Entrevista do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao jornal Meio Norte (PI)
Pergunta — O Piauí tem um case de sucesso nas energias renováveis. Como o Governo Federal pretende contribuir para que tais fontes sigam avançando no Estado, especialmente o hidrogênio verde?
Presidente Lula — O Brasil tem mais de 90% da sua matriz energética limpa. E isso será cada vez mais importante para atrair investimentos internacionais. A natureza oferece todas as condições e o nosso avanço nesse setor nos dá uma vantagem enorme, em especial no Nordeste brasileiro e no norte de Minas. Vamos avançar ainda mais em eólica e solar. Eu sei da força do Piauí nessa área, pois estive em Marcolândia, em 2017. Estamos trabalhando para impulsionar ainda mais, dando grande prioridade às energias renováveis no Novo PAC, com 80% dos investimentos em energia de baixo carbono. Além disso, o Ministério das Minas e Energia está avançando nas políticas para aproveitarmos e avançarmos muito em hidrogênio verde, tema que temos conversado muito com a Europa, particularmente com a Alemanha.
Pergunta — Hoje em dia a realidade no Piauí é diferente da observada no seu primeiro mandato, no entanto, em âmbito nacional tivemos alguns retrocessos. Como o Governo pretende resolver especialmente os problemas sociais e que exemplo o Piauí pode dar na condução dessas políticas?
Presidente Lula — O Piauí é um exemplo de como políticas públicas bem-sucedidas – em especial políticas sociais, de desenvolvimento e educação – podem mudar a realidade de uma região, com foi o salto incrível do IDH nesses últimos vinte anos. Acabou aquele Piauí que só era falado por causa de pobreza. Não só o Piauí, mas todo o Brasil saiu do Mapa da Fome, em 2014, após as ações efetivas de segurança alimentar e nutricional. Infelizmente, os últimos sete anos foram de atraso e a fome voltou. Estaremos no Piauí para lançar o plano Brasil Sem Fome justamente porque ele é um instrumento eficaz para a coordenação de políticas de segurança alimentar que já recuperamos, como o estímulo à produção de comida de qualidade, com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), a garantia da merenda escolar, a recomposição de renda, com a valorização do salário mínimo, o Bolsa Família e geração de empregos. Vamos atrás de quem precisa e levar a dignidade a esses brasileiros. Já fizemos isso antes e vamos fazer de novo.
Pergunta — A Reforma Tributária está prestes a ser implementada, como equilibrar os gastos mantendo a justiça social?
Presidente Lula — Fazer a reforma tributária, implementar uma regra fiscal realista e cuidar de quem mais precisa foi o que defendi durante a campanha e é o que nós estamos cumprindo. Incluir o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda. Sempre tivemos responsabilidade fiscal em nossos governos, ao mesmo tempo em que promovemos a inclusão social. O Brasil precisava de uma reforma tributária simplificada e mais justa com quem produz e com quem trabalha, capaz de atrair mais investimentos. Também estamos na metade do caminho para garantir que, até 2026, quem ganha até R$ 5 mil deixe de pagar o imposto de renda. O povo brasileiro tem direito de viver uma vida digna, com uma renda que permita que as pessoas possam se divertir.
Pergunta — No Piauí, o senhor lança o Novo PAC, que tem ações específicas para o Estado. A União pretende colaborar na concretização do Intermodal do Vale do Parnaíba?
Presidente Lula — O Intermodal do Vale do Parnaíba é uma obra importante para o escoamento da produção e para o desenvolvimento econômico no estado. Estamos cientes de que essa obra integra as prioridades do governo e, por isso, foi contemplada no Novo PAC, com recursos para apoiar o estudo de viabilidade técnica que será realizado pelo estado.
Pergunta — A gestão anterior foi marcada por atropelos na condução do diálogo com os governadores, o que travou as discussões em relação ao Pacto Federativo. Como conduzirá essa relação com os líderes estaduais, uma revisão no Pacto Federativo está no radar?
Presidente Lula — O Brasil precisava restaurar o respeito nas relações entre presidente, governadores e prefeitos, e nós fizemos isso. O presidente é parceiro do governador e é parceiro do prefeito na reconstrução daquilo que interessa ao povo brasileiro. O Novo PAC é o resultado dessa parceria. Vamos levar desenvolvimento econômico sustentável para todos os estados do país.
Pergunta — Por fim, Wellington Dias fica ou não no MDS?
Presidente Lula — Wellington fica. Convidei o Wellington Dias, um grande amigo e companheiro, porque tem 16 anos de experiência como governador e provou sua competência e comprometimento social com a transformação que promoveu no Piauí. Recebemos um país com políticas sociais destruídas e com milhões passando fome. Estamos recuperando a vida e a dignidade das pessoas, um trabalho que está só no começo, e sempre vou querer conta com a competência de alguém como o Wellington no meu governo.