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Debate destaca fortalecimento tradicional e progresso do país durante lançamento de livro
A Empresa Prosul com o apoio da Fundação Cultural Palmares (FCP/MinC) lançaram nesta quarta-feira (26) o livro Terra Negra: caminhos de luz. A obra é resultado do estudo de impactos ambientais da duplicação da BR 101, solicitado à empresa pela FCP, em atendimento aos critérios para o Licenciamento Ambiental (LA).
A área de influência da auto-estrada é de 500km. Nela, se encontram 47 quilombos certificados, desses, 10 compuseram o foco do livro. De acordo com Marlir Trindade Santos, do quilombo Sarilândia, situado em Venceslau Guimarães, no estado da Bahia, iniciativas como essa são importantes enquanto referência sobre a população negra tradicional.
“É um espaço para que possamos avançar e lutar com dignidade e coragem pelas comunidades quilombolas, apoiados, para que os projetos e os direitos não fiquem apenas no papel “, disse Marlir, alertando que muitas vezes a visibilidade só é direcionada às populações tradicionais quando partem de instituições fortes.
Juarez Pereira dos Santos, do quilombo Jericó, do mesmo município, afirmou que a obra é uma ferramenta para que seja pensado o passado, o presente e o futuro dessas comunidades. “A certificação dos quilombos são apenas o primeiro passo. O livro mostra como precisamos saber buscar os recursos a partir dela”.
Presidente da Prosul, Antônio Macedo, referiu como fundamental o fortalecimento da identidade das comunidades e seu consequente empoderamento diante das grandes interferências resultantes do progresso do Brasil. “Hoje vejo como essencial a relação entre os povos tradicionais e os empreendimentos”, afirmou. “
Pontos estratégicos – Alexandro Reis, diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da FCP, atentou para o fato de que as comunidades não estão apenas isoladas, mas localizadas em espaços estratégicos para o país no que tange ao desenvolvimento. Como exemplo, citou as regiões suscetíveis à implantação de usinas hidrelétricas, pontos de duplicações ferroviárias e de defesa do país nas áreas de fronteiras.
“O tema do livro é conflituoso, porém mostra como funciona o diálogo visando a preservação do meio ambiente e dos direitos culturais, históricos e sociais pelas instituições”, disse. Destacando o desempenho da FCP, ressaltou que, apesar das limitações, a Fundação garante a salvaguarda das populações quilombolas em seus mais diversos aspectos.