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Dia Internacional da Mulher
Representatividade e protagonismo das mulheres negras e africanas
Fundação Cultural Palmares e o grupo dos Cônjuges dos Embaixadores Africanos (GCEA)
A Fundação Cultural Palmares reafirmou seu compromisso com a valorização das mulheres negras, afrodescendentes e africanas ao participar de um evento promovido pelo Grupo dos Cônjuges dos Embaixadores Africanos (GCEA), em Brasília, no Instituto Serzedello Corrêa. O evento marcou o Dia Internacional da Mulher sob o tema "Mulheres em Nosso Mundo", destacando a relevância da trajetória de mulheres africanas e afro-brasileiras na luta por direitos, dignidade e igualdade de gênero.
Estiveram presentes na atividade a diretora substituta de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro (DPA), Cida Santos, e as coordenadoras de projetos do DPA, Liliane Amorim e Edi Freitas, que representaram a instituição em um momento de reflexão e avanço para o protagonismo feminino negro.
A coordenadora de projetos do DPA, Liliane Amorim, ressaltou a importância da iniciativa: "Participar de um evento desta natureza é, ao mesmo tempo, simbólico e significativo, por se tratar de um evento sobre gênero com a apresentação de trajetórias de mulheres africanas que foram sinônimos de força e resistência na luta por direitos em seus países. Me inspira e incentiva na luta por políticas públicas de equidade e igualdade de gênero e raça."
Para Edi Freitas, também coordenadora de projetos do DPA, a urgência da pauta não pode ser ignorada: "A violência contra as mulheres é uma das mais graves transgressões dos direitos humanos, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. Seja na forma de agressões físicas, psicológicas, assédio ou feminicídio, esse problema persiste em diversas sociedades, independentemente do nível econômico ou cultural. Para erradicar essa violência e garantir a igualdade de gênero, é essencial que governos, organizações internacionais, sociedade civil e indivíduos estejam unidos pelo fim da violência contra as mulheres e pela igualdade de gênero."
30 Anos da Declaração de Pequim e a luta feminina global
Neste ano, também celebramos o 30º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, um marco que definiu o compromisso global pela promoção dos direitos das mulheres. Desde sua adoção em 1995, este documento tem servido como um chamado urgente para desmantelar barreiras sistêmicas, desafiar normas discriminatórias e garantir a plena participação feminina em todas as esferas da vida.
O progresso e os desafios das mulheres africanas
Em três décadas, vários países africanos avançaram significativamente na inclusão das mulheres na política, na educação e no empreendedorismo. O Ruanda se destaca como líder global na representação feminina no parlamento, com mais de 60% dos assentos ocupados por mulheres. Na mesma direção, países como África do Sul, Namíbia e Senegal ampliaram o acesso das mulheres a cargos políticos e decisórios.
Na liderança executiva, as mulheres também romperam barreiras históricas. Ellen Johnson Sirleaf (Libéria) foi a primeira mulher eleita presidente em África, seguida por Sahle-Work Zewde (Etiópia) e Samia Suluhu Hassan (Tanzânia), que hoje exercem papel fundamental na transformação de seus países. A recente nomeação de Netumbo Nandi-Ndaitwah como Chefe de Estado da Namíbia reflete a mudança positiva em curso.
Embora os avanços sejam expressivos, os desafios persistem. A violência baseada no gênero, as desigualdades no acesso à educação e à saúde, as disparidades econômicas e a sub-representação das mulheres em cargos de alto escalão ainda são barreiras que precisam de enfrentamento com políticas públicas eficazes. No setor informal, onde muitas mulheres trabalham, a falta de proteção social e salários justos segue como um desafio urgente.
A realidade das mulheres negras no Brasil
Assim como no continente africano, as mulheres negras no Brasil enfrentam desafios estruturais históricos, herança do colonialismo e do racismo estrutural. Apesar disso, têm sido protagonistas na resistência e na construção de espaços de poder. Ocupam hoje posições importantes na política, na academia, no empreendedorismo e na cultura, mas ainda enfrentam barreiras significativas em relação à equidade salarial, à violência de gênero e à falta de acesso a serviços públicos essenciais.
A luta por condições dignas de vida para as mulheres negras deve estar no centro das políticas de igualdade no Brasil. Em um país onde a maioria da população feminina é negra, as agendas de gênero precisam de um olhar racializado, considerando as especificidades das mulheres negras em termos de acesso a oportunidades, direitos e proteção social.
Compromisso e esperança
A Declaração de Pequim, juntamente com a Agenda 2063 da União Africana, continuam a servir como guias essenciais para um futuro de liberdade, dignidade e igualdade de oportunidades para todas as mulheres e meninas. O Dia Internacional da Mulher é um momento de reafirmação desse compromisso coletivo.
Que essa data siga como um marco de luta, reflexão e avanços concretos. Por um mundo em que todas as mulheres, independentemente de sua origem, cor ou condição social, possam viver livres, seguras e com oportunidades reais de desenvolvimento.