Luiz Gonzaga nasceu em Exu, Pernambuco, em 1912, e transformou os ritmos do Nordeste em símbolos nacionais. Com a sanfona, levou o baião, o xote e o xaxado para os palcos do Brasil e do mundo. Suas parcerias com Humberto Teixeira e Zé Dantas resultaram em clássicos como “Asa Branca” e “Xote das Meninas”. Nos anos 1980, reaproximou-se de Gonzaguinha e voltou aos holofotes. Gravou 56 discos e compôs mais de 500 músicas, sempre fiel à cultura nordestina. Recebeu o reconhecimento do público e da crítica, inclusive com homenagens póstumas. Faleceu em 1989, deixando uma obra que reverbera até hoje.
Notícias
Jovelina Pérola Negra
Jovelina Pérola Negra nasceu no Rio de Janeiro, em 1944, e transformou sua voz rouca e grave em símbolo do samba de raiz e do pagode carioca. Herdou a força vocal e a ancestralidade de Clementina de Jesus, e antes da fama, trabalhou como empregada doméstica. Marcou a cena musical dos anos 1980 e 1990 com um estilo próprio e contundente, tornando-se referência feminina nos terreiros e palcos. Gravou cinco álbuns, recebeu Disco de Platina e emplacou sucessos como Feirinha da Pavuna e Bagaço da Laranja. Firme, popular e potente, Jovelina segue viva na memória do samba brasileiro.
Juliano Moreira
Juliano Moreira nasceu em Salvador em 1872, negro e de origem humilde, superou o racismo estrutural e tornou-se um dos maiores nomes da medicina brasileira. Ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia aos 15 anos e formou-se aos 19, destacando-se pela inteligência e dedicação. Atuou como psiquiatra, pesquisador e reformador do modelo manicomial, humanizando o tratamento de pessoas com transtornos mentais. Rejeitou o racismo científico e defendeu causas anticolonialistas nos congressos internacionais. Fundou a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Ciências Afins e modernizou o Hospício Nacional. Morreu em 1933, em Petrópolis.
Jurema da Silva
Jurema Batista destacou-se como uma das mais atuantes mulheres negras na política brasileira. Iniciou sua trajetória como liderança comunitária no Andaraí e ajudou a fundar o PT no Rio de Janeiro. Como deputada estadual, presidiu a Comissão de Combate à Discriminação na Alerj e criou leis emblemáticas, como o Disque Discriminação e a reserva de 40% de negros na propaganda pública. Indicada ao Nobel da Paz em 2005, presidiu a FIA e atua como gerente de segurança alimentar. Também coordena formação política no MNU. Sua atuação sempre uniu justiça social, cultura popular e combate ao racismo institucional.
33 ANOS DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)
A Fundação Cultural Palmares parabeniza os 33 anos da criação da Lei n.º 8.069, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), comemorada , comemora nesta quinta-feira 13 de julho de 2023. A lei que foi sancionada em 1990, durante o governo de Fernando Collor, prevê proteção integral às crianças e adolescentes brasileiras.
A lei assegura a proteção integral dos direitos da criança e do adolescente, garantindo seu desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social de forma saudável e digna.
O estatuto também busca combater a violência, a exploração e o abuso contra crianças e adolescentes, além de promover a inclusão social. Esse conjunto de leis específicas, conjectura direitos humanos fundamentais, como à educação, ao lazer, à dignidade, à saúde, à convivência familiar e comunitária, aos objetos pessoais.
O ECA é uma referência importante para a promoção e proteção dos direitos de crianças e adolescentes no Brasil. Ele estabelece um conjunto de diretrizes que devem ser seguidas por todos os órgãos e instituições envolvidas com a infância e juventude, visando garantir o pleno desenvolvimento e bem-estar dessa população.
Por Fundação Cultural Palmares.
Lélia Gonzales
Filha de um ferroviário negro e de uma empregada doméstica indígena, Lélia Gonzalez nasceu em Belo Horizonte em 1935 e se tornou referência no pensamento negro e feminista brasileiro. Como antropóloga, filósofa e intelectual pública, denunciou o racismo estrutural e o sexismo enfrentado pelas mulheres negras. Foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado e estabeleceu pontes entre a academia e a militância. Seus textos sobre identidade, linguagem e colonialismo propuseram um novo olhar para a cultura afro-brasileira. Lélia também valorizou o saber popular e a oralidade como formas legítimas de conhecimento. Sua presença continua a ecoar nas lutas por equidade racial e de gênero no Brasil.
Léa Garcia
Léa Garcia nasceu no Rio de Janeiro em 1933 e atravessou o século como uma das atrizes negras mais emblemáticas da cena brasileira. Criada pela avó materna, teve acesso à educação de qualidade e conheceu o Teatro Experimental do Negro aos 16 anos, onde iniciou sua trajetória artística e política ao lado de Abdias Nascimento. Estreou nos palcos em 1952 e no cinema em 1959, com o premiado “Orfeu Negro”, que lhe rendeu reconhecimento internacional no Festival de Cannes. Com mais de sete décadas de carreira, consolidou uma voz firme contra o racismo e o machismo. Foi homenageada pelo Guilford College como uma das dez mulheres mais influentes do século XX. Sua atuação uniu arte e militância.
Leci Brandão
Leci Brandão nasceu em 1944, no Rio de Janeiro, e tornou-se uma das maiores vozes do samba brasileiro, com uma trajetória marcada por pioneirismo, resistência e compromisso político. Primeira mulher na ala de compositores da Mangueira, lançou mais de 20 álbuns e consolidou um repertório voltado à valorização da cultura negra. Eleita deputada estadual por São Paulo em 2010, ampliou sua atuação na defesa de pautas como igualdade racial, combate ao racismo e valorização das religiões de matriz africana. Leci também integra conselhos nacionais voltados aos direitos das mulheres e da população negra. Suas “canções afirmativas” traduzem a luta que carrega no corpo e na voz.
Luislinda Valois
Luislinda Valois nasceu na Bahia, em 1942, e desde cedo enfrentou o racismo com coragem. Aos nove anos, foi humilhada por um professor por usar material escolar simples, episódio que marcou sua decisão de lutar por justiça. Filha de um motorneiro e de uma costureira, tornou-se, em 1984, a primeira juíza negra do Brasil e, em 1993, proferiu a primeira sentença baseada na Lei do Racismo. Atuou com firmeza na promoção de acesso à justiça e foi reconhecida nacional e internacionalmente. Defende o sistema de cotas e denuncia o racismo velado no Judiciário. Responde ao preconceito com simplicidade, altivez e convicção.
Lima Barreto
Filho de ex-escravizados, Lima Barreto nasceu em um Brasil marcado pelas contradições do pós-abolição. Tornou-se jornalista, tipógrafo e uma das vozes mais agudas contra o racismo e os vícios da República. Estreou na grande imprensa em 1905, com destaque no Correio da Manhã, e também atuou em jornais operários e socialistas. Escreveu romances densos, permeados por crítica social e elementos autobiográficos, como Recordações do Escrivão Isaías Caminha e Triste fim de Policarpo Quaresma. Denunciou o racismo estrutural e a exclusão dos negros das elites políticas e culturais. Deixou 11 livros publicados.
Luís Gama
Luís Gama nasceu em 1830, em Salvador, filho da africana livre Luiza Mahin. Foi vendido como escravizado pelo próprio pai e, ainda jovem, aprendeu a ler com a ajuda de um estudante. Autodidata, tornou-se advogado, jornalista, poeta e um dos principais abolicionistas do país. Libertou mais de 500 pessoas por meio da justiça. Fundou o jornal “Diabo Coxo” e publicou “Primeiras trovas burlescas de Getulino”. Atendeu gratuitamente negros e pobres em tribunais. Morreu em 1882, sem testemunhar a Abolição, mas deixou uma marca indelével na luta por justiça.
Luiz Melodia
Luiz Melodia nasceu em 1951, no morro do Estácio, no Rio de Janeiro, e transformou sua vivência em poesia e melodia. Filho do sambista Oswaldo Melodia, mergulhou na música ainda jovem e lançou o clássico álbum “Pérola Negra” em 1973. Suas composições misturam samba, soul, rock e MPB com autenticidade rara. Ícone de estilo e resistência, ganhou destaque nacional e internacional com shows e prêmios. Gravou mais de dez álbuns e manteve uma trajetória marcada por liberdade criativa. Morreu em 2017, aos 66 anos, deixando uma obra de valor incontestável para a música brasileira.
Luísa Mahin
Luísa Mahin nasceu na Costa Mina, nação africana Nagô, e chegou ao Brasil escravizada no início do século XIX. Integrante da etnia Mahi, envolveu-se em importantes revoltas negras na Bahia, como a dos Malês e a Sabinada. Utilizava seu tabuleiro de quitutes para disseminar mensagens cifradas em árabe, organizando redes de resistência. Recusou o batismo cristão e manteve firmeza diante das imposições coloniais. Foi mãe de Luís Gama, um dos maiores abolicionistas do Brasil. Perseguida por sua atuação, fugiu para o Rio de Janeiro, onde acabou detida. Há indícios de que foi deportada para Angola, embora sem registros oficiais.
Luiz Paulo Costa - “Negão do Bope”.
Luiz Paulo Costa, o “Negão do Bope”, nasceu com o sonho de servir como policial militar. Trabalhava na construção civil para custear o curso preparatório e, aos 22 anos, ingressou na PMERJ. Em 2007, após vencer duras etapas, entrou para o BOPE, onde ganhou respeito e admiração por sua habilidade nas operações. Em 2015, retornou ao 25º BPM para aplicar a experiência adquirida no combate ao crime na Região dos Lagos. Considerado um exemplo de dedicação e coragem, era referência entre seus colegas e na comunidade. No entanto, em 2020, foi morto numa emboscada. O crime permanece impune. A morte do sargento deixou um vazio profundo em sua família, corporação e sociedade.
Lupicínio Rodrigues
Lupicínio Rodrigues nasceu em Porto Alegre, no bairro da Ilhota, em 16 de setembro de 1914. Compositor de dor e boemia, transformou desilusões amorosas em sambas-canção marcantes. Sua primeira música, “Carnaval”, surgiu aos 14 anos. A fama veio com “Se acaso você chegasse”, eternizada por grandes intérpretes. Lupi era fiel à inspiração da vida real, compondo com base em suas próprias histórias. Casou-se em 1949 e abriu uma churrascaria, unindo música e boemia. Autor do hino do Grêmio, deixou cerca de 150 canções. Faleceu aos 59 anos, vítima de complicações cardíacas.
FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES PROMOVE PRIMEIRA EDIÇÃO DO DEBATE DIÁLOGOS PALMARINOS
A Fundação Cultural Palmares, por intermédio do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira (DEP) promoveu nesse sábado,15 de julho de 2023, na sede da fundação, o Diálogos Palmarinos, um evento focado no debate inter-religioso.
A primeira edição, contou com Professor e Doutor Babalawô Ivanir dos Santo, Mãe Baiana e da Pastora Wall Moraes acerca dos princípios, conceitos e as diretrizes que perpetuam o diálogo respeitoso para uma convivência entre pessoas de vários segmentos religiosos.
As diferenças religiosas são uma parte essencial da diversidade religiosa no mundo. Cada religião tem suas próprias crenças, práticas, tradições e ensinamentos. Essas diferenças podem estar relacionadas com conceitos teológicos, rituais, estruturas de liderança, textos sagrados e muito mais.
Conforme lembrado pelos palestrantes, é importante reconhecer e respeitar estas diferenças, já que são uma expressão da liberdade religiosa e da individualidade das pessoas. O diálogo inter-religioso é um espaço onde se pode explorar estas diferenças, fomentar o entendimento mútuo e promover o respeito e a tolerância entre as diversas tradições religiosas.
Através do diálogo inter-religioso é possível buscar pontos em comum e trabalhar juntos em temas de preocupação comum, como a paz, a justiça social, a ética e o cuidado do meio ambiente. Além disso, pode ajudar a desafiar estereótipos e preconceitos negativos que está associado à falta de conhecimento e compreensão entre diferentes religiões.
Na ocasião, foi apresentado o II Relatório sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe será também uma oportunidade de democratizar informações recentes e atualizadas, levantadas por pesquisadores que tem estudado o tema com muita propriedade, pelo Professor e Doutor Babalawô Ivanir dos Santos (Orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada da UFRJ (PPGHC/UFRJ), Coordenador do Observatório das Liberdades Religiosas do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (OLR/CEAP)
Mãe Baiana, líder religiosa do Candomblé, discorre a importância de se preservar a religião e sua importância para a sociedade negra por meio da ancestralidade e tradições milenares, e uma referencia importante para a religião foi Makota Valdina, sacerdotista religiosa, educadora e ativista brasileira conhecida mundialmente pelo seu discurso: “Não sou descendente de escravos. Eu descendo de seres humanos que foram escravizados”.
Em última instância, o objetivo do diálogo inter-religioso foi promover a convivência e construir pontos de compreensão e cooperação entre diferentes comunidades religiosas.
Por Fundação Cultural Palmares.
MOVIMENTO REALIZA PEDIDO DE REGISTRO DO HIP HOP COMO PATRIMÔNIO CULTURAL DO BRASIL
A Construção Nacional da Cultural Hip Hop, que reúne representantes do movimento de todo o Brasil, realizou um ato público nesta segunda-feira, 17 de julho, para pedir o registro do Hip Hop Brasileiro como Patrimônio Cultural do Brasil.
A marcha foi concentrada na praça Zumbi dos Palmares, em frente ao Conic, em Brasília (DF), por volta das 13h, com o encontro final na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), onde o pedido foi formalizado ao presidente do Instituto, Leandro Grass. A entrega ainda contará com roda de breaking, show de rap, batalha de rima e grafitagem de paneis.
Por Fundação Cultural Palmares.
Machado de Assis
Nascido no Morro do Livramento, em 1839, Machado de Assis construiu, com autodidatismo rigoroso, uma das trajetórias mais notáveis da literatura mundial. Filho de lavadeira e de operário descendente de escravizados, aprendeu francês com um padeiro e latim com um padre. Estreou na literatura aos 15 anos e percorreu uma intensa vida intelectual em jornais, revistas e livros. Com “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, reinventou o romance no Brasil e inaugurou sua fase mais crítica e psicológica. Fundou a Academia Brasileira de Letras e a presidiu até a morte. Morreu em 1908, mas permanece intransponível como base da cultura brasileira.
Mãe Aninha
Filha de africanos, Eugênia Anna Santos nasceu em Salvador e se tornou a histórica Mãe Aninha, fundadora do Ilê Axé Opô Afonjá, hoje Patrimônio Histórico Nacional. Iniciada no candomblé do Engenho Velho, ela consolidou uma linhagem religiosa e política marcada pela sabedoria e pela resistência. Atuou com firmeza para garantir o livre exercício das religiões afro-brasileiras, influenciando diretamente o Decreto nº 1202 de 1934. Foi respeitada como liderança popular e espiritual em todo o Estado da Bahia. Morreu em 1938, deixando como sucessora Mãe Bada de Oxalá e, depois, Mãe Senhora. Sua história é referência de poder feminino e ancestralidade.
Mãe Beata de Iemanjá
Beatriz Moreira Costa nasceu em 20 de janeiro de 1931, em Cachoeira do Paraguaçu, e desde cedo recebeu de seus pais os pilares de sua trajetória: dignidade, força e sabedoria. Iniciada para Iemanjá por Mãe Olga do Alaketu, na Salvador dos anos 1950, Beatriz conciliou tradição e ousadia ao buscar o teatro, a cultura popular e os estudos. Após o divórcio, em 1969, migrou para o Rio com os filhos e, sem apoio familiar, firmou-se na rede de axé. No Ilê Omi Oju Arô, tornou-se referência espiritual e social, com atuação em saúde, educação, direitos humanos e cultura de paz. Biata transformou a dor em legado e fez da fé um instrumento de justiça e reparação.