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Algodão e igualdade: mulheres ganham espaço no setor

- Algodão e igualdade mulheres ganham espaço no setor
No encontro, Catalina Ivanovic, especialista em gênero da FAO, apresentou um panorama geral da situação das mulheres rurais na região. “Se olharmos para a realidade, percebemos rapidamente que suas formas de trabalho são irregulares em termos de institucionalização ou contrato”, explicou. Catalina acrescentou: “Há lacunas no acesso à tecnologia, à extensão rural, à propriedade de rebanhos, à coleta de água e, também, às tecnologias de informação e comunicação, que afetam diretamente a cadeia do algodão”. Ela também destacou o trabalho do projeto +Algodão com o aplicativo Lazos, como ferramenta de apoio à liderança e capacitação de mulheres rurais.
Mariana Falcão, gerente de projetos da ABC, destacou que a cooperação promove espaços de diálogo para o intercâmbio de boas práticas e experiências em diversos temas relevantes. “A temática de gênero está presente desde o início do projeto +Algodão. Apoiamos a formação de redes de artesãs, de mulheres, acompanhando e facilitando esses encontros”, afirmou.
Já a economista Lorena Ruiz, do Comitê Consultivo Internacional do Algodão (ICAC), fez uma análise global sobre o papel das mulheres no setor algodoeiro. Em 2024, o ICAC realizou uma pesquisa global com o apoio de diversas organizações, entre elas do projeto +Algodão, para coletar dados sobre a participação feminina no trabalho. Segundo Lorena, a pesquisa investigou a proporção de mulheres em cargos executivos e de gestão no setor algodoeiro. Embora algumas entidades tenham avançado, muitas ainda apresentam níveis muito baixos de representação feminina em posições de liderança.
Lautaro Viscaya, da REAF, por sua vez, destacou a importância do diálogo entre governos e organizações da agricultura familiar e anunciou a elaboração de um novo programa de intercâmbio focado em políticas para mulheres rurais.
Do Brasil, Tereza Cristina de Carvalho, extensionista social da Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (EMPAER-PB), apresentou o projeto Algodão Paraíba, cujo objetivo é atender à crescente demanda por insumos têxteis para a moda sustentável. O projeto abrange 51 municípios, com 451,18 hectares de área cultivada, beneficiando 367 famílias, das quais 50% são mulheres.
Segundo Adriana Gregolin, coordenadora regional do projeto +Algodão, eventos como este fortalecem as agendas das mulheres rurais produtoras de algodão, ao aproximar diferentes instituições e saberes, permitindo a construção conjunta de soluções e novas perspectivas para muitas mulheres que se encontram isoladas nos territórios rurais. “O projeto +Algodão, em seus 12 anos, tem trabalhado em conjunto com a área de gênero da FAO e com as organizações parceiras para valorizar as mulheres do algodão”, concluiu Gregolin.
A atividade foi uma oportunidade para dar visibilidade ao papel transformador que as mulheres desempenham nas comunidades rurais e no fortalecimento de economias locais sustentáveis.
O projeto +Algodão é uma iniciativa de cooperação Sul-Sul entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), com os governos de sete países parceiros. Seu objetivo é fortalecer a cadeia de valor do algodão, promovendo a inclusão socioprodutiva de mulheres e homens da agricultura familiar algodoeira.