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CLIMA E SAÚDE
IEC participa da Conferência Global sobre Clima e Saúde 2025
O evento reuniu especialistas, pesquisadores, autoridades de diversos países e representantes da sociedade civil organizada e de povos tradicionais.
A “promoção de serviços de saúde resilientes” é um dos 30 objetivos-chave para a 30ª Conferência das Partes (COP30), sendo o objetivo que cita explicitamente a saúde, como divulgado na Quarta Carta da Presidência Brasileira da COP. E reunir ações concretas para o alcance desse objetivo foi um dos alvos da 5ª Conferência Global sobre Clima e Saúde, realizada em Brasília entre os dias 29 e 31 de julho.
O Instituto Evandro Chagas (IEC); instituição de ciência, tecnologia e inovação ligada à Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde (MS); foi representado na Conferência pela diretora, Lívia Caricio Martins; pela chefe da Seção de Arbovirologia (SEARB/IEC), Livia Casseb; e pelo chefe as Seção de Comunicação e Memória Institucional (SECMI/IEC), Kelvin Souza.
O evento reuniu especialistas, pesquisadores, autoridades de diversos países e representantes da sociedade civil organizada e de povos tradicionais. Durante a abertura a CEO da COP30, Ana Toni, afirmou que o Brasil deverá liderar as ações de enfrentamento aos impactos das mudanças do clima na saúde global. Na ocasião, os ministros do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, e da Saúde, Alexandre Padilha, juntamente com lideranças regionais e internacionais, destacaram a urgência de tratar o tema diante dos efeitos já observados, como a poluição do ar e os eventos climáticos extremos.
"O plano de saúde global mostra para o mundo que temos soluções e elas precisam ser ampliadas e escaláveis, e que o Brasil é um provedor de soluções, em diversas áreas; energia, agricultura, florestas, mas na área de saúde também, onde as pessoas não têm muito esse conhecimento. É uma oportunidade muito grande para a gente colocar a adaptação no coração da COP, que é o que a gente pretende", enfatizou a CEO.

- Ana Toni, CEO da COP30: Brasil deverá liderar as ações de enfrentamento aos impactos das mudanças do clima na saúde global.
A ministra Marina Silva pontuou que um dos impactos mais evidentes das mudanças do clima é o aumento das mortes causadas pelas ondas de calor atualmente, que hoje já somam 500 mil em todo o mundo. Marina destacou que a origem deste grave problema é o aumento da emissão de CO2, que afeta principalmente populações mais vulneráveis — aquelas que menos contribuem para as emissões, e que pagam o preço mais alto por elas.

- A ministra Marina Silva pontuou que um dos impactos mais evidentes das mudanças do clima é o aumento das mortes causadas pelas ondas de calor atualmente.
"Atacar as causas significa reduzir a emissão de CO2, que são causadas pelo uso de carvão, petróleo, gás e desmatamento; cuidar da saúde do nosso planeta. Não temos como cuidar da nossa saúde em um planeta febril" declarou a Ministra.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, por sua vez destacou a importância da ação conjunta: “Vivemos um momento que não é apenas de urgência e emergência, mas de necessidade de mobilização para a transformação. Precisamos realizar um verdadeiro mutirão. Esse esforço coletivo é essencial, pois nenhuma pessoa ou país sozinho consegue promover as transformações necessárias. Por isso, a mobilização de toda a sociedade e de todas as nações é fundamental para coordenar e liderar esse mutirão”.

- O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, por enfatizou a importância da ação conjunta global no enfrentamento da crise climática.
A conferência é organizada pelo Governo Federal, Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Aliança para Ação Transformadora sobre Clima e Saúde (ATACH). Nesta edição, o evento também sedia o encontro anual presencial da ATACH. O evento é realizado com apoio Fundação Rockefeller, Gates e Wellcome Trust.

- A conferência é organizada pelo Governo Federal, Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Aliança para Ação Transformadora sobre Clima e Saúde (ATACH).
Plano de Ação de Saúde de Belém
Durante a Conferência, o Ministério da Saúde do Brasil apresentou o anteprojeto do Plano de Ação de Saúde de Belém, ancorado em princípios de justiça climática e equidade em saúde, reconhecendo que os impactos da mudança do clima são desiguais e exigem respostas direcionadas.
"É inegável que nós temos uma emergência do clima e que isso afeta a saúde das pessoas. E o Brasil traz esse plano nesse momento como central para a agenda climática global porque a saúde pode ter respostas", discorreu Mariângela Simão, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, que coordenou os trabalhos.

- Mariângela Simão, secretária da SVSA/MS: É inegável que nós temos uma emergência do clima e que isso afeta a saúde das pessoas. E o Brasil traz esse plano nesse momento como central para a agenda climática global porque a saúde pode ter respostas.
A secretária ainda convocou pelo espírito de mutirão da COP30 no âmbito das pautas de saúde, explicando que entre os resultados esperados dos grupos de trabalho estão: contribuições concretas ao Plano, definição de responsabilidades dos países e caminhos estratégicos para tornar a saúde um pilar da resposta climática mundial.
O plano brasileiro se estrutura em torno de três eixos principais:
- Vigilância e Monitoramento: busca o fortalecimento dos sistemas de vigilância em saúde para responder de forma eficaz às ameaças relacionadas ao clima, como surtos de doenças transmitidas por vetores e impactos em saúde mental decorrentes de eventos extremos.
- Estratégia de Política Baseada em Evidências: visa acelerar a implementação de soluções comprovadas, promovendo a cooperação entre governos, instituições acadêmicas, sociedade civil e outros atores estratégicos.
- Inovação e Produção: propõe investimentos em pesquisa e tecnologia para desenvolver soluções adaptadas às necessidades específicas das populações mais vulneráveis.
O diretor de Adaptação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Youssef Nassef, sublinhou positivamente o conteúdo do Plano, destacando seu foco na equidade e a ampla adesão à proposta, reforçando o compromisso da UNFCCC em garantir sua efetivação. "Outro ponto positivo da apresentação é a expectativa de continuidade. Não se trata apenas de um grande anúncio que depois some. É essencial haver acompanhamento e garantir que as promessas feitas sejam de fato implementadas. Isso é muito positivo", colocou ele, que conclui pontuando a preocupação com financiamento.

- Youssef Nassef, diretor de Adaptação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).
Desenhado para ser uma referência global, o plano busca liderar ações de resposta aos impactos climáticos sobre a saúde, com destaque para o enfrentamento de eventos extremos, o fortalecimento de sistemas de alerta precoce e a implementação de estratégias de adaptação nos territórios. A iniciativa, de adesão voluntária pelos Estados Membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), reforça o compromisso do Brasil com a equidade em saúde, a justiça climática e a governança participativa.

- Jarbas Barbosa, diretor da OPAS, fala da importância dos organismos multilaterais frente aos desafios climáticos.
“A Organização Pan-Americana da Saúde tem trabalhado com seus Estados Membros, em nível nacional e subnacional, para desenvolver planos de adaptação da saúde às mudanças climáticas e estudos de viabilidade para investimentos. A OPAS está pronta para implementar as políticas mencionadas e o Plano de Ação de Saúde de Belém”, afirmou o diretor da OPAS, Jarbas Barbosa.

- Maior evento de saúde preparatório para a COP30 busca soluções para sistemas resilientes às mudanças climáticas
Participação social
Além das linhas técnicas, o plano enfatiza a participação social, com foco especial em populações historicamente marginalizadas. Desta forma, representantes destes grupos também estiveram presentes, aportando contribuições para enriquecimento do anteprojeto.
"Não basta construir um plano que apenas mencione uma participação efetiva dos povos indígenas, quilombolas, mulheres. É necessário garantir que os conhecimentos desses povos sejam agregados como parte principal de uma saída estratégica", frisou Ângela Kaxuyana, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).
"A população quilombola é essencial para a preservação da floresta e de todos os biomas do Brasil. Somos guardiões da biodiversidade. A Amazônia também é negra. Dados mostram que, em 40 anos, os territórios quilombolas são os que mais preservaram a vegetação nativa, preservando 97% das suas áreas. Apesar disso, 94% dos quilombos estão anexados por conflito territorial e conflitos por água", Sandra Andrade, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) fez questão de relembrar. Ela ainda reivindicou uma maior inserção do Sistema Único de Saúde (SUS) nos territórios.

- Sandra Andrade, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ)
O Instituto Evandro Chagas participou da elaboração do plano com contribuições desde a “Reunião de Consulta Preliminar do Plano de Ação de Clima e Saúde da COP 30”, realizada em março na sede da OPAS.
Preparação para a COP30 e legado para a saúde pública
A COP30 será realizada entre 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém (PA), marcando a primeira vez que a conferência acontece na Amazônia – região estratégica para a resiliência climática e a adaptação do setor saúde.
Além do Plano de Ação em Saúde de Belém, o Brasil trabalha na implementação do AdaptaSUS, plano nacional de adaptação à mudança do clima no setor saúde, e do Plano + Saúde para a Amazônia, que também será apresentado na COP30, com objetivo de promover a equidade, reduzir desigualdades regionais e fomentar tecnologias sustentáveis, respeitando as especificidades socioculturais e ambientais dos estados da Amazônia Legal.
Outro foco é garantir legados estruturantes para a saúde pública, com a ampliação da atenção básica – por meio da construção de Unidades Básicas de Saúde em todo o território nacional e em comunidades indígenas, e do cuidado especializado. Também estão previstas ações para o monitoramento e controle da qualidade da água em Belém e no estado do Pará, priorizando a região Norte, que ainda enfrenta desafios no acesso à água potável.
Acesse abaixo as gravações da Conferência:
- Terça-feira, 29 de julho de 2025
- Quarta-feira, 30 de julho de 2025
- Quinta-feira, 31 de julho de 2025
Fotos:
Zeca Miranda e Laudemiro Bezerra - SVSA/MS
Rafael Medelima - COP30
Walterson Rosa - MS
Rogério Cassimiro - MMA
Com informações de saude.gov.br e cop30.br
Para acessar a programação completa do estande do IEC na GreenZone da COP30, acesse: https://bit.ly/3JLf703

