Mulheres rurais oferecem alimentos para alimentação escolar

Rita de Cássia Alves

A agricultora familiar Rita de Cássia Alves preside, desde 2021, a Cooperativa AgroVerde, localizada em Guapimirim (Rio de Janeiro). Na instituição, as compras públicas de alimentos constituem fonte essencial de renda para os cooperados. Neta de agricultores, Rita, 51 anos e mãe de dois filhos, desde pequena vive da agricultura. Há oito anos, dedica-se exclusivamente à atividade no campo. Atualmente, Rita produz maracujá, mandioca, banana. Iniciou investimento em avicultura para a produção de ovos de galinha caipira.

Como mulher rural empreendedora, Rita identificou oportunidade de promover uma agroindústria para agregar valor e ampliar possibilidades de renda, dela e de outras cooperadas. “Damos incentivos às mulheres para que plantem feijão e, depois, entregamos na alimentação escolar”, explica. “Essa é a primeira agroindústria do Estado que produz e processa feijão”.

Garantias

Rita de Cássia explica que um dos maiores desafios para a agricultura familiar e as cooperativas do setor é garantir renda estável e sustentável. Nesse sentido, foram fundamentais duas políticas públicas brasileiras: o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que fornecem, não apenas fonte estável de renda para as agricultoras, mas também oportunidade de crescimento e sustentabilidade financeira.

Segundo a agricultora, o PAA impactou positivamente o dia-a-dia da AgroVerde como programa que compra alimentos produzidos pela agricultura familiar para consumo em hospitais, presídios, restaurantes universitários, escolas filantrópicas. No Brasil, desde 2009, existe uma lei que estabelece que, no mínimo, 30% do valor dos recursos federais do PNAE devem ser investidos na compra direta de produtos da agricultura familiar, para a alimentação escolar.

A estabilidade de demanda gerada pelo PNAE incentiva o aumento da produção diversificada de produtos. “Isso nos dá a possibilidade de fazer parcerias com outras cooperativas e instituições privadas”, afirma. Para Rita, o engajamento dos agricultores e agricultoras tem contribuído para o incentivo à diversificação da produção. “A cooperativa se fortalece com essa segurança econômica e isso nos possibilita planejar e realizar melhorias na infraestrutura e gestão”, conta.

Segundo Rita, a participação da cooperativa nessas políticas públicas tem permitido uma fonte de renda adicional, que é revertida em investimentos e diversificação de produtos, aumentando a oferta de frutas, legumes e folhas.

Cooperação internacional

A experiência bem-sucedida de Rita de Cássia e demais integrantes da AgroVerde, foi apresentada, em 2023, a uma delegação internacional da República Dominicana, formada por gestores e outros profissionais que atuam na execução da política de alimentação escolar naquele país e que visitou as instalações da cooperativa no Rio de Janeiro. A missão foi promovida no âmbito da cooperação brasileira em alimentação escolar, coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Uma das ações da cooperação consiste em promover troca de experiências e boas práticas entre países, sobre alimentação escolar, na medida em que a política brasileira sobre o tema constitui referência para as nações da América Latina e do Caribe.