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Funarte relembra o estilo barroco
Manoel da Costa Athaide
A Fundação Nacional de Artes – Funarte relembra um importante estilo artístico presente em diversas cidades do país: o barroco. Surgido na Europa, mais precisamente na Itália, no final do século XVI, chegou ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo portugueses, leigos e religiosos.
Como estilo, constitui uma fusão de tendências, tanto portuguesas quanto francesas, italianas e espanholas. No Brasil, o movimento atingiu o auge artístico a partir de 1760, principalmente com a variação rococó do barroco mineiro.
Foi nas cidades de Minas Gerais que o barroco encontrou seu nome mais famoso: o escultor Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como “Aleijadinho”. Suas obras, esculpidas em pedra-sabão, estão espalhadas por Ouro Preto (antiga Vila Rica), Tiradentes, São João Del-Rei, Mariana, Sabará, Morro Grande e Congonhas do Campo. Até hoje, trabalhos como os 12 Profetas – conjunto de esculturas feitas entre 1800 e 1805 – impressionam quem passa pelo Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG).
Histórico
Durante o século XVII, a Igreja teve um importante papel como mecenas na arte colonial. As diversas ordens religiosas (beneditinos, carmelitas, franciscanos e jesuítas) que se instalaram no Brasil em meados do século XVI desenvolveram uma arquitetura religiosa sóbria e muitas vezes monumental, com fachadas e plantas retilíneas de simplicidade ornamental.
Quando as associações leigas (confrarias, irmandades e ordens terceiras) tomaram a dianteira no patrocínio da produção artística no século XVIII, o barroco se frutificou em escolas regionais, sobretudo no Nordeste e Sudeste do país. A primeira manifestação de traços barrocos pode ser encontrada na arte missionária dos Sete Povos das Missões na região da Bacia do Prata.
Ali, se desenvolveu, durante um século e meio, um processo de síntese artística pelas mãos dos índios guaranis com base em modelos europeus ensinados pelos padres missionários. As construções desses povos foram quase totalmente destruídas. As ruínas mais importantes são as da missão de São Miguel, no estado do Rio Grande do Sul.
As primeiras manifestações do espírito barroco no resto do país estão presentes em fachadas e frontões, mas principalmente na decoração de algumas igrejas, também em meados do século XVII. A talha barroca dourada em ouro, de estilo português, espalha-se pela Igreja e Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, construída entre 1633 e 1691 e localizada no Centro da cidade. Os motivos folheares, a multidão de anjinhos e pássaros, a figura dinâmica da Virgem no retábulo-mor, projetam um ambiente barroco no interior de uma arquitetura clássica.
A vegetação barroca é introduzida na Bahia no fim do século XVII na decoração, por exemplo, da antiga Igreja dos Jesuítas, atual Igreja Catedral Basílica, cuja construção da capela-mor, com seus cachos de uva, pássaros, flores tropicais e anjos-meninos, data de 1665-1670. Em Recife, destaca-se a chamada Capela Dourada ou Capela dos Noviços da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, idealizada no apogeu econômico de Pernambuco, em 1696, e finalizada em 1724.
Nomes do barroco no Brasil
Além de Aleijadinho, outros artistas se consagraram no estilo barroco. No Rio de Janeiro, mestre Valentim é autor de diversas obras de esculturas e entalhes. Além das artes religiosas, também fez obras de arte civil fora da temática religiosa.
Já Manoel da Costa Ataíde, mineiro da cidade de Mariana, foi um ilustre autor da pintura barroca brasileira, ornamentando diversas igrejas. Os artistas portugueses Francisco Xavier de Brito e Manuel de Brito, radicados no Brasil, também criaram obras inspiradas no barroco romano.