Espetáculo na Sala Carlos Miranda faz releitura do mito de Antígona

Imagine transportar o mito de Antígona para o contexto contemporâneo de uma região urbana e periférica no Brasil? A Tô em Outras Cia. de Teatro fez essa reflexão e assim surgiu a montagem “Guerra de Papel - Uma tragédia Urbana Musical”, que faz temporada entre os dias 9 de setembro e 1º de outubro, na Sala Carlos Miranda, em São Paulo. A reflexão passa pela precariedade do ensino público brasileiro e pela violência contra as minorias nas escolas. A trama também levanta a questão sobre as medidas de segurança pública no controle das áreas dominadas pelo tráfico.

Enquanto na mitologia grega, a figura de Antígona – filha do casamento incestuoso de Édipo e Jocasta – é aquela que tenta enterrar seu irmão, na peça da Tô em Outra, ela é a mulher negra que luta para descobrir quem tirou a vida de seu filho Aramiz, morto por uma bala perdida dentro da sala de aula. Depois da tragédia com o filho, Antígona estampa o rosto do menino nos jornais, camisetas e em sua janela, fazendo sua própria guerra por justiça.

Segunda peça da trilogia de pesquisa sobre Teatro Grego e Periferia, da Tô em Outra Cia. de Teatro, “Guerra de Papel” sucede a montagem “Das Ruas - Um Orfeu de Mochila”, adaptado do mito de “Orfeu e Eurídice” para os tempos atuais. Originários do bairro do Jaguaré, na Zona Oeste de São Paulo, a companhia de teatro traz como proposta trabalhar a interpretação dos atores a partir da técnica do dramaturgo e encenador alemão, Bertolt Brecht. Esse processo pressupõe a construção “de fora para dentro”, sem que os artistas se envolvam emocionalmente com as personagens. Como no teatro épico, a proposta é o distanciamento do ator.

O diretor do espetáculo, Jorge Alves, destaca ainda a presença do coro – elemento típico do teatro grego – como essencial para a montagem, visto que "Guerra de Papel", de acordo com ele, é uma “manifestação coletiva”.

Quatro músicos tocam ao vivo no palco,  com direção musical e arranjos de Paulo Henrique Costa. A criação musical tem inspiração em gêneros como samba e funk, ritmos muito presentes nas periferias brasileiras.

Conheça a Tô em Outra Cia. de Teatro

Criada em 2012, a Tô em Outra Cia. de Teatro direciona seus espetáculos sempre ao público jovem, especialmente com a linguagem do teatro musical. Tem cinco peças no repertório, sendo três autorais, uma de Hugo Possolo (“Cérebro à vinagrete”) e outra de Marcelo Romagnoli (“Filosofia da Revolução”).

Ficha técnica

Texto, de Andreza Rodrigues e Thuane Campos. Letras, de Andreza Rodrigues, Jorge Alves, Leo Matheus, Paulo Henrique e Thuane Campos. Músicas, de Jorge Alves, Leo Matheus e Paulo Henrique Costa. Arranjos musicais, de Paulo Henrique Costa, Leo Matheus e André Laitano. Direção geral, de Jorge Alves. Direção musical e regência, de André Laitano. Direção de movimentos e coreografias, de Gustavo Medeiros.

Músicos: André Laitano (piano e teclas), Julio Lino (baixo), Matheus Araújo (violão e cavaquinho) e Tunuka (percussão e apoio vocal). Coach e preparação vocal, de Thais Rodrigues. Figurino, de Gabriela Araújo. Cenário, de Heron Medeiros. Assistente de direção: Andreza Rodrigues. Assistente de produção: Thuane Campos. Design de luz e op.: Fernando Ferreira. Sonorização: Radar Sound. Programação visual: Agência Artprint. Produção: Tô em Outra Produções Culturais. Realização: Tô em Outra Cia. de Teatro.

Fazem parte do elenco os artistas: Mayara Tenório (Antígona), Thayna Rodrigues (Ismênia), Claudine Palhàres (professora), Cinthia Tomaz (ensamble), Mariana Sancar (favela e ensamble), Renan Marques (ensamble), Uédia Alves (ensamble) e Vittor Oliver (ensamble).

Serviço

Espetáculo “Guerra de Papel”

Dias 9 de setembro a 1º de outubro l Horário: 20h (sexta e sábado) e 19h (domingo) 

Ingressos*: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada)

Compre online: https://www.sympla.com.br/evento/guerra-de-papel-uma-tragedia-urbana-musical/1645305

Classificação:  12 anos

Duração: 65 minutos

Sala Carlos Miranda – Complexo Cultural Funarte SP

Alameda Nothmann, 1058 - Campos Elíseos - São Paulo (SP)

 *Bilheteria abre com uma hora de antecedência (somente em dinheiro)