O mais emblemático dos quilombos formados no período colonial foi o Quilombo dos Palmares, que localizava-se na serra da Barriga, região hoje pertencente ao estado de Alagoas. Palmares resistiu por mais de um século, e o seu mito transformou-se em moderno símbolo brasileiro da resistência do africano à escravatura.

Conquistas

No período de redemocratização do Brasil, o Movimento Negro e lideranças das comunidades remanescentes de quilombos intensificaram a busca por direitos de cidadania. Envolvidos no processo de elaboração da Constituição Federal de 1988, asseguraram o direito à preservação de sua cultura e identidade, bem como o direito à titulação das terras ocupadas por gerações e gerações de homens e mulheres, que se contrapuseram ao regime escravocrata e constituíram um novo modelo de sociedade e de relação social.

Atualidade

Ao longo dessas duas últimas décadas, as conquistas das comunidades remanescentes de quilombos expandiram-se também para o cenário internacional. A Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, da qual o Brasil é signatário, assegura aos grupos e comunidades tradicionais o direito de se autodefinirem. Em 20 de novembro 2003, o decreto 4.887 regulamentou o procedimento de identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas pelos quilombolas.

Em março de 2004 o Governo Federal criou o programa Brasil Quilombola, como uma política de Estado para essas comunidades, abrangendo um conjunto de ações integradas entre diversos órgãos governamentais. O direito à terra e ao desenvolvimento econômico e social passaram a ser reais e assumidos como prioridade governamental. Todas estas ações são coordenadas pela SEPPIR, por meio da Subsecretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais.

Entre as mudanças constatadas desde então, estão os efeitos positivos da infra-estrutura e instalação de equipamentos sociais das comunidades; desenvolvimento econômico e social, com vistas à sustentabilidade ambiental, social, cultural, econômica e política dos quilombolas; e fomento ao controle e à participação social dos representantes quilombolas em diferentes esferas de proposição e formulação de políticas públicas.

A garantia do acesso à terra, relacionada à identidade étnica como condição essencial para a preservação dessas comunidades, tornou-se uma forma de compensar a injustiça histórica cometida contra a população negra no Brasil, aliando dignidade social à preservação do patrimônio material e imaterial brasileiro. Alterar as condições de vida nas comunidades remanescentes de quilombos por meio da regularização da posse da terra, do estímulo ao desenvolvimento sustentável e o apoio as suas associações representativas são objetivos estratégicos.

Muito além do 13 de maio: há 135 anos, o Ceará tornava-se a primeira província brasileira a abolir a escravidão

Publicado em 25/03/2019 09h05 Atualizado em 07/06/2023 15h51

Hoje, 25 de março, vamos tratar de um fato pouco explorado pela historiografia brasileira: a abolição da escravatura no Ceará, em 1884, 4 anos antes do 13 de maio de 1888.

A História oficial brasileira é repleta de omissões, silenciamentos, construções, onde a narrativa dominante, ao longo do tempo, descreveu os escravizados como indivíduos passivos e vítimas da escravidão, que não tinham voz e nem exerciam resistência. Os abolicionistas, em geral, foram apresentados como homens brancos inconformados com a exploração dos corpos negros. No entanto, vozes e revoltas por séculos silenciadas têm sido resgatas: Revolta dos Malês, André Rebouças, Luís Gama, Maria Firmina dos Reis, Francisco José do Nascimento (o Dragão do Mar), Adelina, a charuteira, entre outras vozes pretas e pardas do movimento abolicionista brasileiro.

O caso do Ceará remonta esses processos de silenciamentos e que comprovam que apesar da importância do 13 de maio, a abolição foi fruto de pressão social e de vários movimentos Brasil a fora. Até chegar à libertação, alguns fatos históricos ocorridos na província do Ceará foram extremamente importantes para o abolicionismo: A Guerra dos Jangadeiros e as alforrias na Vila do Acarape, atualmente, município de Redenção.

Assim como em outras regiões do Brasil, o movimento abolicionista no Ceará se inicia na segunda metade do século XIX, tendo a sua mais atuante sociedade abolicionista sido fundada em 1880, a Sociedade Cearense Libertadora. Junto com as ações da Sociedade Libertadora, que congregava principalmente a elite econômica e intelectual, o pioneirismo cearense foi possível graças, sobretudo, à coragem de um homem de origem humilde, pardo, jangadeiro e abolicionista: Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar ou Chico da Matilde.

Naquele período, a venda de escravizados para outras regiões do país era importante fonte de receita para a província do Ceará, em virtude da seca de 1877 e este foi o ponto da ação dos jangadeiros, chefiados pelo Dragão do Mar. Nos dias 27, 30 e 31 de janeiro de 1881 e, 3 de agosto do mesmo ano, os jangadeiros se recusaram a transportar, do Porto de Fortaleza para os navios negreiros, escravizados que seriam vendidos para outras províncias. Esta foi a Greve dos Jangadeiros que ao paralisar o tráfico por alguns dias, impulsionou a abolição da escravatura no Ceará.

Evidentemente, outros nomes desempenharam um papel de destaque nesta luta, ao esconder escravizados, comprar alforrias. Por isso, fazemos memória também aos cearenses Antônio José Napoleão, Preta Simoa e Negra Esperança.

As alforrias seguiram sendo conquistadas paulatinamente. Em 1 de janeiro de 1883, com a presença de José do Patrocínio, os últimos 116 escravizados foram alforriados na Vila de Acarape. Este fato fez com que a Vila fosse o primeiro local a abolir a escravidão no Brasil, sendo por isso rebatizada, em 1889, como ‘‘Redenção’’. Seguiu-se, então, abolições em Pacatuba, São Francisco (Itapagé), Aracoiaba, Baturité, Aquiraz, Icó e Maranguape. Fortaleza festejou a sua data a 24 de maio de 1883.

Em 25 de março de 1884, o presidente da província, o baiano Sátiro Dias, declarou a libertação de todos os escravos do Ceará, tornando o estado o primeiro a abolir a escravidão no país, quatro anos antes da Lei Áurea.

Como desdobramentos e memórias destes fatos históricos, Redenção, situada no Maciço de Baturité, a 55km de Fortaleza é a sede e um dos dois camping (o outro é em São Francisco do Conde, recôncavo baiano) da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), universidade federal, inaugurada em maio de  2011, fruto da cooperação brasileira e com o objetivo de aprofundar a integração deste com os demais países de língua portuguesa, por meio da educação e da formação acadêmica.

Além disso, 25 de março, Data Magna, é feriado estadual no Ceará em memória à abolição da escravatura.

Para saber mais:

https://bit.ly/2FreAeF

https://bbc.in/2Po5F1X

PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO PALMARES SE REÚNE COM INTEGRANTES DO INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS- IBRAM

Publicado em 07/06/2023 17h04

O Presidente da Fundação Cultural Palmares João Jorge Rodrigues reuniu-se nesta quarta-feira, 07 de junho de 2023 com a Presidente do Instituto Brasileiro de Museus, Fernanda Castro e a Diretora de Processos Museais do Ibram Mirela Leite.  

O encontro teve por objetivo discutir sobre a importância de uma criação de Rede Nacional de Museus Afros entre as duas entidades para assim difundir, promover e preservar as memórias da cultura Afro-Brasileira, por meio da arte, consolidando suas tradições, saberes e contribuições significativas para a sociedade.

Por Fundação Cultural Palmares.

Nzinga Mbandi – A rainha guerreira

Publicado em 31/01/2019 09h05 Atualizado em 12/06/2023 08h14

Quando eu voltei (…) tudo todos tentavam erguer bem alto,
acima das lembranças dos heróis,
Ngola Kiluanji
Rainha Ginga.
Todos tentavam erguer bem alto,
a bandeira da independência. (Trecho do poema o Içar da Bandeira – Agostinho Neto, poeta e 1º Presidente de Angola).

Hoje, 31 de janeiro, rememoramos Nzinga a Mbande, rainha do Ndongo e do Matamba, símbolo da resistência ao colonialismo português. Entenda o seu contexto de vida e sua importância histórica.

Os reinos de Ndongo e Matamba foram importantes estados africanos existentes antes da chegada dos portugueses; uma sociedade hierarquizada e organizada, com domínio do comércio, metalurgia, agricultura. Atualmente, são parte do que hoje conhecemos como Angola.

Nzinga nasceu entre 1581/82, anos após a chegada à região do navegador português Paulo Dias de Novais (1560) e da fundação da cidade de Luanda (1575), em um contexto de lutas e resistência contra a ocupação portuguesa. A partir de 1580, os portugueses intensificaram o comércio de escravizados, entraram em guerra contra o Ndongo e conquistaram toda a região. Filha de Ngola Mbande Kiluanji, rei do Ndongo, mostrou-se exímia negociadora ao ser enviada pelo irmão, sucessor do rei Ngola Mabande, à Luanda, um dos maiores centros de exportação de escravizados do continente africano, a fim de negociar um tratado de paz que estabeleceria o respeito à soberania do reino. Nzinga conhecia bem a língua e a cultura portuguesa, em virtude dos contatos com missionários e comerciantes que passavam pelo Ndongo.

Apesar do período de paz que se seguiu à assinatura do tratado, os conflitos retornaram com a substituição do vice-rei português por um sucessor que não respeitou os compromissos assumidos. Com a morte de Ngola Mbande, seu irmão, Nzinga tornou-se rainha; impôs sua autoridade aos chefes locais, conquistou o reino vizinho de Matamba e tornou-se uma forte figura política na região.

Durante quatro décadas, Nzinga a Mbande representou a resistência do Ndongo e permitiu atenuar os projetos portugueses na região, por meio de táticas de guerrilha e espionagem, dirigindo operações militares, mas também por meio da diplomacia, uma vez que era exímia negociadora. Fez alianças com o rei do Congo e com holandeses a fim de defender o seu reino das ameaças portuguesas.

A Rainha Nzinga morreu aos 82 anos, em 17 de dezembro de 1663 e, depois da sua morte, a ocupação portuguesa acentuou-se para o interior do continente, visando o comércio de viventes – o tráfico de escravizados.

Curiosidades:

 Centenas de soldados do exército de Nzinga foram enviados para o Brasil como escravizados, tendo influenciado com suas táticas, as lutas e a resistência contra a escravidão no Brasil, especificamente em Palmares.

Por razões ortográficas ligadas à transcrição da língua kimbundu, mas também porque a própria rainha assinava as correspondências com diferentes nomes, vários nomes são atribuídos a Nzinga, entre eles: Nzinga a Mbande, Nzinga Mbande, Jinga, Singa, Zhinga, Ginga, Dona Ana de Sousa (este último em razão do batismo católico, em 1623).

Influenciou importantes figuras de resistência durante as lutas pela libertação de Angola (1961-1975) e tornou-se ícone da independência.

Nzinga está também presente na tradição da Congada. No rito, a coroação do rei do Kongo e da rainha Nzinga simboliza o sincretismo religioso no Brasil.

Em março de 2014, o filme Njinga, a Rainha de Angola foi lançado no Brasil.

Para saber mais:

Série UNESCO Mulheres na história de África: https://bit.ly/2RwydpT

‘‘País com maior população negra do mundo’’, Nigéria vai às urnas neste sábado (16) escolher o seu presidente e parlamentares

Publicado em 15/02/2019 09h00 Atualizado em 12/06/2023 08h22

O país mais populoso da África, com 203 milhões de habitantes, maior produtor de petróleo e uma das maiores economias do continente, a Nigéria escolhe neste sábado (16) o seu 6º presidente democraticamente eleito desde o fim do regime militar, em 1999.

Apesar do registro de 73 candidaturas, o pleito é protagonizado pelos representantes dos dois principais partidos políticos que desde a redemocratização vêm se alternando no poder: Muhammadu Buhari, de 76 anos, candidato à reeleição pelo Congresso de Todos os Progressistas (APC) e Atiku Abubakar, 72 anos, vice-presidente do país entre os anos de 1999 e 2007, pelo Partido Democrático do Povo (PDP). Apesar da centralidade destes dois candidatos, a popularidade da ex vice-presidente do Banco Mundial para a África, Oby Ezekwesili, que em janeiro retirou-se da disputa presidencial, precisa ser notada. Ezekwesili é uma ativista do movimento #BringBackOurGirls, que protagonizou a luta pela liberação de meninas sequestradas pelo grupo extremista nigeriano, Boko Haram.

Estão inscritos para votar 84 milhões de nigerianos, nesta que é uma das maiores eleições do mundo a serem realizadas neste ano.  No dia 2 de março, os nigerianos voltam às urnas para eleger governadores e para as assembleias dos estados.

A eleição se desenvolve em um contexto de tímida saída deste gigante africano da recessão econômica, registrada entre os anos de 2016 e 2017. Além disso, o presidente eleito precisará enfrentar as altas taxas de desemprego, o aumento da extrema pobreza e a violência, sobretudo a orquestrada pelos ataques do Boko Haram. Os ataques deste grupo extremista se concentram, especialmente, nas regiões norte e nordeste da Nigéria, atingindo também países vizinhos como Chade, Camarões e Níger.  Os números de afetados pelos ataques do Boko Haram são uma triste marca: mais de 203 mil refugiados nigerianos, mais de 1,7 milhões de deslocados internos, mais de 482.000 deslocados internos em Camarões, Chade e Níger e, desde 2009, 27.000 mortes.

Apesar do temor de ataques do Boko Haram e da grande estratégia de segurança montada, espera-se que as eleições ocorram em clima de tranquilidade, considerando também que a decisão entre os candidatos não ocorrerá por força da religião, da região de origem ou da etnia, já que ambos são hauçás e muçulmanos, contrastando com eleições anteriores que opuseram candidatos cristãos e muçulmanos, em um país dividido entre um sul predominantemente cristão e um norte dominado pelos muçulmanos, além de mais de 250 grupos e línguas étnicas.

Em termos de relações com o Brasil, o contato é histórico e remonta a vinda de escravizados, sobretudo dos povos hauçás (malês) e iorubas. Na segunda metade do século XIX, as relações se davam por meio dos agudás, ex-escravizados brasileiros que retornaram para a região. Em Lagos, maior cidade do país e segunda maior cidade africana há, inclusive, o Brazilian Quarter (bairro brasileiro), local onde se estabeleceram estes ex-escravizados brasileiros retornados.

Atualmente, cerca de 8.000 nigerianos vivem no Brasil, de acordo com a embaixada e, as relações Brasil-Nigéria se dão por meio da cooperação técnica, da compra de petróleo e de parcerias comerciais. Em janeiro deste ano, o Brasil fechou um acordo de crédito de US$ 1,1 bilhão de dólares para financiar a venda de máquinas e equipamentos agrícolas para a Nigéria, o maior projeto agropecuário do continente.

A Nigéria é um dos 21 (de um total de 54) países do continente africano que, ao longo de 2019, realizam ou realizaram eleições presidenciais, legislativas ou regionais, entre os quais também a República Democrática do Congo, Senegal, Guiné-Bissau e Moçambique, estes dois últimos, países lusófonos.

Para saber mais:

https://bit.ly/2SBlbwG

https://bit.ly/2Ecghgs

https://bit.ly/2QPcuZT

População escrava do Brasil é detalhada em Censo de 1872

Publicado em 16/01/2013 09h00 Atualizado em 12/06/2023 08h29

Por Daiane Souza

Marcado por um cenário de conflitos e protestos pelo fim da escravidão, o século XIX no Brasil foi o único do período colonial a ter um censo completo da população de escravizados. Os dados deste censo foram disponibilizados pelo Núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica da Universidade Federal de Minas Gerais (NPHED/UFMG) e pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado (Fapemig).

O Censo, feito em 1872, foi realizado com sucesso como parte das políticas inovadoras de D. Pedro II. O resultado foi o registro de 10 milhões de habitantes, onde a população escrava correspondia a 15,24% desse total. Os 10 milhões de pessoas estavam distribuídos em 21 províncias, sendo cada uma subdividida em municípios que, por sua vez, eram divididos em paróquias. Ao todo, eram 1.440 paróquias, as unidades mínimas de informação, que serviram de base para o mapa disponibilizado.

O recenseamento é considerado bastante completo por trazer o único registro oficial da população escrava nacional, os imigrantes separados por nacionalidade e fazer, ainda, um inventário inédito das etnias indígenas. De acordo com o levantamento, 58% dos residentes no país se declaravam pardos ou pretos, contra 38% que se diziam brancos. Os estrangeiros somavam 3,8%, entre portugueses, alemães, africanos livres e franceses. Os indígenas perfaziam 4% do total dos habitantes.

Além da contagem da população, os documentos apresentam informações específicas sobre pessoas com deficiência, acesso à educação e profissões exercidas, entre outras. Por exemplo, a profissão de lavrador era a que tinha o maior número de trabalhadores na época, seguida por serviços domésticos. Entre as profissões liberais, a de artista tinha maior representatividade, inclusive entre a população escrava.

Censo de 1872 – De acordo com o demógrafo Mario Rodart, coordenador do Núcleo de Pesquisa Histórica Econômica e Demográfica da UFMG, um dos responsáveis pela digitalização do Censo, àquela época o país já pensava estratégias para acabar com a escravidão e passava por um processo racista de branqueamento da população. “O foco das políticas públicas era todo nesse sentido. Era necessário mapear quem estava vindo da Europa”, disse.

O coordenador conta que a realização de um ambicioso levantamento populacional num país de dimensões continentais e dificuldades de transporte foi uma grande empreitada daquele século. “Questionários foram enviados para 1.440 paróquias de todo o país. Em cada uma delas foi criada uma comissão censitária, responsável por levar uma cópia do questionário a cada casa”, explicou Rodart.

As informações diziam respeito a sexo, raça, estado civil, religião, alfabetização, condição (escravo ou livre), nacionalidade e profissão. O questionário era preenchido por cada chefe de família e devolvido à comissão competente. Quem não o respondesse era penalizado com multa. Os resultados eram encaminhados para a capital onde eram contabilizados manualmente para compor o censo nacional.

São essas as informações hoje disponíveis por meio da internet. A digitalização e correção dos dados (erros de soma e agregação) começaram há 30 anos no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG) e só agora foram concluídos. A partir de um programa é possível utilizar o censo de 1872 na forma de base de dados, acessando tabelas configuradas na época e a combinação de elementos de acordo com o objetivo da busca. Para acessar clique aqui.

Racismo – Em resultados detalhados, o Censo de 1872 aponta o total da população de estrangeiros no Brasil: 382.132. Separa os brancos por origem. São 125.876 portugueses, 40.056 alemães e 8.222 italianos, entre outras nacionalidades. Os negros eram considerados todos do mesmo grupo: africanos. Segundo o documento eram 176.057 africanos vivendo no país, porém, divididos apenas entre escravos (138.358) e alforriados (37.699).

A partir das informações é notável ainda, o início da política de “embranquecimento” do povo, com a chegada dos primeiros grupos de imigrantes europeus. “A solução para o que era visto como um problema (a população negra e indígena) era o projeto de embranquecimento”, afirma José Luis Petruccelli, pesquisador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Em 350 anos de tráfico negreiro, entraram no país cerca de 4 milhões de africanos. Entre 1870 e 1930 vieram morar aqui praticamente 4 milhões de imigrantes europeus”, compara.

Abolicionismo – Quando o Censo foi feito, acabava de entrar em vigor no Brasil a Lei do Ventre Livre (28 de setembro de 1871) que tornava livres as crianças nascidas de mulheres escravas. Consequência de pressões nacional e internacional, ela foi sancionada em um momento em que o Brasil ainda registrava um significativo número de escravizados.

Os motivos que levaram o Governo Imperial a se empenhar em registrar os dados censitários da população da época são, até hoje, motivo de debate entre especialistas. Em 1885 foi promulgada a Lei dos Sexagenários, tornando libertos os escravos com mais de 60 anos. A Abolição da Escravatura ocorreu somente em 1888.O Brasil foi o último país a decretar a abolição.

FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES RECEBE DIRETOR DO CANAL FUTURA

Publicado em 12/06/2023 08h36

O diretor do Canal Futura, Acácio Jacinto, esteve em reunião com o gabinete da Fundação Cultural Palmares, na manhã da última quinta-feira para conversar sobre Parcerias Estratégicas com o presidente João Jorge Rodrigues. Os 35 anos da FCP e as demais atividades até o final do ano, incluindo o 20 de novembro estarão no escopo destas parcerias. Fundação Cultural Palmares construindo hoje, o amanhã Afro Brasileiro.

Por Fundação Cultural Palmares.

7 de abril, Dia da Mulher Moçambicana

Publicado em 08/04/2019 09h00 Atualizado em 12/06/2023 08h53

Você conhece a origem desta data? Acompanhe conosco e conheça um pouco mais sobre Moçambique, Josina Machel e as lutas das mulheres moçambicanas!

Dia 7 de abril comemora-se o dia da mulher moçambicana. Na ocasião, é lembrando o aniversário de morte de Josina Machel (1945-1971), combatente da liberdade de Moçambique e heroína nacional.

Até 25 de junho de 1975, Moçambique era uma das colônias portuguesas em África, quando nesta data, após uma década de guerra pela libertação, conquistou sua independência.

Em Moçambique, como nas outras colônias de Portugal (atualmente, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola, São Tomé e Príncipe) as mulheres tiveram efetiva participação na luta armada. Fazemos referência a duas mulheres que pegaram em armas e tornaram-se símbolo de resistência, liberdade e heroínas em seus países de origem: Titina Silá, em Guiné Bissau e Deolinda Rodrigues, em Angola. No entanto, destacamos que inúmeras mulheres tiveram papel de destaque nestes processos de luta e que apesar disto, não constam na história oficial como símbolos ou heroínas.

Josina Abiathar Muthemba, nasceu em 10 de agosto de 1945. Com o apoio da família, pode estudar e frequentou a escola secundária, algo não muito comum às mulheres moçambicanas naquele momento. Foi durante o ensino secundário, ao se mudar para Lourenço Marques, atual Maputo, capital do país, que se envolveu politicamente e tornou-se membro da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido que esteve à frente da luta pela libertação nacional.

Por duas vezes, tentou fugir de Moçambique para se juntar à FRELIMO e à luta armada. Na primeira, foi capturada na Rodésia do Sul, atual Zimbábue; foi mandada de volta à Moçambique e presa. Na segunda tentativa, conseguiu alcançar a sede e o acampamento militar da FRELIMO em Dar es Salaam, capital da Tanzânia, país vizinho. Foi uma das 25 mulheres que receberam treinamento militar. Lá, conheceu Samora Machel, seu futuro marido e Primeiro Presidente de Moçambique.

À frente do destacamento feminino (unidade dedicada ao treino militar e educação política), ajudou na construção de creches, escolas e hospitais nos tempos da guerra. Recusou uma bolsa para estudar na Suíça, por entender que seria mais relevante permanecer e lutar contra o domínio português. Josina Machel lutou, ainda, pelo direito das mulheres em participar na luta pela libertação do seu país e pela participação ativa destas na política, apesar de outras mulheres terem tido papel ativo.

Josina morreu no dia 07 de abril de 1971 aos 26 anos de idade, vítima de complicações no fígado, deixando um filho com apenas 16 meses. A independência viria a ser conquistada quatro anos depois da sua morte. O dia 7 de abril é feriado em Moçambique e é considerado Dia Nacional da Mulher, em homenagem aos feitos de Josina.

Curiosidades:

Em Bangu, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, uma rua foi batizada com o nome de Josina Machel.

Fontes:

https://bit.ly/2VzHJew

https://bit.ly/2D3YQhr

Olodum: 40 Anos de História

Publicado em 26/04/2019 09h00 Atualizado em 12/06/2023 09h03

O grupo Olodum foi fundado em 1979, no Centro Histórico de Salvador e celebra 40 anos de história, arte e cultura afro brasileira. Tombado pela ONU como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado da Bahia, o grupo tornou-se uma das mais importantes expressões da música mundial.

O bloco afro foi inicialmente criado como opção de lazer para os moradores de Maciel/Pelourinho, a fim de garantir o direito de brincarem o carnaval de maneira organizada e também para mostrar a origem, história e cotidiano da população negra do centro de Salvador.

Olodum é uma palavra de origem yorubá e, no ritual religioso do candomblé, significa “Deus dos Deuses” ou “Deus maior” Olodumaré, não representa um orixá mas, o Deus criador do Universo.

O bloco vem se desenvolvendo, ao longo dos anos, com ações afirmativas na cidade de Salvador. A sua sede, A casa do Olodum, é um espaço que visa combater a discriminação social e racial, estimular a auto-estima e o orgulho dos afro-brasileiros, disseminar a cultura e assegurar os direitos civis e humanos das pessoas marginalizadas na Bahia e no Brasil.

As cores do Olodum formam a base do Pan-africanismo, Rastafarianismo e do Movimento Reggae; a cor verde representa as florestas equatoriais da África, o vermelho é o sangue da raça negra, o amarelo, o ouro da África, o preto é o orgulho da população negra e o branco, a paz mundial.

O bloco Olodum fez a diferença quando, a partir de 1983, começou a promover atividades culturais de caráter sócio-comunitário, dando origem ao Grupo Cultural Olodum, Organização Não Governamental (ONG) do movimento negro brasileiro, com estatuto registrado e reconhecido pelo governo da Bahia como sede de utilidade pública municipal e estadual. A ONG Olodum criou também, em 1983, o projeto Rufar dos Tambores cujo o objetivo era desenvolver iniciativas que promovessem cultura e educação para as crianças e adolescentes da comunidade do Pelourinho. O resultado dessa iniciativa foi a primeira Banda Mirim do Olodum.

Criada em 1987, a Banda Olodum estreou no mercado musical com o álbum Egito Madagascar, disco consagrado pelo sucesso da música “Faraó”. O grupo possui no currículo vinte e cinco CD’s e LP’s gravados, sendo onze nacionais e quatorze internacionais com mais de cinco milhões de cópias vendidas. A Banda Olodum trouxe diferentes sonoridades e transformou as músicas africanas que originou novos ritmos como o Ijexá, Samba, Alujá, forró e diversificou com o ritmo Samba-reggae, característica marcante do Olodum, criado pelo músico e percussionista Neguinho do Samba. A banda que ganhou notoriedade mundial percorreu 40 países, tendo participado de duas aberturas de jogos mundiais.

A notável trajetória do Olodum durante esses 40 anos de história apresenta o movimento como sendo um dos maiores representantes da cultura afro no carnaval de Salvador, inovando a cada ano e buscando o resgate e as referências da cultura negra nos desfiles, apresentando ao público simbolismos, fantasias, músicas e danças.

O Presidente do Olodum Jorge Jorge Rodrigues afirma:

“A vivência da dura realidade social e a existência da discriminação racial transformaram-se na essência e na inspiração do protesto; a busca pela afirmação das raízes pluriculturais fez com que a cada ano o Olodum levasse os foliões a uma viagem, contando a história do seu novo povo, a história do samba-reggae, a história dos ritmos mágicos, a história do movimento negro na Bahia e no Brasil, a história dos moradores do Maciel/Pelourinho, enfrentando de cabeça erguida a discriminação sócio-racial, levando a toda sociedade – seja pelo trabalho contagiante do carnaval – a consciência da origem africana e a necessidade da luta pela justiça social, pela liberdade e pela democracia. É a história de um bloco que fez do carnaval a oportunidade de unir a sociedade em torno da expressão da cultura afro-brasileira.”

No próximo domingo, dia 28, o bloco irá apresentar o show “Olodum 40 anos & Convidados” às 14h, na Praça Tereza Batista no Pelourinho. Na festa também acontecerá o lançamento das novidades do bloco, em 2020.

Fontes:

https://bit.ly/2DxPwT6

https://bit.ly/2GL5QlB

https://bit.ly/2L3q8La

Bumba meu boi

Publicado em 22/01/2016 09h00 Atualizado em 12/06/2023 09h22

Bumba meu boi ou Boi-bumbá é uma dança surgida no século XVIII na região Nordeste. Nesse período o boi tinha grande importância simbólica e econômica (Ciclo do Gado) e tinha como grandes criadores os colonizadores que faziam uso de mão de obra escrava.

Por ser uma festa de origem negra, o Bumba Meu Boi já sofreu perseguição das elites nordestinas e também da polícia, chegando a ser proibido de 1861 a 1868.

O bumba meu boi tem influências das culturas africana, europeia e indígena e a história que envolve sua dança é de um casal de escravos, Pai Francisco e Mãe Catirina (ou Catarina). Grávida, Catirina começa a ter desejos por língua de boi. Para atender suas vontades, seu marido tem de matar o boi mais bonito de seu senhor. Percebendo a morte do animal, o dono da fazenda convoca curandeiros e pajés para ressuscitá-lo. Quando o boi volta à vida, toda a comunidade celebra.

A brincadeira possui uma variedade de nomes e formas de apresentar o espetáculo. No Amazonas é Boi-Bumbá; Boi-de-Reis na Paraíba; Boi Surubi, no Ceará; Boi Calemba ou Calumba no Rio Grande do Norte; Rancho-de-Boi na Bahia; Bumba-de-Reis no Espírito Santo; Boi Pintadinho no Rio de Janeiro; Boi-de-Mamão em Santa Catarina e Boizinho no Rio Grande do Sul. No Maranhão, estado que concentra o maior número de grupos, contudo, o nome dado é Bumba meu boi; não por coincidência, é a nomenclatura mais conhecida.

O festejo costuma ocorrer nos meses de junho e julho, durante as festas juninas, mas também pode acontecer em outras épocas do ano, por exemplo, de mês de novembro até 6 de Janeiro, durante o ciclo natalino. As suas músicas contam a história da lenda de Francisco e Catirina e reúnem vários estilos brasileiros: aboios, toadas, repente, canções pastoris e cantigas. Seu ciclo festivo e de apresentações podem ser divididos em quatro etapas: na primeira etapa, os ensaios; na segunda etapa, o batismo (quando o boi recebe todas as bênçãos do padroeiro da festa); na terceira etapa, as brincadeiras em arraiais durante o período das festividades juninas; e na quarta e última etapa, a morte do boi, que acontece no final do mês de julho.


SOTAQUES E BRINCANTES

Só na cidade de São Luís existem mais de cem grupos de bumba meu boi, que são divididos de acordo com o seu sotaque (forma de se expressar através das vestimentas e coreografias, instrumentos escolhidos e cadência da música). Os cinco sotaques mais famosos são:

Matraca

O sotaque de matraca (ou da ilha ) vindo de São Luís é o mais popular e com maior numero de grupos no Estado. Tem como principal instrumento a matraca, dois pedaços de madeira que são batidos um no outro, e o pandeiro rústico, feito de couro de cabra. O sotaque de Matraca tem um som mais lento do que os outros sotaques, muito por influência indígena, grupo étnico que mais se sobressai nesses grupos. O bailado tem poucos gingados, de gestos bruscos, rápidos e curtos, semelhante à dança timbira .

Os grupos mais conhecidos do sotaque de matraca são: os bois de Maracanã , da Maioba e da Pindoba . Uma das suas referências é o cantador Humberto Barbosa Mendes (Mestre Humberto de Maracanã), nascido na cidade de São Luís em 1939. Mestre Humberto de Maracanã faleceu na data de 19 de janeiro de 2015, em São Luís.

Zabumba

Considerado por alguns estudiosos o ritmo original do bumba meu boi , é forte na região de Guimarães e arredores, têm como puxadores as zabumbas (tambores bem grandes socados por uma maceta, pandeirinhos e matracas também participam, mas somente como complementos). Característico das chamadas comunidades negras do interior do Maranhão, o sotaque tem forte presença da cultura africana, cuja percussão rústica produz um ritmo mais lento, socado, que lembra a melancolia do banzo das senzalas. O figurino é rico. Os brincantes usam roupas aveludadas, saias amplas bordadas e chapéus cheios de fitas que quase cobrem seu rosto.

Os grupos mais conhecidos do sotaque de zabumba são: Boi Leonardo , Boi de Vila Passos , Boi da Fé em Deus , Boi Unidos Venceremos e Boi de Guimarães . Uma das referências é Antero Viana, nascido na cidade de São Luís em 1928, fundador do Boi de Monte Castelo. Antero Viana faleceu em 1999, um ano após o seu grupo ter encerrado suas atividades.

Bumba meu boi Orquestra

Com origem na região de Munim, no sotaque de orquestra incorpora-se o acompanhamento de instrumentos de sopro e de corda, como o saxofone, clarinete, piston e banjo, o que deixa as toadas menos pesadas e mais aceleradas. A sonoridade também interfere na indumentária do sotaque. Vestes mais elaboradas e coloridas deixam os grupos com estética mais atraente, principalmente para os turistas. Orquestra possui o maior número de grupos e por isso é o mais visto nas programações dos arraiais da capital. Criticados por alguns, o sotaque de orquestra tem se afastado das tradicionais características, tendo em vista principalmente o interesse econômico.

Os grupos mais conhecidos do sotaque de orquestra são: Boi de Nina Rodrigues , Boi de Axixá , Boi de Rosário , Boi Brilho da Ilha , Boi de Morros e Boi de Novilho Branco . Uma das referências é o apresentador oficial, Ribamar Lisboa, que há mais de 35 anos anima o arraial da cidade de Rosário.

Baixada

O sotaque de baixada (ou de Pindaré ) é característico da Baixada Maranhense. Os bois do sotaque de Baixada utilizam instrumentos percussivos como pandeiros, caixas, tambores-onça, maracás e pequenas matracas e tem o som mais leve e lento. Na verdade, é o toque ritmado que dá o tom suave. A roupa vem com penas e bordados em bases de veludo e chapéus suntuosos.

Os grupos mais conhecidos do sotaque de baixada são: Boi da Floresta de Apolônio, Boi Oriente , Boi União da Baixada , Boi de Pindaré , Boi Unidos de Santa Fé e Boi Penalva do Bairro de Fátima . Uma das referências é o Mestre Apolônio, nascido em São João Batista, em 1918. Mestre Apolônio foi o fundador do Boi da Floresta , um dos mais tradicionais do sotaque da baixada.

Costa de Mão

O sotaque costa de mão (ou Cururupu ) é originário do município de Cururupu, no litoral norte maranhense e tem uma história curiosa. De acordo com seu Eliésio, do Boi Brilho da Sociedade , a origem deste sotaque está ligada à vida dos negros que eram castigados pelos seus senhores. Os negros eram castigados nas mãos, mas mesmo com as mãos feridas não deixavam de festejar o São João e para não perderem a festa tocavam os pandeiros com as costas das mãos. Além dos pandeiros, entre os instrumentos tocados pelos brincantes estão os maracás de metal e tambores-onça.

Os grupos mais conhecidos do sotaque de costa de mão são: Rama Santa , Brilho da Sociedade , Soledade e Brilho da Areia Branca .


PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL

Em agosto de 2012, o bumba-meu-boi foi reconhecido como manifestação cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), recebendo a certificação do título de Patrimônio Cultural do Brasil. No dia 30 de Junho é comemorado o Dia Nacional do Bumba Meu Boi.


Fonte:

http://bumba-meu-boi.info/

http://brasilescola.uol.com.br/folclore/bumbameuboi.htm

http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Parecer_Bumba%20Meu%20Boi%20MA.pdf

http://bumba-meu-boi.info/bumba-meu-boi-do-maranhao.html

http://www.suapesquisa.com/pesquisa/bumba_meu_boi.htm



Após 27 anos preso, no dia 11 de fevereiro de 1990, Nelson Mandela foi libertado

Publicado em 11/02/2019 09h00 Atualizado em 12/06/2023 09h33

“Seguindo adiante
Através destas montanhas
Trem da África do Sul”

(Trecho da música Shosholoza, escrita originalmente em zulu e símbolo das lutas do povo sul africano).

Mandela nasceu Rolihlahla Mandela , tendo recebido o nome ‘‘Nelson’’ na escola, uma vez que os britânicos não conseguiam pronunciar os nomes xhosa , bem como os demais nomes africanos. Estudou na Universidade Fort Hare , única universidade sul-africana que aceitava negros, onde se engajou no movimento estudantil e conheceu o Congresso Nacional Africano (CNA) , partido fundado em 1912 com a finalidade de unir os grupos étnicos sul africanos na luta contra a hegemonia branca e, posteriormente, o apartheid .

Em 1941, aos 23 anos, seguiu para Johanesburgo , fugindo de um casamento arranjado, onde iniciou a carreira de advogado e, em 1952, junto com o amigo e figura política importante na luta, Oliver Tambo , abriu o primeiro escritório de advocacia negro da África do Sul, 4 anos após a institucionalização do apartheid no país (1948). Desde a institucionalização do apartheid, diversas leis segregacionistas foram publicadas, entre as quais a proibição de casamentos interraciais, a criminalização de relações sexuais entre pessoas de grupos raciais distintos, a separação de praias, calçadas, ônibus, hospitais, universidades. As townships , entre os quais Soweto, foram criados neste contexto e constituíam regiões determinadas pelos brancos para a habitação dos negros e mestiços. No massacre de Shaperville (21 de março de 1960), 69 pessoas foram assassinadas após dois dias de manifestação contra a obrigatoriedade de negros portarem passe de identificação, explicitando os locais que estes podiam ir.

Em virtude das ações do Umkhonto we Sizwe (Lança da Nação), braço armado do CNA, fundado após o massacre de Shaperville como forma de endurecer a luta contra o apartheid, Mandela foi considerado culpado de crimes de sabotagem e conspiração, sendo condenado à prisão perpétua em 1964 e enviado para a prisão da Ilha de Robben , destinada a presos políticos, na Cidade do Cabo. Lá, isolado do mundo exterior por 18 anos, Madiba ocupava a cela de número 466/64, com dimensões de 2,5/2,1 metros e uma pequena janela; realizou trabalhos forçados em pedreiras, não recebia visita dos filhos, uma vez que menores de 16 anos, segundo as leis do país, não podiam ver o pai.

Winnie Mandela , esposa de Madiba, mantinha viva a luta contra o apartheid e pela libertação de Mandela. As rebeliões explodiam, sobretudo nas township . Em 1982, foi transferido para a prisão de Pollsmor ; em 1985, o então presidente Pieter Botha ofereceu a liberdade de Mandela desde que o CNA renunciasse à luta armada, o que foi recusado por Madiba, que mandou uma mensagem ao povo pela filha Zinzi : ‘‘Eu não posso e não vou prometer nada enquanto eu, você, o povo, não forem livres. A liberdade de vocês e a minha não podem ser separadas. Eu vou voltar. Amandla! (Poder) “ . A luta continuava, dentro e fora da África do Sul.

Em 11 de fevereiro de 1990, aos 72 anos, Nelson Mandela foi libertado, o CNA deixou a clandestinidade e, as leis que impunham a segregação racial, foram abolidas.  Em 1991, o Parlamento da África do Sul, dentro de uma conjuntura internacional de fim de Guerra Fria e de anos de manifestações radicais da população negra que beiravam à guerra civil, procedeu à abolição total do apartheid, regime que tornou, por décadas, os negros sul-africanos prisioneiros dentro de sua própria terra.

Desde então, Mandela tornou-se figura determinante para que no contexto pós apartheid a África do Sul não entrasse em uma sangrenta guerra civil. Nas eleições de 1994, Nelson Rolihlahla Mandela foi eleito o primeiro presidente negro em uma África do Sul dominada política e economicamente por brancos por mais de 350 anos. Em 2019, mesmo após 25 anos de governo de maioria negra, a África do Sul ainda não conseguiu abolir a alta desigualdade social e econômica existente entre negros e brancos.

Durante a prisão, Mandela estudou africâner, a língua do Partido Nacional e dos seus seguidos, a fim de entender como estes pensavam e desenvolver estratégias de luta Este fato o auxiliou anos mais tarde, durante a luta pela conciliação nacional na África do Sul.

Em um contexto de Guerra Fria, o apartheid contou com o apoio velado de países europeus, dos Estados Unidos e de Israel.

Jacob Zuma , presidente do país entre os anos de 2009 e 2018, esteve preso em Robben Island durante10 anos.

Pensamento de Martin Luther King permanece vivo

Publicado em 04/04/2018 09h00 Atualizado em 12/06/2023 09h41

20 Frases de Martin Luther King

  • “Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo”
  • “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”
  • “Não há nada mais trágico neste mundo do que saber o que é certo e não fazê-lo. Que tal mudarmos o mundo começando por nós mesmos?”
  • “Se soubesse que o mundo se acaba amanhã, eu ainda hoje plantaria uma árvore”
  • “O que vale não é o quanto se vive; mas como se vive”
  • “Se lhe pedirem para ser varredor de ruas, varra as ruas como Michelangelo pintava, como Bethoven compunha ou como Shakespeare escrevia”
  • “A liberdade jamais é dada pelo opressor ela tem que ser conquistada pelo oprimido”
  • “A inteligência e o caráter são os objetivos da verdadeira educação”
  • “Temos de aprender a viver todos como irmãos ou morreremos todos como loucos.”
  • “Ninguém montará em cima de nós se não nos curvarmos”
  • “Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes; mas não aprendemos a simple arte de vivermos junto como irmãos”
  • “Não permita que ninguém o faça descer tão baixo a ponto de você sentir ódio”
  • “Sempre é hora de fazer o que é certo”
  • “O amor é a unica força capaz de transformar um inimigo em amigo”
  • “Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância sincera e a estupidez consciente”
  • “Mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização”
  • “O homem que não está disposto a morrer por uma causa não é digno de viver”
  • “A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar”
  • “Nunca estarei satisfeito até que a segregação racial desapareça da América”
  • “Uma das coisas importantes da não violência é que não busca destruir a pessoa, mas transformá-la”

O massacre de Sharpeville e o Dia Internacional contra a Discriminação Racial

Publicado em 21/03/2019 09h00 Atualizado em 12/06/2023 09h59

21 de março de 1960, Sharpeville , província de Gautung, África do Sul. Apartheid. 69 pessoas assassinadas e 186 feridas. Este é mais um exemplo do quanto o racismo se faz violento, mata, oprime, explora.

69 pessoas foram assassinadas pelas forças do Estado na África do Sul, em Sharpeville, província de Gauteng, África do Sul. Em 1966, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou a data como Dia Internacional contra a Discriminação Racial , em memória às vítimas do massacre

Após a institucionalização do Apartheid (1948), diversas leis foram impostas pela minoria branca sul africana, decretando uma efetiva separação entre estes e a população negra e mestiça. A Lei de Passe , de 1945, exigia que os negros portassem uma caderneta na qual estava escrito onde eles poderiam ir, a cor, a etnia, a profissão, como forma de controle do Estado. À população negra era obrigatória a apresentação do registro sempre que solicitado pelos policiais sul-africanos, caso contrário, seriam detidos. ‘‘Não podíamos caminhar sequer cem metros sem esse maldito passe. Se um policial visse, era cadeia na certa. Para entrar num bairro branco depois das dez da noite, era necessário pedir uma autorização especial ao governo’’ (Nehemiah Tsoane, sobrevivente do massacre, em entrevista à jornalista Marta Reis do G1).

Em 21 de março de 1960, mais de 20 mil sul africanos protestavam pacificamente e desarmados contra a Lei de Passe. A proposta era que ocorresse um ato pacífico, onde a população não portaria o documento, para que todos fossem presos, fato que causaria problemas às administrações locais, em virtude do número de pessoas postas atrás das grades. No entanto, um grupo de policiais decidiu abrir fogo contra os manifestantes, matando 69 e ferindo 186 em Sharpeville.

Após o massacre, uma onda de protestos ganhou o país e teve grande repercussão na imprensa internacional. O apartheid, mas também os movimentos de luta foram intensificados.

O governo africâner baniu qualquer organização política na África do Sul, levando à clandestinidade partidos como o Congresso Nacional Africano (CNA). Estava declarado estado de emergência no país. Mandela abandonou os princípios da desobediência pacífica a partir da fundação do Umkhonto we Sizwe, braço armado do CNA. A luta armada foi intensificada. Em 12 de junho de 1964, Madiba foi preso.

Em 1966, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou a data como Dia Internacional contra a Discriminação Racial, em memória às vítimas do massacre.

Vale lembrar que o Artigo 1º da Declaração da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial da ONU diz o seguinte: ‘‘Discriminação racial significará toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto ou resultado anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública’’ .

A data é feriado na África do Sul, Dia dos Direitos Humanos, momento de recordação e homenagem aos mortos e à luta contra o apartheid.

No Brasil, uma série de atos marcam a data. Informamos alguns destes:

No auditório da Fundação Cultural Palmares

OAB – Campo dos Goytacazes

https://bit.ly/2UPB9QS

Prefeitura de Caxias do Sul

https://bit.ly/2CwyIvj

Para saber mais:

Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial

https://bit.ly/2TpF3OA

INSCRIÇÕES PARA O PROGRAMA BOLSA PERMANÊNCIA VÃO ATÉ 30 DE JUNHO DE 2023

Publicado em 12/06/2023 15h35

O Ministério da Educação abriu novas vagas para o Programa Bolsa Permanência. A inscrições vão até o dia 30 de junho de 2023. As vagas são destinadas para estudantes de comunidades indígenas e quilombolas com matrícula em cursos de graduação de instituições federais de ensino superior.

As inscrições vão até 30 de junho pelo Sistema de Gestão da Bolsa Permanência (SISBP). O benefício é no valor mensal de R$ 1.400 para viabilizar melhores condições de estudo.

Como já noticiado pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, o candidato deve ter em mãos:

- autodeclaração e declaração de sua comunidade sobre sua condição de pertencimento étnico, assinada por pelo menos três lideranças reconhecidas (indígena | quilombola)

- declaração de residência em comunidade  (indígena | quilombola) OU declaração da Fundação Nacional do Índio (Funai) ou da Fundação Cultural Palmares.

A análise do cadastro na UTFPR deve ser feita pela Assessoria de Assuntos Estudantis (Assae) e pelos Núcleos de Acompanhamento Psicopedagógico e Assistência Estudantil (Nuape) entre 7 de junho e 16 de julho.

A distribuição de vagas disponíveis entre as instituições federais com candidatos inscritos vai considerar o quantitativo de matriculados e o de cadastrados no programa, no término do exercício anterior.

Por Universidade Tecnológica Federal do Paraná

12 DE JUNHO: DIA MUNDIAL CONTRA O TRABALHO INFANTIL

Publicado em 12/06/2023 18h19 Atualizado em 12/06/2023 18h20

A Fundação Cultural Palmares destaca a importância do Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, comemorado nesta segunda-feira, 12 de junho.  A data foi criada para conscientizar as pessoas sobre a violação dos direitos das crianças acerca dos efeitos prejudiciais que o trabalho infantil exerce no desenvolvimento físico e emocional desses jovens. Além disso, impede também o acesso à educação e à uma infância saudável.

No Brasil, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), juntamente com outras entidades governamentais como a Secretaria Nacional de Assistência Social, Educação, Saúde, Direitos Humanos e Trabalho tem promovido o fortalecimento de uma agenda intersetorial do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). Esse programa busca ações coordenadas entre diferentes políticas públicas e atores envolvidos na rede de erradicação e prevenção do trabalho infantil em todo o país.

Essa abordagem reconhece a importância de combinar esforços de diferentes setores, como assistência social, educação, saúde, direitos humanos e trabalho, para assim prevenir em níveis estaduais e municipais. Isso permite uma atuação mais abrangente e efetiva no enfrentamento desse problema, envolvendo ações de proteção social, acesso à educação, cultura, lazer e melhoria das condições de vida das famílias.

Eliminar a prática do trabalho infantil e garantir o bem-estar das crianças depende da correta aplicação dos recursos. A participação ativa de governos, organizações internacionais, sociedade civil e outros interessados são essenciais para criar um ambiente propício à erradicação do trabalho infantil e garantir um futuro melhor para todas as crianças.

Por Fundação Cultural Palmares.

Zózimo Bulbul

Publicado em 01/01/2015 12h10 Atualizado em 21/08/2025 13h35

Zózimo Bulbul nasceu em 1937 e se tornou referência no cinema afro-brasileiro, com trajetória iniciada no Centro Popular de Cultura da UNE. Atuou em marcos do Cinema Novo, como Cinco Vezes Favela e Terra em Transe, e dirigiu obras marcantes como Alma no Olho e Abolição. Fundou o Centro Afro Carioca de Cinema e lutou pela valorização da identidade negra nas artes. Tornou-se símbolo de beleza e resistência nos anos 1960, desfilando para grifes e atuando na televisão. Criou uma linguagem própria ao retratar o racismo e a cultura negra. Morreu em 2013, aos 75 anos, deixando obra política e estética potente.

Cultura, Artes, História e Esportes

Zezé Motta

Publicado em 01/01/2015 12h10 Atualizado em 21/08/2025 13h34

Zezé Motta nasceu em Campos dos Goytacazes, em 1948, e construiu uma carreira sólida como atriz, cantora e ativista. Estreou nos palcos com Roda-Viva, de Chico Buarque, e brilhou em montagens históricas como Arena Conta Zumbi e Orfeu Negro. No cinema, eternizou a personagem Xica da Silva, consagrando-se como uma das maiores atrizes do país. Também atuou em novelas, minisséries e manteve carreira musical desde os anos 1970. É referência na luta antirracista e na defesa da cidadania afro-brasileira. Presidiu o CIDAN e atuou como superintendente da Igualdade Racial no Rio. Recebeu homenagens por sua contribuição à cultura nacional.

Cultura, Artes, História e Esportes
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