Notícias

Publicado em 24/11/2013 09h00 Atualizado em 09/12/2025 17h19

O que foi a Lei Eusébio de Queirós

Publicado em 04/09/2023 13h46 Atualizado em 08/01/2024 14h46

Há 173 anos foi criada a Lei Eusébio de Queirós, também conhecida como  ou Lei Ato Adicional. Uma legislação brasileira promulgada em 4 de setembro de 1850, que recebeu esse nome em homenagem ao seu autor, o deputado Eusébio de Queirós.

Essa lei teve como objetivo principal a proibição do tráfico negro no Brasil, ou seja, a importação de africanos como escravos. Ela representou um dos marcos da história do país, pois gradualmente contribuiu com o fim desse comércio, embora a escravidão tenha persistido no Brasil até mesmo após assinatura da Lei Áurea, em 1888.

Uma das medidas tomadas no contexto do movimento abolicionista no Brasil, que buscava a libertação dos escravos e a abolição da escravidão no país. Ela teve como consequências a diminuição gradual da população escrava no Brasil, à medida que o tráfico negreiro foi desestimulado e reprimido.

Determinando a punição das pessoas envolvidas nesse crime e estabeleceu que os escravizados apreendidos devessem ser reexportados para os terminais de origem ou para qualquer outro ponto fora do Império.

Nos casos onde não fosse possível a reexportação, os africanos seriam empregados em trabalho sob a tutela do governo, não sendo em nenhum caso os seus serviços concedidos a particulares.

Com a extinção do tráfico, a solução encontrada para o problema da mão-de-obra foi o comércio interprovincial, que abastecia o sudeste produtor de café, num momento em que as tradicionais lavouras nordestinas encontravam-se em crise.

Além disso, o governo passou a estimular a vinda de imigrantes europeus para trabalhar nas plantações, ao mesmo tempo em que reorganizou a política de acesso à terra, com a chamada Lei de Terras, de 1850.

É importante notar que a abolição da escravidão no Brasil foi um processo complexo que envolveu várias etapas, incluindo a Lei Eusébio de Queirós, a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1885), antes da promulgação da Lei Áurea em 1888 , que decretou o fim oficial da escravidão no país.

Afinal, a Lei n.º 581/1850 foi de fato executada?

Historiadores criticam que a Lei Eusébio de Queirós n.º 581/1850, foi abertamente ignorada, e o tráfico negreiro continuou extremamente ativo no Brasil. Houve certa ação da lei contra o tráfico entre 1831 e 1832, mas, a partir de 1833, a atividade ganhou força e seguiu bastante ativa até 1845.

Essa lei tinha como objetivo garantir a proibição do tráfico negreiro ao mesmo tempo em que garantiria que os escravos que foram trazidos ao país entre 1831 e 1845 fossem mantidos como escravos, porém na pratica não ocorreu como planejado.

Nesse período também, houve até movimentação política para que a Lei Feijó fosse revogada. Além disso, o governo ignorava os navios negreiros que chegavam ao Brasil, carregados de africanos.

Vale dizer que Eusébio de Queirós (o idealizador da Lei)  era uma figura problemática, uma vez que, como chefe de polícia, cargo que ocupou entre 1833 e 1844, ficou conhecido por negligenciar os navios negreiros que desembarcavam no Rio de Janeiro.

A vida após a escravidão, não foi nada fácil, a transição da escravidão para a liberdade trouxe uma série de desafios econômicos, raciais, sociais e políticos.

Muitos ex-escravizados enfrentam dificuldades econômicas significativas após a emancipação. Eles frequentemente careciam de recursos e propriedades e não tinham acesso a empregos remunerados. Muitos acabaram trabalhando nas mesmas plantações ou em condições de trabalho semelhantes às da escravidão, mas agora como trabalhadores assalariados.

Ao longo do tempo, houve avanços inovadores na luta pela igualdade de direitos e oportunidades para os afrodescendentes em muitos países. No entanto, desafios persistentes, como o racismo institucional e a desigualdade econômica, continuam a ser questões importantes a serem enfrentadas.

Apesar das dificuldades, as comunidades negras continuaram a preservar e celebrar sua cultura e identidade. Isso incluía a música, a religião, a culinária e outras tradições que desempenharam um papel fundamental na formação da cultura afrodescendente.

Imagem: 
Título: Le diner. Les dèlassemens d’une aprés
Data: 1835 - 1835
Dimensões físicas: w31 x h49 cm
Designer; Lithographer: Jean Baptiste Debret (del.); Thierry Frères (lith.)
Procedência: Museu Imperial/Ibram/Minc
Tipo: litografia
Acervo: Museu Imperial/Ibram-MinC

Cultura, Artes, História e Esportes

Consulta Pública sobre o Tombamento dos Quilombos

Publicado em 05/09/2023 12h14

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional informa que a sociedade civil pode se manifestar até 20 de outubro, por meio de formulário eletrônico.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) abriu nesta terça-feira (5), prazo de 45 dias para a sociedade se manifestar sobre a minuta da portaria que deve regulamentar o procedimento - um novo mecanismo de tombamento, mais ágil e simplificado, que reconhece o valor dos quilombos na construção da identidade nacional, conforme previsto na Constituição.

O objetivo é ressaltar o protagonismo da população afro-brasileira na reivindicação do direito à liberdade no Brasil e reconhecer a resistência quilombola ao processo de escravização e à discriminação sofrida pelo povo negro.

Conforme afirma o site do IPHAN, as manifestações da sociedade devem ser encaminhadas por meio de formulário digital até o dia 20 de outubro.

Terminado o prazo de 45 dias, a entidade fará a análise e a consolidação das contribuições recebidas ao longo do processo de consulta pública, e divulgará as respostas, juntamente com o texto final da portaria. As propostas apresentadas, como pedidos de alteração ou exclusão de conteúdo, devem incluir uma justificativa com até 1.500 caracteres. Dúvidas sobre o processo podem ser enviadas para o e-mail consulta.quilombos@iphan.gov.br.

Para mais informações, acesse o link a seguir: https://www.gov.br/iphan/pt-br/assuntos/noticias/contribua-com-nova-ferramenta-de-tombamento-dos-quilombos

Dia Municipal do Tambor de Crioula

Publicado em 06/09/2023 11h30 Atualizado em 06/09/2023 15h59

O Dia Municipal do Tambor de Crioula, e seus brincantes, foi criado no dia 06 de setembro em 2004, instituída pela Lei Municipal nº. 4.349, de 21 de junho, com  cortejos de grupos e seminários percorrendo as ruas do Centro Histórico de São Luís.  

A manifestação cultural tem raízes africanas e é reconhecida como a expressão de um povo, transfigurada na dança tradicional do estado do Maranhão, no nordeste do Brasil.

Os motivos que levam os grupos a dançarem o tambor de crioula são variados, podendo ser: pagamento de promessa para São Benedito, festa de aniversário, chegada ou despedida de parente ou amigo, comemoração pela vitória de um time de futebol, nascimento de criança, matança de bumba-meu-boi, festa de preto velho ou simples reunião de amigos.

Além de ser composta por dança de roda afro-brasileira que faz parte do rico patrimônio cultural do país. Essa expressão artística é conhecida por suas coreografias animadas, ritmos contagiantes e tradições profundamente enraizadas na cultura afro-brasileira.

O som que conduz a roda é contagiante e inconfundível: a percussão é conhecida como parelha - e é formada pelas palmas das mãos batendo sem intervalos em três tambores, que ditam o ritmo. Enquanto isso, os cantadores e as dançarinas fazem a coreografia. Os homens só tocam e apenas as mulheres dançam.

As músicas são puxadas por um solista que canta palavras de improviso, também cantadas pelos outros brincantes. Os tambores são especiais: esculpidos em madeira, cobertos por couro, com a parte de cima mais larga que a de baixo. Sempre, antes de cada roda de Tambor de Crioula, o instrumento é esquentado diretamente no fogo para ter a afinação perfeita.

As danças acontecem pelos mais variados motivos: homenagem a São Benedito, padroeiro dos negros, e a santos tradicionais da igreja católica, a nascimento de crianças, festa de Preto Velho, comemoração de aniversários,  reunião de amigos ou em tributo a entidades cultuadas nos terreiros de matriz afro-brasileira.

O Tambor de Crioula é uma manifestação cultural vibrante e festiva que atrai tanto participantes quanto espectadores. Além de sua importância cultural, também desempenha um papel importante no turismo e na promoção da diversidade cultural do Brasil.

Dia Nacional Tambor de Crioula

No dia 18 de junho de 2007, no solo sagrado da Casa das Minas, com a presença do então ministro da Cultura, Gilberto Gil, o Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) se reuniu para analisar o pedido de Reconhecimento e Titulação do Tambor de Crioula do Maranhão como patrimônio cultural brasileiro de natureza imaterial, título que foi concedido por unanimidade pelo referido Conselho. A partir daí, esse dia ficou conhecido como Dia Nacional do Tambor de Crioula do Maranhão. 

Curiosidades

Roda: A roda significa o lugar, a performance, a realização do próprio tambor. Em um sentido mais geral, a roda é a forma de inserção do tambor de crioula nos mais variados ambientes. Ele circula a sua roda em aniversários, festejos religiosos, batizados, dias santos. Sua lógica é a do movimento, da circularidade de espaços, motivos e empolgações.

Na roda, cantos, danças e devoções aos santos são ritmados pela sonoridade da parelha, composta por três tambores com funções bem definidas: tambor grande ou rufador, meião ou socador, e crivador ou pererenga.

Para saber mais, sobre essa curiosidade e outras, acesse o Dossiê elaborado pelo Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)

Fonte adicional: 
www.ma.gov.br  
https://shre.ink/2okH

Dia Estadual da Consciência Negra do estado do Piauí

Publicado em 06/09/2023 17h26 Atualizado em 13/09/2023 21h10

O Dia Estadual da Consciência Negra do estado do Piauí foi marcado pela luta de uma mulher negra. Luta que foi consolidada no dia 06 de setembro de 1770. A data foi escolhida em homenagem à uma mulher escravizada chamada Esperança Garcia. Considerada uma heroína piauiense na luta pela igualdade e justiça racial.

Esperança buscava justiça ao escrever uma carta ao governador do Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro (1769-1775) denunciando os castigos e outras agressões que ela e consequentemente, as mulheres negras sofriam.

Dia esse, que vem para nos lembrar das datas históricas do povo negro e dessa heroína corajosa, que é Esperança Garcia.


Esperança Garcia

Esperança Garcia viveu na região de Oeiras na fazenda de Algodões, a mais ou menos 300 km de Teresina. Essa fazenda juntamente a outras dezenas de estâncias pertenciam à inspeção de Nazaré, onde é hoje o município de Nazaré do Piauí.

Apesar de sua importância histórica, não se sabe quase nada sobre sua vida, esse descaso da sociedade é consequência principalmente de sua condição de mulher negra escravizada. Porém ela se destaca por ter sido corajosa a ponto de escrever uma carta ao governador do Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro (1769-1775), denunciando os maus tratos sofridos por ela, seus filhos e companheiras, além de outras mulheres negras.

A carta é datada de 06 de setembro de 1770. Afirma-se que a carta original está em Portugal e uma cópia foi descoberta no arquivo público do Piauí pelo pesquisador e historiador Luiz Mott em1979: “Outra minha importante descoberta arquivística foi um pequeno documento, uma única página escrita a mão, todo cheia de garranchos com muitos erros de português: trata-se de uma petição escrita em 1770, por uma escrava do Piauí, Esperança Garcia. Trata-se do documento mais antigo de reivindicação de uma escrava a uma autoridade.

Esse documento serviu de inspiração para diversas manifestações contemporâneas, como o grupo de mulheres que trabalham pela cidadania da mulher negra piauiense, e recebe o nome de Esperança Garcia, assim como a maternidade de Nazaré do Piauí e a data desta carta é o Dia Estadual da Consciência Negra no Piauí desde 1999.

Confira a lista preliminar de habilitados e inabilitados para o Prêmio Palmares de Arte

Publicado em 06/09/2023 18h17 Atualizado em 06/09/2023 18h22

Saiu nesta quarta-feira, 06 de setembro de 2023, a lista preliminar dos candidatos habilitados e inabilitados do Concurso “Prêmio Palmares de Arte" da Fundação Cultural Palmares.

O III Prêmio Palmares de Arte tem como objetivo principal, fortalecer as expressões culturais quilombolas e afro-brasileiras; identificar, valorizar e dar visibilidade às atividades culturais protagonizadas por negros e às estratégias de preservação de suas identidades culturais, além de incentivar a participação plena efetiva da população negra e quilombola na elaboração, execução e avaliação de projetos, atividades, ações e iniciativas que envolvam a cultura afro-brasileira por eles cultivada.

O prêmio, que já está em sua terceira edição, visa continuar proporcionando o fortalecimento do imaginário positivo relacionado às questões afro-brasileiras perante à sociedade; o fomento às manifestações culturais afro-brasileiras principalmente em tempos de crise e o auxílio à manutenção das expressões culturais nos quilombos.

Confira:

Resultado Preliminar de Habilitação Artesanato
Resultado Preliminar de Habilitação Demais Categorias 

FCP fará projetos de proteção ao patrimônio histórico e cultural do Benin

Publicado em 31/05/2019 09h00 Atualizado em 08/09/2023 08h37

O governo brasileiro desenvolverá propostas de proteção ao patrimônio material e imaterial do Benin e a intenção é que a Fundação Cultural Palmares (FCP) contribua com seu conhecimento para o desenvolvimento de métodos de salvaguarda da memória negra do país africano. O alto risco de desaparecimento de conhecimentos e saberes fez com que o Brasil fosse procurado com o objetivo de levantar meios para que isso não ocorra.

A Missão de Prospecção a Cotonou, organizada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores (MRE) brasileiro, se encerra nesta sexta-feira (30/05) e já tem cronograma para uma cooperação Sul-Sul. Vanderlei Lourenço, presidente da FCP, e Adryelle Braga Arouche Medeiros, Coordenadora de Divulgação do Patrimônio Afro-brasileiro, levaram a experiência da instituição para contribuir com as questões de fomento à cultura e à gestão de parques e espaços históricos.

De acordo com Yaï Chabi Pierre, do Ministério de Educação, Turismo e Esporte do Benin, o Brasil foi procurado por ser mais avançado no que se refere à proteção e conservação do patrimônio. “Também o fenômeno conhecido pela humanidade como Escravidão, ou O Trato dos Viventes como é referido no Benin, é mais que uma razão para trabalharmos juntos”, disse.

Cooperação – Durante uma semana, a Missão focou em identificar as demandas de Cotonou. Entre elas estão a falta de capacitação de artesãos e de artistas das áreas da dança, teatro, expressão corporal e canto; a falta de espaços para que capacitações aconteçam; a falta de conhecimento sobre a gestão de vernissages (eventos culturais, exposições, etc.); a necessidade de atualização e qualificação do trabalho de gestão da Floresta Sagrada de Kponzun (as florestas sagradas são equivalentes aos terreiros brasileiros), entre outras.

Agora, os órgãos brasileiros de referência em saúde, cultura e agricultura ficarão responsáveis por desenvolver projetos viáveis que serão executados nas cidades beninenses. Quanto ao Benin, as ações a serem desenvolvidas no Brasil estão no cerne do intercâmbio, com participações de entes beninenses em ações brasileiras.

A previsão é que retornando ao Brasil, os representantes que compuseram a delegação desenvolvam um cronograma para a produção das propostas. O desejo do Benin é que os resultados da cooperação possam ser reproduzidos como uma espécie de incubadora para que o país possa promover a salvaguarda do próprio patrimônio. Participaram da Missão ao Benin representantes do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (IPHAN), da Associação Mineira da Indústria de Algodão, do Instituto Federal do Sertão de Pernambuco e do Ministério da Saúde.

Formação Técnica e Conhecimento Básico de Empreendedorismo para as Comunidades Quilombolas da Baixada Maranhense

Publicado em 31/05/2019 09h30 Atualizado em 08/09/2023 08h47

A Fundação Cultural Palmares, por meio de sua Representação Regional no Maranhão reuniu-se com o SEBRAE – MA para dialogar sobre um projeto em conjunto que irá contemplar as Comunidades Quilombolas da Baixada Maranhense.

O Representante Regional da Fundação Cultural Palmares no Maranhão, George Alan Ramalho, o superintendente do SEBRAE – MA, Albertino Barros e o vice presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA), Celso Gonçalo, se reuniram e discutiram essa cooperação a fim de levar formação técnica e conhecimento básico de empreendedorismo, visando o melhor aproveitamento e produtividade dos cultivos nativos e preparo para uma boa organização e desempenho comercial.

Essa oportunidade é ímpar e irá beneficiar centenas de famílias, melhorando a qualidade e diversidade dos produtos além de um melhor desempenho na comercialização.” Enfatizou Albertino.

MPT capacita jovens negros no Ilê Aiyê para inserção no mercado de trabalho

Publicado em 30/05/2019 09h00 Atualizado em 08/09/2023 08h54

O Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA) lançou nesta quinta-feira (30) o projeto Conexão Negra, que visa unir as maiores empresas aos jovens negros de Salvador. A aula inaugural será realizada na sede do bloco afro Ilê Aiyê. Ao todo, 400 jovens negros serão capacitados em cursos realizados por profissionais de grandes empresas dos ramos de publicidade, advocacia, empresarial e estética afro. Serão quatro módulos de três meses cada, com aulas aos sábados. No final da capacitação, o objetivo é que as empresas absorvam a mão de obra treinada.

Para a procuradora do Trabalho Valdirene Assis, coordenadora da iniciativa, é preciso desenvolver ações afirmativas para a inclusão de negros e negras no mercado de trabalho. “Hoje já existe um número de profissionais capacitados e prontos por causa das cotas nas universidades. Mas a dificuldade que esses profissionais têm de adentrar o mercado de trabalho é que motiva o MPT a chamar a sociedade para essa discussão e para o enfrentamento da raiz desse problema, que é a discriminação”, afirma.

A procuradora ainda destaca que o MPT já editou uma nota técnica com fundamentação jurídica para orientar o mercado a direcionar a seleção de funcionários e estagiários negros. Para ela, é preciso incentivar as empresas a contratar essas pessoas que já estão capacitadas. Um dos problemas que ainda persistem e que devem ser combatidos é a diferença de rendimento entre brancos e negros. “Uma mulher negra que soma fatores discriminatórios de gênero e de raça vai ganhar 50% a menos do que um homem branco. Isso mostra que políticas pensadas adequadamente para a população negra ingressar no mercado de trabalho são fundamentais”.

Além do MPT, o projeto conta com a parceria da Cáritas do Brasil, do Pacto Global da ONU e das empresas parceiras. Somente esta semana, para articular o curso de publicidade, as oito maiores agências de publicidade participaram de reunião preparatória do curso e disponibilizaram seus profissionais para executar a capacitação. “O desemprego, a informalidade, a dificuldade de progressão na carreira, os piores salários e outras questões relevantes sobre trabalho são discutidas quando a gente centra na população negra. É aí que o MPT atua com o projeto de inclusão. A ideia do projeto é promover a diversidade étnico-racial envolvendo vários segmentos empresariais, como setor bancário, empresas de beleza e estética e setor farmacêutico. Nós trabalhamos com as empresas que tem maior capacidade de inclusão”, concluiu Valdirene Assis.

Fonte: 

http://bit.ly/2Xfl1JF 

FCP na Cooperação Sul-Sul, fortalecendo laços entre Brasil e Benin

Publicado em 30/05/2019 09h30 Atualizado em 08/09/2023 08h57

Uma semana é tempo suficiente para se levantar propostas capazes de mudar os rumos de um país. Referência mundial em políticas sociais, o Brasil está representado no Benin, até 31 de maio, por uma delegação governamental da qual participa o presidente Vanderlei Lourenço, da Fundação Cultural Palmares (FCP), acompanhado da Adryelle Braga Arouche Medeiros – Coordenadora de Divulgação do Patrimônio Afro-brasileira.

Trata-se da Missão de Prospecção a Cotonou, a maior cidade do país africano. A cooperação Sul-Sul organizada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil, tem como finalidade contribuir para o desenvolvimento de ações no Benin sobre as demandas de saúde, cultura e agricultura, e, para o fortalecimento da gestão de parques e espaços históricos. O papel da FCP na Missão é apresentar sua experiência em salvaguardar, fomentar e promover os direitos culturais dos negros brasileiros.

A FCP foi a primeira instituição pública voltada para a preservação e a promoção dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira. Ao longo de seus 30 anos de atuação, se configura como estandarte de proteção ao incontestável instrumento de valorização da memória negra, com destaque para a gestão do Parque Memorial Serra da Barriga em Alagoas, do Cais do Valongo no Rio de Janeiro e a emissão da Certidão de Autodeclaração de Comunidades Remanescentes de Quilombos.

Laços histórico-culturais – Em visita ao embaixador do Brasil no Benin, Luiz Ivaldo, Lourenço tratou de possíveis parcerias pelo fato de os dois países estarem ligados por fortes laços históricos e culturais. Para Lourenço, trata-se do restabelecimento, por parte da Fundação, de relações mais próximas com os países africanos. “Começar pelo Benin é simbólico em função da grande referência que esse país é para a população afro-brasileira”, afirmou.

No período colonial, o Benin abrigou o porto de onde partiu o maior número de pessoas escravizadas do Oeste da África, o Porto de Ouidah. No Brasil, a raiz beninense é muito presente especialmente no Nordeste e Sudeste, pois, em Fortaleza, Salvador e Rio de Janeiro se encontravam os principais portos na época, os quais se conectavam com os portos africanos.

Após a Abolição da Escravatura, muitos beninenses retornaram ao seu país e passaram a ser conhecidos como Agudás, os que permaneceram se vincularam ou deram origem, junto a outros grupos étnicos às comunidades negras rurais e urbanas brasileiras. No local onde existiu o Porto de Ouidah foi construído em 1992 o monumento Porta do Não Retorno, tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.

Intercâmbio – Nos três primeiros dias a Missão trabalhou com o compartilhamento de informações técnicas. A ABC apresentou os princípios da cooperação Sul-Sul com o objetivo de garantir o alinhamento de projetos viáveis ao fortalecimento dos dois países nos aspectos referidos. Foram realizadas visitas técnicas à instituições beninenses como o Ministério da Cultura, Esporte e Turismo, o Departamento Nacional do Patrimônio Cultural, a Agência Nacional do Patrimônio Turístico e o Conjunto Artístico Nacional, além de ONGs locais e fundações privadas e culturais.

As equipes envolvidas na cooperação passaram por oficinas a partir das quais identificaram os principais problemas e demandas. O próximo passo terá foco em soluções. Além da oportunidade de realizar acordos de cooperação internacional proporcionada pelo encontro, a Missão representa um passo importante em direção à recuperação e reforço dos laços entre as duas nações e os demais países africanos, uma das diretrizes da nova gestão.

I Seminário Cultural Serra das Areias

Publicado em 28/05/2019 09h00 Atualizado em 08/09/2023 09h02

Aconteceu  no último dia (26), no Quilombo Urbano, localizado na Vila  Delfiori, em Aparecida de Goiânia,  o “I Seminário Cultural Serra das Areias”. O seminário teve como objetivo promover a cultura, a identidade e os conhecimentos relacionados ao contexto histórico das comunidades quilombolas da região.

A Fundação Cultural Palmares esteve representada neste ato pelo presidente substituto Marco Antônio Evangelista. O Seminário foi uma ação da Prefeitura de Aparecida, por meio da Coordenação de Igualdade Racial. “Esse evento é importante para a sociedade perceber o quanto essa gestão tem realizado ações afirmativas para fortalecer os mecanismos de cultura, da cultura afro-brasileira e a valorização da cultura africana. Quando o evento acontece no quilombo, fortalece ainda mais a responsabilidade que o município tem com as comunidades tradicionais, mostrando que a cidade é inclusiva”, disse o coordenador de Políticas de Promoção da Igualdade Racial João Batista.

A programação do evento contou com apresentações artísticas, ações sociais, feiras, artesanatos, exposições, artes plásticas, objetos da cultura afro-brasileira e de Goiânia, recreações Infantis, teatro popular e artistas da terra e um desfile de moda afro infantil.

Fonte: http://twixar.me/VDyn

Presidente da Fundação Cultural Palmares cumpre agenda em Alagoas

Publicado em 22/05/2019 09h00 Atualizado em 08/09/2023 09h11

O presidente da Fundação Cultural Palmares, Vanderlei Lourenço, cumpriu  agenda entre os dias 20 e 21 no estado de Alagoas. No primeiro momento acompanhado da servidora, Valeria Monteiro, participou da agenda em União dos Palmares (AL).  A reunião aconteceu na prefeitura de União  e contou com a participação do representante regional da (FCP), Balbino Praxedes e dos representates da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de União do Palmares. Após a reunião da prefeitura o presidente seguiu para uma visita técnica no Parque Memorial Quilombo dos Palmares.

Dando continuidade à sua agenda institucional no estado de Alagoas, na manhã do dia (21), se reuniu com a equipe que compõe o quadro de funcionários  da Representação Regional da (FCP) em Alagoas e acompanhou  as ações desenvolvidas pela equipe, bem  como o planejamento para 2019. No período da tarde, esteve na superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em Alagoas, onde ocorreu a 5° reunião ordinária do Comitê Gestor da Serra da Barriga. Comitê que é composto por órgãos públicos e sociedade civil.

Universidades promovem semana de programação especial para celebrar o Dia da África, 25 de maio

Publicado em 21/05/2019 09h00 Atualizado em 08/09/2023 09h18

Apesar do Brasil concentrar a maior população negra fora da África, pouco se sabe do continente de onde partiram os ancestrais de mais de 54% da população brasileira. As Universidades brasileiras recebem cada vez mais estudantes africanos de diversos países, por meio de convênios de cooperação, entre os quais o Programa Estudante Convênio de Graduação (PEC-G) e o Programa Estudante Convênio de Pós-Graduação (PEC-PG).

No entanto, algumas incongruências ainda são observadas no imaginário do brasileiro com relação ao continente. Muitos ainda se referem à África como um país e não como um continente formado por 54 países; esquecem da variedade climática, linguística, social, histórica, cultural e utilizam termos como ‘‘cultura africana’’, ‘‘língua africana’’. Há quem diga que o Haiti e a Jamaica ficam na África.

Para desmistificar a ideia de África, historicamente construída, universidades Brasil a fora, por meio, sobretudo de associações de estudantes africanos, celebram a Semana da África, evento em alusão ao Dia da África, celebrado em 25 de maio.

A data foi definida em referência à fundação da Organização da União Africana (OUA), em 1963, momento em que líderes de 30 dos 32 países africanos independentes à época se reuniram na capital da Etiópia, Addis Abeba, atual sede da OUA, para lutar contra o colonialismo europeu e a emancipação dos povos do continente.

Sob o tema África além do imaginário eurocêntrico, na Universidade de Brasília, a programação conta com feira de artesanato, oficinas, apresentações culturais, palestras e até torneio de futsal.

Para esta terceira edição, os estudantes desenvolveram o projeto fotográfico ‘‘Desconstruindo os preconceitos contra africanos’’, os quais aparecem em um ensaio com frases que costumam ouvir ou frases que buscam criar uma conscientização das culturas africanas.

Na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, nos campi de Redenção, Ceará e dos Malês, na Bahia, há também programação especial. Acompanhe conosco e programe-se.

UFMG:

Roda de conversa com Abdoul Razack Fassassi, nascido no Benin e graduando em Economia.

  • Data: 25 de maio
  • Local: Espaço do Conhecimento UFMG
  • Horário: 15h

UnB:

África além do imaginário eurocêntrico

  • Data: até 25 de maio
  • Local: UnB – Campus Darcy Ribeiro (Asa Norte) e Gama
  • Programação no site: http://bit.ly/2HMlXi3

UNILAB: CAMPUS DOS MALÊS/BA

IV Festival das Culturas da UNILAB 2019 e VI Semana da África

  • Data: 21 a 25 de maio de 2019
  • Local: Cidades do Recôncavo Baiano
  • Programação: http://bit.ly/2VIbQ2t

 UNILAB: Campus Redenção/CE

 V Semana da África e IV Festival das Culturas.

  • Data: 21 a 25 de maio de 2019
  • Local: Campus Liberdade
  • Programação

http://bit.ly/2WfEHj3

UFRGS

Fluxos Transnacionais e Africanidade

  • Data: 21 a 24 de maio
  • Local: Sala II do Salão de Atos da UFRGS
  • Programação: http://bit.ly/2WfK9lZ 

UFPel

 UFMT: Campus de Rondonópolis

Multiculturalismo e Ensino de História: pensar a África ontem, hoje e amanhã

Unicamp cria Centro de Estudos Africanos e Afro-brasileiros na Faculdade de Educação

Publicado em 21/05/2019 09h30 Atualizado em 08/09/2023 09h19

Unicamp cria nesta terça-feira, 21, o Centro de Estudos Centro de Estudos Africanos e Afro-brasileiros da Faculdade de Educação (FE). A iniciativa encampada pela Unicamp partiu da Comissão Especial de Estudos Sobre a Lei 10.639/03 da Câmara de Campinas.

A comissão e o Fórum de Educação e Diversidade das Relações Étnico Raciais têm discutido as questões raciais na região, bem como as ações de enfrentamento ao racismo e discriminação racial.

O objetivo é congregar pesquisadores, estudantes, professores da educação básica, membros dos movimentos de luta antirracista, representantes dos povos tradicionais de matriz africana e o poder público, na perspectiva da produção de conhecimentos voltados ao estudo das questões raciais e ampliação de saberes relativos à História Africana e Afro-brasileira. Para o vereador Carlão, essa interlocução entre a universidade e a sociedade vai contribuir para projetos e ações de enfrentamento do racismo.

Desde 2015, a comissão e a Unicamp realizam a Pesquisa “A Consolidação da Lei 10.639/03 no Município de Campinas”, que também envolve o Instituto Federal de São Paulo, a Secretaria Municipal de Educação e a Câmara Municipal dos Vereadores. A pesquisa teve seu relatório aprovado pela Câmara Municipal de Campinas e foi publicado pela Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros.

“Não temos dúvida de que é a Unicamp o espaço qualificado para abrigar um Centro dessa magnitude e com esses objetivos, estamos dando o primeiro passo neste evento de lançamento no dia 21/5, data alusiva a “Semana de Solidariedade aos Povos Africanos – Lei Municipal nº 10.196 de 18 de Agosto de 1999 e Lei Estadual nº  11.549/2003”, afirma o vereador Carlão.

O lançamento oficial acontece nesta terça-feira dia 21/05, às 9h30, no Salão Nobre da Faculdade de Educação da Unicamp será realizada cerimônia de lançamento do Centro de Estudos Centro de Estudos Africanos e Afro-brasileiros da universidade.

Fonte: http://bit.ly/2Jw9eTP

19 de Maio – Nascia Malcolm X

Publicado em 19/05/2019 09h00 Atualizado em 08/09/2023 09h23

Dia 19 de maio de 1925 nascia, El Hajj Malik Al-Shabazz, mais conhecido como Malcolm X, líder afro-americano que lutou contra o racismo, em seu país.

Seu pai, Earl Little também militou contra a discriminação racial e integrou a Universal Negro Improvement Association and African Communities League (UNIA), organização internacional de autoajuda fundada por Marcus Garvey, comunicador e ativista jamaicano que pregava o retorno dos negros à África, empreendimento que, de fato, ajudou a concretizar.

O ativismo do pai de Malcolm Little deu origem a constantes ameaças de morte da organização pela supremacia branca Black Legion, que forçaram a sua família a mudar de residência por duas ocasiões. Porém, em 1929, a casa em que moravam, já no estado de Michigan, foi incendiada e, dois anos depois, Earl foi encontrado morto sobre os trilhos de um bonde. Ambos os casos foram classificados como acidentes pela polícia.

A mãe de Malcolm, Louise Little, teve, então, que sustentar sozinha seus oito filhos. Desempregada, com poucos recursos e padecendo de problemas psíquicos, Louise foi separada de seus filhos, que foram espalhados por diferentes orfanatos e casas adotivas.

Malcolm também foi adotado por uma família e, apesar das turbulências e violências pelas quais já tinha passado, era bom aluno, até que foi tolhido por um professor que, ao saber do sonho do garoto em ser advogado, sugeriu que ele se dedicasse a alguma atividade braçal, compatível com pessoas de sua cor.

Como resposta àquela sentença Malcolm tornou-se um garoto problemático e ingressou na criminalidade. Primeiro, traficando psicoativos e, em seguida, realizando assaltos.

Em 1946, em um desses atos, foi preso e, após julgamento, condenado a 10 anos de prisão. Na cadeia, dedicou seu tempo à leitura, desde textos clássicos, até textos de sociologia, economia e política. Durante, a redescoberta de seu interesse pelos estudos, Malcolm foi apresentado por seu irmão, Reginald, que havia se convertido ao islamismo, aos ensinamentos de Elijah Muhammad, fundador da organização religiosa Nation of Islam (NOI). A conversa com seu irmão aguçou sua curiosidade e ele passou a estudar tais ensinamentos, dentro os quais encontrava-se o argumento de que a sociedade branca se empenhava objetivamente em impedir a tomada de consciência da população negra, obstaculizando quaisquer processos que a empoderasse ou permitisse o alcance de sucesso político, social ou econômico. A NOI também lutava pela criação de uma pátria exclusiva para o povo negro.

As ideias pregadas por Elijah Muhammad, alimentaram em Malcolm um pensamento mais combativo em relação aos não-negros e embasaram sua disposição em responder com violência às agressões sofridas pelo afro-americanos. 

Assim, ao sair da prisão, Malcolm, já utilizando o novo sobrenome “X”, pois considerava “Little” uma herança do passado escravocrata e “X”, um marcador de seu nome tribal perdido, tornou-se adepto convicto da NOI.

Aos poucos, devido à sua inteligência e oratória foi se tornando o porta-voz da entidade, assumindo não apenas a responsabilidade por recrutar novos adeptos, realizar sermões e estabelecer novas mesquitas pelo país, mas também participando de debates em universidades, programas de rádio e TV, por indicação do próprio Elijah Muhammad.

Sua atuação, mesclada com seu carisma e poder de persuasão, surtiu efeito e a Nation of Islam que, em 1952, contava com 500 adeptos, onze anos depois já contava com mais de 30 mil. Suas contínuas aparições públicas tornaram-no o principal nome da NOI, eclipsando seu mentor e chamando a atenção das autoridades do governo estadunidense, que o viam como um perigoso agitador.

Malcolm X manteve, associada à sua atuação em prol da NOI, seu gosto pela leitura, o que reforçou seu ativismo e aprimorou sua crítica à sociedade americana, por meio da intersecção entre questões raciais e de classe, passando, assim, a ser também um ferrenho crítico do sistema de produção capitalista. Numa de suas famosas frases, afirmou que “o sonho americano foi construído sobre o pesadelo dos negros.”

Ademais, na luta em prol da igualdade de direitos entre brancos e negros, Malcolm X já despontava no cenário mundial como uma figura central, ao lado de Martin Luther King e do presidente Kennedy.

Em 1963, exatamente quando estava no auge de sua popularidade e havia adquirido uma avançada consciência social e política, Malcolm X decepcionou-se com a organização religiosa que o abrigou e deu vazão a todo seu potencial crítico, após descobrir que seu mentor matinha relações sexuais com até seis mulheres que participavam da NOI, tendo filhos com algumas delas.

Logo em seguida, após uma polêmica declaração sobre a morte de Kennedy, Elijah Muhammad condenou Malcolm a 90 dias de silêncio. No começo de 1964, ele decidiu romper definitivamente com a NOI, o que fez aumentar o seu número de inimigos, já que muitos islâmicos negros o rotularam como traidor.

Malcolm decidiu, então, fundar a Organization of Afro-American Unity (OAAU), inspirada na Organização da Unidade Africana e com o propósito de lutar pelos direitos humanos dos afro-americanos e de promover cooperação entre africanos e afro-descentes nas Américas. Fundou também sua própria associação religiosa, a Muslim Mosque.

Ainda em 1964, partiu em peregrinação a Meca e lá conviveu com mulçumanos de várias origens étnicas e percebeu que seu antigo mentor havia feito uma leitura bastante enviesada do Islã. Apesar disso, Malcolm retornou com sua fé reforçada e crente na perspectiva da integração e convívio harmônico entre pessoas de distintas raças.

Todavia, a situação em seu país continuava conturbada e sua vida passou a estar sob constante ameaça. Em 14 de fevereiro de 1965, a casa em que ele, sua esposa Betty Shabazz, com quem casara-se em 1958, e suas quatro filhas foi alvejada por bombas. Por uma questão de sorte ninguém se feriu.

No entanto, apenas uma semana depois, na sede da OAAU, pouco antes de iniciar seu discurso, Malcolm X foi alvejado por 15 tiros à queima-roupa, na frente da esposa grávida e das filhas. Ele morreu com apenas 39 anos, assassinado por 3 membros da NOI.

A vida e a luta de Malcolm X inspiraram outros grupos como os Panteras Negras e uma multidão de oprimidos mundo a fora. Serviram também de base para numerosos livros, documentário e filmes, como o dirigido por Spike Lee, em 1992.

Fonte:

https://goo.gl/kyTl3K

http://goo.gl/WI1GRj

http://goo.gl/f4lWKt

Reinos e Impérios Africanos – Império Cartaginês

Publicado em 15/05/2019 09h00 Atualizado em 08/09/2023 09h25

Durante o mês de maio, a nossa série Reinos e Impérios Africanos se faz ainda mais importante. Maio é o mês da África, onde no dia 25, celebra-se o Dia da África. Mais à frente, voltaremos a falar o porquê e qual a importância histórica e contemporânea desta data. Por hoje, falaremos do Império Cartaginês.

A cidade-estado de Cartago localizava-se no norte da África, próximo de onde hoje é a cidade de Túnis, capital da Tunísia. Foi fundada pelos fenícios no século IX a.C, povos que durante séculos dominaram o comércio marítimo de metais preciosos, sobretudo no Mediterrâneo, onde fundaram diversas colônias na Sicília, na Espanha e no norte da África. Cartago, inicialmente uma colônia, foi fundada com o objetivo de ser um entreposto comercial na costa africana e possibilitar a exploração das riquezas metalúrgicas da região. Em virtude da pouca terra e da proximidade de vizinhos poderosos, Cartago voltou-se para o mar.

Com a economia centrada no comércio, os cartaginenses controlavam a exploração e venda de metais preciosos no Mediterrâneo Ocidental (Espanha e Sul da Itália, atualmente). Com o tempo, passou a exercer controle político sobre boa parte do Mediterrâneo, controlando as rotas marítimas deste mar por mais de seiscentos anos.

No século IV, a cidade florescia como uma grande e importante cidade, rodeada de templos, palácios e altos edifícios.

No entanto, a prosperidade de Cartago fez com que a cidade-estado entrasse em choque com outra superpotência, Roma. As lutas entre cartagineses e romanos ficaram conhecidas como Guerras Púnicas. A Primeira Guerra Púnica teve início em 264 a.C.

O resultado da guerra mudaria o curso da história e Hannibal Barca, o grande general cartaginês, entraria para a história como um dos maiores gênios militares de todos os tempos. Hannibal lançaria uma das mais incríveis campanhas de ataque já vista: Roma controlava o Mediterrâneo, em virtude da vitória na primeira Guerra Púnica. Hannibal marchou então por terra, pelos Alpes (cordilheira que separa a França da Itália) com seu exército e elefantes, com o objetivo de alcançar Roma e, desta forma, atacar os romanos no seu próprio território. Durante a batalha de Canas, conduziu a maior derrota já sofrida pelo exército romano.

No entanto, Hanníbal não alcançou Roma, pois teve que voltar para defender Cartago. Foi derrotado por Cipião, o Africano. Era o fim da Segunda Guerra Púnica, em 202 a.C. Cartago perdeu seus territórios ultramarinos, sendo obrigada a pagar pesados impostos e foi despida do poder militar. Temendo que a cidade-estado se reerguesse comercial e militarmente, os romanos voltaram a atacar Cartago, era a Terceira Guerra Púnica. Cartago foi incendiada, dizimada e o seu chão foi salgado, para que nada nele crescesse. Era o ano de 146 a.C. Chegou ao fim o Império e a hegemonia de Cartago na região.

13 de maio: Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo

Publicado em 13/05/2019 09h00 Atualizado em 08/09/2023 09h29

Hoje, 13 de maio, marca o fim “oficial” do período escravocrata, sendo considerado também o Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo. Por isto, separamos alguns fatos históricos que assinalaram a luta da população negra pela liberdade.

Com base na historiografia tradicional, o fim de mais de três séculos de escravidão no Brasil foi interpretado como um processo elitista e da ação do estado brasileiro, no qual o escravizado foi um personagem passivo. No entanto, o 13 de maio formalizou um processo que veio se desenhando ao longo do tempo e que não mais se sustentava, em virtude do crescimento das revoltas contra o regime e da conjuntura internacional. O Brasil foi o último país da América a por fim à escravidão.

Ao longo de 300 anos, o aquilombamento foi uma estratégia de ruptura com a escravidão e de busca pela liberdade. Quilombos foram formados por todo território nacional, onde o maior e o mais famoso foi o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, onde hoje é o município de União dos Palmares, em Alagoas.

A Bahia, na primeira metade do século XIX, foi palco de duas importantes revoltas: a Revolta de Itapuã, um levante de negros escravizados ocorrido em 28 de fevereiro de 1814 e a Revolta dos Malês, de 1835.

A Revolta de 1814, liderada por João Malomi, teve início quando 200 escravizados haussás atacaram armações pesqueiras de baleias, invadindo casas, atacando senhores de engenho, incendiando casas e destruindo instrumentos de trabalho, em Itapuã, região norte de Salvador. De Itapuã os revoltosos marcharam rumo ao Recôncavo pela Estrada Real, onde continuaram a incendiar casas e plantações. No entanto, não conseguiram alcançar a região dos engenhos, no Recôncavo, onde pretendiam encontrar escravizados da região. Nas margens do Rio Joanes, perto de Santo Amaro de Ipitanga – no atual município de Lauro de Freitas – os rebeldes foram barrados por homens da Casa da Torre e moradores locais, vindos de Abrantes, a norte de Itapuã, sob o comando de Manoel Rocha Lima.

A Revolta dos Malês, de 1835, foi liderada por africanos islamizados, assim como os líderes da Revolta de 1814. A data escolhida foi o 25 de janeiro, fim do Ramadã e dos tradicionais festejos religiosos dedicados à Nossa Senhora da Guia. O objetivo era a libertação dos negros escravizados.

No entanto, antes mesmo de eclodir, a Revolta foi denunciada por uma negra ao juiz de paz e, por isso, ocorreu de forma desorganizada. Devido à inferioridade numérica e de armamentos, os escravizados acabaram sendo massacrados pelas tropas da Guarda Nacional, pela polícia e por civis armados que estavam apavorados com a possibilidade do sucesso da rebelião negra.

Além destas e outras revoltas, escravizados se reuniam em redes, irmandades, associações de apoio para a compra de alforrias, possibilitando que as lutas se desenvolvessem em diversas frentes.

Neste cenário, fazemos memória também a personalidades históricas negras. Luís Gonzaga Pinto da Gama, que ao criar uma nova forma de ativismo abolicionista, ajudou a conseguir a liberdade de cerca de 500 escravizados, por meio de ações na justiça.

Adelina, a Charuteira, ativista que utilizou seu conhecimento da cidade de São Luís do Maranhão para auxiliar na luta pela liberdade e na articulação de fugas de escravizados.

A estes somam-se André Rebouças, Luiza Mahin, José do Patrocínio, Maria Firmina dos Reis, Francisco José do Nascimento (o Dragão do Mar), entre outros tantos ativistas e vozes negras que pegaram em armas, usaram a palavra, a fé, a religiosidade para resistir e por fim a este regime de opressão.

O caso do Ceará também é emblemático e sinaliza que lutas de resistência eclodiam Brasil a fora, tornando a escravidão um regime insustentável.

Nos dias 27, 30 e 31 de janeiro de 1881 e, 3 de agosto do mesmo ano, os jangadeiros se recusaram a transportar, do Porto de Fortaleza para os navios negreiros, escravizados que seriam vendidos para outras províncias. Esta foi a Greve dos Jangadeiros que, ao paralisar o tráfico por alguns dias, impulsionou a abolição da escravatura no Ceará. Como resultado desta greve e de outros processos no interior da província, em 25 de março de 1884, o presidente da província, o baiano Sátiro Dias, declarou a libertação de todos os escravos do Ceará, tornando o estado o primeiro a abolir a escravidão no país, quatro anos antes da Lei Áurea.

Desta forma, observa-se que a abolição no Brasil foi conquistada, por meio de diversas frentes de resistência que incluíram o movimento abolicionista, com ações de importantes líderes negros, revoltas, greves, formação de quilombos, mas também pressão externa, sobretudo da Inglaterra, potência econômica do século XIX, ávida por novos mercados consumidores.

Para saber mais:

https://bbc.in/2E64obz

http://bit.ly/2JDaAvg

http://bit.ly/2Eivlcr

Presidente visita Rio de Janeiro para tratar de parcerias

Publicado em 09/05/2019 09h00 Atualizado em 08/09/2023 09h31

O presidente da Fundação Cultural Palmares, Vanderlei Lourenço esteve no Rio de Janeiro nos últimos dias 06 e 07 de maio para tratar de diversas agendas.

No dia 06, visitou o Canal Futura para conhecer os projetos voltados para juventude, discutir e viabilizar uma parceria entre as instituições a fim de pensar e executar projetos que dialoguem com a missão da Fundação Cultural Palmares, que tem como uma das prioridades da atual gestão, trabalhar com a juventude negra.

Também no mesmo dia, reuniu-se com a presidente do Instituto de História da Cultura Afro-Brasileira, Nilcemar Nogueira, para também discutir parceria entre a Fundação Cultural Palmares, Prefeitura do Rio de Janeiro e outras instituições do estado e federais, para viabilizar projetos e avanços referentes ao Cais do Valongo.

Cais do Valongo, que foi o principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas, recebeu no dia 09 de julho de 2017 o título de Patrimônio Mundial da Unesco.
No dia 07, a agenda iniciou com uma visita à Comunidade Quilombola de Camorim, a fim de discutir melhorias para a comunidade.

Em seguida, reuniu-se com a presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Helena Severo, que teve como foco discutir parcerias relacionadas ao acervo da biblioteca da Fundação Cultural Palmares.

Trilha da Juventude na Serra da Barriga

Publicado em 07/05/2019 09h00 Atualizado em 08/09/2023 09h34

Neste domingo (05.05.19) aconteceu a III Edição da Trilha da Juventude, reunindo cerca de 260 participantes que desde às 06h00 se concentraram no interior do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, situado no platô principal da Serra da Barriga.

O evento é realizado pela Prefeitura Municipal de União dos Palmares, através da Secretaria da Juventude, que pela segunda vez realizou este evento explorando as trilhas das encostas da Serra da Barriga. O percurso foi orientado e acompanhado por 25 agentes de saúde e segurança, entre os quais Agentes Florestais da Serra e Bombeiros Civis convocados pela Prefeitura.

O Representante Regional da FCP/AL, Balbino Praxedes, se fez presente com sua equipe, os quias participaram da principal trilha junto aos tantos jovens, adultos e idosos, numa verdadeira interatividade e energização no solo sagrado, outrora pisado pelos ancestrais quilombolas palmarinos.

Durante a concentração, foi oferecido um café da manhã com diversas frutas e, antes do início da trilha, o Assistente Técnico da Fundação Cultural Palmares/AL, Helcias Pereira, foi convidado para uma breve fala sobre a importância da Serra da Barriga e algumas informações históricas sobre o Quilombo dos Palmares e suas principais lideranças, a exemplo de Aqualtune, Ganga-Zumba e Zumbi, este último comandante-em-chefe do Quilombo dos Palmares, tombado como Herói Nacional Brasileiro.

No final, apesar do cansaço de boa parte dos participantes, não sobraram elogios ao sucesso da atividade.

Inclusão UFPA

A UFPA Coloca em Pratica o Mecanismos de Inclusão de Jovens Quilombolas, Indígenas e Pertencentes a Populações Tradicionais.
Publicado em 02/05/2019 09h00 Atualizado em 08/09/2023 09h46

Visando a diminuição da evasão e a efetiva inclusão de estudantes quilombolas, indígenas e outros grupos pertencentes a populações tradicionais, a Universidade Federal do Pará (UFPA) vem desenvolvendo, desde 2016, mecanismos que auxiliam na permanência e na integração dos estudantes na instituição, possibilitando, desta forma, a efetividade das políticas afirmativas de acesso e permanência nos espaços universitários.

Desde 2016, a Universidade e os jovens de comunidades tradicionais dispõem de um espaço, o Pavilhão da Inclusão, uma conquista dos estudantes, que utilizam o espaço como estratégia de inserção, fortalecimento, representatividade e união dentro dos espaços da universidade, considerando que em muitas comunidades tradicionais é marcante o senso de cooperação, colaboração e unidade dos integrantes. Desta forma, também, estes espaços consistem em instrumentos de adaptação, considerando que em diversos casos, este é o primeiro momento dos estudantes fora das suas comunidades

Em abril do corrente ano, foram disponibilizadas 287 vagas em vários cursos para processo seletivo voltado para indígenas, quilombolas, seringueiros, assentados e ribeirinhos da região. E, para, garantir a permanência dos estudantes, a Universidade lançou o edital 03/2019 que oferta 250 vagas para a concessão de auxilio moradia, viabilizando a permanência dos jovens que se encontram em situação de instabilidade financeira e impossibilitados de custear a moradia fora de suas comunidades. Além do auxílio moradia, os alunos também são contemplados com o programa da bolsa permanência do Ministério da Educação.

No ano de 2017, a Universidade teve o primeiro formando do curso de Direito pertencente a uma comunidade indígena, o estudante Alan Tembé, da etnia Tembé, que ao se graduar, passou a ser referência para outros alunos indígenas da Universidade. Já em 2019, a UFPA foi protagonista de mais um grande episódio: Cleyce Anambé, se consagrou como a primeira mulher indígena, cotista, a concluir o curso de Direito na Universidade. “Foi uma vitória, depois de tantas dificuldades enfrentadas durante a graduação, finalmente, consegui ”, disse Cleyce.

Chegar na Universidade, sobretudo para estudantes de comunidades tradicionais, é uma luta, no entanto, manter-se nela também é tarefa difícil e estas conquistas são fruto da resistência e da organização composta por esse povo.

Morre John Singleton

“Ninguém fazia filmes sobre o que vivíamos em Los Angeles”
Publicado em 29/04/2019 17h00 Atualizado em 08/09/2023 09h56

Uma das maiores vozes do cinema negro nos Estados Unidos, o diretor John Singleton morreu nesta segunda (29), aos 51 anos, em decorrência de um derrame.  Após o diretor passar 12 dias em coma, a família decidiu, na manhã de segunda-feira, desligar os aparelhos que o mantinham vivo.

Singleton emergiu, no cenário hollywoodiano, ainda jovem e recém graduado em cinema. Seu filme de estreia e obra mais famosa ‘‘Boyz in the Hood’’, de 1991 (Os Donos da Rua) trouxe como pauta a identidade racial e as complexidades da vida de afro-americanos e as tensões urbanas no violento gueto de Crenshaw, na região centro-sul de Los Angeles.

A obra lhe rendeu duas indicações ao Oscar (melhor roteiro original e direção), em 1992 e fez dele o mais jovem diretor a concorrer à estatueta, aos 24 anos, e também o primeiro negro na categoria.

Os Donos da Rua é um marco na história do cinema afro-americano e o êxito crítico, bem como a importância dos temas discutidos levaram Singleton a falar num comitê do Senado americano sobre a alta de homicídios entre jovens. Ademais, o filme obteve enorme sucesso comercial e o elenco incluiu Angela Bassett, Laurence Fishburne, Cuba Gooding Jr (relevado pela trama) e o rapper Ice Cube, este último em seu primeiro papel no cinema. “Os Donos da Rua” também é conhecido pela trilha sonora original, que contribuiu para popularizar o rap, com músicas de Ice Cube, 2 Live Crew e Too $hort.

Dirigiu também, ‘‘Sem Medo no Coração’’, estrelado pela cantora Janet Jackson, juntamente com o rapper Tupac Shakur e a atriz Regina King.

“Duro Aprendizado” (1995) e “O Massacre de Rosewood” (1997) foram outros títulos que enveredaram pela complexidade da vida negra nos Estados Unidos, trazendo, respectivamente como pautas, o ambiente universitário e remontando um linchamento ocorrido na década de 1920 numa cidade da Flórida.

Em 2003, ano em que recebeu sua estrela na calçada da fama, dirigiu “+ Velozes + Furiosos”, seu maior sucesso comercial; o longa de ação “Quatro Irmãos” (2005), com Mark Wahlberg, Andre Benjamin e Tyrese Gibson, entre outros filmes.

Em seus últimos anos de vida, Singleton trabalhou na TV, tendo dirigido episódios das séries “Snowfall”, “Empire” e “American Crime Story”. Por esta última, recebeu indicações ao prêmio Emmy pela direção de uma minissérie.

John Singleton viveu e deixou o seu legado e, sem dúvida, as suas obras cinematográficas e os assuntos nelas abordados pavimentaram o caminho para outros diretores negros, os quais Lee Daniels (“Preciosa”), Barry Jenkins (“Moonlight”), Jordan Peele (“Corra!”) e Ryan Coogler (“Pantera Negra”).

Fale Agora Refazer a busca