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Ativistas reconhecem Palmares como porta-voz
Na opinião de representantes do Movimento Negro, a criação da Fundação Cultural Palmares, em 1988, representou uma grande vitória para os afro-brasileiros. Na visão deles, foi o primeiro órgão público capaz de dialogar com os representantes desta população. A Fundação Palmares comemora no próximo dia 22 de agosto 29 anos de existência. De 21 de agosto a 29 de setembro, a data será marcada pelo projeto Interconexões, uma série de atividades culturais e artísticas realizadas em parceria com a Universidade de Brasília (UnB).
Eliane Boa Morte, coordenadora do Núcleo de Políticas Educacionais para Relações Étnico-Raciais da Secretaria Municipal de Educação de Salvador, acredita que a existência de uma instituição que discuta as principais questões da população afro é fundamental. “Só pode haver política consistente quando temos uma entidade forte apoiando. Sabemos que existe um racismo estruturante em nossa sociedade. A Fundação Palmares exerce papel vital no enfrentamento ao preconceito. Enquanto houver racismo no Brasil, a Palmares precisa existir”, defende Eliane.
Para o professor de História e ativista Zezito Araújo, o surgimento da Palmares assegurou o desenvolvimento de políticas públicas para os negros. “A partir daí, alcançamos várias conquistas. Talvez a mais expressiva seja a certificação e titulação das comunidades quilombolas. Dentro da população negra, trata-se do segmento mais vulnerável, social e economicamente”, avalia o docente. “Se não fosse a Palmares, essas certificações, previstas na Constituição de 1988, não sairiam do papel. Além disso, a Fundação disponibiliza assistência técnica, jurídica e social a estas comunidades”, observa o ativista.
Eliane Boa Morte também considera como trabalho importantíssimo da Palmares certificar os remanescentes de quilombos. “Ao emitir as certificações, a Palmares torna as comunidades sustentáveis, permitindo que elas acessem políticas públicas. Esta é a ação mais impactante da Fundação e empodera aos quilombolas”, afirma a coordenadora.
Lideranças veem com preocupação ADI no Supremo
Zezito Araújo vê com grande reserva a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3239, que questiona no STF o Decreto 4887, que regulamenta o processo de identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação de terras ocupadas pelas comunidades remanescentes de quilombo. O julgamento da ADI acontece na próxima quarta-feira, 16 de agosto. “A ação representa retrocesso. Nós do Movimento Negro e da sociedade civil precisamos nos mobilizar contra essa medida, capaz de causar danos irreversíveis aos quilombolas. Vamos regredir em termos sociais e perder visibilidade”, prevê Zezito.
Ainda em relação à Ação Direta de Inconstitucionalidade, Eliane Boa Morte considera que o Movimento Negro deve estar atento à situação. “A titulação garante a existência e a legalidade das comunidades quilombolas. Precisamos participar do debate para que esta política permaneça”, ressalta.
Zezito Araújo coloca como conquista significativa apoiada pela Fundação Cultural Palmares as Diretrizes Curriculares para a Educação Nacional Quilombola, que garantiram didática diferenciada, com respeito às singularidades culturais destes povos. “A Palmares sempre esteve presente nas nossas lutas e o reconhecimento dos negros a legitima como nossa representante”, afirma Zezito Araújo.
Programação cultural intensa marca aniversários da Palmares e da UnB
Uma série de eventos marcam os aniversários de 29 anos da Fundação Cultural Palmares, comemorado no dia 22 de agosto, e dos 55 anos da Universidade de Brasília (UnB), celebrado em 21 de abril. Com programação intensa, que começa em 21 de agosto e prossegue até 30 de novembro, a parceria recebe o nome de Interconexões, título que valoriza os laços entre as duas instituições. O objetivo é, a partir de debates, sensibilizar o público do projeto sobre questões relacionadas à população negra.
A programação começa com a abertura oficial, no dia 21, às 14h, no Anfiteatro da Saúde, no Campus Darcy Ribeiro da UnB. A cerimônia contará com a presença do presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira, além de representantes da Universidade de Brasília, do Ministério da Cultura (MinC), da Agência Nacional do Cinema (Ancine) e da professora Edileuza Penha de Souza, doutora em Educação pela UnB e especialista em Cinema. Na ocasião, haverá a abertura do I Encontro de Cineastas e Produtoras Negras, com a exibição do filme Alma no Olho, de Zózimo Bulbul e uma mesa de debates.
Para o presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira, o Interconexões vem de encontro às missões institucionais tanto da UnB quanto da Fundação. “A UnB busca produzir conhecimento, gerar pensamento crítico, organizar e articular os saberes, formar cidadãos, profissionais e lideranças intelectuais. Já a Palmares tem como objetivo primordial desenvolver uma política cultural igualitária e inclusiva, para valorizar as manifestações culturais e artísticas negras brasileiras como patrimônios nacionais”, compara Erivaldo.
Segundo o presidente da Palmares, o projeto, que celebra o aniversário de duas entidades tão importantes, coloca em cena uma série de questões essenciais. “Queremos contribuir para a inclusão social e cultural da população afrodescendente e valorizar as matrizes que deram e dão subsídios à cultura brasileira. Mais do que isso: desejamos combater as condutas resultantes de preconceito, discriminação e de toda e qualquer atitude de hostilidade em relação a determinados grupos”, destaca Erivaldo Oliveira.
Por mais de três meses, virão à tona discussões sobre temas como combate ao racismo, ao preconceito, à discriminação e à intolerância religiosa, promoção da igualdade, difusão e preservação da cultura negra, exercício dos direitos e garantias individuais e coletivas dos afro-brasileiros, além do reconhecimento e respeito às identidades culturais dessa população.
Nas diversas mesas programadas, entrarão na pauta assuntos como O papel da Mulher no Mercado de Cinematográfico, As diversas Violências sofridas pelos Jovens Negros que ingressam nas Universidades pelo Sistema de Cotas Raciais, Literatura Negra Contemporânea – Mesa de Debate com Escritores e Escritoras, Respeito à Diversidade Religiosa e Música Negra.
Cinema negro
Dentre os destaques do Interconexões está o I Encontro de Cineastas e Produtoras Negras – Mostra de Cinema Negro, Debate e Sessões, de 21 a 25 de agosto, no Anfiteatro da Saúde, no Campus Darcy Ribeiro da UnB. Um dos filmes exibidos será Alma no Olho, de Zózimo Bulbul (1937-2013), de 1973. Ator, diretor, produtor e roteirista, Bulbul trabalhou com nomes importantes do Cinema Novo, como Glauber Rocha, Cacá Diegues e Leon Hirszman. Também atuou como primeiro negro protagonista de uma telenovela brasileira, ao lado de Leila Diniz, em Vidas em Conflito, no ano de 1969.
Estado, Racismo e Violências
No dia 22 de agosto, uma das questões mais importantes ligadas ao povo negro entrará em debate com a realização do seminário Estado, Racismo e Violências, das 9h às 17h, no Instituto de Biologia, na UnB. O evento contará com presença de representantes do MEC, de alunos e de Universidades que implantaram o Sistema de Cotas, além de especialistas que debatem sobre o tema.
A programação de palestras inicia às 10h30, com o tema Racismo Institucional e Universidade, a cargo de Evandro Piza, doutor em Direito pela UnB. Às 14h, o professor titular do Departamento de Antropologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Julio Cesar Tavares, falará sobre Vidas Negras Importam: de que valem Mentes Negras?e o Professor Valter da Mata, mestre em Psicologia Social e Presidente do Conselho Regional de Psicologia da Bahia, dará uma palestra sobre Persistência da Raça nas Interações Sociais.
Literatura
Dentro do Interconexões, ainda vai acontecer o encontro Literatura Negra Contemporânea – Mesa de Debate com Escritores e Escritoras, em 23 de agosto, no Beijódromo, no ICC Sul, na UnB. Vale destacar que a Fundação Palmares tem apostado na divulgação da literatura com temática afro-brasileira, inclusive com recente participação na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP).
Em 2016, foram reconhecidos cinco trabalhos com esta perspectiva por meio do Prêmio Oliveira Silveira. Para 2017, a Palmares prepara a segunda edição do prêmio, agora com foco na literatura infanto-juvenil, e planeja a criação de um selo editorial para publicar clássicos afro-brasileiros fora de catálogo e autores contemporâneos.
Respeito à Diversidade Religiosa
O Interconexões ainda terá o seminário Muitos Caminhos – Um Único Encontro, em 24 de outubro. Vários líderes religiosos foram convidados para apresentarem, dentro de suas convicções religiosas, que independentemente dos caminhos escolhidos é possível a convivência pacífica e o respeito à diversidade.
Música Negra
Na programação, acontecerá ainda a Batalha Hip Hop do Conhecimento, que usa o rap como instrumento para discutir temas ligados à educação, cultura e política, em 30 de novembro. Na UnB, o evento é realizado todas as quartas-feiras pelos alunos na Escadaria do Ceubinho.
Palmares completa 29 anos
No dia 22 de agosto de 1988, há 29 anos, deu-se um passo expressivo na luta pelos direitos dos afro-brasileiros. Naquela data, nasceu a Fundação Cultural Palmares, instituição vinculada ao Ministério da Cultura (MinC). Além de desenvolver políticas públicas para valorizar o patrimônio cultural dos negros, a Fundação atua como interlocutora dessa população junto às diversas esferas do Poder Público.
Mais do que comemorar um aniversário, vale lembrar as principais conquistas que vieram em quase três décadas, como a certificação e titulação das comunidades quilombolas, as Diretrizes Curriculares para a Educação Nacional Quilombola, o Estatuto da Igualdade Racial e a Lei 10.639, de 2003, que tornou obrigatório ensino da História da África e Afro-Brasileira nas escolas.
Para o presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira, esses 29 anos significam uma trajetória de conquistas e reconhecimentos. “Vamos comemorar esta data com muita alegria porque a Palmares representa um marco na história da luta do povo negro no Brasil. Desde sua criação, promovemos mais respeito à cultura afro-brasileira. Cumprimos o nosso papel de instituição do estado ao dialogarmos com todos os ministérios políticas públicas para o desenvolvimento econômico, social e cultural das nossas comunidades”, afirma Erivaldo Oliveira.
A linha de atuação da Palmares passa pelo comprometimento no combate ao racismo, na promoção da igualdade, na valorização, difusão e preservação da cultura negra; pelo exercício à cidadania por meio dos direitos e garantias individuais e coletivas da população negra em suas manifestações culturais; e pela diversidade, no reconhecimento e respeito às identidades culturais do povo brasileiro.
Com sede em Brasília, a Fundação Palmares atua em todo o território nacional, com representações regionais instaladas nos estados de Alagoas, Bahia, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. A instituição possui três estruturas administrativas: o Departamento de Promoção ao Patrimônio Afro-Brasileiro (DPA), o Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira (DEP) e o Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC).
Desde 1988, a Fundação Palmares participa de momentos marcantes para os afro-brasileiros, como a I Conferência de Mulheres da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) sobre Gênero, Cultura, Acesso ao Poder, Participação Política e Desenvolvimento, em Salvador, realizada no ano 2.000; a Conferência Mundial da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o Racismo, a Xenofobia e a Intolerância Correlata, que aconteceu em 2001, em Durban, na África do Sul; e o II Encontro Afro-Latino, também promovido na cidade de Salvador, em 2010.
O protagonismo da Fundação Cultural Palmares esteve presente na luta pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, marco no combate ao racismo e ao preconceito no Brasil. A Lei. 12.288 entrou em vigor no dia 20 de julho de 2010. O Estatuto reúne um conjunto de regras e princípios jurídicos para coibir a discriminação racial e definir políticas que promovam a mobilidade social de grupos historicamente desfavorecidos, ainda que muito precise ser feito para que haja, de fato, igualdade racial.
Uma das principais conquistas da população negra com o trabalho desenvolvido pela Fundação Palmares são as cerca 2,5 mil certificações quilombolas já emitidas. O documento reconhece os direitos dessas comunidades e dá acesso aos diversos programas sociais do Governo Federal, o que contribui sensivelmente para melhorar a qualidade de vida de seus moradores.
Por esse motivo, a instituição acompanha no Supremo Tribunal Federal a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3239. A ação questiona no Supremo Tribunal Federal (STF) o Decreto número 4887, de 2003, que regulamenta o processo de identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação de terras ocupadas pelas comunidades remanescentes de quilombo. A Palmares se posiciona contra alterações por entender que pode trazer retrocessos para essas populações.
A Fundação Cultural Palmares pretende produzir filmes e outros registros da história e da cultura das comunidades quilombola. A intenção é documentar, preservar e divulgar um patrimônio de extrema relevância para o país, muitas vezes ameaçado pela invasão da indústria cultural e com risco de se perder se mantido apenas por meio da tradição oral.
Palmares leva cultura afro às escolas e dialoga com as comunidades
A instituição também virou referência no apoio e difusão da Lei nº 10.639, de 2003, que tornou obrigatório o ensino da História da África e Afro-Brasileira nas escolas. Com essa perspectiva, a Fundação Palmares produziu o kit educativo Conhecendo Nossa História: da África ao Brasil, composto pelo livro O que você sabe sobre a África e pela revista Passatempos Coquetel.
Além de distribuir o material para escolas públicas de sete municípios, a Fundação capacita professores para que possam trabalhar os conteúdos em sala de aula, discutindo questões fundamentais para a população negra, como racismo, preconceito, intolerância religiosa, a riqueza da cultura afro-brasileira e diversidade. Os lançamentos desta ação estão acontecendo em todo o Brasil. Em 2018, a Fundação deve ampliar o número de municípios atendidos e vai lançar a segunda edição do kit.
Ainda com a perspectiva de democratizar o acesso à educação para o povo negro, a Fundação participa do Programa Bolsa Permanência (PBP), do Ministério da Educação (MEC). A iniciativa dá apoio financeiro a estudantes matriculados em Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica e a indígenas e quilombolas. À Fundação Cultural Palmares cabe receber as solicitações dos quilombolas e conceder a certidão para que os jovens participem do programa. Desde 2014, foram emitidas pela Fundação 244 certidões.
Palmares vai ao afro-brasileiro
Com uma visão de conhecer de perto a realidade das populações negra e quilombola, a instituição promove em todo o país o circuito Palmares Itinerante. Representantes do órgão e de parceiros do governo e da sociedade civil vão debater com as comunidades questões cruciais do seu dia a dia.
A Fundação Palmares ouve crítica e sugestões que podem definir ou potencializar o alcance de políticas públicas diretamente dos representantes dos diversos movimentos sociais que defendem a causa negra.
Fundação capitaneou campanha pela Serra da Barriga
Na ótica de proteção ao patrimônio, a Palmares se responsabiliza pela proteção e preservação do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, no município de União dos Palmares, em Alagoas. Ali, durante quase um século, ocorreu uma das mais importantes histórias de resistência à escravidão no mundo: o Quilombo dos Palmares, em que reinou o herói negro Zumbi, assassinado no dia 20 de novembro de 1695.
A Serra da Barriga foi reconhecida em 2017 como Patrimônio Cultural do Mercosul. A Fundação Cultural Palmares realizou ativa campanha para que a localidade conquistasse esse reconhecimento internacional.
Palmares apóia literatura com temática afro
Em 2016, a Fundação Cultural Palmares lançou a primeira edição do Prêmio Oliveira Silveira, que homenageou em seu título um grande poeta e ativista gaúcho. A Palmares apoiou a publicação de cinco obras com temáticas afro. Além de editar os livros, a Fundação leva os autores para debates e sessões de autógrafos pelo país, como aconteceu na última edição da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP).
Para 2018, a instituição pretende criar um selo editorial que irá publicar clássicos da literatura negra e obras de autores contemporâneos. Também lançará o segundo edital do Prêmio Oliveira Silveira, desta vez com a temática infanto-juvenil.
Fundação leva comunidades a musical sobre Cartola
Uma ação importante na área das artes cênicas com viés da cidadania e da inclusão social foi a participação da Fundação Palmares em apresentações do musical Cartola – O Mundo é um Moinho nas cidades de Maceió, Salvador e Belo Horizonte.
Em cada uma dessas capitais, nas duas primeiras noites de espetáculo, a Palmares levou gratuitamente quilombolas, povos de terreiros, militantes do movimento negro, estudantes de escolas públicas e moradores de áreas de menor renda para assistir à encenação. Muitas dessas pessoas jamais haviam entrado em uma sala de teatro, por questões financeiras ou por de mobilidade urbana.
Com direção de Roberto Lage, O Mundo é um Moinho reconstitui a trajetória do sambista Cartola. No papel principal, o ator gaúcho Flávio Bauraqui, um dos mais expressivos da sua geração.
Interconexões
Uma série de eventos marca os aniversários de 29 anos da Fundação Cultural Palmares – comemorado no dia 22 de agosto – e dos 55 anos da Universidade de Brasília (UnB) – celebrado em 21 de abril. Com programação intensa, que começa em 21 de agosto e prossegue até 30 de novembro, a parceria recebe o nome de Interconexões, título que valoriza os laços entre as duas instituições. O objetivo é, a partir de debates, sensibilizar o público do projeto sobre questões relacionadas à população negra. A programação tem abertura oficial, no dia 21, às 14h, no Anfiteatro da Saúde, no Campus Darcy Ribeiro da UnB.
Mãe Menininha defendia convivência pacífica das religiões
Neste domingo, dia 13 de agosto, completam-se 31 anos da morte de uma das mais importantes líderes religiosas brasileiras: a iyalorixá Mãe Menininha do Gantois.
Maria Escolástica da Conceição Nazaré nasceu em Salvador, no dia 10 de fevereiro de 1894, na Rua da Assembleia, no Centro Histórico da capital baiana. Filha do casal Joaquim e Maria da Glória, Maria Escolástica descendia de africanos. Ainda criança, a escolheram como iyalorixá do terreiro Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê, fundado em meados do século 19 por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré.
A religiosa ganhou o apelido de Menininha devido ao aspecto franzino. Em 1918, substituiu a madrinha, Mãe Pulchéria, que morreu, na função de iyalorixá do Terreiro do Gantois. A jovem foi a quarta líder do Terreiro e se transformou na mais famosa iyalorixá brasileira.
Mãe Menininha atuou como uma das principais responsáveis pelo fim da perseguição ao candomblé, que era inclusive legalizada. Até então, exigia-se autorização policial para funcionamento dos terreiros e as cerimônias deveriam acabar às 22h.
A líder espiritual também abriu as portas do Gantois para brancos e católicos. Mãe Menininha pregava a boa convivência entre as diversas crenças. Frequentava a missa e até convenceu os bispos baianos a permitirem a entrada nas igrejas de mulheres vestidas com as roupas do candomblé.
Aos 29 anos, Menininha casou-se com o advogado Álvaro MacDowell de Oliveira, com quem teve duas filhas, Cleusa e Carmem. Personalidade de carisma, Mãe Menininha era querida pelos artistas. Dorival Caymmi a homenageou com a canção Oração de Mãe Menininha, que virou sucesso em uma gravação de Gal Costa com Maria Bethânia.
Em 1976, a escola de samba carioca Mocidade Independente de Padre Miguel desfilou no Carnaval com o enredo Mãe Menininha do Gantois, composto pelo carnavalesco Arlindo Rodrigues e interpretado por Elza Soares e Ney Vianna.
Mãe Menininha do Gantois morreu em Salvador, em 1986, de causas naturais, aos 92 anos de idade.
Palmares participa do Comitê Gestor do Plano Juventude Viva
Dois colaboradores da Fundação Cultural Palmares vão representar a instituição no Comitê Gestor do Plano Juventude Viva. A cerimônia de reativação do Plano Novo Juventude Viva (PJV), após quatro anos, aconteceu na manhã desta sexta-feira, na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em Brasília.
Já a posse dos membros do Conselho Nacional de Juventude será realizada na próxima terça-feira,15 de agosto, às 9h, no Salão Leste do Palácio do Planalto, em Brasília. O Conselho é composto por 40 representantes da sociedade civil e 20 do poder público.
A iniciativa de retomar o PJV vem da Secretaria Nacional de Juventude, da Secretaria de Promoção de Políticas para Igualdade Racial e da UNESCO. O Plano tem objetivo de implementar políticas de prevenção e enfrentamento à violência contra jovens, especialmente negros, pobres e das periferias do Brasil. A cerimônia contou com as presenças do secretário nacional de Juventude, Francisco de Assis Costa Filho, e do secretário especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Juvenal Araújo Júnior.
Durante, o ato de reativação do Plano, houve posse do Comitê Gestor do Plano Novo Juventude Viva, o lançamento do edital público de contratação de consultores e a divulgação do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e a Desigualdade Racial – IVJ 2017, indicador que agrega dados relativos às dimensões consideradas chaves na determinação da vulnerabilidade dos mais novos à violência. Os jovens representam 26% da população, mas, de acordo com o Mapa da Violência, somam 58% das vítimas por arma de fogo no período entre 1980 e 2014.
Diálogo entre governo e sociedade
A Fundação Palmares é representada no Comitê pelos colaboradores Lorena de Lima Marques e Dhierley Mateus Santana de Souza. Formada em Relações Internacionais, Lorena destaca que o primeiro passo será se interar sobre as pautas em discussão. “Acho bem positiva a iniciativa de reunir governo e sociedade para debater as principais medidas a serem adotadas em benefício dos nossos jovens”, assinala.
Publicitário, Dhierley Mateus vê no órgão a possibilidade de se discutir com os próprios jovens políticas públicas para este grupo. “Considero fundamental a sociedade civil e o poder público conversarem, escutando a juventude, para que ocorram ações mais efetivas”, defende.
Secretário-adjunto de Desenvolvimento do Pará visita Palmares
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira, recebeu na manhã desta sexta-feira, 11 de agosto, o secretário-adjunto estadual de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia do Pará, Eduardo Leão.
Na reunião, Erivaldo Oliveira e Eduardo Leão discutiram a possibilidade de cooperação entre a Fundação Palmares e o Governo do Pará em benefício da população negra e das comunidades quilombolas, como ações que valorizem suas culturas.
Fundação Palmares lamenta chacina de quilombolas
A Fundação Cultural Palmares lamenta profundamente o assassinato de seis moradores do Território Quilombola de Iúna, situado na zona rural do município de Lençóis, na Chapada Diamantina, na Bahia. O crime aconteceu no último domingo, 6 de agosto, e chocou o país.
As vítimas foram assassinadas dentro de suas casas. Morreram Adeilton Brito de Souza, Gildásio Bispo das Neves, Amauri Pereira Silva, Valdir Pereira Silva, Marcos Pereira Silva e Cosme Rosário da Conceição. O sepultamento ocorreu na segunda-feira (7). A polícia ainda não localizou os autores da chacina. O caso está sendo investigado pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia.
A Fundação Palmares acompanha as investigações do caso junto às autoridades. O órgão vê com certa apreensão o crescimento da violência na região. No mês de julho, outro morador do mesmo local também foi assassinado.
O Território Quilombola de Iúna abriga 1,4 mil habitantes e 39 famílias, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em uma área de 1,4 mil hectares.
“Neste momento de enorme dor, venho me solidarizar com os moradores do Território Quilombola de Iúna, particularmente com os familiares e amigos das vítimas. Independentemente da motivação, repudiamos qualquer ato de violência. Vamos acompanhar os desdobramentos desta barbárie e exigir que haja punição rigorosa dos culpados”, assinala o presidente da Fundação Palmares, Erivaldo Oliveira.
Prefeita de Nazaré (BA) visita Fundação Palmares
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira, recebeu na tarde desta terça-feira, 8 de agosto, recebeu a prefeita do município baiano de Nazaré, Eunice Soares Barreto.
Na reunião, Erivaldo e Eunice conversaram sobre a possibilidade de implementação de políticas culturais e educacionais em Nazaré, cidade localizada na região do Recôncavo. A localidade abriga anualmente a famosa Feira dos Caxixis, que reúne artesanato, gastronomia e música. Caxixis são miniaturas de objetos em barro.
A última edição do projeto aconteceu em abril e contou com a participação de artistas como Olodum, É O Tchan e Léo Santana.
Fundação Palmares lamenta morte de Luiz Melodia
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira, recebe com enorme tristeza a notícia da perda do cantor e compositor carioca Luiz Melodia, que morreu nesta sexta-feira, 4 de agosto, aos 66 anos, no Rio de Janeiro. Melodia estava internado no hospital Quinta D’Or e sofria de câncer na medula.
Luiz Melodia é um dos nomes mais importantes da música brasileira em todos os tempos e um ícone da cultura negra. Nascido em 7 de janeiro de 1951, Luiz Carlos dos Santos era filho do sambista Oswaldo Melodia, de quem herdou o nome artístico. Melodia deixou sua marca autoral intensa em gêneros como a MPB, o reggae, o rock, o blues, o soul e o samba. Cresceu no Morro de São Carlos, no bairro do Estácio, região à qual fez referências em sua obra.
O cantor e compositor lançou seu primeiro disco, Pérola Negra, em 1973. Canções de sua autoria se tornaram clássicos da música popular brasileira, como Pérola Negra, gravada por Gal Costa, Estácio, Holly Estácio, que conquistou sucesso na voz de Maria Bethânia, e Magrelinha, que teve versão de Zezé Motta.
Além de artista fantástico, Luiz Melodia é exemplo para todo o povo negro de luta e de reconhecimento pelo valor da sua trajetória. Neste momento difícil, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira, manifesta sinceros sentimentos de pesar à família, aos amigos e aos fãs de Luiz Melodia. Sua música há de permanecer sempre viva.
EM DEFESA DO DECRETO 4887/2003
O Decreto nº 4887/2003, erguido após profunda discussão com a sociedade civil, é conhecido por regulamentar o procedimento, de competência atribuída ao INCRA, para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas pelas comunidades remanescentes de quilombo. Contudo, além disso e dentre outras coisas, esse Decreto é responsável:
Por apresentar a definição de maior consenso sobre comunidades remanescentes de quilombo – são “grupos étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida”;
- Por destinar à Fundação Cultural Palmares (FCP) o dever pela certificação das comunidades autodefinidas como remanescentes de quilombos e por sua inscrição em um Cadastro Geral; e
- Por garantir assistência jurídica para defesa da posse dos territórios tradicionalmente ocupados por essas comunidades contra esbulhos e turbações.
- Decreto nº 5.758/2006 – Institui o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – PNAP, seus princípios, diretrizes, objetivos e estratégias. Esse Plano reconhece que assegurar os direitos territoriais das comunidades quilombolas funciona como instrumento para conservação de biodiversidade;
- Decreto nº 6040/2007 – Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais e seu objetivo é promover o desenvolvimento sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas instituições. Fundação Palmares, INCRA e SEPPIR fazem parte do Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais;
- Portaria Interministerial nº 419/2011, substituída pela Portaria Interministerial nº 60/2015 – Estabelece procedimentos administrativos que disciplinam a atuação dos órgãos e entidades da administração pública federal em processos de licenciamento ambiental de competência do IBAMA e postula que sempre que houver impacto socioambiental direto em terra quilombola, a comunidade deverá ser consultada;
- Portaria nº 175/2016, do INCRA – Reconhece os agricultores familiares remanescentes de quilombos como beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária, incluindo aí, acesso às mesmas linhas de crédito, políticas de assistência técnica e demais políticas de desenvolvimento.
Cabem ainda alguns outros esclarecimentos. Primeiro, para ser certificada pela Fundação Palmares, uma comunidade, além de se identificar como remanescente de quilombo, necessitará apresentar requisição formal ao presidente da instituição, seguido de relato sintético da história da comunidade e de ata de reunião/assembleia convocada para específica finalidade de deliberação a respeito da autodefinição, aprovada pela maioria de seus moradores, acompanhada de lista de presença devidamente assinada, conforme informa a Portaria FCP nº 98/2007.
No que diz respeito ao processo conduzido pelo INCRA, a demarcação e posterior titulação só ocorre após executados um conjunto de estudos que compõem o RTID, dentre os quais estão o Relatório Antropológico de caracterização histórica, econômica, ambiental e sociocultural; o levantamento fundiário; a planta e memorial descritivo do perímetro da área reivindicada; e o cadastramento das famílias.
Portanto, é flagrante que não possui base a afirmação apresentada pelo, então, Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM), na petição inicial da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 3239, de que o Decreto nº 4887/2003 reconhece o direito à propriedade das terras a quem apenas se autoidentificar como remanescente das comunidades dos quilombos e que a demarcação dessas terras se dá por mera indicação dos interessados, sem considerar critérios histórico-antropológicos. Essa informação é extremamente equivocada e quem a faz só pode fazer por duas razões: desinformação completa ou má fé.
Vale ressaltar que existem também outros normativos que detalham o regramento das disposições do Decreto nº 4887/2003. Destacam-se a Portaria FCP 98/2007, que regula o procedimento da certificação de uma comunidade como remanescente de quilombo, e a Instrução Normativa nº 57/2009, do INCRA, que esmiúça o procedimento de identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por essas mesmas comunidades.
É importante lembrar a todas e a todos que, ao longo desses quase quinze anos de vigência do Decreto nº 4887/2003, foram certificadas 2.958 comunidades pela FCP, e o INCRA, por sua vez, titulou, total ou parcialmente, 151 territórios, publicou o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) de 238 comunidades e possui outros 1.536 processos abertos.
Nesse período, as comunidades remanescentes de quilombo foram adquirindo prestígio e sua proteção, preservação e promoção foi ganhando reconhecimento, o que pode ser comprovado, por exemplo, pelo número de normativos jurídicos que foram editados e que, em algum grau, tratam da questão quilombola. Segue uma breve lista:
Por isso, o dia 16 de agosto de 2017 poderá ficar marcado na história do nosso país e na história da luta da população afro-brasileira, especialmente para as comunidades remanescentes de quilombo. A depender do resultado do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 3239, a data poderá ser vista como um marco do reconhecimento à resistência, à força e à grandeza dessas comunidades, que enfrentaram séculos de opressão e desprestígio do Estado brasileiro, e como um movimento de consolidação de direitos recentemente alcançados, mais precisamente a partir da Constituição Federal de 1988, ou, pelo contrário, será lembrada como uma inflexão, um retrocesso em relação às conquistas que, além de corrigir dívidas históricas, buscam garantir tratamento digno a esses povos e valorizar seus modos de vida.
O Supremo Tribunal Federal (STF) julgará a ADI nº 3239 e é preciso o voto seis ministros a favor da manutenção do Decreto nº 4887/2003 para que essas conquistas não se desmanchem no ar. Por essa razão, convidamos todas e todos a assinar a petição idealizada pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e a dizermos ao STF, em alto e bom som, que NÃO aceitamos a ADI nº 3239.
O Brasil é Quilombola!
Somos todos Quilombolas – A favor da constitucionalidade!
Música de Luiz Gonzaga permanece mais viva do que nunca
Embora seja mais associado à cultura nordestina de forma geral do que, especificamente, às tradições afro-brasileiras, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, era um artista negro e sua música trazia essa influência. Nesta quarta-feira, 2 de agosto, completam-se 28 anos de sua morte, enquanto a arte dele permanece mais viva do que nunca.
Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, em uma casa de barro, no povoado de Araripe, no município pernambucano de Exu. Era filho do casal Ana Batista de Jesus Gonzaga do Nascimento e de Januário José dos Santos do Nascimento.
Foi com o pai, sanfoneiro nas horas vagas, que Luiz Gonzaga aprendeu o instrumento que o consagraria. Anos mais tarde, o mentor musical do Rei do Baião recebeu homenagem na música Respeita Januário. Também com o pai, Gonzagão passou a tocar na adolescência, em bailes, forrós e feiras.
Antes da fama, Luiz Gonzaga serviu o Exército, do qual saiu em 1939, já morando no Rio de Janeiro. No início da carreira, incluía em seu repertório choros, sambas, música estrangeira e outros gêneros.
O sucesso veio em 1941, quando apresentou no programa de rádio de Ary Barroso a música Vira e Mexe, de sua autoria e com ares regionais. O sucesso rendeu um contrato com a gravadora RCA Victor, pela qual lançou mais de 50 músicas instrumentais.
Nos primeiros anos de sanfoneiro profissional, Luiz Gonzaga tocava de paletó e gravata. Contratado pela Rádio Nacional, conheceu na emissora o acordeonista gaúcho Pedro Raimundo, que vestia trajes típicos do Rio Grande do Sul. Daí, surgiu a idéia de fazer shows vestido de vaqueiro, figurino que eternizou sua imagem.
Em 1947, Luiz Gonzaga lançou Asa Branca, seu maior sucesso, que fala do sofrimento do sertanejo, vítima da seca impiedosa. Compôs a canção em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira. No entanto, outras gravações suas entraram para a memória do imaginário popular brasileiro, como Xote das Meninas, Qui nem Jiló, Pagode Russo, A Vida do Viajante e Baião de Dois.
Dono do famoso título de Rei do Baião, O Velho Lua, como também o chamavam, divulgou este gênero por todo o Brasil. O folclorista Câmara Cascudo registra no estilo uma “inconsciente influência” do samba e das congas cubanas. Luiz Gonzaga ajudou a popularizar outros ritmos nordestinos, como o xote, o xaxado e o forró. Luiz Gonzaga, vale lembrar, é pai do cantor e compositor Gonzaguinha.
Nos últimos anos, Gonzagão sofreu de osteoporose, doença que atinge os ossos. Morreu no dia 2 de agosto de 1989, aos 76 anos, no Recife, vítima de uma parada cardiorrespiratória.
Quase três décadas após sua partida, Luiz Gonzaga continua sendo um dos artistas brasileiros mais influentes. Na fonte de sua música, beberam nomes tão variados quanto Sivuca, Dominguinhos, Hermeto Pascoal, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Novos Baianos, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Marisa Monte, Tom Zé, Chico Science & Nação Zumbi, Zeca Baleiro, Fagner, Gal Costa, Maria Bethânia, Carlos Malta e tantos outros.
Palmares quer participação mais intensa na FLIP
A presença pela primeira vez da Fundação Cultural Palmares na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), no último sábado (29), abre caminhos para que a instituição tenha atuação mais intensa no futuro em um dos maiores eventos culturais do Brasil. Em parceria com a Editora Malê, especializada em publicar autores negros, a Palmares participou da mesa temática Encontros Malê, com quatro autores do Prêmio Oliveira Silveira.
A mesa contou com as presenças de Júlio César Farias de Andrade, André Luís Soares, Custódia Wolney e Eduardo Carvalho, todos vencedores do Prêmio Oliveira Silveira, concedido pela Fundação Palmares para livros que abordem temáticas afro-brasileiras. Apenas Eliana Alves dos Santos não participou, por conta de uma viagem ao exterior. A mediação do encontro ficou a cargo do coordenador-geral do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC) da Fundação Palmares,Vanderlei Lourenço. Os autores ainda autografaram suas obras para a plateia.
Vanderlei lembra que, no debate, vieram à tona temas como o cenário da literatura negra e a sua presença no mercado editorial. Segundo o coordenador do CNIRC, a Palmares teve oportunidade de falar sobre as ações que desenvolve para divulgar a literatura afro-brasileira.
Selo editorial
O representante da Fundação Palmares contou ao público que a instituição prepara novo edital do Prêmio Oliveira Silveira. Desta vez, o foco se concentra na literatura infanto-juvenil. Assim como na primeira edição, haverá o reconhecimento de uma obra por região. “A distribuição geográfica reforça o caráter de pluralidade da iniciativa”, observa Vanderlei Lourenço.
O coordenador do CNIRC informou que a Fundação promove mesas de debates e sessões de autógrafos com os escritores em diversas cidades. Em 2016, Eliana Alves dos Santos, primeira colocada no Prêmio, viajou à Feira Literária de Guadalajara, no México, a segunda maior do mundo, com apoio da Fundação Palmares, do Ministério da Cultura (MinC) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Vanderlei contou que a Fundação Palmares pretende lançar seu próprio selo editorial, que publicaria tanto clássicos da literatura negra fora de catálogo como autores contemporâneos do segmento. Ele diz que uma das estratégias para divulgar a literatura afro-brasileira serão tiragens de pelo menos 10 mil exemplares de cada obra, já que no Brasil existem cerca de 7 mil bibliotecas públicas, beneficiárias em potencial do projeto.
Ao fazer um balanço da estreia da Palmares na FLIP, Vanderlei Lourenço se diz satisfeito e revela entusiasmo para o futuro. “Este ano foi um marco. Queremos lançar nosso selo editorial em 2018 e, a partir daí, manter uma participação mais efetiva e planejada na Festa Literária Internacional de Paraty, o que contribuirá sensivelmente para a divulgação da literatura negra brasileira”, ressalta.
Musical sobre Cartola causa euforia em Salvador
Não poderia ser diferente. O musical Cartola, o Mundo é um Moinho, que fala da vida de um dos mais importantes artistas brasileiros, emocionou a plateia no primeiro dia de apresentação, nessa quinta-feira, 27 de julho, no Teatro Castro Alves, em Salvador. A peça prossegue até o próximo domingo, dia 30, sempre às 20h. O público foi ao delírio com a interpretação marcante dos atores e com alguns dos maiores clássicos do samba.
Vale lembrar que nos dois primeiros dias da performance, a Fundação Cultural Palmares, apoiadora do espetáculo junto com o Ministério da Cultura (MinC), convidou quilombolas, alunos de escolas públicas, moradores de periferias e cidades da Grande Salvador, entre outros. Algumas dessas pessoas nunca haviam entrado em um teatro e puderam fazer isso gratuitamente. A felicidade era visível nos olhos da maioria.
Com direção de Renato Lage, o musical reúne 18 atores, oito músicos e cerca de cem profissionais. Um dos destaques da peça é o gaúcho Flávio Bauraqui, um dos mais importantes atores negros de sua geração, reconhecido com prêmios na televisão e no cinema.
Patrimônios
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira, foi convidado a subir ao palco e fez um discurso destacando o papel dos afro-brasileiros na cultura do país. “A gente quer fazer arte e também que o nosso povo conquiste mobilidade social. Nós temos que ocupar os teatros e os grandes espaços de cultura. Viva Cartola! Viva este elenco maravilhoso! Essa peça ainda vai viajar muito pelo nosso Brasil”, afirmou Erivaldo.
O presidente da Fundação Palmares ainda comemorou o recente reconhecimento do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), e da Serra da Barriga, situada no município de União dos Palmares, em Alagoas, como Patrimônio Cultural do Mercosul.
O Cais do Valongo funcionou como principal porto de entrada de população escravizada no continente americano por 300 anos. Já a Serra da Barriga abrigou o célebre Quilombo dos Palmares, onde milhares de negros se rebelaram contra a tirania dos colonizadores.
A realização de campanhas pela Fundação Palmares teve papel primordial na conquista destes títulos. “E no ano que vem, vamos lutar para que a Serra da Barriga também vire Patrimônio Cultural da Humanidade”, adiantou Erivaldo Oliveira.
Diretor baiano inova do stand up comedy ao cinema
Diretor artístico de shows e espetáculos de artes cênicas, roteirista do cinema e TV, o baiano Elísio Lopes Jr. não para. Trabalhando no Rio de Janeiro de segunda a sexta-feira e voltando a Salvador no fim de semana, ainda viaja por outros tantos lugares a trabalho. No próximo sábado, participa em Brasília, no Festival Latinidades, da apresentação do stand up comedy Tia Má de Língua Solta, sua primeira incursão como diretor no gênero. Formado em Relações Públicas, com mestrado em Cultura, Elísio trabalhou na Fundação Cultural Palmares como diretor de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira. Em entrevista ao nosso site, ele fala sobre o Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras, que acontece na próxima segunda-feira, 31 de julho, no Teatro Rival Petrobras, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, a partir das 19h, no qual assina a direção artística. Ele ainda comentou sobre assuntos como o papel da cultura afro-brasileira e as atividades que desenvolve em vários terrenos.
Como vê a importância do Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras?
Na época em que esse prêmio foi criado, eu era da Fundação Palmares e trabalhei já na primeira edição. Representa um marco de uma política implementada em reconhecimento à cultura afro-brasileira nos últimos anos. Também é o primeiro prêmio patrocinado por uma empresa, a Petrobras, com foco na cultura negra. Acho simbólico e extremamente relevante. Agora estou de volta.
Fale da idéia que concebeu de a cerimônia acontecer no formato de um espetáculo, o Cabaré dos Nossos Sonhos.
Premiação normalmente é muito chato. As solenidades são enfadonhas, com anúncios protocolares. Há alguns anos, desenvolvo na Bahia esse formato de premiação como espetáculo. Você tem o que dizer, divertindo e emocionando, não só cumprindo um protocolo. Vamos transformar o Teatro Rival num grande cabaré, com os homenageados sendo recebidos no palco. Trata-se de uma metáfora lúdica para transformar o evento em uma noite de humor e música. Será muito bonito, com banda ao vivo e cinco atores que cantam e dançam.
Como vê o espaço da cultura negra atualmente no Brasil?
Precisamos promover a associação da cultura negra ao sistema formal de educação. Os estudantes têm de partir para um novo nível de referência em nossa cultura e ela deve estar representada em todas as escolas. Tem que haver linhas de financiamento para projetos afro-brasileiros, para que eles tenham sua arte como empreendimento e não apenas como lazer ou postura política.
Conte sobre o Programa Espelho, que você escreve para o Canal Brasil.
É um apresentado pelo Lázaro Ramos. Trabalho há dez anos como roteirista. Temos a intenção de botar o Brasil para olhar sua própria cara, que às vezes não aparece em outros programas. Ao longo deste tempo, levamos à tela personalidades fundamentais da cultura afro, como os atores Milton Gonçalves e Ruth de Souza. Realizamos um painel vasto da presença do negro na arte, na economia, nas ciências e na política.
Você agora também escreve para o cinema. Quais são os projetos?
Estou escrevendo o roteiro de Ó Pai Ó 2 e 7 Conto, do Luís Miranda. Ambos trazem referências à Bahia. Ó Pai Ó destaca toda uma linguagem baiana, muito própria em minha formação cultural, e 7 Conto é uma comédia adaptada de uma peça de teatro. São duas experiências bem interessantes.
Como é se desdobrar em várias áreas?
Comecei com teatro, escrevendo. Depois, passei a dirigir espetáculos. Então, cheguei à TV com roteiros e, nos últimos dois anos, venho mexendo com cinema. Uma coisa leva a outra.
Deve ser uma correria.
Com certeza. Fui contratado pela Rede Globo para um novo programa. Passo a semana no Rio trabalhando e no fim de semana volto a minha casa, em Salvador. Tenho duas filhas e quero ficar perto da família quando posso.
Que programa é esse?
Não posso adiantar nada. Só me deixam falar depois que estrear. Por enquanto, é segredo.
Como foi trabalhar com Ivete Sangalo?
Dirigi dois DVDs para Ivete, o dos 20 anos de carreira, gravado na Arena Fonte Nova, em Salvador, e o acústico, registrado em Trancoso, também na Bahia. O primeiro trabalho com Ivete Sangalo foi dirigir um DVD do Saulo Fernandes, produzido pela empresa dela. Fiz em seguida a direção artística do show da Ivete no Rock in Rio. Gosto de colaborar com ela. É uma pessoa maravilhosa, objetiva, clara, alto astral, preocupada em trazer novas informações à cena. Criamos atos dedicados à cultura negra em um desses espetáculos. Fomos trazendo preocupação cênica ao palco. É sempre uma parceira atenta e bacana de trabalhar.
Você também incursionou pelo stand up comedy? Conte-nos sobre essa novidade.
Está sendo bacana. Tia Má de Língua Solta é o primeiro stand up estrelado por uma mulher negra, a jornalista Maíra Azevedo. A peça será apresentada em Brasília, no próximo sábado, 29 de julho, dentro do festival Latinidades, no Auditório do Museu Nacional da República. Nunca tinha dirigido um stand up. Considero uma experiência gratificante, principalmente pela identificação das mulheres negras com a personagem da peça.
Ainda resiste no humor brasileiro uma tendência em se fazer piadas de conteúdos racistas, machistas, homofóbicos e com outros preconceitos. O que pensa disso?
Há varias escolas cômicas, mas temos a nossa. Fazemos um humor em que conseguimos nos colocar em certas situações e rir das adversidades. Quando isso acontece, ocorre aprendizado. O problema é quando você serve de motivo de risada para os outros, sendo ridicularizado, como no caso dessa vertente preconceituosa. Os que fazem piadas racistas e homofóbicas demonstram bem quem são. O que nos interessa é um humor de quem leva a vida da melhor forma e tira proveito positivo disso.
Tereza de Benguela, a Rainha Tereza
Em 2 de junho de 2014, foi instituído por meio da Lei nº 12.987, o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Tereza Benguela liderou entre 1750 e 1770, após a morte de seu companheiro, José Piolho, o Quilombo do Quariterê, situado entre o rio Guaporé e a atual cidade de Cuiabá, capita de Mato Grosso. O lugar abrigava mais de 100 pessoas.
Durante seu comando, a Rainha Tereza criou uma espécie de parlamento e reforçou a defesa do Quilombo do Quariterê com armas adquiridas a partir de trocas ou levadas como espólio após conflitos. Nas suas terras eram cultivados milho, feijão, mandioca, banana e algodão, utilizado na fabricação de tecidos.
Tereza de Benguela é, assim como outras heroínas negras, um dos nomes esquecidos pela historiografia nacional, que, nos últimos anos, devido ao engajamento do movimento de mulheres negras e à pesquisa ou ao resgate de documentos até então não devidamente estudados, na busca de recontar a história nacional e multiplicar as narrativas que revelam a formação sociopolítica brasileira.
“Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entrava os deputados, sendo o de maior autoridade, tipo por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais, Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executava à risca, sem apelação nem agravo.” - Anal de Vila Bela do ano de 1770.
Presidente da Palmares recebe representantes Quilombolas
Nesta terça-feira (25), o presidente da Fundação Palmares, Erivaldo Oliveira, recebeu representantes da Comunidade Itambé, da Chapada dos Guimarães (MT) e da Comunidade Quilombola Córrego do Meio, do município de Paula Cândido, em Minas Gerais.
A Comunidade Córrego do Meio, que existe há mais de 200 de anos, celebra há 129 anos a Festa do Rosário de Airões. A festividade acontece sempre no mês de outubro. Foi entregue nesta tarde ao presidente Erivaldo o convite para a edição deste ano. A 129ª Festa de Nossa Senhora do Rosário acontecerá no dia 15 de outubro e o cortejo começará às 13h, logo após a Celebração Eucarística e Coroação.
Com ajuda da Fundação, por meio do prêmio do Edital Ideias Criativas, em 2013, a comunidade conseguiu construir o Centro de Cultura da Congo. Antônio Matias Celestino, conhecido como Mestre Boi e que dança congo há 60 anos, relata que a comunidade também preserva a Folia de Reis e a Folia de São Sebastião.
A data da visita coincidiu com o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Natália de Lurdes e Luíza Gomes, quilombolas que acompanham a comitiva que hoje conversou com o presidente, representam a importância da força da mulher negra no nosso país. Vieram buscar meios para ajudar suas comunidades a acessarem as políticas públicas existentes. Natália falou sobre a necessidade de mais apoio e investimento na formação acadêmica das mulheres negras brasileiras. Luíza complementou dizendo que mesmo aquelas que já são formadas no Ensino Superior, que já têm suas carreiras consolidadas, sofrem com discriminação e rótulos preconceituosos.
Ambas comunidades já receberam sua Certificação de Autodefinição expedidas pela Fundação e vieram a Brasília para acompanhar o processo de titulação das terras, que foi recebido no Incra (O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Festa Literária de Paraty terá mesa com Fundação Palmares e autores de livros afro
A Fundação Palmares marca presença em um dos mais importantes eventos culturais do país: a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), no município fluminense. A mesa temática Encontros Malê em Paraty, que acontecerá no próximo sábado (29 de julho), às 11h contará com a presença de escritores premiados pela Fundação Cultural Palmares. O coordenador geral do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra, Vanderlei Lourenço, representará a Fundação nessa Mesa.
Na ocasião, serão debatidas questões sobre a literatura afro-brasileira. Nesse encontro, os autores vencedores do Prêmio Oliveira Silveira, realizado pela Fundação Palmares, vão dialogar com o público e autografar suas obras. Por meio de edital, foram publicados os livros com temática afro-brasileira Água de Barrela, de Eliana Alves dos Santos Cruz; Haussá 1815 – Comarca das Alagoas, de Júlio César Farias de Andrade; Sobre as vitórias que a história não conta, de André Luís Soares; Sina traçada, de Custódia Wolney; e Sessenta e seis elos, de Eduardo Carvalho. Os lançamentos aconteceram em várias cidades brasileiras com a finalidade de divulgar e incentivar a literatura negra e os autores que buscam desenvolver trabalhos nesse campo.
A 15ª Edição da FLIP se caracteriza como espaço de encontros entre diversos públicos e convidados de Paraty, do Brasil e do mundo. Desde 2003, o evento oferece todos os anos uma experiência permeada pela literatura. Numa interlocução permanente entre as artes, propaga vivências focadas sobretudo na diversidade.
Cada edição presta homenagem a um autor brasileiro – uma maneira de preservar, perpetuar, difundir e valorizar a língua portuguesa e a literatura do Brasil. Este ano, em sua 15ª edição, o homenageado será Lima Barreto.
Prêmio reconhece importância da arte afro-brasileira
Reconhecimento essencial para a arte produzida pelos negros brasileiros, a 4ª edição do Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras acontece na próxima segunda-feira, 31 de julho, no Teatro Rival Petrobras, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, a partir das 19h. A iniciativa destaca trabalhos nas áreas de Música e Artes Cênicas, além de um Prêmio Especial. A premiação é realizada pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves (Cadon), entidade sem fins lucrativos que desenvolve projetos para difusão cultural e combate à discriminação, com patrocínio da Petrobras e apoio do Ministério da Cultura (MinC) e da Fundação Cultural Palmares, que será representada na cerimônia por seu presidente, Erivaldo Oliveira.
O Prêmio tem como objetivo atender as expressões da estética negra, seus artistas e produtores que defendem o valor dessa cultura nos palcos, nas ruas, nas galerias, nas telas de TV e do cinema, nos livros e no imaginário brasileiro. Este ano, será apresentado no formato do espetáculo Cabaré dos Nossos Sonhos, concebido pelo diretor artístico, roteirista e dramaturgo baiano Elísio Lopes Jr. Ele é uma das revelações dos últimos anos. Já dividiu com Ivete Sangalo a direção artística de um DVD da cantora de axé, assinou ainda a direção artística do Prêmio Braskem de Teatro, cuidou da programação cultural da Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, e trabalhou como diretor de Fomento e Promoção da Cultura- Afro-Brasileira na Fundação Palmares.
“Este prêmio é de fundamental importância por dar mais visibilidade à cultura afro-brasileira, algo que vai de encontro às políticas da Fundação Palmares. Vida longa para esta iniciativa que é uma afirmação da arte dos negros”, destaca o presidente da instituição, Erivaldo Oliveira.
Ao pensar em um espetáculo, a intenção dos organizadores foi romper com um formato cansativo e partir para uma atmosfera mais lúdica. Os convidados se envolverão em um cenário misterioso e mágico em que os cinco personagens cantam sucessos de artistas como Chico Buarque, Gilberto Gil, Wilson Simonal e Tony Tornado.
No palco, aparecem a cantora Rosa Marya Colin, a atriz angolana Heloísa Jorge, Lelêzinh, vocalista do Dream Team do Passinho, a atriz Ariane Souza e o ator Orlando Caldeira. A performance vai homenagear o ator Antônio Pompeu, morto no ano passado, e contará com a participação especial de Zezé Mota.
A 4ª Edição do Prêmio recebeu ao todo 434 inscrições, sendo 179 no segmento de Artes Cênicas, 187 em música e 68 para o Prêmio Especial – Preservação e Difusão do Patrimônio Cultural e Histórico. Todas as regiões do Brasil acessaram o portal de inscrição do Prêmio, sendo que o maior número foi do Sudeste, com quase 50%, seguido pelo Nordeste, com cerca de 20% do total recebido.
Um júri formado por nove especialistas, de várias partes do Brasil, escolheu os finalistas. Além do troféu, levarão para as suas regiões um prêmio em dinheiro, em um total de R$ 900 mil. Onze projetos foram selecionados.
Os vencedores:
Música
- Um corpo no mundo – SP
Dandara Produções Culturais e Audiovisuais Ltda – Me
- Memórias Afro-Atlânticas: as gravações de Lorenzo Turner na Bahia (1940/1941) – BA – Couraça Criações Culturais
- Rodas Griô com Mestra Martinha do Coco – DF
Instituto Rosa dos Ventos de Arte, Cultura e Cidadania
- Orquestra Afro Brasileira – 75 anos – RJ
Singra Produção Comunicação e Marketing Ltda
- O Berço do Batuque no RS: Mestre Borel – Toques e Cantos da Nação Oyó-Idjexá – RS – RBK ME
Artes Cênicas
- Deixa-Me Ser Tambor – PA – Associação Cultural e Esportiva de Negros na Amazônia – Acena
- Luz Negra- O Negro Em Estado De Representação – PE
O Poste Soluções Luminosas LTDA-ME
- Liberdade Assistida – DF – Traço Cultural
- Traga-Me A Cabeça De Lima Barreto – RJ
Comuns Eventos e Projetos Culturais Ltda.
- Macumba: Uma Gira Sobre Poder – PR
Transitória Produções Artísticas e Comunicação Ltda ME
Prêmio Especial
- Memorial Pretos Novos – RJ
Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos
Serviço:
Mais informações no site: www.premioafro.org
Dia 31 – segunda – de Julho, a partir das 19h
Local: Teatro Rival Petrobras. Rua Álvaro Alvim – 33, Cinelândia, Rio de Janeiro (RJ).
Assessoria de Imprensa do espetáculo: Rozangela Silva – (21) 9 9998 1802
Assessoria de Imprensa da Fundação Palmares – (61) 3424-0107
Musical Cartola promete emocionar público de Salvador
A história emocionante de um dos nomes fundamentais para a música popular brasileira poderá ser vista pelo público de Salvador da próxima quinta-feira (27 de julho) a domingo (30), às 20h, no Teatro Castro Alves, na Praça de Campo Grande. Com grande elenco, o musical Cartola, o Mundo é um Moinho presta homenagem ao cantor e compositor que revolucionou o samba com suas belas músicas. A produção é apoiada pela Fundação Cultural Palmares e pelo Ministério da Cultura (MinC) por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
Os dois primeiros dias de apresentação, quinta e sexta, serão reservados a cerca de 3 mil convidados da Fundação. São, principalmente, quilombolas, alunos de escolas públicas e moradores de outras cidades, que poderão assistir gratuitamente ao espetáculo.
Com direção de Roberto Lage, idealização de Jô Santana, dramaturgia de Artur Xexéo, pesquisa de Nilcemar Nogueira, coreografia de Alex Morenno e direção musical de Rildo Hora, Cartola, O Mundo é um Moinho tem como protagonista Flávio Bauraqui, que revive o famoso sambista carioca. Virgínia Rosa interpreta Dona Zica, esposa e grande companheira de Cartola. Além deles, participam os atores Hugo Germano, Adriana Lessa, SilvesttyMontilla, Augusto Pompeo, Eduardo Silva, Renata Vilela, Ivan de Almeida, Larissa Noel, Lu Fogaça, Andrea Cavalheiro, Grazzi Brasil, Flávia Saolli, Paulo Américo, Gabriel Vicente, Rodrigo Fernando e André Muato.
A dramaturgia da peça mostra uma quadra de escola de samba em processo criativo para realizar o Desfile de Carnaval, que levará à passarela enredo e alegorias sobre a vida de Cartola. Para explicar aos componentes da agremiação sobre o tema do desfile, o Carnavalesco conta fatos importantes da trajetória do artista, com destaque para canções do famoso compositor na trilha sonora.
O espetáculo conta com a participação de 18 atores, oito músicos e cerca de cem profissionais envolvidos diretamente. Um dos destaques da peça fica com o gaúcho Flávio Bauraqui. Contemporâneo de nomes como Lázaro Ramos, Flávioé um dos que lidera o protagonismo de atores negros no Brasil, com prêmios na TV e no cinema.
Nascido Angenor de Oliveira, no Rio de Janeiro, no dia 11 de outubro de 1908, Cartola criou belas canções como O Sol Nascerá, Alvorada, O Mundo é um Moinho, As Rosas não Falam e Preciso me Encontrar. Também foi um dos fundadores da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, em 1928. Suas composições ganharam versões de grandes nomes da MPB, como Beth Carvalho, Clara Nunes, Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Nelson Gonçalves, Marisa Monte e Paulinho da Viola.
Antes de se tornar conhecido e respeitado como um dos grandes artistas nacionais, Angenor teve de exercer outros ofícios para sobreviver. Trabalhou como tipógrafo, contínuo do Ministério da Indústria e Comércio, gráfico e pedreiro. O hábito de usar chapéu para proteger a cabeça do cimento lhe rendeu o apelido célebre de Cartola. Morto em 1980, deixou como herança uma das mais significativas obras da cultura brasileira.
Mais informações:
Assessoria de Imprensa da Fundação Cultural Palmares: (61) 3424-0162
Encontro de multiplicadores termina com balanço positivo
Com a realização de amplo debate sobre a importância de como promover a cultura afro-brasileira e a educação para as relações étnico-raciais no Brasil, acabou no fim da tarde de quarta-feira (19) o encontro de multiplicadores do projeto Conhecendo nossa História: da África ao Brasil. Além disso, há perspectiva de ainda em 2017 sair a segunda edição do livro O que Você Sabe sobre a África?Uma viagem pela história do continente e dos afro-brasileiros.
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira, destacou no encerramento que ninguém melhor que os multiplicadores, profissionais ligados às secretarias de Educação e Cultura, para conhecer os desafios para se implementar o ensino das tradições afro-brasileiras. “Quero agradecer aos estados e municípios que se sensibilizaram e enviaram representantes. Temos mais de 3 mil comunidades quilombolas certificadas em todo o país e precisamos promover ações que atendam às demandas dessas localidades”, defendeu Erivaldo.
Na opinião do presidente da Palmares, ainda há obstáculos significativos a se vencer, como o forte preconceito nas escolas – de muitos professores, alunos e familiares – contra a presença da história das religiões de matriz afro nas grades curriculares. “As pessoas não têm preconceito contra a mitologia greco-romana porque estudaram esse conteúdo. Da mesma forma, precisamos introduzir a informação sobre as religiões afro para superar a intolerância”, destacou Erivaldo Oliveira. Ele ressaltou que a Fundação Palmares atua indo aos municípios e se deslocando pelo interior do país, chegando diretamente às comunidades.
Vanderlei Lourenço, coordenador geral do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC), da Fundação Palmares, assinalou o balanço positivo do encontro. Ele adiantou que a nova edição do kit educativo virá revisto, inclusive com colaborações extraídas do debate com os multiplicadores. “A principal consideração que ouvimos diz respeito ao fato de que a capacitação para aplicar os conteúdos é imprescindível, para que se consiga promover a história e a cultura afro de forma mais eficaz”, observou Vanderlei.
Um dos multiplicadores nacionais do projeto, o professor Zezito de Araújo também fez comentários positivos sobre os dois dias de evento. “Foi muito fecunda esta formação. Conseguimos concretizar uma estratégia para multiplicar os conhecimentos nas escolas e trouxemos propostas para atualizar os conteúdos do kit”, afirmou.