Quando eu voltei (…) tudo todos tentavam erguer bem alto,
acima das lembranças dos heróis,
Ngola Kiluanji
Rainha Ginga.
Todos tentavam erguer bem alto,
a bandeira da independência. (Trecho do poema o Içar da Bandeira – Agostinho Neto, poeta e 1º Presidente de Angola).
Hoje, 31 de janeiro, rememoramos Nzinga a Mbande, rainha do Ndongo e do Matamba, símbolo da resistência ao colonialismo português. Entenda o seu contexto de vida e sua importância histórica.
Os reinos de Ndongo e Matamba foram importantes estados africanos existentes antes da chegada dos portugueses; uma sociedade hierarquizada e organizada, com domínio do comércio, metalurgia, agricultura. Atualmente, são parte do que hoje conhecemos como Angola.
Nzinga nasceu entre 1581/82, anos após a chegada à região do navegador português Paulo Dias de Novais (1560) e da fundação da cidade de Luanda (1575), em um contexto de lutas e resistência contra a ocupação portuguesa. A partir de 1580, os portugueses intensificaram o comércio de escravizados, entraram em guerra contra o Ndongo e conquistaram toda a região. Filha de Ngola Mbande Kiluanji, rei do Ndongo, mostrou-se exímia negociadora ao ser enviada pelo irmão, sucessor do rei Ngola Mabande, à Luanda, um dos maiores centros de exportação de escravizados do continente africano, a fim de negociar um tratado de paz que estabeleceria o respeito à soberania do reino. Nzinga conhecia bem a língua e a cultura portuguesa, em virtude dos contatos com missionários e comerciantes que passavam pelo Ndongo.
Apesar do período de paz que se seguiu à assinatura do tratado, os conflitos retornaram com a substituição do vice-rei português por um sucessor que não respeitou os compromissos assumidos. Com a morte de Ngola Mbande, seu irmão, Nzinga tornou-se rainha; impôs sua autoridade aos chefes locais, conquistou o reino vizinho de Matamba e tornou-se uma forte figura política na região.
Durante quatro décadas, Nzinga a Mbande representou a resistência do Ndongo e permitiu atenuar os projetos portugueses na região, por meio de táticas de guerrilha e espionagem, dirigindo operações militares, mas também por meio da diplomacia, uma vez que era exímia negociadora. Fez alianças com o rei do Congo e com holandeses a fim de defender o seu reino das ameaças portuguesas.
A Rainha Nzinga morreu aos 82 anos, em 17 de dezembro de 1663 e, depois da sua morte, a ocupação portuguesa acentuou-se para o interior do continente, visando o comércio de viventes – o tráfico de escravizados.
Curiosidades:
Centenas de soldados do exército de Nzinga foram enviados para o Brasil como escravizados, tendo influenciado com suas táticas, as lutas e a resistência contra a escravidão no Brasil, especificamente em Palmares.
Por razões ortográficas ligadas à transcrição da língua kimbundu, mas também porque a própria rainha assinava as correspondências com diferentes nomes, vários nomes são atribuídos a Nzinga, entre eles: Nzinga a Mbande, Nzinga Mbande, Jinga, Singa, Zhinga, Ginga, Dona Ana de Sousa (este último em razão do batismo católico, em 1623).
Influenciou importantes figuras de resistência durante as lutas pela libertação de Angola (1961-1975) e tornou-se ícone da independência.
Nzinga está também presente na tradição da Congada. No rito, a coroação do rei do Kongo e da rainha Nzinga simboliza o sincretismo religioso no Brasil.
Em março de 2014, o filme Njinga, a Rainha de Angola foi lançado no Brasil.
Para saber mais:
Série UNESCO Mulheres na história de África: https://bit.ly/2RwydpT
Difundida no candomblé e ofertada para a orixá Iansã, a receita chegou ao Brasil vinda do Golfo do Benim, na África Ocidental, por imigrantes africanos na época da escravidão.
De acordo com outra versão da história, “um dia Iansã foi levada por Xangô às terras dos baribas. De lá ela traria uma porção mágica, cuja ingestão permitia cuspir fogo pela boca e nariz. Iansã, sempre curiosa, também usou a fórmula, e desde então possui o mesmo poder do marido”.
As baianas são conhecidas principalmente pelas vestimentas: panos na cabeça, vestidos longos brancos, adereços e colares, que significam a que candomblé as baianas usuárias pertencem. O Ofício das Baianas de Acarajé foi reconhecido como Patrimônio Nacional e inscrito no Livro dos Saberes em 2005 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Por duas vezes, tentou fugir de Moçambique para se juntar à FRELIMO e à luta armada. Na primeira, foi capturada na Rodésia do Sul, atual Zimbábue; foi mandada de volta à Moçambique e presa. Na segunda tentativa, conseguiu alcançar a sede e o acampamento militar da FRELIMO em Dar es Salaam, capital da Tanzânia, país vizinho. Foi uma das 25 mulheres que receberam treinamento militar. Lá, conheceu Samora Machel, seu futuro marido e Primeiro Presidente de Moçambique.
“A vivência da dura realidade social e a existência da discriminação racial transformaram-se na essência e na inspiração do protesto; a busca pela afirmação das raízes pluriculturais fez com que a cada ano o Olodum levasse os foliões a uma viagem, contando a história do seu novo povo, a história do samba-reggae, a história dos ritmos mágicos, a história do movimento negro na Bahia e no Brasil, a história dos moradores do Maciel/Pelourinho, enfrentando de cabeça erguida a discriminação sócio-racial, levando a toda sociedade – seja pelo trabalho contagiante do carnaval – a consciência da origem africana e a necessidade da luta pela justiça social, pela liberdade e pela democracia. É a história de um bloco que fez do carnaval a oportunidade de unir a sociedade em torno da expressão da cultura afro-brasileira.”
SOTAQUES E BRINCANTES
Zabumba
Orquestra
O
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Em 11 de fevereiro de 1990, aos 72 anos, Nelson Mandela foi libertado, o CNA deixou a clandestinidade e, as leis que impunham a segregação racial, foram abolidas. Em 1991, o Parlamento da África do Sul, dentro de uma conjuntura internacional de fim de Guerra Fria e de anos de manifestações radicais da população negra que beiravam à guerra civil, procedeu à abolição total do apartheid, regime que tornou, por décadas, os negros sul-africanos prisioneiros dentro de sua própria terra.
Em 21 de março de 1960, mais de 20 mil sul africanos protestavam pacificamente e desarmados contra a Lei de Passe. A proposta era que ocorresse um ato pacífico, onde a população não portaria o documento, para que todos fossem presos, fato que causaria problemas às administrações locais, em virtude do número de pessoas postas atrás das grades. No entanto, um grupo de policiais decidiu abrir fogo contra os manifestantes, matando 69 e ferindo 186 em Sharpeville.