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Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia, morre aos 105 anos
Dona Canô e o presidente da FCP, Eloi Ferreira de Araujo
Morreu aos 105 anos, na terça-feira (25), em casa, Claudionor Viana Teles Veloso, mais conhecida como Dona Canô.
A matriarca da família Veloso começou a se sentir mal de madrugada e, às 5h (horário de Brasília), médicos que a acompanhavam resolveram sedá-la. Às 9h40 da manhã, Dona Canô morreu rodeada por mais de 20 pessoas da família, incluindo a filha Maria Bethânia. Caetano Veloso havia passado por Santo Amaro da Purificação mais cedo, mas deixou a cidade por volta de 1h de segunda-feira. Ele voltou no fim da tarde para acompanhar o velório da mãe.
Mãe Carmen, do Terreiro do Gantois, em Salvador, também esteve na casa de Dona Canô na tarde da última terça-feira. Ela deixou o local por volta das 18h, amparada por Clara, filha mais velha de Dona Canô, e por Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano. “Estou com o coração destroçado. Olorum está guardando um lugar para ela no céu”, disse a ialorixá.
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, também lamentou a morte da mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia. “Todos sentiremos saudades da palavra amiga de Dona Canô. Sua compreensão da luta dos negros pela igualdade de oportunidade venceu o século XX e deixa-nos este legado, que vamos dar prosseguimento. Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo negro baiano está de luto e o Brasil também sente sua morte”, afirmou.
O sepultamento foi nesta quarta-feira (26), no cemitério de Santo Amaro. Antes, a família vai realizar uma missa de corpo presente na Matriz da Purificação.
Isquemia cerebral – Dona Canô esteve internada por seis dias, recebendo alta do Hospital São Rafael, em Salvador, na sexta-feira (21). Ela tinha sofrido um ataque isquêmico cerebral, que gera redução do fluxo de sangue nas artérias do cérebro, segundo informou o boletim médico.
No dia 16 de setembro de 2012, completou 105 anos e, como tradicionalmente fazia, reuniu amigos e a família em missa e comemoração em casa, na cidade de Santo Amaro. Estiveram na festa os filhos Caetano Veloso e Maria Bethânia e a amiga Regina Casé. Quem celebrou a missa foi o padre Reginaldo Manzotti.
Biografia – Nascida em 16 de setembro de 1907, Claudionor Viana Teles Veloso construiu sua história no Recôncavo Baiano, no município de Santo Amaro da Purificação. Os filhos biológicos são Clara, Roberto, Caetano, Bethânia, Rodrigo e Mabel. Dona Canô adotou as filhas Irene e Nicinha. Era viúva de “Seu Zeca”, que morreu em 1983, com 82 anos.
Conhecida por sua personalidade forte e receptividade, Dona Canô participava sempre da tradicional Festa de Reis em Santo Amaro, que reúne milhares de pessoas em toda região. A celebração de seus aniversários também se tornou um marco, atraindo muitas pessoas para a festa.
Autêntica e mãe de dois grandes nomes da Música Popular Brasileira, Dona Canô se tornou um símbolo não só de Santo Amaro, como do Recôncavo Baiano. Sempre lutou para melhorar a cidade e acolheu os moradores como uma mãe.
O sobrado de número 179, no centro de Santo Amaro, se tornou um dos pontos turísticos do município. A casa onde residiu Dona Canô e a família Veloso sempre esteve com as portas abertas para baianos e turistas.
No casarão antigo, as paredes são cobertas de fotografias e histórias dela e de toda família. Fotografias com o ex-presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva ganham destaque na parede da sala.
Uma das principais comemorações de aniversário foram os 100 anos de Dona Canô em 2007. O dia foi de flores, presentes e visitas de amigos e dos filhos. Na igreja de Nossa Senhora da Purificação, foi realizada uma missa em homenagem à matriarca. A imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida foi levada de São Paulo especialmente para a ocasião. A matriarca dos Veloso ficou pouco tempo na igreja, porque se emocionou bastante. Maria Bethânia cantou “Romaria” em homenagem à mãe e assim que terminou a música, abraçou Dona Canô.
Sobre a história construída nos 105 anos de vida em Santo Amaro, Dona Canô disse em entrevista este ano que não conseguia esquecer de quando passeava com os amigos nas usinas de açúcar da cidade. “A cidade cresceu, as coisas ficaram longe, os bondes eram importantes”, lembrou.
Fonte: G1