Iniciativa Regional América Latina e Caribe Livres do Trabalho Infantil lança campanha de conscientização

Iniciativa Regional América Latina e Caribe Livres do Trabalho Infantil lança campanha de conscientização

Quando era criança, a argentina Juana del Carmen Brítez teve que abandonar a escola para trabalhar em casas de família. Por anos, viveu à sombra de uma realidade que ainda afeta milhares de meninas na América Latina e no Caribe: o trabalho infantil doméstico. Hoje, como presidente da Federação Internacional das Trabalhadoras Domésticas (IDWF), ela luta para que nenhuma menina repita sua história. Seu depoimento é o centro da campanha "Cresci Trabalhando", promovida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) por meio da Iniciativa Regional América Latina e Caribe Livres do Trabalho Infantil, com apoio da IDWF.

O trabalho infantil doméstico em casas de terceiros continua sendo uma das formas mais invisíveis e naturalizadas de exploração. Milhares de meninas no setor doméstico são privadas de educação, enfrentam riscos constantes – incluindo violência sexual e exposição a outras piores formas de trabalho infantil – e permanecem invisíveis aos sistemas de proteção social. Apesar disso, o tema ainda recebe atenção insuficiente nas agendas de trabalho, direitos humanos das mulheres e proteção infantil. "Eu cresci cuidando dos outros, mas quem cuidou de mim?", questiona Juana del Carmen Brítez, que vivenciou essa realidade e hoje luta para que nenhuma menina passe pelo mesmo.

Para a Iniciativa Regional, o trabalho infantil doméstico é um eixo prioritário do Programa Regional para a Aceleração da Eliminação do Trabalho Infantil na América Latina e no Caribe (PRAETI) 2022-2030. Por meio de pesquisas sobre o trabalho infantil no setor de cuidados, a Iniciativa busca articular duas agendas essenciais: cuidados e trabalho infantil. Nesse contexto, a campanha "Cresci Trabalhando" mobiliza atores-chave do mundo do trabalho por meio de relatos em primeira pessoa, tornando visíveis as experiências de quem viveu essa realidade desde a infância.

Por isso, a campanha dá rosto ao problema com histórias como a de Carmen Brítez e de outras trabalhadoras domésticas que romperam o ciclo do trabalho infantil e hoje lideram a luta por direitos. Seus depoimentos desafiam a sociedade e reforçam um chamado à ação: assumir a responsabilidade pela erradicação do trabalho infantil doméstico. "Para que nenhuma menina repita minha história, a responsabilidade deve ser compartilhada. Empregadores precisam deixar de contratar crianças, o Estado deve garantir educação para todos e apoio às mães trabalhadoras. Se eu tenho que sair para cuidar dos filhos dos outros, quem cuida dos meus?"

Com essa campanha, a Iniciativa Regional reafirma seu compromisso com a eliminação do trabalho infantil doméstico e a promoção de ambientes seguros e dignos para todas as crianças.

Sobre a Iniciativa Regional

A Iniciativa Regional América Latina e Caribe Livres do Trabalho Infantil é um espaço em que 31 países, organizações de empregadores e trabalhadores unem esforços para alcançar a primeira geração livre do trabalho infantil na região. Conta com a assistência técnica da OIT – que atua como Secretaria Técnica.

A Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, é uma das parceiras fundadoras da Iniciativa Regional, junto a outras importantes agências como a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID) e a Agência Andaluza de Cooperação Internacional (AACID).

Hoje, a IR é composta pelos seguintes países membros: Antígua e Barbuda, Argentina, Bahamas, Barbados, Belize, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, República Dominicana, Equador, El Salvador, Granada, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, Suriname, Trinidad e Tobago, Uruguai e Venezuela, além da Organização Internacional de Empregadores (OIE) e da Confederação Sindical das Américas (CSA).