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Diálogos Palmarinos na FAC-UnB destacam a centralidade das mulheres negras na cultura afro-brasileira
Diálogos Palmarinos
Por: Marcela Ribeiro, coordenadora de Comunicação da Fundação Cultural Palmares
A Fundação Cultural Palmares realizou, nesta quinta-feira (13), a terceira edição dos Diálogos Palmarinos no auditório Pompeu de Sousa, na Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (FAC-UnB). O encontro integrou a programação do Palmares Canta, Conta e Dança e reafirmou o compromisso da instituição com a valorização das mulheres negras que sustentam a vida cultural, política e intelectual do país.
Promovido pelo Departamento de Fomento e Promoção (DFP), sob direção de Nelson Mendes, o evento ocorreu em parceria com a FAC-UnB. A iniciativa contou com o apoio da diretora da FAC-UNB, professora Dione Moura, e da coordenadora de Extensão, professora doutora Rose May, que acolheram o encontro com rigor, diálogo e abertura institucional.
A roda “Protagonismo feminino na cultura afro-brasileira” reuniu mulheres que atuam em áreas decisivas da cultura, da educação, da memória e das tradições afro-brasileiras.
A convidada especial, Vilma Reis, abriu a mesa com contundência. “As mulheres negras sustentam a vida coletiva deste país e não podem mais esperar por reconhecimento. Como ensinou Mãe Stella de Oxóssi, este é o nosso tempo. A cidadania da população negra precisa existir na prática, não apenas no discurso do Estado”, afirmou.
Em seguida, Sinara Rúbia, diretora do Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, enfatizou que tratar das mulheres negras é reconhecer a base que mantém o Brasil. “Nossos saberes são ancestrais e civilizatórios, mesmo quando tentam nos silenciar. A coletividade segue sendo a nossa melhor ferramenta de futuro”, declarou.
A professora Miriam Reis, diretora do Campus dos Malês da UNILAB, destacou a força da educação como projeto político e como herança das matriarcas. “As matriarcas guardam conhecimentos que estruturam a nossa visão de mundo. É por causa delas que a universidade se torna território de reparação e justiça racial. Educação não é acessório; é projeto político”, afirmou.
Ìyá Márcia d’Ògún, coordenadora da RENAFRO e do COMIRB, trouxe a dimensão espiritual do encontro. Para ela, “a presença feminina sustenta comunidades inteiras. O cuidado, a ancestralidade e a continuidade não são conceitos abstratos. São práticas que mantêm a vida e protegem as trajetórias do nosso povo”.
A mesa foi mediada por Luci Souza, coordenadora-geral de Gestão e Cooperação do Ministério da Igualdade Racial, que articulou as falas com precisão e sensibilidade, criando um ambiente de reflexão profunda.
Ao final do encontro, a apresentação da cantora Rayara Correia uniu técnica e sensibilidade artística. Sua performance evocou memória, identidade e força criativa, sintetizando o espírito do evento.
O presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, celebrou que encontros como esse reafirmam o compromisso da Fundação Cultural Palmares com a valorização das mulheres negras e com a construção de políticas que reconhecem a cultura afro-brasileira como força estruturante do país.
A terceira edição dos Diálogos Palmarinos mostrou que a história do Brasil se apoia nas trajetórias, nos saberes e na presença das mulheres negras que organizam territórios, preservam memórias e abrem caminhos. A Fundação Cultural Palmares segue comprometida com essa história e com a afirmação plena das mulheres negras na vida nacional.
Fotos: Carol Lando - MinC