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Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa honra memória de vítima do preconceito
O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro, surgiu por meio da Lei 11.635/2007 para incentivar a reflexão e ação sobre o tema, mas também para homenagear uma das vítimas do preconceito. Na mesma data, em 2000, a yalorixá Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda, liderança espiritual do Ilê Axé Abassá de Ogum, em Salvador, morreu após um infarto. Acredita-se que o problema de saúde da sacerdotisa teve relação direta com a perseguição que ela sofreu.
Mãe Gilda passou por uma violência que, infelizmente, persiste em todo o Brasil contra as religiões de matriz afro. Ela foi difamada por uma campanha promovida por um segmento cristão conhecido por combater crenças como o candomblé e a umbanda. A líder religiosa chegou a ser acusada de charlatanismo, sua casa foi atacada e pessoas de sua comunidade foram agredidas. Para piorar a situação, a igreja ainda publicou de forma pejorativa uma foto de Mãe Gilda em seu jornal.
Quase duas décadas após a trágica morte de Mãe Gilda, a intolerância persiste no país com atentados a terreiros e agressões aos adeptos das religiões de matriz afro. A Fundação Cultural Palmares (FCP) tem como um de seus objetivos enfrentar qualquer forma de intolerância, além de promover o patrimônio dos Povos de Terreiro. Trata-se de uma luta que deve envolver não só o poder público como toda a sociedade. As denúncias contra esse tipo de crime podem ser feitas pelo Disque Direitos Humanos (Disque 100), do Ministério dos Direitos Humanos, e pela Ouvidoria da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
Eventos no Brasil inteiro marcam O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Dentro das comemorações, será realizado em Salvador, no Auditório Calmon de Passos, no dia 26 de janeiro, o Seminário sobre Intolerância Religiosa e Estado Laico. O encontro é promovido pelo Ministério Público e vai reunir promotores e outros representantes da Justiça para discutir o combate à intolerância religiosa e a importância do estado laico.
Já em Santos (SP), haverá no próximo domingo um encontro entre líderes de diversas religiões no Centro de Culto Afro-Brasileiro Ilê ÀseSobo Oba Àrirá (Rua Otávio Correa, 64, Estuário), a partir das 17h. Durante o evento, que está em sua terceira edição, serão entregues placas em homenagem aos locais que sediaram os atos inter-religiosos nos anos de 2016 e 2017, respectivamente a Mesquita Islâmica de Santos e o Centro Cultural Israelita.