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Nova sede em Porto Alegre reforça presença da cultura afro-brasileira no Sul do país
Porto Alegre recebeu, nesta quinta-feira, 14, a inauguração da nova sede da representação regional da Fundação Cultural Palmares no Rio Grande do Sul. O espaço marca a retomada da presença institucional da FCP no estado, fortalecendo o diálogo com a população negra, artistas, mestres e comunidades tradicionais.
A cerimônia contou com a presença do secretário-executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares; da deputada federal Reginete Bispo; do diretor de Promoção e Fomento da Cultura Brasileira da FCP, Nelson Mendes; da representante estadual da Fundação no RS, Maria Conceição; além de lideranças comunitárias, representantes de movimentos culturais e parlamentares gaúchos.
O presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, destacou que a reinstalação da sede no estado é parte de um plano de descentralização e fortalecimento das representações regionais. “A Palmares é do Brasil inteiro. Nosso compromisso é estar presente nos territórios, ouvindo, dialogando e garantindo que as políticas públicas cheguem à população negra”, afirmou.
A nova sede funcionará como ponto de atendimento para demandas culturais, articulação de políticas para comunidades quilombolas, terreiros, grupos de capoeira, blocos afro e artistas locais. Também servirá de ponte para o acesso a programas e editais da Fundação e do Ministério da Cultura, garantindo que as iniciativas cheguem de forma mais ágil ao estado.
Durante o evento, o secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, ressaltou a importância da reabertura: “Esta representação é um símbolo de que o governo federal está próximo da população. É uma porta aberta para que a cultura afro-brasileira siga viva e fortalecida no Rio Grande do Sul”.
A deputada Reginete Bispo destacou que a presença da Fundação no estado representa mais do que infraestrutura: “É um ato político de reconhecimento e valorização das nossas histórias e lutas. Aqui será um espaço de escuta e ação”.
O diretor Nelson Mendes reforçou que a nova sede é fruto de articulação e persistência: “Encontramos a representação sem estrutura, mas com muita disposição de trabalho. Agora, temos condições de atender a população com dignidade e construir projetos que reflitam a riqueza da cultura afro-brasileira”.
A inauguração foi concluída com o convite à comunidade para participar, nesta sexta-feira, 15, às 15h, no Museu do Hip-Hop, da roda de conversa “Diálogos Palmarinos”, um espaço de escuta e construção coletiva voltado ao fortalecimento da cultura negra no Rio Grande do Sul.
Endereço da Fundação Cultural Palmares, em Porto Alegre (RS).
Avenida Loureiro da Silva, 445, sala 848 - Centro Histórico
Museu do Hip Hop se torna palco dos Diálogos Palmarinos
Por: Marcela Ribeiro, coordenadora de Comunicação da Fundação Cultural Palmares
Na última sexta-feira, 15 de agosto, o Museu do Hip Hop, em Porto Alegre, recebeu a visita institucional da Fundação Cultural Palmares e sediou a atividade Diálogos Palmarinos, espaço voltado ao diálogo com a comunidade e à construção coletiva de ações em prol da cultura negra.
A programação contou com apresentações de dança, performances de poesia e rima, além de uma demonstração de grafite, que transformaram o encontro em uma celebração da força criativa do hip hop. O público participou ativamente e reafirmou a relevância cultural e política dessa expressão artística que nasce nas periferias.
Estiveram presentes o presidente da Fundação, João Jorge Rodrigues, o diretor Nelson Mendes e a representante da FCP no Rio Grande do Sul, Maria Conceição, responsável por articular a visita e aproximar a Fundação da comunidade local. Para ela, o encontro fortalece laços fundamentais: “O Museu do Hip Hop é uma conquista coletiva que nasce da luta do povo negro gaúcho. Conduzir a Fundação Cultural Palmares nesta visita é reafirmar que este espaço pertence à nossa história e ao nosso futuro, porque inspira juventudes e mantém viva a nossa memória”.
Em sua fala, João Jorge destacou a importância de Porto Alegre na história do movimento negro, lembrando que foi da cidade que surgiu a proposta do Dia Nacional da Consciência Negra, formulada pelo poeta e ativista Oliveira Silveira, que dá nome à biblioteca da Fundação.
O Museu do Hip Hop, que recebeu apoio da Lei Rouanet e do Ministério da Cultura, é hoje referência no Rio Grande do Sul como espaço de memória, formação artística e afirmação da cultura urbana negra. Ao final do encontro, a Fundação reafirmou sua disposição de caminhar ao lado do movimento negro gaúcho, fortalecer parcerias e projetar ações conjuntas em benefício da democracia cultural no Brasil.
Adriana Barbosa
Adriana Barbosa é hoje referência no empreendedorismo negro no Brasil. Fundadora da Feira Preta, maior evento afrocentrado da América Latina, promove inovação econômica e cultural da população negra. À frente do Instituto Feira Preta, fortalece negócios, amplia redes colaborativas e propõe ações contra o racismo estrutural, sempre com criatividade e sensibilidade. Seu trabalho ganhou reconhecimento em premiações como o Troféu Grão, Empreendedora Social pela Folha e Schwab Foundation, além da inclusão pela Forbes entre as mulheres negras mais influentes da América Latina. Convidada frequente para palestras internacionais, é referência em diversidade, inclusão econômica e transformação social pela valorização da identidade negra.
Adriana Lessa
Adriana Lessa despontou pela versatilidade artística ao trocar o atletismo pelas artes cênicas em 1986, sob direção de Antunes Filho. Alcançou reconhecimento nacional com personagens marcantes em Terra Nostra, O Clone e Senhora do Destino. Multifacetada, atua como cantora, radialista e apresentadora, consolidando sua posição como artista expressiva na cultura brasileira. Sua carreira inclui participações destacadas no cinema e teatro, interpretando personagens complexas e diversas, reflexo da sua habilidade para transitar entre gêneros artísticos. Ativista contra o racismo e pela representatividade negra na mídia, participa regularmente de eventos e debates sobre diversidade e igualdade racial.
Adriana Marmori Lima
Professora e pesquisadora, Adriana Marmori Lima é a primeira mulher negra a assumir a reitoria da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Doutora em Educação, ela atua na valorização da cultura afro-brasileira e na implementação de políticas de inclusão, o que reforça o papel da universidade na promoção da equidade racial. Sua liderança inspira a comunidade acadêmica e a sociedade, e demonstra o poder transformador da educação e da representatividade. Sua gestão marca a história da instituição, consolidando um compromisso com a diversidade e a excelência acadêmica.
Afronta MC
Afronta MC representa uma voz firme da cena cultural capixaba e brasileira. Sua música, teatro e ativismo social denunciam violências contra pessoas trans e negras, ampliando o debate sobre dignidade e justiça social. Rapper e atriz, Afronta MC usa sua arte como ferramenta de resistência e acolhimento nas periferias, sendo símbolo de representatividade. Participa frequentemente de festivais culturais LGBTQIA+, promove oficinas e encontros que empoderam jovens trans e periféricos. Também lidera projetos educativos e culturais, transformando a música em instrumento de afirmação identitária e transformação social.
Agostinho Neto
Poeta, médico e líder revolucionário, Agostinho Neto foi o primeiro presidente de Angola independente. Fundador do MPLA, ele liderou a luta contra o colonialismo português e instituiu políticas de construção nacional. Sua obra poética permanece como símbolo da resistência africana. Ele é lembrado por sua determinação na busca pela autodeterminação e por seu legado intelectual, que inspirou gerações. Neto pavimentou o caminho para a soberania de Angola, e dedicou sua vida à libertação e ao desenvolvimento de seu país.
Aílton Graça
Aílton Graça construiu uma carreira sólida e respeitada na dramaturgia nacional, destacando-se em atuações marcantes como em Carandiru e Império. Sua origem na periferia paulistana influencia seu trabalho artístico e sua militância por diversidade racial no audiovisual. Sambista autêntico, utiliza seus personagens como expressão política e cultural, valorizando a memória afro-brasileira em suas múltiplas manifestações. No cinema brasileiro, recebeu prêmios importantes por humanizar personagens periféricos com sensibilidade e precisão dramática. Presença frequente em eventos sobre representatividade racial, compartilha suas vivências e inspira novas gerações de artistas negros.
Albuíno Azeredo
Albuíno Azeredo iniciou sua trajetória singular como vendedor ambulante e atleta, formando-se em engenharia pela UFES. Criou a ENEFER e, como secretário de Planejamento, destacou-se na modernização do transporte público. Filiado ao PDT, tornou-se um dos primeiros governadores negros brasileiros, valorizando especialmente mobilidade urbana e gestão pública eficiente. Após o mandato, assumiu cargos relevantes no Rio de Janeiro à frente da Rio Trilhos e Flumitrens. Sua vida pública caracteriza-se pela dedicação à infraestrutura e defesa de políticas de desenvolvimento econômico e social.
Alceu Colares
Alceu Collares, pioneiro na política gaúcha, foi o primeiro negro eleito prefeito de Porto Alegre e governador do Rio Grande do Sul pelo PDT. Sua carreira, iniciada como carteiro, culminou na advocacia e ativa participação nos movimentos trabalhistas. No governo, criou os Coredes e promoveu a modernização da educação com os CIEPs. Após o mandato estadual, voltou ao Congresso, mantendo participação ativa até seus últimos anos, incluindo atuação no conselho administrativo da Usina de Itaipu. Seu legado supera o pioneirismo racial e reforça seu compromisso permanente com justiça social e equidade.
Alcione
Alcione Dias Nazareth, símbolo incontestável do samba brasileiro, conquistou o país desde São Luís com clássicos como “Não Deixe o Samba Morrer” e “Meu Ébano”. Com mais de trinta álbuns lançados e reconhecimentos internacionais como o Grammy Latino, fundou escolas de samba e projetos culturais no Brasil e exterior. Seu trabalho ultrapassa a música, envolvendo-se diretamente em ações sociais, especialmente pela igualdade racial e inclusão feminina. Recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais, além de homenagens que celebram sua trajetória artística e social. Sua presença constante em eventos reforça sua importância como referência cultural.
Aloízio Santos
Aloízio Santos, advogado e político capixaba, governou Cariacica em dois mandatos e representou o Espírito Santo na Câmara Federal em três ocasiões. Destacou-se em comissões parlamentares voltadas à habitação e defesa do consumidor, combinando gestão pública eficiente com forte compromisso contra a desigualdade racial. Implementou projetos inovadores em urbanização e infraestrutura, promovendo ações concretas de inclusão social e combate à pobreza. Sua atuação no cenário nacional priorizou pautas trabalhistas, fortalecendo políticas públicas voltadas à equidade racial.
Alpha Blondy
Cantor marfinense de reggae, Alpha Blondy é conhecido por suas letras politizadas e espirituais, pois ele canta em diversas línguas. Com hits como "Jerusalem" e "Apartheid is Nazism", ele se tornou uma voz poderosa pela paz e justiça social na África e no mundo. Sua música é um chamado à consciência global e à união dos povos, ao utilizar a linguagem universal do reggae para transmitir mensagens de esperança. Blondy se consolidou como um artista engajado, cuja obra transcende as fronteiras geográficas e culturais.
Amílcar Cabral
Intelectual, agrônomo e líder da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Amílcar Cabral, fundador do PAIGC, combinou teoria marxista com saberes tradicionais africanos, o que inspirou movimentos revolucionários no continente. Assassinado antes da independência, ele se tornou mártir da luta anticolonial. Sua visão estratégica e seu profundo conhecimento da realidade africana o tornaram um dos mais respeitados pensadores de seu tempo. Seu pensamento continua a influenciar teorias de libertação e desenvolvimento no contexto pós-colonial.
Ana Maria Gonçalves
Ana Maria Gonçalves tornou-se destaque na literatura contemporânea com Um defeito de cor, romance premiado pela Casa de las Américas ao recuperar a história da heroína negra Luísa Mahin. Sua obra transita entre literatura e dramaturgia, tornando-se referência em oficinas de criação literária. Tornou-se a primeira mulher negra eleita para a Academia Brasileira de Letras, marcando sua contribuição à valorização cultural afro-brasileira. Seus textos são frequentemente discutidos em cursos sobre literatura negra e identidade. Engajada em movimentos antirracistas, participa ativamente de conferências internacionais sobre presença negra na literatura.
Anastácia Lia
Anastácia Lia ganhou reconhecimento nacional ao interpretar Alcione no espetáculo “Marrom, O Musical”, dirigido por Miguel Falabella. Artista maranhense, une tradição popular como tambor-de-crioula e bumba-meu-boi a performances contemporâneas, destacando a identidade afro-brasileira. Sua trajetória artística promove diálogo entre cultura popular e resistência social, reforçando a representatividade negra nas artes. Desenvolve projetos independentes que exploram raízes culturais maranhenses e atua em trilhas sonoras cinematográficas. Reconhecida por sua voz marcante e seu compromisso com as artes populares, participa frequentemente de festivais e eventos culturais pelo país.
Anita Canavarro Benite
Anita Canavarro Benite é referência brasileira em educação antirracista e ciência inclusiva. Doutora em Ciências pela UFRJ e professora titular da UFG, pesquisa química bioinorgânica medicinal e coordena o Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão (LPEQI). Fundadora do Coletivo CIATA e idealizadora do projeto Investiga Menina, incentiva meninas negras à ocupação dos espaços científicos, promovendo justiça epistêmica. Atuou como presidenta da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), levando a pauta racial ao centro do debate acadêmico e científico. Com presença destacada em congressos nacionais e internacionais, Anita constrói pontes entre academia e militância, ampliando o acesso de jovens negras às ciências.
Antônio Pereira Rebouças
Antônio Pereira Rebouças foi figura pioneira na história jurídica e política do Brasil Imperial. Nascido em 1798 na Bahia, filho de uma mulher liberta e um alfaiate português, venceu barreiras raciais pela dedicação autodidata e brilhantismo intelectual. Deputado geral pelas províncias da Bahia e Alagoas, conquistou o respeito e tornou-se conselheiro do imperador Dom Pedro II, consolidando-se como referência no direito civil brasileiro. Sua atuação destacada na independência da Bahia estabeleceu seu legado político e social, abrindo espaço numa sociedade profundamente racista. Pai dos notáveis abolicionistas André e Antônio Rebouças Filho, transmitiu valores de liberdade e justiça às gerações seguintes, consolidando seu nome na história nacional.