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II DIÁLOGO BRASIL-ÁFRICA
Governo Federal fortalece cooperação com países africanos durante o II Diálogo Brasil-África
O II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural reflete o compromisso da política externa brasileira em fortalecer os vínculos com os países africanos - Foto: Divulgação/Mapa
Brasil e países africanos fortaleceram laços e trocaram conhecimentos durante o II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, realizado entre os dias 19 e 22 deste mês. Um dos eventos da iniciativa foi o Diálogo Ministerial, no Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF), nesta quinta-feira (22). A programação da semana também incluiu visitas técnicas a áreas de produção agrícola de interesse das delegações africanas.
No Diálogo Ministerial, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, integrou o primeiro painel “Sistemas agroalimentares sustentáveis e resilientes ao clima e a importância da agricultura familiar - experiências nacionais”. Nele, destacou o desenvolvimento da agropecuária brasileira, alavancado pela geração e difusão de tecnologias adaptadas aos diversos biomas nacionais, o que resultou em avanços significativos em produtividade, sustentabilidade e competitividade do setor.
“É importante lembrar que, há 50 anos, o Brasil era importador de alimentos, como ainda ocorre em muitos países. O primeiro grande passo para transformar esse cenário foi o desafio de criar uma empresa pública de pesquisa agropecuária - a Embrapa. Isso possibilitou que, por meio de melhoramento genético, de animais e de sementes, e com práticas produtivas adequadas, o Brasil desenvolvesse uma agropecuária robusta, sustentável e altamente produtiva", afirmou o ministro.
Fávaro também ressaltou as similaridades climáticas entre o Brasil e grande parte dos países africanos, destacando o potencial para a replicação de tecnologias desenvolvidas no Brasil no contexto africano. “Vale lembrar que 100% das variedades de capim que sustentam a alimentação da nossa pecuária são de origem africana. Hoje, com o melhoramento genético desse capim e também dos nossos bovinos, queremos devolver esse conhecimento aprimorado para que vocês não precisem esperar 50 anos pesquisando. Graças às semelhanças climáticas e de solo que temos, é possível fazer uma transferência tecnológica direta e adaptada”, destacou.
ACESSO AO CRÉDITO — O ministro de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, enfatizou a necessidade do acesso ao crédito para o crescimento da agricultura, citando o modelo brasileiro como referência. "Temos um sistema robusto de financiamento bancário, o Plano Safra, que atende desde o custeio da produção até a mecanização, a modernização tecnológica e o fortalecimento das cooperativas. Além disso, é fundamental garantir assistência técnica e investir no desenvolvimento de tecnologias, como as produzidas pela Embrapa, para assegurar uma produção agrícola cada vez mais sustentável", pontuou.
PETROLINA — Há 50 anos, o semiárido brasileiro era visto como uma terra condenada à seca, mas hoje é referência mundial na produção de frutas e no desenvolvimento de soluções para a convivência com a escassez de água. Foi esse exemplo que lideranças africanas conheceram em Petrolina (PE), durante o II Diálogo Brasil-África. A programação contou com a presença de ministros brasileiros e representantes de diversos países africanos, que visitaram centros de excelência como a Embrapa Semiárido, a Unidade Produtiva da Fruticultura Nunes & Cia e projetos de piscicultura da Codevasf.
O ministro Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) destacou a liderança do presidente Lula na promoção de uma cooperação internacional voltada à inclusão e à redução das desigualdades, especialmente com países da África e da América do Sul. “É uma questão histórica para nós. Faz parte da nossa trajetória de vida essa relação de cooperação com os países africanos”, afirmou. Segundo ele, a troca de experiências e tecnologias em áreas como segurança hídrica, agricultura familiar, piscicultura e fruticultura é essencial para o enfrentamento da fome e da pobreza. “O Brasil tem muito a compartilhar, especialmente com regiões que enfrentam desafios semelhantes aos do nosso semiárido”, ressaltou.
A visita de campo foi feita em três partes: Trilha das Águas da Embrapa Semiárido; Unidade Produtiva da Fruticultura Nunes & Cia; e Unidade de Piscicultura da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Além disso, foram feitas apresentações institucionais da Embrapa, da Codevasf e do Banco do Nordeste.
“A Embrapa Semiárido está completando 50 anos nesta semana. Há 50 anos, ninguém acreditava que conseguiríamos conviver com a seca. Era um problema, um obstáculo para o desenvolvimento econômico e social aqui. E com ciência e tecnologia a gente conseguiu mostrar que poderia ser um polo produtor e até exportador de frutas para o mundo todo”, declarou a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá.
ABASTECIMENTO — Na terça-feira (20), as delegações africanas visitaram a Unidade Armazenadora da Conab com objetivo de conhecerem as principais ações da instituição pública em abastecimento alimentar e os pontos estratégicos para o setor agrícola. Na ocasião, o secretário-executivo adjunto do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Cleber Soares, destacou que o Brasil tem muito a contribuir no desenvolvimento agropecuário dos países africanos.
“A relação Brasil e África é uma via de mão dupla. O Brasil tem aberto também novos mercados e muitos desses também são para países africanos, exemplo da abertura de mercado na Namíbia, África do Sul e Angola. Hoje exportamos um volume muito grande de frutas. Conquistamos novos mercados e contribuímos para reduzir o preço do alimento naquele país", pontuou Cleber Soares.
Durante a visita, o presidente da Conab, Edegar Pretto, ressaltou que o fortalecimento da Companhia permite uma maior cooperação entre os países. "O que nós estamos oferecendo aqui para os 44 países que tiveram conosco nessa manhã é que nós queremos cooperar, ensinar e aprender. Para nós também é uma experiência, porque nos remonta ao que nós já construímos até aqui. E quando a gente faz generosamente a cooperação, a gente vai abrindo mercados agrícolas”, sublinhou.
O ministro da Agricultura e Florestas de Angola, Isaac dos Anjos, ressaltou a ampliação da parceria do seu país com o governo brasileiro. “Em pouco mais de seis meses, o ministro Carlos Fávaro já esteve duas vezes em Angola. Nós temos uma cooperação alargada e com o Brasil também temos o outro componente, que é do desenvolvimento industrial. Aquilo que o Brasil já conseguiu, em termos de desenvolvimento industrial, nós não só temos comprado essa tecnologia, como continuamos abertos a investimentos brasileiros de Angola”, afirmou Isaac dos Anjos.
O Mapa conta com sete postos de adidâncias agrícolas no continente africano: África do Sul, Angola, Argélia, Egito, Etiópia, Marrocos e Nigéria, que são fundamentais para o desenvolvimento e aproximação agropecuária entre os dois países.
No mesmo dia, as comitivas foram à Feira AgroBrasília, com visitas a estandes da Embrapa e apresentação de cooperativas da região. Já na quarta-feira (21), ocorreram visitas de campo na Embrapa Semiárido e na Unidade Produtiva da Fruticultura Nunes & Cia em Petrolina (PE).
INICIATIVA — O II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural reflete o compromisso da política externa brasileira em fortalecer os vínculos com os países do continente africano, com base na solidariedade, no respeito mútuo e na cooperação para o desenvolvimento sustentável.
Os principais temas debatidos foram: produção agropecuária e aquícola, políticas públicas eficazes, inovação tecnológica, valorização da agricultura familiar, sustentabilidade, financiamento e investimentos, além da apresentação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
A iniciativa contou com a participação de representantes de 44 países africanos: África do Sul, Angola, Argélia, Benim, Botswana, Burkina Faso, Burundi, Cabo Verde, Congo-Brazzaville, Costa do Marfim, Djibuti, Egito, Etiópia, Essuatíni, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, Líbia, Malawi, Mali, Maurício, Mauritânia, Moçambique, Namíbia, Nigéria, Quênia, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Ruanda, São Tomé e Príncipe, Seicheles, Senegal, Somália, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia, Togo, Tunísia, Zâmbia e Zimbábue.
Também participaram instituições internacionais como a Aliança para uma Revolução Verde na África (AGRA), Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Fórum para Pesquisa Agrícola na África (FARA), Fundação Bill e Melinda Gates e o Programa Mundial de Alimentos (WFP).