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Diálogo Brasil-África: boas práticas na produção alimentar são foco das visitas de campo da delegação africana

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A ida à Petrolina fez parte do roteiro de visitas de campo programadas no âmbito do “II Diálogo Brasil-África: Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural”, organizado pelo governo federal e que teve início no dia 19 de maio com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio Itamaraty. Na oportunidade, Lula lembrou o compromisso que assumiu em contribuir, por meio da cooperação com países do Sul Global, para a luta contra a fome e a pobreza.
A visita ao semiárido, cujo clima, temperatura e solos são bastante semelhantes ao que é encontrado em território africano, faz parte desse diálogo. Janja recordou que “a transposição do Rio São Francisco foi o que permitiu que a água chegasse ao nordeste e, por meio da irrigação, os produtores familiares pudessem se alimentar e melhorar sua qualidade de vida”.
A Embrapa e a Codevasf compartilharam tecnologias simples e de fácil replicabilidade, que podem ser implementadas no continente africano. Foram apresentados sistemas de aproveitamento das águas da chuva, em cisternas; o chamado “sisteminha”, que utiliza a água para manutenção do plantio, dos animais e até mesmo para o uso das famílias; a produção de peixes em tanques, além da irrigação que permite a produção de alguns alimentos por quase todo o ano.

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Uma fazenda que produz uvas com qualidade de exportação foi visitada pela comitiva. A produção da fruta chega a ser de 25 toneladas por hectare. Com o sistema de irrigação aplicado é possível produzir durante todo o ano. O parreiral foi visitado – e devidamente degustado – pelos presentes.
“É incrível como o Brasil, um país que importava alimentos, se tornou um grande exportador de produtos”, elogiou o ministro da agricultura do Senegal Mbouba Diagne. “Fiquei especialmente impressionado com as políticas de compras do governo porque isso dá ao produtor a certeza da compra e a garantia de que esses produtos sejam usados onde há necessidade, como é o caso da alimentação escolar.”
O ministro da Agricultura do Congo, Gregoire Mutshail Mutomb, disse que seu país tem muito interesse nas tecnologias aplicadas na agricultura familiar. “Precisamos aplicar a irrigação no Congo”, afirmou categórico. “A agricultura é um negócio e todos os produtos alimentares são importantes, por isso essa transformação é algo que buscamos”.
A delegação africana foi acompanhada, além da primeira-dama, de cinco ministros de Estado: Wellington Dias, do MDS; Paulo Teixeira, do MDA; Waldez Góes, do MIDR; André de Paulda, do MPA e Carlos Fávaro, do MAPA. Walter Góes disse que a presença de tantos ministros “reforça o compromisso do governo federal para, de fato, dialogar sobre o que foi – e o que está sendo feito – no Brasil e que pode ser levado à África para garantir a soberania alimentar dos países do Sul Global”, afirmou.

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O primeiro dia de visitas de campo ocorreu no Distrito Federal e no estado de Goiás. O grupo conheceu a unidade de armazenamento da Conab, a feira Agro Brasília – onde a Embrapa mantém um estande como vitrine para mostrar as novidades, especialmente ligadas à pesquisa e à ciência que têm sido aplicadas no setor agropecuário.
Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, apresentou a empresa aos visitantes e destacou que o investimento em pesquisa e ciência é um dos pilares mais importantes para avançar na busca pela produção de qualidade de alimentos. “A Embrapa tem 50 anos de existência e investimos muito na capacitação pessoal também”, afirmou. “A cooperação com os países africanos já faz parte da história da Empresa e por isso, recebemos eles aqui para mostrar o que tem sido feito de mais atual e bem sucedido”.
Os visitantes conheceram, ainda, o sistema de cooperativas, solução que tem se mostrado eficaz para os produtores já que diminuem as perdas na produção. Seu Vasco, agricultor da região de Luziânia (GO), é sócio-fundador da Coopindaiá, cooperativa de laticínios visitada na tarde do dia 20/05 pelo grupo. O agricultor diz que há 15 anos é associado e que essa foi a melhor decisão que tomou. “Eu antes perdia muito do que produzia. Hoje, a cooperativa compra tudo o que planto, paga à vista, tenho um contrato de um ano e ainda sei que minhas frutas e hortaliças vão para as crianças nas escolas”, sorri orgulhoso.
Seu Vasco menciona o sistema de compras diretas que faz parte das políticas de compras públicas executadas pelo governo federal que foi apresentado pelo ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário. “O Programa de Alimentação Escolar é uma das políticas de compras que garante que 30% de toda a compra da merenda escolar de 40 milhões de estudantes da rede pública seja feita com produtores familiares”, reforçou. Essas compras também garantem o esforço do governo em introduzir alimentos frescos e saudáveis nas merendas para que os estudantes se afastem, cada vez mais, do consumo de ultraprocessados.

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Alguns países já conhecem o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) já que a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Itamaraty, tem disseminado seu modelo por meio da cooperação internacional brasileira com o apoio da FAO, em especial na América Latina e no Caribe, e do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil, bem como dos escritórios do WFP espalhados no continente africano.
Painéis
Os dois dias de campo foram um importante momento para demonstrar na prática às delegações dos 44 países presentes no Diálogo. Isso porque, o dia 22 de maio foi reservado para um dia de painéis e reuniões bilaterais que ocorreram no Palácio Itamaraty.
O dia de painéis do “II Diálogo Brasil-África: Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural”, co-organizado pelo Ministério das Relações Exteriores, reuniu representantes das embaixadas desses países em Brasília, representantes de associações e autoridades, e contou com a presença do Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira.
A iniciativa é desenvolvida com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

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