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Ciência da alimentação escolar em foco: Brasil e parceiros realizam webinário internacional

- Brasil e parceiros realizam webinário internacional
O evento integra a preparação para a Cúpula Global da Coalizão de Alimentação Escolar (SMC), que será sediada pelo Brasil em Fortaleza, nos dias 18 e 19 de setembro, com a presença de 109 Estados-Membros.
Durante o webinário, especialistas destacaram o papel da ciência para transformar programas de alimentação escolar em políticas públicas eficazes. Segundo Bibi Giyose, da FAO, o Consórcio já mobiliza mais de 1.200 pesquisadores e 600 organizações, e conta com mais de 70 publicações e estudos no tema, nos últimos quatro anos. “Queremos nutrir as crianças, não apenas dar comida”, afirmou.
Kate Morris, do Consórcio, ressaltou a disponibilidade online de mais de 30 estudos de caso que apoiam formuladores de políticas em áreas como educação, nutrição e sistemas alimentares. O professor Stéphane Verguet, da Harvard, apresentou estudos mostrando o alto retorno econômico e social da alimentação escolar, incluindo a redução da anemia e a melhora no desempenho educacional, com exemplos da Etiópia.
Países compartilharam experiências nacionais, como Angola, que aprovou recentemente seu Programa Nacional de Alimentação Escolar e prevê ampliar a cobertura até 2030, com forte vínculo à agricultura familiar. Representantes de Canadá, China, Coreia do Sul e outros países também trouxeram exemplos de como a ciência tem sido central na consolidação de políticas de alimentação escolar.
Na segunda parte do evento, o foco esteve no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) do Brasil. Felipe Albuquerque, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), destacou que o programa, com quase 70 anos de existência, garante refeições diárias a 39 milhões de estudantes em todas as redes públicas do país, com forte participação da agricultura familiar e apoio da comunidade acadêmica.
Daniel Balaban, Diretor do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil lembrou que investir em alimentação escolar é investir no combate à fome e no desenvolvimento sustentável. Já Najla Veloso, representando a Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES) reforçou a importância da cooperação entre países da América Latina e Caribe para garantir a qualidade e a continuidade dos programas.
Para a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), organizadora do evento em parceria com o Consórcio, o webinário reafirma o compromisso do Brasil em compartilhar sua experiência e construir soluções conjuntas com base em ciência e cooperação Sul-Sul.
Encerrando o debate, Saulo Ceolin, do Ministério das Relações Exteriores (MRE), destacou que a alimentação escolar é um exemplo emblemático de política pública baseada em evidências, capaz de gerar impacto em múltiplas áreas e é, por isso mesmo, uma das prioridades da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza : “O Brasil mostrou, em casa e por meio da cooperação Sul-Sul, que a merenda escolar pode ser a espinha dorsal de estratégias de desenvolvimento inclusivo. O desafio agora é ampliar escala, coordenação e financiamento — e a Aliança Global existe para apoiar os países nessa missão”.