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Patrimônio vivo: Funarte e a revitalização da Aldeia de Arcozelo
(Divulgação)
A Aldeia de Arcozelo, marco na história do teatro brasileiro, integra a rede de complexos culturais da Funarte desde 2001. A partir dessa data, a Fundação vem realizando uma série de esforços para revitalizar o espaço e reafirmar sua vocação como patrimônio cultural, artístico e educacional. A trajetória da Aldeia, que remonta à antiga Fazenda Freguesia do século XVIII, em Paty do Alferes (RJ), reflete ciclos econômicos e raízes da história colonial escravagista do Brasil, assim como também as lutas por liberdade e a pulsação criativa das artes no Brasil.
Fundada em 1965 por Paschoal Carlos Magno (1906-1980), artista e diplomata brasileiro, a Aldeia se consolidou como um centro cultural de experimentação e formação artística, um ponto de encontro de jovens e artistas em busca da criação coletiva. Hoje, a Funarte tem a missão de expandir as ações e estabelecer parcerias que assegurem a preservação e valorização do legado artístico e histórico da Aldeia, um dos maiores complexos culturais do país.
"A Aldeia de Arcozelo é memória viva das artes brasileiras, patrimônio do povo que somos, que se insurge e reafirma nossos ecos e lutas por liberdade, arte como direito e garantia. A Funarte compõe e afirma esse legado em movimento de Paschoal Carlos Magno. Ele que sonhou o impossível, transformou ao lado de tantas artistas, estudantes e ativistas das artes uma história marcada pela exploração escravista em um terreno fértil de formação, pesquisa, criação de outros futuros. Cuidar da Aldeia é uma tarefa coletiva, reafirmada pela Funarte, em rede e colaboração", declara a presidenta da Funarte, Maria Marighella.
Revitalização, memória e legado cultural
Em dezembro de 2024, a Aldeia de Arcozelo celebrou 59 anos de existência com a assinatura de um novo Termo de Cooperação Cultural entre a Funarte e a Prefeitura de Paty do Alferes. O documento, firmado pelo diretor executivo da Funarte, Leonardo Lessa, e pelo então prefeito, Juninho Bernardes, cria um Grupo de Trabalho com o objetivo de estudar a viabilidade de ampliar a gestão compartilhada dos espaços restaurados da Aldeia, como o Teatro Renato Vianna, o Poema Bar, a Galeria Pancetti, o Salão de Artes, a sala de administração e Museu Manoel Congo e Marianna Crioula, espaço que ainda será inaugurado no complexo cultural, além de possibilitar debates que visam definir soluções para o refeitório, apartamentos, casarão e o Espaço do Circo Fred Villar.
O ato da assinatura contou com a presença de diversas autoridades, incluindo a procuradora-chefe da Funarte, Dra. Maria Beatriz Correa Salles, a diretora de fomento e difusão regional, Aline Vila Real, o assessor técnico Marcos Teixeira Campos, o procurador-geral de Paty do Alferes, Marcelo Mourão, e a secretária de Turismo, Juliana Massi.
O diretor executivo Leonardo Lessa destacou a importância de fortalecer o compromisso com a preservação e revitalização de Arcozelo. "A assinatura deste termo é um gesto de respeito profundo à memória de Paschoal Carlos Magno e ao sonho visionário de transformar a Aldeia de Arcozelo em um farol para a formação cultural, artística e cidadã. Respeito também à história de resistência, inventividade e liberdade, que definem nossa cultura. Este espaço é patrimônio, território que carrega a memória de lutas e conquistas do passado. Com nosso compromisso, ampliado em parcerias, Arcozelo agora volta a se projetar como um centro de convergência para as artes e para a educação", afirma Lessa.
Vocação para a cultura e para a educação
Em março de 2022, já havia sido firmado um Termo de Cooperação Técnica entre a Funarte e a Prefeitura de Paty do Alferes, com foco na captação de recursos públicos e na busca por parcerias privadas para a restauração da Aldeia. Durante a assinatura do termo, foi comemorada a restauração do Coreto e da Capela de São Francisco de Assis, resultado das primeiras ações da Funarte após o recebimento do Registro Geral de Imóveis (RGI) da Aldeia, em agosto de 2021.
Além das reformas estruturais, a parceria também possibilitou a criação de um complexo educacional e cultural integrado. Cerca de 1.842,81m² das edificações da Aldeia foram restauradas e destinadas à ampliação da Escola Municipal Margaret Cecília Teixeira Henriques. Inaugurada em 2024, a escola conta com dez salas, sala multimeios, sala de música e dança, sala de movimento e um auditório, e tem capacidade para atender 350 crianças, do maternal ao 1º ano do ensino infantil.
Para Marcelo Mourão, ex-Procurador-Geral do Município de Paty do Alferes, a ressignificação da Aldeia de Arcozelo é permanente e pode ser dividida antes e depois da regularização do imóvel. “Verificamos, na linha do tempo da Aldeia de Arcozelo, que a luta e a resistência pelo espaço vêm de séculos passados. Manoel Congo, Marianna Crioula e todos aqueles que participaram da Insurreição Negra cravaram naquele solo da Aldeia um grande espírito de luta e, assim, o centro cultural resistiu e resiste há muitos anos. Não há dúvida que a regularização do imóvel foi a grande ação e projeto que possibilitou a legitimidade das instituições para as parcerias, tornando possível o desenvolvimento dos projetos, das obras de restauração e revitalização e, muito mais do que isso, o funcionamento da Escola Municipal, do Teatro, da Galeria, do Poema Bar e das áreas comuns, devolvendo à sociedade e principalmente aos artistas, em pouco mais de três anos, o grande espaço das artes criado por Paschoal”, declarou Mourão.
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