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Presidente da FCP/MinC palestra sobre políticas para a Cultura Afro-Brasileira na UFBA
Brasília, 26/6/07 – O presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo é um dos participantes da edição de encerramento do III Ciclo de Debates sobre Políticas Culturais: Políticas Culturais do Governo Lula/Gil, promovido pelo Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Zulu Araújo irá palestrar no evento desta terça-feira (26), a partir das 19h, sobre Políticas Culturais para as Culturas Populares e para a Cultura Afro-Brasileira. Junto com Zulu também irá palestrar no evento o secretário de Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Sérgio Mamberti.
Realizado desde o dia 22 de maio último, o Ciclo de Debates já abordou sobre Políticas Culturais para o Livro, a Leitura e para Bibliotecas, Políticas Culturais para o Audiovisual, Plano e Sistema Nacional de Cultura e Pontos de Cultura, Políticas de Financiamento à Cultura e Políticas Culturais para as Artes e para o Pensamento, com dirigentes do Sistema MinC. O evento é aberto ao público e tem entrada franca.
Titulação do Quilombo da Pedra do Sal volta a discussão pelo MP em 4 de setembro
Ainda no Rio de Janeiro, o procurador Alcides Gama ouviu os moradores da Pedra do Sal e os mesmos se declararam agradecidos ao ingresso da Fundação Cultural Palmares na luta pela titulação da terra, antigo posto de comercialização de escravos, junto ao complexo portuário e ao centro do Rio de Janeiro. O presidente da Arqupedra, Damião Braga Soares dos Santos também considerou positivo o resultado da audiência e lembrou que a inserção da Fundação Cultural Palmares no caso, já que foi a instituição que concedeu em dezembro de 2005 a certidão de auto-reconhecimento à Pedra do Sal como área quilombola, garante mais segurança e mobilização às famílias que vivem na área.
Entenda o caso:
A Ordem Terceira da Penitência afirma ser proprietária de todo o espaço após receber os mesmos de herança de um padre há mais de 300 anos. Os quilombolas dizem que na verdade a polêmica começou a se acirrar em 1999 quando o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, anunciou a realização de um projeto de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro, o qual incluiria ações de restauro e modernização da área onde está localizada também a área da comunidade quilombola. A partir da valorização dos terrenos, cujo metro quadrado fora estimado ficar em torno de US$ 5 mil a partir da revitalização aumentou a cobiça tanto do setor imobiliário quanto da própria Ordem Terceira, que anuncia utilizar os imóveis para compor um projeto social com benefícios para mais de 40 mil pessoas.
Lançado em Porto Alegre o Portal da Negritude Gaúcha
Entre os destaques do conteúdo está a seção de busca, que traz um mapa do Estado com o percentual de negros e informações relacionadas às cidades do Rio Grande do Sul. O portal oferece relevantes matérias sobre os afro-brasileiros, sejam elas sobre as religiões, o samba, o Hip Hop, os mais de 120 quilombos do Estado, os 53 Clubes Sociais Negros, os CTG’s criados por negros, o 20 de novembro celebrado pela primeira vez em 1971, em Porto Alegre, bem como temáticas da negritude.
Para o Conselheiro do CNPIR – Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial no RS, Oliveira Silveira, o portal é um grande passo, somando-se a histórica valorização da cultura afro-brasileira protagonizada pelo Movimento Negro gaúcho. O Portal do CCN significará um espaço virtual para o Centro de Cultura Negra do RS (CCN), que está sendo criado pela sociedade civil, em parceria com os Governos Estadual e Federal.
Rede Amazônia Negra busca parcerias com Fundação Cultural Palmares
Identidade:
Os conflitos agrários também são iminentes na região. Além dos conflitos ainda existentes na região de Mata Cavalo, em Mato Grosso, os quilombolas de Rondônia também convivem com impasses. Um deles é o que existe na área da Comunidade Remanescente de Quilombo de Santo Antônio. A comunidade, conta Silvestre Gomes, já foi titulada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) não aceita a titulação e briga em juízo em razão de a área onde está a comunidade ser de preservação ambiental. Esse caso, diz o dirigente da Rede Amazônia Negra não é o único. Há outros em toda a região Amazônica. Em geral, dizem, os negros da Amazônia sofrem com a invisibilidade, já que quando se pensa ou se fala na região, é sempre destacada a presença indígena. Por isso os índios são os mais beneficiados com ações públicas. Assim como os quilombolas, a situação da mulher negra amazônica também é semelhante ao que se vê no restante do Brasil. “A mulher negra em nossa região sofre também com a submissão e com a violência”, diz Maria Aparecida. A docente da UFMT esclarece ainda que as mulheres negras amazônicas são responsáveis pela organização da ordem familiar, dos quilombos e também são guardiãs de todo o patrimônio religioso existente.”São líderes, mas ainda carecem de políticas de incremento ao estudo e ao trabalho”, conclui.
A chefe de gabinete da Fundação Cultural Palmares, Juscelina Nascimento, se declarou bastante satisfeita com a visita e frisou que a instituição pública federal deseja ampliar as relações com a região Amazônica, inclusive desenvolvendo a idéia de instalar uma representação na região.
Pesquisadores discutem em Alagoas situação do negro na Educação
Maceió, 20/6/07 – Pesquisa e ações sociais para a população negra no País serão assuntos de uma das mesas redondas que prometem aquecer as discussões do 18º Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste (Epenn), que trará para Maceió 2.500 participantes e pesquisadores qualificados. O evento acontecerá no período de 1º a 4 de julho, no Centro de Convenções e no Colégio Marista.
Delcele Mascarenhas Queiroz, doutora em Educação pela Universidade Estadual da Bahia (Uneb), será uma das expositoras da mesa redonda “População negra: pesquisa e ações sociais no Norte-Nordeste do Brasil”. Ela acredita que as dificuldades dos negros não se restringem à educação superior, mas se constroem ao longo do trajeto escolar. “Os problemas se expressam mais visivelmente no ensino superior, porque fica claro o reduzido contingente da raça e o número menor ainda dos que conseguem ingressar e concluir os cursos”, destaca a pesquisadora.
Segundo Delcele, a concorrência entre negros e brancos nos vestibulares é desnivelada e essa diferença se prolonga às faculdades, pois “a maioria desses estudantes não pode dedicar-se exclusivamente aos estudos, por necessitare trabalhar”. A professora acrescenta que os negros normalmente provêm de escolas públicas e têm menor chance ainda de concorrer ou se manter em cursos mais concorridos.
Apesar de o Brasil ser plural quando o assunto é raça, a discriminação ainda aparece, mesmo que camuflada. Delcele Queiroz afirma que na educação, a forma como o sistema de ensino atua constrói informalmente mecanismos de exclusão do estudante negro. “São discursos e práticas inferiorizantes que, sutilmente, estão presentes no cotidiano da escola. É o “racismo institucional”, que não necessita de que ninguém aja diretamente como racista, mas que a própria inércia da estrutura social brasileira, com relação às desigualdades raciais, vai consolidando”, enfatiza.
Importância do Epenn
De acordo com a professora, o Epenn é um fórum privilegiado para a reflexão e o debate em torno das temas educacionais dessas regiões e das questões que tratam da educação da população negra também. Essa importância se dá pela grandiosidade do evento, que trará a Maceió cerca de 2.500 participantes de todos os estados das regiões Norte e Nordeste.
Além desse tema tão atual e propulsor de discussões, o Epenn 2007 também colocará em pauta assuntos como a educação indígena, formação do docente e do pesquisador, juventude, inclusão.
Fundação Cultural Palmares, Secretaria dos Direitos Humanos e GDF unidas para recuperar esculturas da Prainha dos Orixás
O presidente em exercício da Fundação Cultural Palmares/MinC, Antônio Pompêo, acompanhado pela chefe de gabinete da instituição, Juscelina Nascimento e pelo técnico Maurício Reis, da Diretoria de Proteção do Patrimônio Afro-Brasileiro, explicou que na última semana, quando da visita do artista plástico Tatti Moreno a Brasília, comentou sobre a oportunidade de se elaborar um projeto para avaliar os custos necessários para recuperar as imagens. Tatti Moreno também declarou receber, por parte da Fundação Palmares, a garantia de restauro das imagens. Quem vai até a Prainha do Lago Paranóa se depara com um lamentável cenário: todas as 16 esculturas de deuses africanos estão danificadas. Cinco foram arrancadas dos pedestais de concreto – entre elas a de Iemanjá, também decaptada e queimada. Das 11 esculturas que ficaram em pé, as imagens de Exu e Ibeji foram recentemente atacadas.
O assessor especial da SEDH, Ivair Alves dos Santos também destacou a necessidade de se promover ações que recuperem o espaço, tornando mais um local para a promoção de ações culturais afro-brasileiras em Brasília. Ivair vai mais longe. Aponta que a iniciativa a ser realizada entre o GDF, Governo Federal e Federação de Umbanda e Candomblé será fundamental não só para o DF, mas para o Brasil também, pois mostrará a preocupação do poder público e da sociedade em favor do respeito e inclusão da religiosidade e história afro na vida de uma comunidade.
Antenor Júnior apresentou aos presentes o Programa de Governo voltado à Cultura Afro-Brasileira, elaborado pelo GDF através da prefeita do Conic, Flávia Portela. O programa prevê inúmeras iniciativas, das quais destaca as manifestações religiosas e também o incremento de recursos e atrações para um evento já conhecido dos brasilienses: o Reveillon da Prainha, que acontece sempre na virada de cada ano. Antenor aproveitou para salientar a proposta que o GDF tem de realizar, já para a festa de 2008 a maior concentração de moradores e visitantes do DF. “Queremos levar um milhão de pessoas para a rua, em um espaço que vai do Alto do Cruzeiro, pelo Eixo Monumental, até a Prainha dos Orixás”.
Todos os participantes concordaram com uma proposta também apresentada pelos dirigentes. A promoção de feiras de artesanato e cultura afro periódicas no local, assim como está sendo realizado atualmente na Feira de Cultura Popular de Planaltina, DF. As edições da feira tem levado, todos os sábados, famílias, moradores de Planaltina e arredores a conhecer mais sobre a cultura e as tradições daqueles que trabalharam pela construção do Distrito Federal.
Uma nova reunião ficou acordada para o próximo dia 28 de junho, às 15h, na sede da Secretaria de Estado da Cultura do GDF.
Ação interministerial acompanhará titulação do Quilombo da Pedra do Sal, no Rio de Janeiro
O impasse sobre a posse da área quilombola, localizada no bairro da Saúde, na área portuária do Rio de Janeiro veio a público no último dia 25 de maio, em reportagem realizada pela Rede Globo e veiculada no Jornal Nacional. A Ordem Terceira da Penitência, sociedade religiosa e beneficente ligada à Igreja Católica afirma ser proprietária de 130 imóveis localizados em torno da Igreja de São Francisco da Prainha, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/MinC), situado na área onde vive hoje 10 famílias de remanescentes do quilombo da Pedra do Sal.
Na última segunda-feira (11) o presidente da Arqupedra, Damião Braga Soares dos Santos esteve reunido na sede da Palmares, em Brasília com o presidente da Fundação Palmares, Zulu Araújo, e demais dirigentes da fundação. No encontro, o caso da Pedra do Sal foi discutido, com a apresentação de todas as peças processuais que envolvem a certificação e o pedido de titulação, o qual está envolvendo o INCRA e o Ministério Público carioca. Damião considera que a presença da entidade, que emitiu a certidão de auto-reconhecimento aos quilombolas é de fundamental importância para somar a luta pela titulação da área
Fundação Cultural Palmares participa de reunião do G20 sobre Patrimônio Cultural e mudanças climáticas
O presidente da Fundação Cultural Palmares João Jorge Santos Rodrigues, participou na manhã desta segunda-feira (27), de uma reunião do G20, grupo de países com as principais economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana, sobre Patrimônio Cultural e mudanças climáticas. O evento que aconteceu na sede do Serviço Geral de Processamento de Dados (Serpro), contou com palestras e rodas de conversa entre os participantes.
O primeiro Encontro Presencial do Ciclo de Diálogos sobre Patrimônio Cultural e Ações Climáticas, programa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), buscou analisar os principais riscos climáticos que afetam e poderão afetar o Patrimônio Cultural e propor soluções.
O programa, segundo informa o site do Iphan, busca produzir dados e estudos para fortalecer políticas públicas e ações de enfrentamento aos impactos ao Patrimônio Cultural. Ainda de acordo com o órgão, no Brasil, existem patrimônios culturais como edificações, centros históricos, ruínas e sítios arqueológicos, bem como manifestações culturais, entre outros que estão em risco devido às mudanças climáticas.
“É importante que o Ministério da Cultura, bem como a Fundação Cultural Palmares participem de eventos como este, pois estamos falando de diversidade, ou seja, dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores, ciganos, extrativistas e comunidades tradicionais diversas. Nossa missão é cuidar, zelar, mas ao mesmo tempo, incluir”, disse o presidente da Fundação Cultural Palmares.
Presidente da FCP e Ministra da Cultura celebram juntos, modernização no Parque Memorial Quilombo dos Palmares
No último sábado, 25 de maio, Dia da África, o presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP) e a ministra da Cultura, Margareth Menezes participaram da cerimônia de modernização do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, no município de União dos Palmares, em Alagoas. Na mesma data, foi lançado também o Aplicativo da Serra da Barriga, proposta essa pensada com o intuito de melhor atender àqueles que visitam o parque, assim como buscam conhecer a história do local, o qual é símbolo de resistência histórica do povo negro.
A modernização incluiu a restauração e redesign de todas as placas de sinalização, recuperação dos equipamentos de áudio e o lançamento do Aplicativo da Serra da Barriga. O objetivo da ação entre a Fundação Cultural Palmares, o Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, o Projeto Vamos Subir a Serra e o TikTok foi de manter a preservação cultural e histórica de um dos lugares mais importantes do Brasil.
“O Parque Memorial Quilombo dos Palmares é um símbolo da resistência negra no Brasil. Ele é também um testemunho vivo da luta contra a opressão pela liberdade. Ao modernizar este espaço, o Minc, a FCP e seus parceiros não só honram o legado dos quilombolas, mas também fortalece seu compromisso com a divulgação e preservação da história afro-brasileira”, disse o presidente da FCP João Jorge Santos Rodrigues.
O presidente ainda destacou que a modernização não apenas celebra o reconhecimento do passado, mas também projeta o público para as novas experiências contemporâneas e modernas, construindo assim, novas vivencias, uma vez que o aplicativo vai permitir ao visitante, fazer uma selfie com os guerreiros quilombolas Zumbi, Aqualtune, Dandara, Acotirene e Ganga-Zumba.
Além da participação dos integrantes da FCP e do Minc, o evento contou ainda com a presença do vice-governador de Alagoas, Ronaldo Lessa; do historiador Zezito Araújo; de Mãe Neide Oyá D'Oxum, mestra do Patrimônio Vivo de Alagoas; da secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, Márcia Rollemberg; do prefeito de União dos Palmares, Areski Freitas e do reitor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Josealdo Tonholo.
“Esse espaço, que foi o primeiro equipamento inspirado na história afrodescendente, agora, vem com o lançamento de um aplicativo. Muitos sabem do desafio do registro das informações, da construção, no compartilhamento, do como contar. Hoje, o app que leva esse conhecimento para o mundo”, comentou o diretor do TikTok, Handemba Mutana.
Parque Memorial Quilombo dos Palmares
O Parque Memorial Quilombo dos Palmares foi implantado em 2007, em um platô (área plana) do alto da Serra da Barriga. O local foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1985 e em 2017 pelo Mercosul.
Os equipamentos expográficos do Parque foram projetados com liberdade poética contemporânea, a partir de relatos históricos ou referenciados por arquiteturas africanas. A edificações com paredes de taipa, cobertas de palha e o piso feito de terra batida, além da implantação de ocas indígenas, reforçam os referenciais multiculturais de Palmares, como a ancestralidade de ocupação territorial também pelos povos indígenas. Além disso, há espaços para apresentações culturais e mirantes para a contemplação da belíssima vista.
Fundação Cultural Palmares presente a reunião da CPLP em Portugal
O Portifólio:
O Portifólio de Projetos da CPLP é um programa de mudança de ações eminentemente político-burocráticas para ações fortemente ancoradas em conteúdos culturais e desenvolvimento. Os projetos do Portifólio são meios privilegiados para por em prática um novo conceito de cultura e um novo padrão de relações, focados em trocas culturais entre os países da CPLP. É uma proposta que incorpora ainda uma visão renovada da vinculação entre cultura e desenvolvimento como condição anterior e posterior à transformação social.
Comitiva gaúcha visita a FCP e pede apoio para inaugurar Parque Memorial Lanceiros Negros
O presidente da FCP/MinC, Zulu Araújo, se declarou muito satisfeito com a visita e assegurou a delegação gaúcha que está entre as prioridades de sua gestão entregar o Parque Memorial Lanceiros Negros para a comunidade gaúcha e brasileira. O empreendimento, disse Zulu Araújo, é de vital importância para a história negra brasileira, assim como é a Serra da Barriga, em Alagoas, onde em breve será inaugurado o Parque Memorial Quilombo dos Palmares. O grupo gaúcho, que também esteve em Brasília para realizar audiências com parlamentares no Congresso Nacional e visitas a ministérios, volta ao Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (13) com a certeza de sediar um parque de profundo valor histórico, social e cultural.
Um pouco de história:
A Batalha dos Porongos ocorreu no fim da Guerra dos Farrapos, o massacre de todo o corpo de Lanceiros Negros de Teixeira Nunes. Estavam acampados na curva do Arroio Porongos, quando foram atacados pelos imperiais. Ao que se sabe, foi um massacre. Cogitou-se que a matança teria sido combinada com Canabarro para exterminar os integrantes, que poderiam formar bandos após o término da guerra, que já estava sendo tratado. A questão da abolição da escravatura, que era uma das condições exigidas pelos farroupilhas para a paz, entravava as negociações. A libertação definitiva dos ex-escravos combatentes, precipitaria um movimento abolicionista no Império. A mão de obra escrava, à época mantinha a produção agrícola desde os tempos coloniais.
Em Novembro de 1844, estavam todos em pleno armistício. Estavam os Lanceiros Negros, acampados no Cerro de Porongos. A autoridade máxima ali era David Canabarro. O confronto tinha arrefecido e a paz estava sendo tratada. Foi então que apareceu atacando Francisco Pedro de Abreu, ( Chico Pedro ou Moringue). O corpo de lanceiros negros, cerca de 100 homens de mãos livres resistiram e bravamente lutaram até a morte. Foram presos mais de 300 republicanos entre brancos e negros, inclusive 35 oficiais.
Foi mencionada à época uma carta do Barão de Caxias instruindo seu comandado Moringue a dirigir-se ao Cerro dos Porongos , que lá estariam David Canbarro com os Lanceiros Negros. Na carta dizia que tal situação teria sido préviamente combinada com Canabarro. Esta carta foi mostrada em Piratini, a um professor ligado aos demais comandantes farrapos. A autenticidade desta carta foi questionada. Há a argumentação de ela ter sido forjada nas hostes imperiais para desmoralizar Canabarro.
O desastre dos Porongos levou Canabarro ao tribunal militar farroupilha. Com a paz o trâmite continuou na justiça militar do Império do Brasil.O General Manuel Luís Osório, futuro comandante das tropas brasileiras na Batalha de Tuiuti, durante a Guerra do Paraguai fez com que o processo fosse arquivado sem ter sido concluído, em 1866.
Ministério Público, INCRA e quilombolas da Pedra do Sal voltam a discutir titulação da área na próxima semana no Rio de Janeiro
Brasília, 12/6/07 – Um novo encontro entre Ministério Público, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e integrantes da Associação dos Remanescentes do Quilombo Pedra do Sal (Arqupedra), no Rio de Janeiro, a ser realizado na próxima terça-feira, 19 de junho, no Ministério Público do Rio de Janeiro tentará dar encaminhamento a titulação da área quilombola, localizada no bairro da Saúde, na zona portuária da capital carioca. O impasse veio a público após a veiculação de reportagem pela Rede Globo de Televisão (Jornal Nacional), na edição do dia 25 de maio último. A Ordem Terceira da Penitência, sociedade religiosa e beneficente ligada à Igreja Católica afirma ser proprietária de 130 imóveis localizados em torno da Igreja de São Francisco da Prainha, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/MinC), situado na área onde vive hoje 10 famílias de remanescentes do quilombo da Pedra do Sal.
Em reunião realizada nesta segunda-feira (11) na sede da instituição, em Brasília, entre o presidente da Fundação Palmares, Zulu Araújo, dirigentes da fundação e o presidente da Arqupedra. Damião Braga Soares dos Santos, o caso foi discutido, com a apresentação de todas as peças processuais que envolvem a certificação e o pedido de titulação, o qual está envolvendo o INCRA e o Ministério Público carioca. Damião veio solicitar a participação da Palmares na reunião do próximo dia 19, pois considera que a presença da entidade, que emitiu a certidão de auto-reconhecimento aos quilombolas é de fundamental importância para somar a luta pela titulação da área.
O dirigente conta que a luta pela posse da área quilombola vem trazendo desgaste a toda a comunidade. Damião citou o caso de antigos moradores que até já deixaram a área, assustados com o litígio envolvendo o grupo e a Igreja Católica. O presidente da Arqupedra diz que a área exigida para a titulação não inclui a Igreja da Prainha. “Não entendo o porque da reclamação sobre o espaço da capela. A Igreja da Ordem Terceira fica no centro do Rio de Janeiro e até agora a sociedade católica não deixou claro o porque de estar reivindicando todo um espaço o qual não lhe pertence”, disse Damião, lembrando que a instituição está argumentando que precisa dos imóveis para implantar um projeto social, algo que, de acordo com o dirigente quilombola, é desnecessário, pois a Ordem Terceira dispõe de outros espaços pelo Rio e Grande Rio.
Damião concluiu a sua participação no encontro chamando atenção para o fato de se preservar não só os imóveis. “Garantir a titulação da Pedra do Sal é garantir a guarda de uma história de resistência para todo o povo negro. Ele afirmou que a luta dos quilombolas da área não irá parar. “Caso não haja acordo entre todas as partes envolvidas, vamos (quilombolas da Pedra do Sal) ingressar com ação civil pública junto a Justiça para exigir o cumprimento do Decreto 4.887, visto que é um instrumento legal de garantia para a posse da terra”, confirmou. O presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, que já havia se pronunciado sobre o caso em entrevista à Rede Globo de Televisão, garantiu total apoio aos quilombolas da Pedra do Sal e irá indicar um representante da instituição para acompanhar a reunião do próximo dia 19 no Rio de Janeiro.
Entenda o caso:
A Ordem Terceira da Penitência afirma ser proprietária de todo o espaço após receber os mesmos de herança de um padre há mais de 300 anos. Os quilombolas dizem que na verdade a polêmica começou a se acirrar em 1999 quando o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, anunciou a realização de um projeto de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro, o qual incluiria ações de restauro e modernização da área onde está localizada também a área da comunidade quilombola. A partir da valorização dos terrenos, cujo metro quadrado fora estimado ficar em torno de US$ 5 mil a partir da revitalização aumentou a cobiça tanto do setor imobiliário quanto da própria Ordem Terceira, que anuncia utilizar os imóveis para compor um projeto social com benefícios para mais de 40 mil pessoas.
A Comunidade Quilombola da Pedra do Sal recebeu a certidão de auto-reconhecimento da Fundação Cultural Palmares/MinC no dia 12 de fevereiro de 2005. A certidão é o passo inicial para a promoção das ações de identificação, reconhecimento e titulação de terras quilombolas, conforme garante o Decreto 4.887, de 20 de novembro de 2003. Cinco famílias participaram do processo de certificação feita em conjunto com a Fundação Cultural Palmares. Mas um primeiro certificado, emitido de forma preliminar foi feito pelo então secretário de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, à época, Darcy Ribeiro, no dia 20 de novembro de 2004. Em 27 de abril de 1987, o governo do Estado do Rio de Janeiro deferiu a certificação da área e as demais ações em favor da certificação da área da Pedra do Sal se estenderam com a produção de peças para a comprovação da área, como laudo antropológico deferido pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi com todas estas comprovações, apresentadas pelo grupo de moradores, que a Fundação Palmares emitiu a certidão à comunidade.
De porto de escravos a berço do samba carioca:
A Pedra do Sal, que fica no pé do Morro da Conceição, no mesmo bairro, nas cercanias da Praça Mauá, era o local onde os negros foram negociados como escravos logo que desembarcavam no Porto do Rio de Janeiro, vindos da África e da Bahia. Mais tarde, livres, fizeram ali seu ponto para rituais, cultos religiosos, batuques e rodas de capoeira. Sambistas e chorões, como João da Baiana, Donga e Pixinguinha também se reuniam na Pedra do Sal. A Pedra do Sal, assim chamada devido ao sal que ali era desembarcado e comercializado, foi o berço do Samba carioca no final do século XIX. O ponto de encontro do ritmo carioca era um ambiente recheado de inspirações vivas de grupos de samba e ranchos de carnaval.
Fundação Casa de Rui Barbosa Institui Grupo de Trabalho para Programa de Patrimônio, Memória e Reparação
A Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), anunciou a criação do Grupo de Trabalho (GT) responsável pela elaboração do "Programa Abdias Nascimento: Patrimônio, Memória e Reparação".
Instituído pela Portaria FCRB Nº 12, de 24 de maio de 2024, o programa tem como foco, a museologia social e a preservação e difusão de acervos pertencentes a pessoas e instituições negras, povos originários e comunidades periféricas e marginalizadas.
O GT, coordenado pelo Presidente da FCRB, Alexandre Santini, reúne representantes de diversas instituições, incluindo o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro Brasileiros (Ipeafro), Ministério da Igualdade Racial, Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Fundação Cultural Palmares, entre outros.
A participação da sociedade civil é garantida, com representantes de entidades como a Casa Sueli Carneiro e o Instituto dos Pretos Novos (IPN). As atividades do GT incluem a realização de audiências públicas e reuniões abertas para assegurar a participação cidadã e a colaboração técnica de órgãos vinculados ao Ministério da Cultura.
O "Programa Abdias Nascimento" será apresentado no segundo semestre de 2024, marcando um passo significativo na valorização do patrimônio cultural afro-brasileiro e na promoção da justiça social.
Fundação Cultural Palmares/MinC lança livro A Grande Refazenda em Salvador
Brasília – A Associaçao Cultural Os Negões, em parceria com o Centro de Estudos Mário Gusmão e Fundação Cultural Palmares/MinC participam do lançamento oficial do livro “A Grande Refazenda – África e Diáspora Pós II CIAD”. O evento acontece na quinta-feira, 14 de junho, às 19h, na Fundação Casa de Jorge Amado, em Salvador, BA.
Idealizada pela Fundação Palmares/Ministério da Cultura, A Grande Refazenda – África e Diáspora Pós II CIAD reúne o olhar de intelectuais e protagonistas do processo de afirmação étnica brasileira sobre as conseqüências trazidas pela Conferência e o CIAD CULTURAL, na construção da democracia racial brasileira e na inter-relação do Brasil com a África e os demais países diásporos.
Um olhar não único, mas diverso, numa pluralidade complementar de propósitos e objetivos comuns, de tal forma que conjunto de artigos aqui reunidos expressa o mesmo respeito à diversidade que norteia o sentimento e o esforço daqueles que buscam construir um mundo igualitário, liberto das barreiras do preconceito e intolerância.
O título A Grande Refazenda vem do artigo assinado pelo ministro da Cultura Gilberto Gil, um convite ao engajamento de todos nós, de todas as raças, culturas e países, no processo de refazer caminhos na direção do renascimento africano, entendendo a África como elemento primordial na construção de uma nova ordem mundial, que contemple prioritariamente o sentido humano.
E na busca desse sentido humano, A Grande Refazenda abre espaço para o pensamento acadêmico, representado por nomes como Edna Roland, Íris Amâncio, Jocélio Teles dos Santos, Lepê Correia, Paulo Miguez e Carlos Alberto Medeiros; para a visão da militância de quem luta a favor da igualdade racial, expressa pelas palavras de João Jorge Rodrigues e Jorge Portugal; a poesia diáspora de José Carlos Capinam; a sensibilidade de quem reconstrói versões da realidade, na percepção do cartunista Maurício Pestana; o aprendizado trazido na ancestralidade da fé, através de Vilma Santos Oliveira, a Mãe Mukumby; e a perspectiva de quem atua na condução das políticas institucionais, pelo ministro Gilberto Gil, o presidente da Fundação Palmares Zulu Araújo e o coordenador da II CIAD e diplomata do Itamaraty, Marcelo Dantas.
Em todos os autores, a preocupação de traduzir o sentimento renovador, a busca por um renascimento africano, capaz de inspirar um novo posicionamento nas relações internacionais. Um processo em que cabe ao Brasil, conforme evidenciaram os textos reunidos em A Grande Refazenda, o papel de ser um dos protagonistas ativos, de estabelecer uma ponte ligando os dois lados do Atlântico, como sentenciou o presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo.
SERVIÇO:
Evento: Lançamento do livro “A Grande Refazenda ” – África e Diáspora Pós II CIAD
Data: Quinta-feira, 14 de junho de 2007
Local: Fundação Casa de Jorge Amado. Largo do Pelourinho, Salvador, BA
Horário: 19h
Realização: Associação Cultural Os Negões
Promoção: Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura
Apoio: Ministério da Cultura e Ministério das Relações Exteriores
Criança negra não tem destaque na televisão, diz Joel Zito Araújo
RIO MÍDIA – Como as crianças e os jovens negros são retratados pela televisão brasileira?
Joel Zito Araújo – A televisão brasileira, privada ou pública, como regra, não dá nenhum destaque a criança negra. Temos exceções, mas a tragédia que abate os jovens negros, e, por conseqüência, a sociedade brasileira como um todo, demanda uma intencionalidade maior, uma política efetiva de promoção da auto-estima daqueles que tendem a ser representados de forma estigmatizada em nossas telinhas. Mas, os personagens mais importantes negros foram retratados como a criança adotada ou o menor abandonado. Tanto nas telenovelas dos tempos da Tupi como nas produções da Rede Globo de Televisão.
RIO MÍDIA – Estamos diante de uma visão estereotipada, preconceituosa, cheia de clichês?
Joel Zito Araújo – Sim. O grande clichê é o menor adotado ou abandonado, mas também tivemos o moleque de recados engraçado ou o jovem rapper. De uma maneira geral, o que mais quero destacar é que as crianças negras não têm família. É uma visão preconceituosa porque tende a incorporá-las de forma solitária em um elenco de brancos e muitas vezes fazendo o papel do mais inculto ou ignorante. Portanto, a criança negra é incorporada da mesma forma que qualquer personagem negro: entra como estereótipo de si mesmo, e nunca como representação de qualquer ser humano, do brasileiro comum. Esse privilégio somente é dado aos brancos.
RIO MÍDIA – Isso sempre foi assim?
Joel Zito Araújo – Sempre foi assim na história da televisão brasileira. Mas pode ser diferente, vou dar como exemplo a garota negra (Biba) da produção infantil Castelo Rá-Tim-Bum. Uma personagem linda e de sucesso.
RIO MÍDIA – Quais são as conseqüências desta abordagem para a constituição das identidades das crianças?
Joel Zito Araújo – A TV brasileira praticamente não oferece a possibilidade de nossa criança afro-descendente ter modelos que promovam a sua auto-estima, enquanto que as crianças brancas, especialmente as de padrão ariano, louras dos olhos claros, são hiper-representadas nos comerciais, nas telenovelas e nos filmes. O resultado é óbvio: enquanto a criança negra tem vergonha de sua negritude, de sua origem racial, porque cresce em um ambiente social e educacional de recusas que promovem uma auto-estima negativa, a criança branca cresce superpaparicada e com uma impressão de que é superior a todas as outras. Portanto, a sociedade – com o seu racismo – provoca distorções tanto nas crianças negras quanto nas crianças brancas.
RIO MÍDIA – Se a televisão, como dizem alguns especialistas, é o espelho da sociedade, então somos um país extremamente racista?
Joel Zito Araújo – É evidente que somos. Todos os indicadores sociais comprovam isto. O arianismo é racismo, herança hitlerista. Somos uma sociedade guiada para a promoção do branco e para a negação do afro-descendente.
RIO MÍDIA – O que pode se feito para mudar este quadro?
Joel Zito Araújo – Exigir do Governo e das elites econômicas, artísticas e intelectuais, o compromisso com políticas de reparação. Com inversões financeiras de vulto em programas educacionais, culturais e de saúde. E com cotas nas universidades.
Professores alagoanos debatem Ações Afirmativas e Racismo
Maceió, 28/5/07 – Mais de 200 professores de várias regiões do Estado de Alagoas tiveram a oportunidade de assistir no último dia 25 de maio aos painéis e participar do XX Encontro Afro Alagoano de Educação. Promovido pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, por meio do Núcleo Temático de Identidade Negra na Escola (Nutine), Secretaria Especial de Direitos Humanos e Fundação Cultural Palmares/MinC. A plenária teve como objetivo, segundo a coordenadora geral, Arísia Barros, levar aos educadores mais informações sobre o conteúdo da Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003 e amplas visões e análises sobre o combate ao racismo nas esferas públicas da sociedade.
Na primeira palestra do encontro, a secretária executiva do Instituto Magna Matter, Patrícia Mourão, fez uma apresentação do Projeto Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Empreendimento cultural inédito no Brasil e na América Latina irá ofertar, assim que estiver inaugurado, a oportunidade de os visitantes conhecerem mais sobre o Quilombo dos Palmares e da cultura negra brasileira. Seguindo, o professor da Universidade de Brasília, Nelson Inocêncio, apresentou um relato sobre as Ações Afirmativas promovidas pelo Estado Brasileiro e as iniciativas hoje realizadas para erradicar o racismo e a discriminação. No mesmo dia, o jornalista Oscar Henrique Cardoso apresentou o painel Função Social da Comunicação em um Brasil Miscigenado. Após sua fala, o tema Ações Afirmativas voltou a pauta, com a apresentação dos painéis da vereadora Fátima Santiago, de Maceió, do secretário de Ações Afirmativas da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Jorge Carneiro, e a participação do professor Nelson Inocêncio e do jornalista Oscar Henrique Cardoso.
Parque Memorial Quilombo dos Palmares, referência negra para o Brasil e América Latina em Alagoas
União dos Palmares, AL, 28/5/07 – Em breve, o Brasil e a América Latina ganharão o primeiro parque temático inspirado na história afrodescendente. É o Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Projeto apoiado pela Petrobras, Ministério do Turismo e Fundação Cultural Palmares/MinC, o empreendimento está instalado na Serra da Barriga, no município de União dos Palmares, distante pouco mais de 70 kms de Maceió. A realização de uma feijoada, para militantes do movimento negro, lideranças religiosas e autoridades locais e estaduais, no último dia 25 de maio, serviu para apresentar a infra-estrutura do novo parque, construída e pronta para ser inaugurada. Inspirado nas referências históricas conhecidas, o Parque Memorial Quilombo dos Palmares homenageia a epopéia palmarina, a partir de uma releitura que incorpora os consenso das interpretações e as expressões culturais afro-brasileira e indígena. A riqueza do patrimônio imaterial afro-brasileiro tem sido preservada através da oralidade e das práticas religiosas, culturais e artesanais, encontradas nas Casas Religiosas de Matriz Africana e nas Comunidades Remanescentes de Quilombo. Estas são as fontes de criação do conteúdo cultural do Parque Memorial Quilombo dos Palmares.
O cuidado em não apresentar o falso histórico permeia todos os elementos do Parque – principalmente as construções que, inspiradas na arquitetura de matriz africana e indígena, oferecem uma infra-estrutura ambientalmente correta, segura e confortável para os visitantes. O desenvolvimento do turismo sustentável baseia-se nas vertentes da valorização e preservação culturais e ambientais, aliadas à inserção da comunidade local, oferecendo qualidade no atendimento e geração de trabalho e renda. Assim, o Parque Memorial Quilombo dos Palmares deverá ser o equipamento âncora deste processo. A sua implantação será também um futuro catalisador de reflexões e debates, reinserindo a Serra da Barriga, em nível nacional, nas discussões ligadas à construção e o avivamento da identidade negra, através da sua cultura e sua História.
Para a idealizadora do parque e secretária-executiva do Instituto Magna Matter, Patrícia Mourão, recuperar a Serra da Barriga e ofertar aos alagoanos e brasileiros a oportunidade de conhecer o local que abrigou o Quilombo dos Palmares serve sim para resgatar a história e a cultura negra, principalmente valorizando suas manifestações culturais e religiosas. Conheça mais sobre o Parque Memorial Zumbi dos Palmares visitando o site www.quilombodospalmares.org.br
Um pouco de história sobre o Quilombo dos Palmares:
Na história das revoltas escravas brasileiras, a de Palmares ocupa lugar ímpar. Não foi apenas a primeira, mas, também, a de maior envergadura. No decurso de quase um século os escravos da então capitania de Pernambuco resistiram às investidas das expedições continuamente enviadas por uma das maiores potências coloniais do mundo. Projeta-se como o acontecimento dominante da história pernambucana na segunda metade do século XVII e como um dos mais sérios problemas que a administração colonial lusitana teve de enfrentar no Brasil. Pois inúmeras vezes a coroa admitiu francamente que a extinção de Palmares teve uma importância comparável à da expulsão dos holandeses. Comandadas por alguns dos melhores chefes militares da época, mais de trinta expedições – provavelmente o número passou de quarenta – marcharam contra Palmares, no mais prolongado e árduo esforço bélico da história colonial, à parte o da luta contra os holandeses. Na história das Américas, só perde em importância para a de Haiti. Um historiador como Oliveira Martins, que certamente não pecava por simpatia para com os escravos, viu em Palmares uma Ilíada e batizou Macaco, a capital palmarina, de Tróia Negra. Ainda hoje, à distância de quase três séculos, seu acento libertário e seu socialismo infuso suscitam emoção e entusiasmo. Extraído do livro “Palmares – A Guerra dos Escravos”, Décio Freitas, Edições Graal, 1982.
Os habitantes de Palmares:
Macaco, sobre a Serra da Barriga, era a mais importante. Possuía 1.500 casas e uma população de cerca de oito mil habitantes. Estrategicamente era quase inexpugnável e por isso veio a se converter na capital da república negra. Amaro possuía mil casas e uma população avaliada em 5 mil habitantes. Subupira, Osenga, Zumbi, Acotirene, Tabocas, Acotirene, Danbrabanga e Andalaquituche, são algumas das povoações palmarinas.
As estimativas sobre a população palmarina nessa época são contraditórias, oscilando entre um mínimo de dez e um máximo de trinta mil habitantes.
Nem só negros ou ex-escravos viviam nos Palmares. Ainda que em pequeno número, havia entre eles índios, mamelucos, mulatos e brancos. Este fato sublinha o conteúdo essencialmente social do movimento palmarino. Desde o início, Palmares se constitui em um asilo aberto a todos os perseguidos e deserdados da sociedade colonial.
Nas comunidades negras reinava uma fartura que oferecia um vivo contraste com a perene miséria alimentar das populações do litoral. A abundância de mão-de-obra, o trabalho cooperativo e a solidariedade social haviam aumentado extraordinariamente a produção. Depois de alimentada a população, atendidos os gastos coletivos e guardadas em celeiros as quantidades destinadas às épocas de más colheitas, guerra e festividades, ainda sobrava algo para trocar por produtos essenciais das povoações luso-brasileiras. O caráter nitidamente anti-econômico do sistema escravista é ilustrado por esse contraste entre o rendimento do trabalho do negro quando livre e quando escravo. Era por ser escravo, não por ser negro, que ele produzia pouco e mal nas plantações e nos engenhos. A laboriosidade dos palmarinos foi freqüentemente reconhecida pelas autoridades portuguesas. O governador Brito Freire referiu-se ao “trabalho e indústria dos negros”.
Em tempos de paz, os palmarinos desciam a Porto Calvo, Serinhaém, Ipojuca, Una e Alagoas com o milho, o fumo, a cana, o açúcar, as batatas, o azeite e artefatos manuais, para trocá-los por armas, munições e sal. Quando as hostilidades armadas obstavam ao intercâmbio pacífico, os palmarinos faziam uso da força para conseguir as coisas essenciais de que necessitavam.
Foi, contudo nas zonas de pastagens que se criou uma maranha ainda mais densa de interesses favoráveis à sobrevivência da república negra.
Essas pastagens se situavam em áreas controladas pelos palmarinos. Na sua maior parte eram ocupados por criadores baianos que em sua expansão para o norte haviam cruzado o rio São Francisco, ganhando assim a margem direita pernambucana. Uma vez que as criações de gado – em geral a cargo de indivíduos que viviam solitariamente em uma choça, ajudados às vezes por um ou dois índios, vestindo roupas de couro e alimentando-se apenas de carne e leite – não exigiam nem comportavam o emprego de trabalho escravo, não havia empecilhos insuperáveis à convivência. As vantagens que essa situação proporcionava aos palmarinos eram múltiplas e importantes. Faziam-se pagar em coisas essenciais como armas, munições, sal, ferramentas etc. Os criadores lhes davam couto nas suas escapadas e informações sobre os movimentos do inimigo.
O paulista Domingos Jorge Velho denunciou veemente estes tributários dos negros como responsáveis pela prolongada resistência:
“… sua ambição os fazia ser colonos dos negros e inimigos atuais dos povos, porque para que os tais negros os consentissem povoar as tais terras lhes pagavam tributo, em ferramentas, pólvora, chumbo, armas e tudo o mais que eles lhe pediam… estas contribuições não têm sido a causa mais ocasional do incremento, da potência e do desaforo dos negros, por conseguinte das hostilidades, roubos, mortes, destruições e gastos que têm sucedido neste caso em quase quarenta anos que duram e quiçá tornarão a durar…”
Os palmarinos levavam muito a sério o trato estabelecido com esses seus feudatários. Expulsavam-nos das pastagens quando faltavam ao pagamento ou à ajuda convencionados.
Os criadores tinham bem poucos motivos para desejar o êxito das expedições antipalmarinas. Se a república negra sucumbisse, aquelas pastagens entrariam na posse dos grandes proprietários pernambucanos que as haviam legalmente recebido da coroa ou dos governadores. Ademais, os criadores vendiam seus gados na Bahia, não em Pernambuco, realizando um comércio que suscitava freqüentes atritos entre as autoridades das duas capitanias, pois enquanto as primeiras tratavam de estimulá-lo, as segundas criavam toda sorte de restrições fiscais. Se os criadores baianos colaboravam com os palmarinos, era por pura conveniência. Não se opunham à escravidão, tanto mais que na Bahia eram grandes proprietários de escravos.
Nem bem havia desaparecido no horizonte as velas dos navios que conduziam os restos dos exércitos holandeses e já os dirigentes coloniais se voltavam para a tarefa de destruir o inimigo interno concentrado nas serranias meridionais da capitania.
Não era apenas o caso de extirpar um perigoso foco de rebeldia escrava. As campanhas antipalmarinas seriam igualmente um derivativo para as lutas de classe que o pós-guerra ameaçava desencadear em conseqüência de uma séria de explosivos problemas. Consistia um destes problemas na urgente necessidade de ocupar em algo uma multidão de esfarrapados, famintos e belicosos ex-combatentes que reclamavam as recompensas prometidas como paga nos duros sacrifícios suportados na guerra.
Os ex-combatentes negros não eram uma fonte menor de preocupações. Muitos amos se tinham recusado a ratificar as alforrias prometidas no curso da guerra. Diante do que, alguns desiludidos soldados negros havia escapado ou para Palmares, ou para a Bahia, onde depois integrariam o Terço dos Henriques criado naquela capitania. Extraído do livro “Palmares – A Guerra dos Escravos”, Décio Freitas, Edições Graal, 1982.
Fundação Cultural Palmares/MinC presente ao XX Encontro Afro-Alagoano de Educação
Brasília, 24/5/07 – A Secretaria de Educação promove nesta sexta-feira, dia 25, XX Encontro Afro-Alagoano de Educação, no Palácio República dos Palmares, às 8h. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia 23 deste mês, pelo telefone 3315-1268. Discutir os desafios para a implementação da Lei nº 10.639/03 como política de Estado. Este é o tema do XX Encontro Afro-Alagoano de Educação, que será realizado no dia 25 deste mês, no Palácio República dos Palmares, a partir das 8h da manhã. O encontro é uma promoção da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, por meio do Núcleo Temático de Identidade Negra na Escola (Nutine), em parceria com a Secretaria Especial de Direitos Humanos e a Fundação Cultural Palmares. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas a partir de hoje (16) até o dia 23 deste mês, pelo telefone 3315-1268.
Programação
A abertura está marcada para 8h da manhã. Às 9h30 tem início a primeira mesa-redonda com o tema “Ações Afirmativas: Concretização do Principio Constitucional da Igualdade”. Por volta das 9h50 haverá uma palestra com o tema: “O Brasil e as Políticas Públicas de Combate ao Racismo”, ministrada por Nelson Inocêncio Fernando da Silva, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB). Às 10h10 será discutida “A Importância Histórica do Memorial Quilombo dos Palmares na Serra da Barriga”, com a participação da coordenadora da ONG Magna Mater, Patrícia Mourão, e de um morador da Serra da Barriga. Às 10h30 acontece um debate geral.
A programação continua às 13h40, com Oscar Henrique Cardoso, assessor de comunicação da Fundação Cultural Palmares, que ministrará a palestra “Função Social da Comunicação no Brasil Miscigênico: Onde está o Negro na TV Pública?”. Às 14h20 começa o painel “A Caravana Anti-Racismo”, com o palestrante Márcio de Souza, representante do Movimento Negro e vereador do PT em Florianópolis. Às 15h20 será discutida a “Educação no Parlamento: Estadualização da Lei nº 10.639/03”, com os palestrantes Fátima Santiago, vereadora, e Judson Cabral, deputado estadual. Às 16h, debate geral. O encerramento do encontro está previsto para as 17h.
Quilombo da Pedra do Sal é área remanescente de quilombo, afirma presidente da FCP a Rede Globo
Zulu Araújo esclareceu que uma primeira certificação, dada em uma forma preliminar, foi feito pelo então secretário de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, à época, Darcy Ribeiro, no dia 20 de novembro de 1984. Após, no dia 27 de abril de 1987 o Governo do Rio de Janeiro também deferiu a certificação da área. As ações em favor da certificação da área se estenderam com a produção de peças para a comprovação da área, como laudo antropológico deferido pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro e pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Foi então no dia 12 de fevereiro de 2005 que a Fundação Cultural Palmares emitiu, mediante todas as comprovações anteriores, a certidão de auto-reconhecimento a comunidade quilombola de Pedra do Sal.
Zulu Araújo frisou também na entrevista que todos os processos de autoreconhecimento realizados pela instituição cumprem o Decreto 4.887, de 20 de novembro de 2003 e até hoje não ocorreu nenhum episódio de fraude ou incidente que colocasse em dúvida tal ação.
A Pedra do Sal, que fica no pé do Morro da Conceição, no mesmo bairro, nas cercanias da Praça Mauá, era o local onde os negros foram negociados como escravos logo que desembarcavam no Porto do Rio de Janeiro, vindos da África e da Bahia. Mais tarde, livres, fizeram ali seu ponto para rituais, cultos religiosos, batuques e rodas de capoeira. Sambistas e chorões, como João da Baiana, Donga e Pixinguinha também se reuniam na Pedra do Sal. A Pedra do Sal, assim chamada devido ao sal que ali era desembarcado e comercializado, foi o berço do Samba carioca no final do século XIX. O ponto de encontro do ritmo carioca era um ambiente recheado de inspirações vivas de grupos de samba e ranchos de carnaval.
II Prêmio África Brasil marca as comemorações do Dia da África em São Paulo
ão Paulo, 24/5/07 – Em comemoração ao Dia da África – instituído pela ONU em 25 de maio de 1963 – o Centro Cultural Africano promoverá a segunda edição do Prêmio África-Brasil, no dia 25, às 20 horas.A cerimônia acontecerá no Salão Nobre do Novotel Jaraguá, onde 33 autoridades e personalidades do Brasil e do Continente Africano receberão o Troféu Mama África 2007, um símbolo que reconhece as iniciativas de quem divulgou a cultura e a história da África, através do seu trabalho e somou esforços para estreitar os laços entre brasileiros e africanos, seja promovendo o conhecimento e o melhor entendimento da sua cultura, seja valorizando as comunidades afrodescendentes na política de diversidade. O presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC, Zulu Araújo, participa do evento, onde representará o ministro de Estado da Cultura, Gilberto Gil.
A premiação:
Dividido em 13 categorias (artistas, empresas, empreendedores, políticos,relação exterior, organização social, jornalistas, veículo de imprensa, governo, educação, justiça, africanos no Brasil e religiosos) o II Prêmio África-Brasil será entregue às personalidades como o Ministro da Cultura Gilberto Gil, o Senador Paulo Paim, a atriz e apresentadora Regina Casé, o Canal de TV Futura, a empresa O Boticário, aos cantores Martinho da Vila e Thobias da Vai-Vai e ao cirurgião nigeriano Dele Adesina, entre outros indicados. A apresentação do evento será da jornalista Claudia Alexandre e do radialista Moisés da Rocha. Veja a lista completa dos indicados no site: www.princeadekunle.com/premio2007
Cada personalidade receberá a premiação das mãos do presidente do Centro Cultural Africano, o príncipe nigeriano Adekunle Aderonmu. “Essa é a melhor forma de celebrarmos esta data tão especial. Este prêmio representa a fusão de dois povos, unidos por laços indissolúveis de sangue, de história e de cultura, mas que só há poucos anos se uniram para buscar um conhecimento mais profundo de suas origens, visando uma construção mais sólida de cidadania”, concluiu o príncipe.
O Prêmio África-Brasil 2007 também contará com a presença de diversas celebridades, personalidades e convidados de honra. A cerimônia será uma grande confraternização entre personalidades brasileiras e africanas – onde estarão presentes os ministros Joaquim Barbosa (STF) e Matilde Ribeiro (SEPPIR), o deputado federal Régis de Oliveira, o apresentador Chico Pinheiro, o presidente da Editora Madras Wagner Veneziani Costa, os reis nigerianos Oba Gabriel Adebisi Onafuwa, Oba J A Osunsami J P Adesemowo Olugbadebo e do governador de Estado de Ogun Nigéria Otunba Gbenga Daniel, além de embaixadores de diversos países. Haverá shows de música e dança africana.
Revista África Magazine:
Durante o evento o Centro Cultural Africano fará o lançamento da Revista África Magazine e do “Programa África na Escola”, projeto de responsabilidade social que promoverá ciclos de palestras e atividades para alunos de escolas públicas e privadas, levando atividades lúdicas e ensinamentos sobre a História da África, além de visitas monitoradas à Biblioteca do CCA, que mantém publicações, artesanato e obras de artistas de vários países do Continente Africano, em sua sede no bairro da Barra Funda, em São Paulo. O “Africa na Escola” é uma ação afirmativa que corresponde à Lei 10.639, do Governo Federal, que determina o ensino da História da África e da Cultura Afro-brasileira nas escolas de todo o país.