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LOGÍSTICA
Ministério da Saúde e IEC coordenam trabalho de campo na região do Marajó no Pará
Foto: Gabriel Bandeira MS
Em uma operação logística desafiadora, o Ministério da Saúde, por meio do Instituto Evandro Chagas (IEC), garante o fornecimento de nitrogênio líquido ao estado do Pará para pesquisas sobre febre amarela. As caixas metálicas de nitrogênio líquido – que medem cerca de 1,2 metros e pesam entre 6 e 30kg, desembarcaram na última sexta-feira (7) no município de Breves. O insumo é essencial para a preservação de amostras coletadas pelo instituto em investigações sobre o vírus.
“A logística é difícil porque a gente está falando de um gás que, aqui no estado, tem produção e distribuição restritas a duas empresas, e nenhuma delas está na região das ilhas do Marajó. Então, temos que trazer de Belém”, explica a Chefe da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas (SEARB) do IEC, Livia Casseb.
O nitrogênio é essencial para o congelamento imediato dos mosquitos coletados, impedindo a degradação do material genético do vírus e garantindo a precisão dos testes laboratoriais. Sem ele, as amostras precisam ser armazenadas em refrigeradores comuns, onde o congelamento ocorre lentamente, comprometendo a qualidade dos estudos.
“O mosquito, se armazenado em um freezer comum, a menos 30 ou menos 20 graus, acaba ficando úmido, encharcado, porque demora para congelar. Mas, quando a gente coloca no nitrogênio, o congelamento é imediato, porque ele fica 196 graus Celsius negativos. Isso favorece a recuperação do vírus e garante uma qualidade maior da amostra. Além disso, facilita a identificação do mosquito e o isolamento do vírus, o que é essencial para termos testes mais sensíveis e resultados mais precisos”, esclarece Livia.
Atividades em Campo
A equipe do IEC vem realizando, desde segunda-feira (9), um trabalho entomológico na região – que consiste no estudo dos insetos, fundamental para entender a transmissão da febre amarela na Ilha do Marajó, com foco nas localidades de Limão e Jacarezinho, em Breves. A coleta de mosquitos vetores e primatas não humanos é essencial para identificar a circulação do vírus na região.
“A importância do trabalho entomológico neste momento de surto é coletar e confirmar a transmissão do vírus com a captura de mosquitos e primatas não humanos”, explica o técnico em entomologia do IEC, Durval Bertram. Segundo ele, o nitrogênio líquido é essencial para preservar as amostras e garantir que o vírus permaneça viável até a análise laboratorial. “O nitrogênio conserva a glândula do mosquito e também amostras dos animais, permitindo que a gente consiga fazer o isolamento do vírus lá no laboratório”, detalha.
A coleta ocorre em áreas de difícil acesso, onde os pesquisadores enfrentam terrenos alagados e utilizam técnicas de escalada para capturar mosquitos nas copas das árvores, local onde a espécie Haemagogus, principal transmissora do vírus, é mais abundante. “Nós utilizamos cinto de segurança, trava-quedas e escalamos árvores de até 10 metros para capturar os mosquitos. No topo, conseguimos coletar cerca de 30 exemplares, enquanto no solo, apenas um ou dois”, detalha Bertram.
A investigação inclui também coletas em nível do solo, uma vez que alguns mosquitos podem descer e picar humanos. A análise dessas amostras permitirá entender melhor o surto e orientar medidas de controle da doença. “Sempre que há morte de primatas ou casos humanos, a investigação é fundamental para compreender o ciclo da febre amarela na área, especialmente em regiões de difícil acesso como essa”, reforça o especialista.
A chegada da equipe técnica e do nitrogênio ao Pará reforça o compromisso do Ministério da Saúde em atuar na ponta, superando desafios logísticos para garantir recursos essenciais mesmo em regiões de difícil acesso. Esse trabalho é fundamental para ações estratégicas de vigilância e contenção da febre amarela, garantindo a proteção da população local.
A ação faz parte da missão do Centro de Operações de Emergência para Dengue e Outras Arboviroses (COE Dengue), coordenado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA). A iniciativa conta com a colaboração da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps), da Secretaria Estadual de Saúde Pública do Pará e da Secretaria Municipal de Saúde de Breves, em um trabalho conjunto para ampliar a vigilância epidemiológica e intensificar as ações de contenção da doença.
Sobre o IEC
O IEC, vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde, é referência em pesquisa e vigilância epidemiológica na Amazônia. Com mais de 85 anos de atuação, a instituição desempenha um papel essencial na resposta a surtos e no fornecimento de evidências científicas para a formulação de políticas públicas.
Felipe Moraes
Ministério da Saúde
