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Justiça Federal libera Editais Negros MinC/SEPPIR
A Justiça Federal liberou os Editais para Criadores, Produtores e Pesquisadores Negros do Mistério da Cultura (MinC), construídos em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). Na última quinta-feira, 4 de dezembro, a 5ª Turma do Tribunal realizou o julgamento do agravo de instrumento, interposto pela União em junho deste ano, contra a decisão do juiz José Carlos do Vale Madeira, da 5ª Vara Federal da Seção Judiciária do Maranhão, que determinou a suspensão total do concurso.
A maioria dos magistrados concordou com os argumentos apresentados pelo Ministério da Cultura, por meio da AGU (Advocacia Geral da União), sobre a necessidade da ação afirmativa, considerando as dificuldades encontradas pelos agentes culturais negros de acessar aos mecanismos públicos de fomento. De acordo com a área jurídica da FCP – MinC, essa decisão expressa que o pagamento aos premiados estará liberado somente após a publicação do acórdão, sem data prevista. Entretanto, a ação judicial proposta em primeira instância ainda aguarda julgamento.
FCP/MinC na busca por soluções – Na sequência da suspensão dos editais, a Fundação Cultural Palmares – MinC participou de uma série de reuniões pelo país com produtores culturais, a fim de receber as demandas do setor e buscar por formas de retomar os processos de seleção. O presidente da FCP – MinC, Hilton Cobra, entende que essa é uma vitória para os agentes culturais negros brasileiros.
caso – A partir do da ação popular movida pelo advogado Pedro Leonel Pinto de Carvalho, citando como réus a União Federal, a Funarte e a Fundação Biblioteca Nacional, o juiz Madeira decidiu pela suspensão dos editais, alegando a inconstitucionalidade do certame. No início de junho, a Justiça Federal da 1ª Região suspendeu essa liminar, fato que garantiu a retomada das atividades de seleção, embora tenha mantido o pagamento da premiação suspenso.
Morre Nelson Mandela, símbolo da luta contra o racismo
BONDADE
Ninguém nasce odiando outra pessoa
pela cor de sua pele,
ou por sua origem, ou sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender,
e se elas aprendem a odiar,
podem ser ensinadas a amar,
pois o amor chega mais naturalmente
ao coração humano do que o seu oposto.
A bondade humana é uma chama que pode ser oculta,
jamais extinta.
Nelson Mandela
O mundo perdeu, ontem (05/12), o maior símbolo da luta contra o racismo e pela paz mundial. Aos 95 anos, morre Nelson Mandela, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz de 1993, militante incansável pela liberdade e contra a discriminação racial há mais de 70 anos e primeiro presidente negro da história da África do Sul.
Em decorrência de uma infecção pulmonar, Mandela ficou internado de junho a setembro de 2013, quando voltou para casa. Faleceu na noite dessa quinta-feira, às 20h50, horário local de Pretória.
A vida do líder negro da liberdade – Foi batizado Rolihlahla Mandela, cujo primeiro nome significa, em xhosa (um dos 11 línguas da África do Sul), agitador. Adjetivo que caracterizava o espírito e a vida do líder nascido em uma pequena aldeia na região sudeste da África do Sul chamado de Transkei.
Ainda jovem, como estudante de direito, Mandela se envolveu na oposição ao regime do Apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. A luta pela igualdade se acirrou em 1960, depois do Massacre de Sharpeville. Nesta ocasião, 5000 pessoas participavam de um protesto pacífico, quando foram impedidos pela polícia sul-africana que, na tentativa de conter os manifestantes, matou 69 pessoas, deixando cerca de 180 feridos.
O fato teve repercussão internacional para a luta contra o Apartheid. E Mandela, líder das manifestações, foi preso em 1964, condenado, à prisão perpétua, por sabotagem contra militares e o governo, e por planejar uma guerrilha. Encarcerado por 27 anos, Madiba, como também era conhecido, foi exemplo de persistência contra a opressão e admirado ao redor do mundo. Com o passar dos anos, tornou-se o maior símbolo de protestos internacionais contra o racismo.
A prisão do líder sul-africano culminou debates pelo mundo. A África do Sul, pressionada pela comunidade internacional, estava isolada. Foi neste contexto que Frederik de Klerk, então presidente do país, finalmente respondeu aos apelos para libertá-lo. Três anos depois de conquistar a liberdade, Nelson Mandela recebeu o Prêmio Nobel da Paz junto com De Klerk. E em 1994, tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul.
Mandela na Fundação Palmares – Em visita oficial a Brasília, em 1998, Mandela, ainda como presidente da África do Sul, participou da cerimônia de entrega a Fundação Cultural Palmares do terreno onde será construído o Museu de Memória e Cultura Afrodescendente. Na ocasião, Madiba assinou a placa de fundação da área.
“A Fundação Palmares lamenta profundamente essa perda. Nelson Mandela representou uma fundamental força política e social para o combate ao racismo na África do Sul e no mundo nas últimas décadas. A luta contra o Apartheid fomentou novas conquistas pelos direitos de igualdade racial. Certamente o legado de Mandela ficará na história da luta da gente negra pela igualdade, racial para sempre”, disse o presidente da FCP, Hilton Cobra.
Em encontro de gerações, Naná Vasconcelos rege uma sinfonia de vozes na Fundação Palmares
Alunos da Secretaria de Educação do Distrito Federal, músicos, integrantes do movimento negro, entre outros, participaram de momentos onde a música e diferentes ritmos serviam de base para que Naná compartilhasse com todos, sua história de vida e experiências como o músico. Trajetória que o elegeu oito vezes o melhor percussionista do mundo, de acordo com revista americana Down Beat.
Usando chocalhos, caxixis, instrumentos diversos de percussão aliados a alguns equipamentos eletrônicos, Naná conseguiu transportar as pessoas diretamente à Floresta Amazônica e seus sons inconfundíveis. Cantos e sons da floresta foram contemplados por todos os presentes no auditório, que logo após foram regidos pelo maestro Naná e reproduziram uma sinfonia utilizando somente as próprias vozes.
Considerado uma autoridade mundial em percussão, Naná já publicou 23 álbuns que misturam jazz, estilos folclóricos e MPB, além de ter atuado ao lado de diversos nomes de peso como Jon Hassel, Egberto Gismonti, Pat Metheny, Evelyn Glennie e Jan Garbarek, e já ter conquistado oito prêmios Grammy.
Acompanhe abaixo a entrevista que Naná Vasconcelos concedeu com exclusividade ao Portal da FCP antes de subir ao palco:
Portal FCP–Você é um dos raros casos demúsico brasileiros com carreira solocapaz de lotar teatros e casas de espetáculos. Ao que você atribui esse sucesso?
Naná Vasconcelos–Isso acontece porque eu fiz sucesso lá fora [no exterior]. Claro, que é gratificante todas as coisas que eu recebo aqui no Brasil. Já recebi muitas homenagens, mas o meu som é um som que o Brasil não conhece. Eu não estou nas rádios, não estou nas grandes mídias e, acho isso muito bom, porque quando estou aqui na minha terra as pessoas descobrem que a minha música existe e que ela é genuinamente brasileira.
Portal FCP – Você começou a tocar aos 12 anos de idade e, como toda criança, tinha os seus ídolos. Como é, depois de mais de 50 anos de carreira, ser bem sucedido na carreira que escolheu e ao mesmo tempo ser um ídolo?
Naná Vasconcelos – Eu não acho que sou um ídolo. Nunca fui a uma escola de música e aprendi tudo o que sei com a vida, com a minha intuição – que é uma herança que cada um de nós carrega – que me levou a acreditar e ousar. Até hoje eu procuro desafios. Necessito disso para não pasteurizar a minha música e virar uma mesmice. Eu acredito que a música tem que ser visual. Quando você escuta, você tem que poder ver o que eu estou querendo te mostrar. E tudo isso é desafio, que eu procuro fazer tudo da maneira mais simples. O meu trabalho é de corpo e alma. É sério, não tem distração, mas é simples, divertido e prazeroso.
Portal FCP – É notável que a sua história de vida esta sempre presente em suas composições. Você concorda com o provérbio português que dá nome ao projeto da FCP e afirma que “Antiguidade é Posto”?
Naná Vasconcelos– Tradição é a eterna mãe de tudo o que a gente faz. O primeiro meio de comunicação surgiu quando os homens descobriam o fogo e, logo depois, os tambores. E hoje, o filho mais novo disso, é a tecnologia. Você aperta um botão e pronto. Mas a tradição é eterna e é sempre moderna. Eu morei fora do meu país durante 30 anos, mas eu nunca saí daqui, porque eu sou muito agarrado às nossas tradições. Isso, no entanto, não quer dizer que eu seja um músico tradicional.
Portal FCP – Os seus álbuns costumam ter uma mistura de jazz, estilos folclóricos brasileiros e MPB. Você acredita que esse seja o seu grande diferencial e o que te permitiu ser reconhecido em todo o mundo?
Naná Vasconcelos – Eu sempre tive uma coisa de raiz que os americanos não tinham. Acredito que fiz sucesso porque eu não tinha nada parecido com eles e era algo que eles nunca tinham escutado antes. Ao mesmo tempo o meu pensamento conseguia lidar com a contemporaneidade do que estava acontecendo. Eu me sinto um músico disponível a participar de qualquer situação musical e isso é porque eu aprendi a ouvir. Quando você aprende a ouvir você encontra espaço em qualquer situação e faz qualquer coisa.
Portal FCP – Você acredita que a arte é decisiva para a eliminação da desigualdade racial?
Naná Vasconcelos – A música das artes ela é a mais imediata porque ela mexe com as emoções. A música tem um poder de agregar que nada mais tem. Ao mesmo tempo em que ela reúne e transmite sensação de felicidade, ela pode levar as pessoas à extrema violência. É um grande poder e isso, de certa forma, pode até ser perigoso. Agora, quando falamos de racismo, isso se torna muito delicado, porque está diretamente relacionado à intolerância. Nós precisamos celebrar as diferenças e exaltar as similaridades.
Portal FCP – Com toda a experiência de vida que tem hoje, se você tivesse que dar um único conselho aos jovens brasileiros, qual seria?
Naná Vasconcelos – Eu diria para eles acreditarem que tudo o que eles precisam está dentro deles. Eu nunca quis ser americano e eu nunca perdi a minha identidade porque eu acreditei que eu tinha algo que era só meu, o meu ponto de referência e a minha verdade. O importante é ser verdadeiro consigo mesmo e nunca renegar suas origens. Afinal, você nunca vai conseguir ser o que você não é. Reconhecer isso é muito importante.
Chamamento de Cadastro Reserva - Edital "Sabores e Saberes da Gastronomia Quilombola"
A Fundação Cultural Palmares torna público o chamamento de 07 (sete) premiados do cadastro de reserva disposto na classificação geral já homologado do Edital 05/2023, deverá os mesmos complementar informações conforme formulário: https://docs.google.com/forms/d/1OyOji93HtrTOsER8Gz0edaPnIrriLqWKTXe_kepbPco/viewform?edit_requested=true
Classificados na Reserva:
5º Beatriz Rodrigues da Cruz
6 º Geicy Ferreira Marinho
7º Eginaldo da Silva
8º Fernando Marques Xavier da Costa
9º Antonia Luisa da Conceição
10º Eliene Santos Dias dos Santos
11º Deisimara Virissimo Candido dos Reis
Dia Nacional do Samba - 2 de dezembro
A Lei nº 14.567, de 4 de maio de 2023, reconheceu as escolas de samba – seus desfiles, sua música, suas práticas, suas tradições – como manifestação da cultura nacional. Instituindo ao poder público a competência de garantir a livre atividade das escolas de samba e a realização de seus desfiles carnavalescos. Anteriormente, a Lei nº 13.557, de 21 de dezembro de 2017 já instituía o Dia Nacional do Samba de Roda, a ser comemorado no dia 25 de novembro de cada ano.
Contudo, o dia 2 de dezembro já figurava há muitos anos, do calendário oficial de datas culturais no Brasil como o Dia do Samba. A sua comemoração, no entanto, era restrita a algumas cidades, em especial o Rio de Janeiro e Salvador.
O Projeto de Lei nº 1.713-A, de 2007, de autoria de Indio da Costa, deputado à época, se propôs a decretar oficialmente em todo o território brasileiro o Dia Nacional do Samba. O autor em seu projeto trazia a seguinte argumentação:
“Por tradição, que os historiadores da nossa música popular não sabem precisar com certeza, o Dia Nacional do Samba já é comemorado oficialmente em bom número das Unidades da Federação na data de 2 de dezembro. Dizem que o Dia do Samba remete a uma visita de Ary Barroso à Bahia, num 2 de dezembro; outros, afirmam que a data se prende ao Trem do Samba, ocupado pela Velha Guarda da Portela na Central do Brasil, e cuja primeira edição ocorreu em 1996...”
“Se o samba nasceu ou não no Brasil, é uma questão acadêmica, hoje reduzida apenas à sua importância musicológica. O fato, incontestável, é que o samba é do Brasil, e o seu Dia Nacional vem sendo comemorado na data de 2 de dezembro...”
Mais à frente, em 2013, o deputado Marcus Pestana iniciou também um projeto de lei que em seu texto alertava que "inexiste assim qualquer lei de âmbito federal que institua o Dia Nacional do Samba, diferentemente do gênero musical “choro”, objeto da Lei n° 10.000, de 4 de setembro de 2000, resultante do PLS n° 39/99, de autoria do Senador Artur da Távola, que instituiu o dia 23 de abril como o Dia Nacional do Choro. Dessa forma, é oportuno o surgimento de um ato legal que venha a oficializar, em nível nacional, uma data que o mundo do samba já comemora, em todo o país, desde 1963."
O samba pioneiro
Um estilo musical cheio de gingado e melodia que encanta pelas danças e também pela execução que exige harmonia e talento de todos os músicos envolvidos na roda de samba. "Pelo telefone", composição de Donga datada de 1916, é considerado o primeiro samba brasileiro, por substituir o maxixe. Nessa época, já se podiam gravar as músicas em discos.
Na mesma ocasião, surgiram muitos compositores de grande talento, como Pixinguinha, João da Baiana, Sinhô e Heitor dos Prazeres.O samba foi tomando uma expressão urbana e moderna. Começou a ser tocado nas rádios, se espalhou pelos morros cariocas e nos bairros da zona sul, conquistando um público de classe média também.
Mais tarde, em meados do século 20, Dorival Caymmi e João Gilberto deram uma nuance sofisticada para o samba, misturando-o com outras influências musicais.
Variantes do Samba
- Samba-enredo - com origem no Rio de Janeiro na década de 30, é um samba que determina o ritmo dos desfiles das escolas de samba e aborda temas sociais e culturais.
- Samba-de-partido-alto - é um samba de origem pobre, que tenta demonstrar a realidade de regiões carentes. Seus principais compositores são Moreira da Silva, Zeca Pagodinho e Martinho da Vila.
- Samba-Pagode - um dos ritmos dentro do samba que mais fazem sucesso, surgiu no Rio de Janeiro nos anos 70, com letras românticas e ritmo repetitivo, tem como principais representantes grupos como: Fundo de Quintal, Raça Negra, Só Pra Contrariar, entre outros.
- Samba-canção – com origem na década de 20 tem característica ritmo lento e letras românticas.
- Samba-carnavalesco – são as famosas marchinhas que embalavam os carnavais antigos e bailes típicos.
- Samba-exaltação – esse tipo de samba trazia um saudosismo com letras que mostravam as maravilhas brasileiras, junto com acompanhamento de orquestra.
- Samba-de-breque – tipo de samba que tem interrupções para comentários no meio da música, com temáticas críticas ou humorísticas.
- Samba de gafieira – com origem nos anos 40, tem ritmo rápido e forte com acompanhamento, muito comum em danças de salão.
- Sambalanço ou Samba Rock - Com influência do jazz o surgiu entre as décadas de 50 e 60 e embalou boates em São Paulo e Rio de Janeiro. Tem como principais representantes Jorge Ben Jor, Wilson Simonal e mais recentemente Seu Jorge.
- Samba praiano - A Academia de Samba Praiana foi criada em 10 de março de 1960, por um grupo de rapazes, oriundos das cidades de Pelotas, Rio Grande e também Porto Alegre.
- Samba-de-morro - é um sub-gênero musical do samba, criado e difundido na década de 1930, na cidade do Rio de Janeiro, por compositores que frequentavam as rodas de samba da Turma do Estácio. De ritmo vivo, o samba de morro é um estilo autenticamente popular, que costuma ser acompanhado por um pandeiro, um tamborim, uma cuíca e um surdo. Suas letras em geral tratam de temas diversos como malandragem, mulheres e o cotidiano nos morros e favelas cariocas.
Personalidades negras do samba
Elza Soares; Pixinguinha; Arlindo Cruz; Zeca Pagodinho; Beth Carvalho; Paulinho Viola; Cartola; Ivone Lara; Martinho da Vila; Leci Brandão; Jorge Aragão, dentre outros grandes nomes do samba brasileiro.
Nota de Pesar- Nêgo Bispo
A Fundação Cultural Palmares expressa profundo pesar pela morte do escritor, pensador, professor, ativista social quilombola piauiense Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo.
Autor de livros, artigos e textos que refletem sobre a resistência negra quilombola, a relação do humano com a natureza, a sabedoria dos povos tradicionais, a defesa do direito à terra pelas comunidades tradicionais, dentre outros, Nêgo Bispo é reconhecido como um dos principais pensadores do tema comunidades tradicionais do Brasil.
Nêgo Bispo nasceu em 10 de dezembro de 1959 e faleceu aos 63 anos, neste domingo, 3 de dezembro de 2023. A Fundação Cultural Palmares agradece o legado deixado pelo ativista e reconhece que a sua trajetória jamais deverá ser esquecida. Aos amigos de luta e aos familiares, nossos sinceros sentimentos. Despedimos-nos com o poema de sua autoria.
Fogo! ... Queimaram Palmares, nasceu Canudos
Fogo!… Queimaram Palmares,
Nasceu Canudos.
Fogo!… Queimaram Canudos,
Nasceu Caldeirões.
Fogo!… Queimaram Caldeirões,
Nasceu Pau de Colher.
Fogo!… Queimaram Pau de Colher…
E nasceram, e nasceram tantas outras comunidades que os vão cansar se continuarem queimando.
Porque mesmo que queimam a escrita,
Não queimarão a oralidade.
Mesmo que queimem os símbolos,
Não queimarão os significados.
Mesmo queimando o nosso povo
Não queimarão a ancestralidade.
-Antônio Bispo dos Santos
Políticas públicas para cultura negra são tema de debate no Senado
“Nós, gestores, precisamos estar preparados para alterar o processo excludente que ainda insiste na sociedade, sobretudo na área da cultura”, disse Hilton Cobra, presidente da Fundação Cultural Palmares – MinC (FCP), durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal nesta segunda-feira (25). A atividade celebrou os 25 anos da instituição e os 10 anos da SEPPIR (Secretaria de Políticas da Promoção da Igualdade Racial).
Na plenária presidida pelo senador Paulo Paim, estiveram presentes as ministras da Luiza Bairros e Marta Suplicy (Cultura), além do ex-presidente da FCP – MinC, Carlos Moura e da representante do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Rosane Borges.
Os integrantes da mesa ressaltaram a importância das políticas públicas como porta para oportunidade de inserção da população negra na sociedade. Nesse sentido, Hilton Cobra, destacou ser necessário também repensar os caminhos trilhados até o momento e projetar trajetórias entre as várias rotas possíveis para que seja alcançado o fim da discriminação. “É preciso atingir caráter irrevogável e essencial para que as políticas públicas endereçadas às culturas negras convertam-se, efetivamente, em um mecanismo capaz de transpor assimetrias sociais”, disse.
Para o Cobra, quando destacadas as culturas negras, estas exigem especial atenção pela sua capacidade de se manifestar em todas as partes do território nacional em um só momento. “É impossível a consolidação de um projeto de nação sem que nele esteja implicada uma política cultural afinada com os anseios e demandas mais prementes de toda a sociedade”, concluiu.
Marta Suplicy elogiou os passos dados por essas duas instituições promotoras da igualdade racial, que são marcos na relação do Estado com os afro-brasileiros. “Ambas são instrumento institucional de diálogo que fizeram muita diferença na construção de políticas sem as quais não é possível progredir no combate à discriminação”, afirmou.
Juventude Negra – Logo no início da sessão, o estudante Kiluanji Graciano leu uma carta na qual reflete o olhar social sobre o negro no Brasil. “Sempre que me preparo para sair de casa, meus pais perguntam se estou com minha identidade”, disse. Ele explicou que se trata de uma maneira de evitar problemas com policiais acostumados com os estereótipos em torno da juventude negra.
Para Kiluanji, assim como para muitos jovens, não é fácil aceitar que o simples “sair de casa” tenha que ser precedido de obrigações como conferir a identidade para não ser agredido. Por alguns momentos, muitos com certeza gostariam de ser mais livres. “Não que eu desconheça o racismo. O que incomoda é o fato de ele ser tão eficiente”, ressaltou.
Negros e desenvolvimento – A ministra da SEPPIR argumentou que grandes questões desafiam o Brasil para consolidar todas as conquistas adquiridas nos últimos anos. “Essas conquistas têm sido sombreadas pelo que ainda não conseguimos resolver. Uma dessas sombras é o genocídio”, afirmou.
Luiza Bairros reforçou que os negros constituem a maioria da população brasileira e que o Governo deve tomar cuidado para não deixar mais de 100 milhões de pessoas fora dos programas de desenvolvimento. “Não se pode mais planejar o Brasil sem considerar que o negro é maioria” disse, ressaltando que um erro desse nível seria desastroso para o país.
Fundação Palmares comemora dia do samba em Brasília e Salvador
Dia 2 de dezembro é comemorado o Dia do Samba, e para celebrar essa autêntica manifestação da cultura negra brasileira, tombado Patrimônio Cultural do Brasil em 2007, a Fundação Cultural Palmares – MinC (FCP) apóia, em Brasília/DF e Salvador/BA, homenagens a data.
O Dia do Samba é comemorado nacionalmente há 49 anos e foi criado em homenagem a Ary Barroso, pela composição da música “Na Baixa do Sapateiro” que marcou sua primeira visita à Salvador. Inicialmente, a data era festejada apenas na capital baiana, mas acabou se tornando nacional. Atualmente o samba é exaltado em shows e festas, onde todos os participantes reverenciam o gênero musical genuinamente brasileiro.
Circuito Dodô e Osmar – Em Salvador/BA, acontece a 8ª edição da Caminhada do Samba, prevista para domingo, 1º/12. O evento organizado pela União das Entidades de Samba da Bahia contará com os grupos de samba Viola de Doze e Bambeia e acontece no Circuito Dodô e Osmar a partir das 15h.
Rodoviária do Plano Piloto – Na capital federal, a Rodoviária do Plano Piloto sedia a já tradicional Plataforma do Samba, que acontece nesta segunda-feira (02), a partir das 16h. Fruto de uma iniciativa dos sambistas da cidade, a Roda de Samba da Rodoviária chega à sua 7ª edição, tendo como principal característica a informalidade e ampla adesão de artistas da cidade.
Este ano, quem se apresenta na atividade é o grupo Adora Roda e já tem confirmadas as presenças dos cantores Teresa Lopes, Anna Cristina, Khris Maciel, Ana Reis, Miriam Marques, Naiara Lima, Rosemaria Alves e Marquinhos Benon, além dos grupos Filhos de Dona Maria, Candangueiro, entre outros.
Serviço “Dia do Samba”
Na Bahia
O que: 8ª Caminhada do Samba
Quando: 01 de dezembro (segunda-feira)
Local: Circuito Dodô e Osmar – Salvador
Horário: 15h
Entrada Franca
Em Brasília
O que: Grande Roda de Samba – Dia Nacional do Samba
Quando: 02 de dezembro (segunda-feira)
Local: Plataforma Inferior da Rodoviária
Horário: 16h às 20h
Entrada Franca
Percussionista Naná Vasconcelos participa de projeto da Fundação Palmares/MinC em Brasília
Na próxima sexta-feira, 29 de novembro, às 15h, o auditório da Fundação Cultural Palmares – MinC (FCP), em Brasília, receberá um encontro onde a experiência de vida e a tradição da cultura negra brasileira serão exaltadas. Trata-se do Projeto “Antiguidade é Posto”, em que mestres e mestras da tradição cultural afro-brasileira dividem mesas de dialogo com estudiosos das culturas e tradições negra no Brasil, na África e na Diáspora.
A primeira edição do “Antiguidade é Posto” contará com a participação do percussionista Naná Vasconcelos, que irá utilizar a arte como ferramenta para contar sua história de vida. De acordo com Lindivaldo Júnior, diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira, o projeto tem como principal objetivo aproximar os saberes e estimular a sociedade a valorizar os mestres de conhecimento.
“É importante promover o princípio da oralidade. É garantir a fala da pessoa que realiza. Por mais que tenha estudos a respeito de música brasileira e percussiva, nada substitui a fala da pessoa que faz isso no seu cotidiano, por exemplo, e isso é fundamental para a manutenção das tradições de cultura afro-brasileiras.”, afirma Lindivaldo.
A ideia é promover encontros mensais. Lindivaldo explica que o nome do projeto tem origem em um provérbio português que diz “Antiguidade é posto, e posto é galão”. “Em todas as relações da tradição de cultura negra, a antiguidade é posto, ou seja, quanto mais tempo de vida uma pessoa tem, mais importante essa pessoa é na manutenção da tradição”, explica. “Os mais novos precisam escutar os mais velhos para seguirem os seus caminhos, por isso é importante valorizar o protagonismo dos idosos”, conclui o diretor da FCP.
O melhor percussionista do mundo – Naná Vasconcelos é negro, nasceu em Pernambuco, tem 69 anos e parece ter o número oito como símbolo de sorte. O músico brasileiro, que já atuou ao lado de diversos nomes de peso como Jon Hassel, Egberto Gismonti, Pat Metheny, Evelyn Glennie e Jan Garbarek, já conquistou oito prêmios Grammy e foi eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo em votação promovida entre críticos pela revista norte-americana dedicada ao jazz, Down Beat.
Considerado uma autoridade mundial em percussão, Naná Já publicou 23 álbuns que misturam jazz, estilos folclóricos e MPB,e é talvez o único músico que lota teatros de todo o mundo se apresentando sozinho, apenas com instrumentos de percussão.
Serviço
Projeto “Antiguidade é Posto” com Naná Vasconcelos
Quando: 29/11/2013
Hora: 15h
Local: Auditório da FCP – SGAN Quadra 601 Norte – Lote L – Ed. ATP – Brasília/DF
Mais informações: (61) 3424-0185
Vem aí a 1ª Feira de Cultura Afro-Brasileira do Maranhão
Será realizada em São Luís a 1ª Feira de Cultura Afro-Brasileira do Maranhão nos dias 30 de novembro e 1° de dezembro de 2013. A atividade encerra o Mês da Consciência Negra, oportunizando aos criadores, produtores e empreendedores negros, realizar a exposição e comercialização de produtos e serviços; aprendizado e capacitação sobre empreendedorismo afrodescendente; e, valorização da cultura e identidade afro-brasileira.
Inspirada na Feira Preta, considerada um dos maiores eventos da América Latina voltados para o desenvolvimento empresarial e socioeconômico do mercado de produção e consumo da população negra, a 1ª Feira de Cultura Afro-Brasileira do Maranhão tem como objetivo promover a cultura afro-brasileira e estimular a geração de renda e o empreendedorismo afrodescendente maranhense.
Em sua primeira edição a Feira de Cultura Afro-Brasileira do Maranhão, que tem como tema “Cultura, cidadania, educação e economia criativa”, apresentará durante dois dias iniciativas exitosas na produção negra em vários setores como agricultura familiar e extrativismo; alimentação e bebidas (gastronomia típica); artistas de todas as linguagens artísticas; artesanato; cerâmica; comércio em geral; consultoria; cosmético e beleza, cabeleireiros (as); construção em geral; entidades governamentais e públicas; hotelaria; calçados e vestuários; imprensa; mobiliário, móveis e decoração; publicidade, marketing e gráfica; segurança e serviços; setor de tecnologia de informação e telecomunicação e; trancistas e trançadeiras.
Além da exposição e comercialização de produtos, a feira realizará cursos, workshops, exibição de vídeos, apresentações culturais e desfile de moda. No local do evento haverá também uma praça de alimentação dedicada aos pratos típicos da cultura afro-brasileira.
Para realizar o evento, a Secretaria de Estado Extraordinária da Igualdade Racial/ Casa Civil, conta com a parceria da Fundação Cultural Palmares, órgão vinculado ao Ministério da Cultura (FCP/MinC). Entre os parceiros locais estão as secretarias de estado da Cultura (Secma), Turismo (Setur), Comunicação Social (Secom) e Trabalho e Economia Solidária (Setres); Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/MA); Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC); Fundação Municipal de Cultura; e Centro de Produção de Artesanato do Maranhão (Ceprama).
Anote na agenda e participe! 1ª Feira de Cultura Afro-Brasileira do Maranhão – “Cultura, cidadania, educação e economia criativa”, dias 30 de novembro e 1° de dezembro, no Ceprama, São Luís-MA.
Em breve: Programação Completa!
Mais informações
Secretaria de Estado da Igualdade Racial – SEIR/MA
Email: secigualdaderacial@yahoo.com.br
Telefone: (98) 2108-9124/ 9139.
Fonte: Seir/MA
Fundação Palmares anuncia R$ 4 milhões em investimentos para cultura negra
A já tradicional celebração do 20 de novembro – Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, em União dos Palmares/AL, foi palco para o anúncio de mais investimentos para proteção e valorização do patrimônio afro-brasileiro. O presidente da Fundação Cultural Palmares – MinC (FCP), Hilton Cobra contou que, em 2014, serão destinados R$ 4 milhões do Fundo Nacional de Cultura para obras estruturais no Parque Memorial e comemoração da data pelo Brasil. “É mais do que necessário, mais do que urgente essa atualização constante dos equipamentos do parque”, destacou Cobra.
Na ocasião, foram assinados os acordos para a criação de Nufac’s – Núcleos de Formação de Agentes de Cultura da Juventude Negra nos estados de Pernambuco e Paraíba e a posse do Comitê Gestor da Serra da Barriga. Além disso, a dirigente da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, Márcia Rollemberg, anunciou a parceria entre o ministério e o UNICEF para a divulgação da Campanha Infância Sem Racismo. Márcia também homenageou as agraciadas do Prêmio Culturas Populares, na categoria Mestre do Saber da região: Julieta Maria da Conceição (D. Preta), Marinalva Bezerra da Silva e Irineia Rosa Nunes da Silva.
Serra da Barriga – Já o governo do município apresentou o projeto que pretende transformar uma estação de trem desativada no centro da cidade em um museu sobre o Parque Memorial Quilombo dos Palmares. A ação prevê ainda a criação de uma linha férrea para levar os visitantes ao pé da Serra da Barriga.
As atividades em comemoração a Semana da Consciência Negra de União dos Palmares/AL tiveram início no dia 17 de novembro, com a realização do projeto Escambo Cultural, as oficinas Juventude Negra: Copo, Cor e Movimento, assim como shows de artistas locais e de outras cidades, com destaque para nomes nacionais como o poeta e rapper GOG e Martinho da Vila.
Escambo Cultural – A comunidade quilombola do Muquém, vizinha à cidade de União, recebeu o coletivo de hip hop Estereótipo, de Ceilândia/DF, GOG e o DJ pernambucano Big para um bate-papo sobre as ações para o combate ao genocídio juventude negra, que é grave no estado.
Dados divulgados pelo IPEA dão conta que Alagoas registra o maior número de assassinatos de jovens negros em comparação aos não negros: são 17,4 negros mortos para cada vítima de outra cor. Para GOG, a contramão dessa realidade é a oportunidade. “O Escambo Cultural é isso, uma troca de vivência, de experiência de palavra. É saber falar e também saber receber”, disse GOG.
Lindivaldo Júnior, diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira da FCP – MinC, explicou que essa ação também está vinculada ao plano Juventude VIVA, programa do Governo Federal que visa à prevenção à violência contra a juventude negra.
Corpo Cor e Movimento – Durante dois dias, 18 e 19 de novembro, jovens da cidade tiveram acesso a cursos sobre expressões culturais negras. Ali, puderam aprender movimentos de Hip Hop e Breack, técnicas de grafite e discotecagem, como fazer tranças afro, turbantes e os movimentos da dança negra.
Audiência Pública no Senado debate os 25 anos da FCP e os 10 anos da Seppir
A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal, presidida pela senadora Ana Rita, (PT-ES) realizará audiência pública na próxima segunda-feira, 25 de novembro, às 10h, para debater o tema: “25 anos da Fundação Cultural Palmares em Defesa dos Direitos Humanos e 10 anos da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR .”
O evento, que será realizado no Plenário nº 2, Ala Senador Nilo Coelho, no anexo II, contará com as presenças das ministras da Cultura, Marta Suplicy, e da Igualdade Racial, Luiza Bairros, e o do presidente da FCP – MinC, Hilton Cobra.
A audiência é aberta ao público. Para mais informações, ligue para (61) 3424-0139 ou envie e-mail para agenda.presidente@palmares.gov.br.
Serviço: Debate 25 anos da Fundação Cultural Palmares em Defesa dos Direitos Humanos e 10 anos da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR
Quando: 25 de novembro
Horário: 10h
Local: Plenário nº 2, Ala Senador Nilo Coelho, no anexo II – Senado Federal
Livro retrata comunidades negras de Goiás
Com o apoio da Fundação Cultural Palmares (FCP), a empresa Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. lançado hoje, 22 de novembro, o livro Caminhos Tecem Sonhos. Duas histórias, uma herança: as comunidades negra de Palmeiras e Vó Rita, em Goiás. O lançamento faz parte das comemorações do 20 de novembro quando se celebra o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
Durante o evento, o público poderá conhecer um pouco dessa história por meio dos quilombolas retratados na obra. Pessoas que como Adão Lázaro Batista, também conhecido como seu Sara, Neide Alves de Oliveira e Luzia de Fátima Basílio resistem para preservar a história e a cultura de seu povo.
A obra partiu de um diagnóstico solicitado pela FCP à empresa, como condicionante para o licenciamento à construção de um dos trechos da Ferrovia Norte-Sul. O documento deveria registrar de que forma as obras impactariam as comunidades. Porém, o levantamento ficou tão completo e interessante que a Valec decidiu revertê-lo em apoio aos quilombos por meio da divulgação de sua história.
O material traz detalhes do cotidiano, dos costumes e tradições dos dois povos. Por exemplo, entre as memórias históricas dos quilombolas de Palmeiras de Goiás está um fato curioso: por se localizarem em uma área isolada, os negros da região não tomaram conhecimento da assinatura da Lei Áurea e permaneceram como escravos por muitos anos.
Com tiragem de mil exemplares, ele será distribuído nas comunidades quilombolas e nas escolas e prefeituras municipais de toda a extensão sul da Ferrovia.
Morre Domingos Lemos, o ‘Preto Velho’ do Pelourinho, afirma família
Domingos Teixeira Lemos, conhecido como Preto Velho, figura mítica do Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador, morreu na noite de quarta-feira (21), aos 91 anos, afirma Adaílton Araújo, sobrinho dele. “Ele morreu em casa. Quando saí do trabalho, tentamos levá-lo para o hospital, mas ele não aguentou a dor”, diz o jovem, que morava com ele.
De acordo com o sobrinho, Preto Velho descobriu um câncer de próstata há cerca de três anos. “Ele tinha a doença, mas nunca fez tratamento. Começou depois, no [Hospital] Aristides Maltez”, afirma. A família ainda não sabe quando será o enterro.
“Eu vou sentir saudades. Ele fez um trabalho muito bonito como Preto Velho. A Bahia vai sentir falta dele. Uma pessoa tão querida. Saída nos Filhos de Gandhy. As pessoas cheiravam o rapé dele para problemas de sinusite, gastrite, rouquidão. O cravinho [bebida famosa no Pelourinho] foi ele que inventou”, conta Adaílton Araújo. Estivador e camelô, Preto Velho tinha um bar na Rua Gregório de Matos, no Pelourinho, e era conhecido por dua barba branca e pelo cachimbo.
Fonte: G1 Bahia
Maracatu e o Samba de Coco serão temas de palestras no Recife
Com a proposta de tratar de dois importantes ritmos negros brasileiros, a Fundação Cultural Palmares – MinC (FCP) levará à capital pernambucana a próxima edição do Ciclo de Palestras, Cultura Afro-Brasileira: nosso Patrimônio. Agendado para 26 de novembro, o evento será marcado por três palestras onde serão aprofundados aspectos relevantes à valorização dos maracatus e do samba de coco.
O Ciclo de Palestras é uma iniciativa da FCP – MinC, por meio do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC), e tem por objetivo ampliar o debate em torno do ensino da história e cultura afro-brasileira conforme a Lei 10.639/2003. A serem ministradas pelas doutoras em História Magdalena Almeida e Isabel Guillen da Universidade Federal de Pernambuco, e Martha Rosa Figueira Queiroz, que também é chefe de gabinete da FCP, as palestras desta edição terão como foco a elevação dos ritmos maracatu e samba de coco à patrimônio cultural étnico-brasileiro.
Samba de coco – Magdalena Almeida tratará especificamente do samba de coco nas comunidades de matriz africana de Castainho e Atoleiros, situadas nos municípios de Garanhuns e Caetés, do agreste pernambucano. Ambas, se localizam em uma parcela de território que pertenceu ao antigo quilombo dos Palmares, onde viveu o líder negro Zumbi. “Nesta região existem vários grupos autointitulados remanescentes, que fazem dos ideais de força e resistência sua própria vida”, diz a doutora.
A doutora abordará uma análise sobre o samba de coco como manifestação plural. A ideia é influenciar políticas públicas destinadas a artistas populares ligados à música, ao canto, à dança e à literatura popular, impressa em letras de canções, cujo conteúdo é repassado de geração para geração por meio da oralidade ou por ações de formação cultural, como iniciativas do poder público.
Patrimônio cultural – Isabel Guillen e Martha Rosa Figueira vão discutir sobre as novas leituras dos maracatus na contemporaneidade, além de políticas públicas para difusão dessa manifestação em território nacional. No último mês de agosto, a manifestação entrou na lista do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a provável patrimônio cultural brasileiro. A proposta já está em processo de análise, porém não existe prazo para a divulgação do resultado.
Confira a programação do Ciclo de Palestras, Cultura Afro-Brasileira: nosso Patrimônio:
Quando: 26 de novembro
Horário: 14h às 18h
Local: Auditório João Coutinho – Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP UPE – Avenida Sport Club do Recife, 252, Bairro Madalena, Recife/PE.
Palestra: O maracatu como patrimônio nacional: ressignificações da cultura negra contemporânea
Palestrante: Profª. Isabel Guillen (UFPE)
Palestra: Maracatu de baque virado: uma encruzilhada de negritudes
Palestrante: Profª. Dra. Martha Rosa Figueira Queiroz (FCP/MinC)
Palestra: Samba de coco e políticas públicas: patrimônio e formação cultural em Pernambuco
Palestrante: Profª. Dra. Magdalena Almeida (UFPE)
ATENÇÃO: AS INSCRIÇÕES PARA OS EDITAIS 3º IDEIAS CRIATIVAS e 1º IMAGENS DA MEMÓRIA FORAM PRORROGADAS ATÉ 30 DE NOVEMBRO
Foram prorrogadas até 30 de novembro de 2013, as inscrições para os editais Editais Palmares 25 anos: 3º Ideias Criativas e 1º Imagens da Memória, que têm como foco as ações da cultura afro-brasileira, na valorização da presença histórica da população negra no Brasil e na promoção da resistência cultural negra.
Um total de R$ 2,3 milhões serão investidos em ações para o registro e dinamização das culturas negras brasileiras. Com recurso do Fundo Nacional de Cultura, o 1º Edital Imagens da Memória premiará, com R$1,3 milhão, 12 obras audiovisuais que irão captar as narrativas de mulheres e homens negros das comunidades quilombolas, tradicionais de matriz africana e ícones das manifestações culturais afro-brasileiras sobre de temas diversos, adotando as histórias sobre a escravidão como parâmetro prioritário para os registros.
Já a terceira edição do Edital Ideias Criativas, com apoio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, vai destinar R$1 milhão à 38 projetos para elaboração e execução de atividades socioeducativas formativas, assim como para pesquisa produção e publicação de trabalho. As ações devem, principalmente, promover a dinamização, preservação e difusão da memória da população negra no Brasil.
FCP celebra o 20 de novembro na Serra da Barriga-AL
A Fundação Cultural Palmares – MinC (FCP) preparou uma programação especial para as 10 mil pessoas que devem visitar o município de União dos Palmares, em Alagoas, até 20 de novembro – Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. De 17 a 20 de novembro, os visitantes poderão participar de cortejos, oficinas, shows e apresentações culturais que vão celebrar a data mais importante do calendário afro-brasileiro.
De acordo com Hilton Cobra, presidente da FCP – MinC, o intuito da programação, além de celebrar a data, e provocar discussões sobre cultura e estética negra. “Nós acreditamos que a arte e a cultura também são totalmente capazes de eliminar as barreiras da desigualdades e promovem a inclusão. A nossa população precisa disso”, afirma.
Sem barreiras geográficas – Jovens negras e negros de União dos Palmares e Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, vão transpor barreiras geográficas para trocar experiências sobre como eles se organizam na área cultural e em busca de políticas públicas nas duas cidades. É o Escambo Cultural: de Ceilândia à União dos Palmares, que acontece no dia 17, às 14h.
De acordo com Lindivaldo Júnior, diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira da FCP – MinC, a ação também está vinculada ao plano Juventude VIVA, programa do Governo Federal que visa à prevenção à violência contra a juventude negra. “O nosso encontro é uma forma de responder as últimas notícias que apontam que 35,2% das vítimas de homicídios ocorridos no Brasil em 2011 eram homens negros entre 15 e 29 anos”, aponta.
“Nós não vamos discutir questões de segurança pública, mas vamos buscar soluções dentro da cultura. Como os jovens de União dos Palmares estão se organizando para vencer as estatísticas? Quais ações os jovens de Ceilândia estão desenvolvendo? É isso que queremos descobrir”, completa Lindivaldo.
Corpo, cor e movimento – Entre os dias 18 e 19, a cultura negra, nas mais diversas formas e expressões, vai invadir União dos Palmares. Serão ministradas as oficinas “Juventude Negra: Corpo, Cor e Movimento”, que exibirão movimentos de Hip Hop e Breack, técnicas de discotecagem, conceitos de estética negra e movimentos de dança afro. Além dos encontros, o evento “Resistência Negra em Cortejo” levará aos moradores desfiles de afoxés de Alagoas e Pernambuco que sairão em cortejo até a Praça da Matriz.
O grande dia – A grande celebração será realizada no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga. O Parque, que é uma referência ao Quilombo dos Palmares – o maior, mais duradouro e mais organizado refúgio de escravos das Américas – será palco de atrações que têm como objetivo conscientizar, promover e valorizar as diversas artes e culturas afro-brasileiras.
O banho de cheiro realizado por religiosos de matriz africana inicia as atividades do dia, que contará ainda com cortejo sagrado e a cerimônia de depósito de flores na Lagoa Encantada dos Negros. O rito vivencia as religiosidades afro-brasileiras, ainda vítimas da intolerância religiosa, alimentada pelo ranço do racismo estrutural no país. “As celebrações reverenciam a memória do líder negro Zumbi dos Palmares, morto pelo escravismo e pelo racismo que continua na vida da população brasileira”, pontua Cobra.
Apresentações de tradições culturais,rodas de capoeira e oficinas fazem parte da agenda do dia, que será encerrada às 20 horas com o show de um dos principais nomes do samba,o cantor e compositor Martinho da Vila, que canta sucessos como “Canta, Canta Minha Gente”, “Mulheres” e “Madalena do Jucú”.
Confira a programação completa:

- Programação
Ciclo de debates da FCP – MinC chega ao Centro-Oeste
Para avançar no debate de criação de políticas públicas de combate ao racismo, duas cidades que já possuem secretarias de políticas de igualdade racial, Goiânia/GO e Brasília/DF, são os próximos destinos do “Ciclo de Palestras, Cultura Afro-Brasileira: nosso Patrimônio”, organizado pela Fundação Cultural Palmares – MinC (FCP), por meio do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC).
No dia 08 de novembro, Goiânia recebe três palestras, “Interculturalidades e relações étnicorraciais”; “Culturas afro-poéticas e educação” e “Congadas e Culturas Negras”, a partir das 19 horas, no Auditório do Básico, PUC- GO. Dia 13, é a vez de Brasília debater “Culturas Negras: Imagem, Imaginário e Estereótipos”, às 17 horas, no auditório da Fundação Cultural Palmares.
Políticas públicas de combate ao racismo: O Ciclo também lembra os dez anos da Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas redes públicas e particulares da educação. “É natural que as pessoas cantem, dancem, e participem de manifestações culturais negras, como as congadas, mas não entendam sua importância, nem reflitam sobre isto. É ai que entra a importância do cumprimento da Lei 10.639/2003 nas escolas”, disse o Professor Doutor Alex Ratts, da Universidade Federal de Goiás, que participará do debate em Goiânia.
Culturas negras e estereótipos: Em Brasília, a palestra vai tratar da quebra de paradigmas e estereótipos, incluindo o tema inédito, “Ciência, Tecnologia e Inovação produzidas por intelectuais negras e negros”. Para Carlos Eduardo Machado, palestrante no dia 13 de novembro, “o objetivo é tirar da invisibilidade a produção científica dos intelectuais e quebrar o pensamento de que os negros não inventam nada”. Carlos está preparando um livro sobre o assunto, ainda sem data marcada para publicação.
Ciclo de Palestras: A segunda edição do Ciclo começou em julho, em São Luiz (MA), desde então os debates abordam temas relacionados às manifestações culturais e artísticas negras, tem o objetivo de atender à demanda de material didático na área de cultura afro-brasileira, de acordo com a Lei nº 10.639/2003.
As palestras serão publicadas nos livros da “Coleção Conheça Mais”. Para Luciana de Oliveira Dias, antropóloga, debatedora do tema Interculturalidades e relações étnicorraciais, “o ciclo é um importante espaço de avanço na produção de conhecimento, porque tem duas etapas fundamentais, a primeira, é a possibilidade de aprofundamento em várias palestras ao longo de um tempo curto, de 4 meses, a segunda é a possibilidade de reprodução na Coleção”.
Coleção Conheça Mais: As obras devem ser distribuídas nas escolas e bibliotecas brasileiras a fim de oferecer aos estudantes, conteúdos do patrimônio cultural afro-brasileiro que trazem à pauta a construção coletiva historicamente vivenciada por descendentes de negros e negras do continente considerado berço da humanidade, de uma forma concisa e contextualizada. Para as publicações que serão apresentadas em 2014, novos temas que vão compor a série.
Começa hoje (05/11) Conferência da Igualdade Racial com debate sobre democracia e desenvolvimento sem racismo
Cerca de 1400 pessoas participam de um amplo debate em torno do tema “Democracia e desenvolvimento sem racismo: por um Brasil afirmativo” na III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial – III CONAPIR, que começa terça e vai até quinta-feira (5 a 7 de novembro), em Brasília. O evento tem como principal objetivo reafirmar e ampliar o compromisso do governo e da sociedade brasileira com políticas de enfrentamento ao racismo e de promoção da igualdade como fatores essenciais à democracia plena e ao desenvolvimento com justiça social no país.
A solenidade de abertura (às 19h do dia 5) e o encerramento da III CONAPIR serão transmitidos ao vivo pela TV NBR e pelo site do eventohttp://iiiconapir.seppir.gov.br/, onde também poderão ser conferidas entrevistas de participantes, fotos, matérias e vídeos. As atualizações ainda estarão disponíveis nas redes sociais Twitter (@SEPPIR) e Facebook (https://www.facebook.com/Seppir).
Nos três dias de Conferência, a missão dos(as) participantes é apontar caminhos para a construção de um Brasil afirmativo, que considere a importância da inclusão racial nos processos de democratização e desenvolvimento do país. O debate se dá numa conjuntura favorável, com acúmulo de conquistas políticas, econômicas e sociais para o segmento negro que, pela primeira vez representa oficialmente mais da metade da população (50,7%) por autodeclaração no último Censo do IBGE (2010).
A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR/PR) e o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) coordenam a organização do evento, que terá 1.200 delegados e delegadas, além de 200 convidados.
Exposição – A III CONAPIR acontece em meio às comemorações dos 10 anos de criação da SEPPIR. Durante o evento, estará em cartaz a exposição “SEPPIR 10 – Uma década de igualdade racial’, que tem patrocínio da Petrobras. A mostra permitirá ao conferencista um passeio pelas ações desenvolvidas nos últimos dez anos pela SEPPIR, parceiros governamentais e entidades da sociedade civil, em torno das políticas de promoção da igualdade racial e questões a elas relacionadas. A abordagem do tema é feita por meio da compilação de cartazes, banners, publicações, fotografias, entre outros materiais gráficos.
Lançamentos – Durante a programação da III Conapir será lançado o primeiro módulo do Sistema de Monitoramento das Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Disponível na internet (monitoramento.seppir.gov.br), o material pode ser acessado sem cadastro ou senha. A etapa que entra no ar é composta por duas ferramentas de visualização: paineis de monitoramento (com informações específicas para cada eixo dos programas) e mapas de diagnóstico (com dados territoriais).
O objetivo é auxiliar gestores públicos a encontrar caminhos para a avaliação e o aperfeiçoamento da implementação de duas políticas estratégicas coordenadas pela SEPPIR: o Programa Brasil Quilombola (PBQ) e o Plano de Prevenção à Violência contra a Juventude Negra – Juventude Viva. O sistema foi desenvolvido pela SEPPIR em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Fundação Ford
Outro lançamento bastante esperado é o do Guia de Implementação do Estatuto da Igualdade Racial para Estados, Distrito Federal e Municípios. Elaborada pela SEPPIR em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a publicação traduz a principal recomendação do Grupo de Trabalho Estatuto da Igualdade Racial (GT-EIR), criado para analisar e propor caminhos para a efetivação da Lei 12.888, de 20 de julho de 2010, que institui o Estatuto da Igualdade Racial. Direcionada a técnicos, gestores e ativistas, o guia pode ser utilizado como subsídio para reuniões de grupos intersetoriais, conselhos e fóruns intergovernamentais de promoção da igualdade racial.
SERVIÇO
O que: III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial – III CONAPIR
Onde: Centro de Convenções e Eventos Brasil 21, em Brasília
Quando: 5, 6 e 7 de novembro de 2013
PARA SABER MAIS:
www.seppir.gov.br/iiiconapir
Coordenação Executiva da III CONAPIR
e-mail: conapir2013@seppir.gov.br
Telefone: (61) 2025-7021 e 0800 645 63 59
Fonte: Seppir (http://www.seppir.gov.br)
Rodada de Negócios discute financiamento e empreendedorismo negro
No dia 5 de novembro, às 14h, no auditório da Fundação Cultural Palmares MinC (FCP), em Brasília/DF, será realizado o evento Rodadas de Negócios e Financiamento para Empreendedor@s Afro-brasileir@s. A iniciativa é uma realização do Festival da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha, Latinidades, e Associação Nacional dos Coletivos de Empresários e Empreendedores Afro-brasileiros, Anceabra, com apoio da FCP – MinC.
O objetivo é iniciar uma séries de diálogos e mapeamentos para a realização de uma rodada de negócios nacional no primeiro trimestre de 2013, promovida pelas cinco entidades. O tema desenvolvimento econômico cada vez ocupa mais os de debates, reivindicações e formulações sobre o tema igualdade racial no Brasil e, dentro desta agenda, este primeiro evento irá instrumentalizar empresas sobre as linhas de incentivos por meio da participação do BNES, e para a ampliação da capacidade de realizar parceiras comercias, por meio do Sebrae.
Serviço “Rodadas de Negócios e Financiamento para Empreendedor@s Afro-brasileir@s”
Local: Auditório da Fundação Cultural Palmares – MinC, Quadra 601 Norte – SGAN – Lote L. Ed. ATP – Brasília/DF
Horário: 14h
14h – Mesa de abertura
14h30 – Palestra Financiamento para Empreendedoras e Empreendedores Afro-brasileiros – Samy Kopit Moscovith, diretoria 3
15h30 – Palestra Rodada de Negócios – Eraldo Santos, Analista de Acesso à Mercado e Serviços Financeiros do Sebrae
Confirmação de presenças: grioproducoes@gmail.com / anceabra@uol.com.br
Fonte: Griô Produções