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FAO e governo do Brasil promovem diálogo com países sobre a transformação dos sistemas alimentares nas cidades da América Latina e do Caribe

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O objetivo do encontro foi promover um diálogo sobre diferentes abordagens e estratégias para impulsionar a transformação dos sistemas alimentares, com ênfase especial na promoção de uma alimentação saudável nas cidades.
Segundo João Intini, oficial de Políticas do Escritório Regional da FAO, embora ainda existam zonas rurais muito deprimidas e desassistidas pelas políticas públicas, a maioria das pessoas que sofre com a fome e a má nutrição vive em áreas urbanas. “A partir do escritório regional da FAO para a América Latina e o Caribe, trabalhamos constantemente para enfrentar os desafios do abastecimento alimentar nas cidades”, afirmou.
Riffat Iqbal, analista de projetos da ABC, destacou a importância da cooperação Sul-Sul entre a Agência, o MDS e a FAO para fortalecer sistemas alimentares sustentáveis, resilientes e justos no contexto urbano.
Compartilhando experiências
Da Argentina, Pablo Barbieri, representante da Cooperativa Obrera, apresentou o modelo cooperativo de sua organização, que já tem mais de um século, para promover a comercialização de alimentos de forma sustentável e inclusiva nas cidades. Com presença em 72 localidades de sete províncias e 150 filiais, a cooperativa atende diariamente 100 mil consumidores associados. Barbieri destacou o papel da organização na formação e educação dos consumidores: “É fundamental que eles compreendam a importância da saúde e da qualidade dos alimentos”.
Além do trabalho de abastecimento, a Cooperativa Obrera realiza atividades sociais, como um programa que distribui mais de dois milhões de pratos de comida por ano, feitos com alimentos próprios para o consumo, mas que não foram comercializados, contribuindo assim para reduzir perdas e desperdícios.
Do Peru, José Alarcón, coordenador nacional dos Sistemas Alimentares para a UNFSS+4 e representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Irrigação (MIDAGRI), lembrou que o país apresenta um dos níveis mais altos de insegurança alimentar da região. Por isso, desde 2021, tem priorizado a transformação alimentar, impulsionando processos de diálogo e marcos normativos sólidos. “Sem uma governança fortalecida, não é possível implementar políticas públicas eficazes”, afirmou, indicando que o país está trabalhando em uma nova política nacional de segurança alimentar e nutricional que será o eixo dessa transformação.
Pelo Brasil, João Paulo Perez, secretário executivo de Segurança Alimentar e Sustentabilidade do município de Osasco, compartilhou a experiência local na implementação da iniciativa Alimenta Cidades, impulsionada pelo MDS. Osasco, uma cidade totalmente urbanizada, com cerca de 750 mil habitantes, possui um plano municipal de segurança alimentar que articula metas e compromissos relacionados à alimentação escolar, agricultura urbana, bancos de alimentos e fortalecimento dos bancos de leite materno. Uma das ações futuras, segundo Perez, é um projeto para plantar árvores frutíferas em áreas urbanas, como forma de reconectar a população com a alimentação saudável e promover a educação alimentar.
Ana Maria Suárez Franco, representante da secretaria geral da FIAN (FoodFirst Information and Action Network), abordou a perspectiva da sociedade civil sobre os sistemas alimentares urbanos. Na sua visão, o deslocamento das populações rurais para as cidades ampliou os “anéis de pobreza ou de miséria”, especialmente nos países do sul global. Franco defendeu que as comunidades marginalizadas devem fazer parte ativa da governança local: “Não basta que se sentem à mesa; é preciso que possam expressar os problemas que enfrentam e as soluções que propõem”.
Por sua vez, Patrícia Gentil, diretora do Departamento de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável do MDS, afirmou que a agenda alimentar urbana é hoje uma prioridade para o Brasil e que a cooperação Sul-Sul é estratégica tanto no nível regional quanto nacional. “Seguimos reconhecendo a importância dessa agenda, porque a fome acontece nas cidades, nos territórios periféricos, nas comunidades estabelecidas”, disse. Gentil também destacou a criação da iniciativa Alimenta Cidades, que articula esforços do governo federal, estados e municípios, e que já inclui 60 municípios com mais de 300 mil habitantes, onde vivem 64 milhões de pessoas. Em breve, será ampliada para mais de 90 municípios.
One Planet
A quinta edição da conferência global reuniu quase 300 especialistas, representantes de governos, setor privado, sociedade civil e academia para discutir soluções para transformar os sistemas alimentares.

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