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Angola Janga, ancestralidades e honras
Poderia ser apenas um ato ou sentimento nostálgico de identificar a nova terra como “Pequena Angola”, ou simplesmente a sensação literal de “voltar pra terrinha”, ou ainda, remeter tudo isso ao passado na forma indubitável e singular de ser, de se organizar, resistir, lutar e viver. Angola Janga passou a ser de maneira imensurável uma utopia vital para se galgar uma longínqua experiência rumo ao inimaginável apogeu da liberdade.
A princípio tornaram-se imprescindíveis os rompimentos dos grilhões, tantos físicos, quanto psicológicos. Era preciso insurgir-se contra os opressores para terem de volta o mínimo necessário de dignidade humana, aliás, nem assim eram considerados (as) visto suas condições miseráveis de homens e mulheres escravizados (as), tratados (as) abruptamente como animais de carga, moedas de barganha, objetos de escambos, etc. etc. Lutar era mais que preciso!
Depois de aproximadamente trinta e três anos de resistência (1597-1630) e busca incansável por resiliência, o Quilombo dos Palmares finalmente mostrava-se aos governantes de Pernambuco que sua existência estava sem sombra de dúvidas sedimentada na Zona da Mata, cujos malungos desta feita aquilombados e livres, poderiam deleitar-se em Xirês (rodas e danças invocando Orixás, N´kises e Vodus) e Quizombas (grandes festas) por ser essa, uma expressão cultural eminentemente africana, considerando sua complexidade continental.
E assim, entre tempos de paz e alguns de guerra, Palmares que se tornou República livre, mesmo que edificada em montes íngremes repletos de “cafuas” e pequenos Mukambus, e se fortificou a cada dia ampliando sua população e se fazendo valer como um Estado independente dentro do Estado de Pernambuco.
Durante algumas décadas, seus habitantes passaram de três mil em média para mais de vinte mil, constituídos por agricultores, ferreiros, lenhadores, caçadores, conselheiros, guerreiros, e outros, cuja participação feminina apesar de em menor quantidade se fez forte e certamente com indiscutível equanimidade. As pindobas ou pindoramas assim chamadas pelos indígenas (grande quantidade de palmeiras) foram determinantes quanto a origem do nome do quilombo, mas foi a Serra do outeiro que se chamou Macacos, hoje SERRA DA BARRIGA a capital inconteste do grande Quilombo (Mukambu) dos Palmares, cuja extensão geográfica se expandiu para um raio superior a duzentos quilômetros quadrados em toda Zona da Mata, hoje, entre Pernambuco e Alagoas. Palmares, o grande Quilombo conseguiu manter-se organizado por um século quando sofreu sua grande derrocada na madruga do dia seis de fevereiro de 1694, entretanto, mesmo com o tombo fatal do seu último Comandante-em-chefe ZUMBI em vinte de novembro de 1695, ainda assim em meados de 1704, em pleno século XVIII Camuanga, Banga e Souza tentavam corajosamente fazer resistir a Saga de Palmares.
Subir o SOLO PALMARINO em vigília na madrugada do seis de fevereiro, tem sido uma forma singular do Movimento Negro Contemporâneo em todas as suas faces organizativas e representativas, enquanto momento de honras e homenagens aos ancestrais que sonharam, vivenciaram, resistiram e lutaram até o ultimo momento de suas vidas, pela verdadeira liberdade, aquela que se entranhou no solo tornando-o sagrado ao ser fecundado com todo sangue derramado dos guerreiros e guerreiras ali tombados.
Ancestralmente, não é motivo de choro nem lamento por causa da derrocada inaceitável, é de fato uma oportunidade impar de se refletir, entender e saudar todos os guerreiros e guerreiras ali martirizados e materializados no chão das entranhas da barriga da Serra, a qual se constitui hoje numa forma de Muxima, pulsando em cada um de nós que naturalmente nos deixamos enveredar pelas mesmas utopias do passado, na certeza que nossa liberdade está dentro de nossas mentes e corações. Sejamos guerreiros na luta e fortaleçamos a coletividade.
Viva Aqualtune dos Palmares e todos os Gangas, Viva Zumbi, Dandara e Andalaquituche. Saravá N´Zambi!
Na madrugada do dia 05 para o dia 06 de fevereiro irá acontecer uma vigília no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga. Clique aqui e confira a programação completa.
Helcias Roberto Paulino Pereira
Membro do Centro de Cultura e Estudos Étnicos ANAJÔ
Militante do Movimento Negro desde 1988
Hoje na História: 29 de janeiro de 1905 morria José do Patrocínio
Pois bem! A maior esmola que temos em nossas mãos,
é quebrar essas algemas que oprimem nossos irmãos.
É renegar do passado, os feros id’los sangrentos e bradar
aos quatro ventos ‘Escravos, sois cidadãos!’
(Trecho do poema Uma Esmola, de 1874 – José do Patrocínio).
Hoje na História: 29 de janeiro de 1905 morria José do Patrocínio.
Filho de um padre, vigário de Campos e de uma escravizada alforriada de nome Justina Maria do Espírito Santo, José Carlos do Patrocínio nasceu em 9 de outubro de 1853, no município de Campos dos Goytacazes, um dos polos escravagistas do Brasil e em um contexto de pós-tráfico de escravizados (1850). Foi criado na fazenda de João Carlos Monteiro, seu pai, onde, apesar de livre, conviveu com escravizados e com a dureza do regime escravista. Observando a origem de José do Patrocínio, percebe-se que as problemáticas em torno da escravidão sempre estiveram presentes no seu cotidiano, fato que de uma forma ou de outra, lhe acendeu a chama abolicionista.
Aos 14 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro (capital do Império), onde estudou Farmácia, tendo como primeira ocupação a de aprendiz de farmacêutico na Santa Casa de Misericórdia do Rio Janeiro. Apesar da formação, sua verdadeira vocação estava no jornalismo. Em 1875, começou a escrever para ‘‘Os Ferrões’’, jornal satírico de circulação quinzenal.
Anos depois, redator do Gazeta de Notícias, iniciou campanha pela abolição da escravatura, tendo sofrido, na condição de negro, conhecido jornalista e abolicionista, os códigos raciais que moldavam aquela sociedade imperial. Já em 1881, tornou-se proprietário de uma empresa jornalística, a Gazeta da Tarde, um dos grandes veículos de comunicação da Corte, onde militava pela causa abolicionista. Anos depois, fundou, junto com André Rebouças e outros notáveis a Confederação Abolicionista e, da redação do jornal, coordenava a luta antiescravagista, promovia debates públicos sobre o fim da escravidão e agia diretamente na aquisição de castas de alforria e de fundos de emancipação.
Na noite de 29 de janeiro de 1905, enquanto escrevia sua crônica semanal, faleceu vítima de tuberculose.
Para saber mais:
Dia de combate à intolerância religiosa reforça respeito à diversidade
Desde 2007, 21 de janeiro é o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. O tema é uma das principais bandeiras da Fundação Cultural Palmares (FCP), instituição vinculada ao Ministério da Cidadania que tem entre suas atribuições disseminar a cultura de paz e pregar o respeito e a convivência entre os praticantes das mais diversas religiões no País. Para debater o tema, a Fundação promove regularmente seminários, campanhas de conscientização e rodas de conversa. Também realizou mapeamento com todos os terreiros do Distrito Federal, projeto que poderá ser estendido a outras unidades da Federação.
O 1º Mapeamento dos Terreiros do Distrito Federal constatou a existência de cerca de 330 terreiros na capital do País. Realizado por meio de emenda parlamentar, o mapeamento deverá ser estendido a outros estados do País, mediante convênios e parcerias. A metodologia foi desenvolvida em parceria com a Universidade de Brasília. Inicialmente, o foco foi apenas na questão cartográfica, mas o objetivo é que as demais etapas também identifiquem questões socioculturais e econômicas dessas comunidades.
Outra importante ação realizada pela Fundação Cultural Palmares foi a campanha Filhos do Brasil, que teve o objetivo de combater a violência e a intolerância religiosa. A campanha, que tinha o cantor e compositor Arlindo Cruz como embaixador, reforçou a necessidade de respeito às diversidades, às religiosidades e aos cultos de matrizes africanas, que têm um histórico de muita perseguição.
Diretora do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares, Carolina Nascimento ressalta que o combate à intolerância religiosa é um tema que sempre será prioritário na agenda da instituição. “É um assunto que não podemos tirar do radar. O que gera o preconceito? A ignorância. Então, quando as pessoas não conhecem, elas têm um pré-conceito de que aquilo que você acredita, ou que eu acredito, não tem nada de positivo para nos ensinar”, declarou.
Na avaliação da diretora, a ação mais efetiva é trazer informação, expor o que ocorre nos locais de culto. “Por que, por exemplo, as pessoas cultuam os seus orixás? A partir do momento que a gente leva a informação e põe fim à ignorância, isso reduz o preconceito e, naturalmente, também a intolerância”, avalia.
Carolina observa que, inclusive, o termo intolerância não é o mais adequado para descrever a questão do respeito à religiosidade. “Nós tínhamos que falar sobre a convivência respeitosa em relação a qualquer expressão religiosa que o nosso País tem. Quando você fala em tolerar, você não traz o respeito à tona, você apenas suporta. Mas quando a gente fala em convivência respeitosa, a sua fé e a minha fé, independente do que nós acreditamos, iremos conviver bem, iremos no respeitar”, argumenta.
A diretora lamentou que, a despeito de todos os esforços feitos para conscientizar a população, ainda sejam observados tantos casos de intolerância. “A lei que criou o Dia Internacional de Combate à Intolerância Religiosa serve como uma reflexão de como essa violência, de como o racismo religioso, causa danos inclusive à vida física de nossos líderes religiosos”, destacou.
Intolerância
Mãe Baiana destaca que o combate efetivo à intolerância religiosa deve ser fruto de uma política transversal de governos (Foto: Secretaria Especial da Cultura)
Diretora de Monitoramento Racial da Subsecretaria da Igualdade Racial do Governo do Distrito Federal (GDF) e ex-chefe da Divisão de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares, Adna Santos, conhecida como Mãe Baiana de Oyó, sentiu na pela a intolerância religiosa quando seu terreiro de candomblé, o Ylê Axé Oyá Bagan, localizado na região administrativa do Paranoá, no Distrito Federal, foi totalmente incendiado em novembro de 2015. O atentado fez com que o Governo do Distrito Federal instituísse, na época, uma delegacia especializada no combate à intolerância religiosa.
Mãe Baiana destaca que o combate efetivo à intolerância religiosa deve ser fruto de uma política transversal de governos. “Estamos mais uma vez precisando que os nossos governos deem liberdade ao povo de terreiro para se manifestar, se defender, e que haja políticas públicas que contemplem essa diversidade religiosa”, afirmou.
Fundação Palmares e IBGE assinam Acordo de Cooperação Técnica
Na última quinta feira (17), foi publicado no Diário Oficial da União, o Acordo de Cooperação Técnica entre o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Fundação Cultural Palmares (FCP). O acordo visa estabelecer condições para a implementação de atividades conjuntas para divulgar os resultados do Censo Agropecuário, Florestal e Agrícola – 2017; promover o Censo Demográfico 2020; incentivar as comunidades quilombolas a colaborarem com as operações censitárias, bem como compartilhar ações em torno das etapas de planejamento, coleta e divulgação do Censo Demográfico 2020 e fomentar o uso das informações produzidas pelo IBGE.
O IBGE será responsável por elaborar peças promocionais para divulgação do Censo Demográfico 2020, disponibilizando-as para distribuição em todas as unidades da federação e representações da FCP, assim como oferecer orientação sobre o acesso aos dados agregados produzidos no âmbito do Agropecuário, Florestal e Aquícola 2017, quando os mesmos forem divulgados, além de disponibilizar tabulações especiais.
Compete a FCP divulgar os resultados do Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola 2017 em suas mídias e incentivar as comunidades quilombolas a apoiarem a operação censitária demográfica que se realizará no ano de 2020. A Fundação também estimulará as populações quilombolas a responderem o questionário do Censo aplicado pelos recenseadores, quando os mesmos visitarem os domicílios e territórios quilombolas, ou responderem pela internet, quando e onde essa opção for oferecida pelo IBGE. Compartilhar informações cadastrais, gráficas, georreferenciadas, textuais e estatísticas sobre os territórios e comunidades quilombolas, visando à preparação do Censo Demográfico de 2020.
O presente Acordo de Cooperação Técnica terá a duração de 48 meses, contados a partir da data de sua assinatura, podendo ser prorrogado desde que haja interesse entre os órgãos.
Já se preparando para o Censo Demográfico 2020, o Cadastro Geral de Informações Quilombolas está sendo realizado pela Fundação Cultural Palmares via formulário online. Os dados coletados servirão como base para o planejamento do IBGE no recenseamento do próximo ano.
O cadastro vai permitir avanços inéditos, como a autoidentificação da população quilombola em relação ao pertencimento étnico, vocação cultural e a localização dessas comunidades; informações sobre a infraestrutura existente, a fim de facilitar o acesso às políticas públicas voltadas a este público. Reunirá também dados socioeconômicos e geográficos das comunidades, a exemplo da localização, das condições gerais, o número de habitantes, as manifestações religiosas e a existência de conflitos fundiários. A Fundação Cultural Palmares certificou 203 comunidades quilombolas somente em 2018 e a expectativa é de que todas preencham o cadastro pela internet.
21 de janeiro, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa
O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro, foi instituído no ano de 2007 pela Lei nº 11.635 em homenagem à Mãe Gilda , Iyalorixá que foi vítima de intolerância religiosa no fim de 1999.
No mês de outubro, Mãe Gilda teve seu templo invadido, depredado e o seu marido agredido por fundamentalistas religiosos. Não superando o trauma dos ataques, veio a falecer em janeiro do ano seguinte após um infarto.
Iyalorixá Gildásia dos Santos e Santos , conhecida como Mãe Gilda de Ogum fundou em 1988 o Ilê Axé Abassá de Ogum , Terreiro de Candomblé localizado nas imediações da Lagoa do Abaeté, bairro de Itapuã em Salvador.
Foi iniciada no Candomblé em 1976 no Terreiro de Oya, ao completar sete anos de iniciada na religião recebe o cargo de yalorixá e em 06 de outubro de 1988 registrou seu Terreiro de Candomblé, o Axé Abassá de Ogum , de nação Ketu na Federação do Culto Afro . Mãe Gilda foi uma ativista social e se destacou pela sua personalidade forte e grande participação em ações para a melhoria do bairro de Nova Brasília de Itapuã.
O dia 21 de janeiro significa um marco na luta ao respeito da diversidade religiosa. Embora o preconceito e a intolerância religiosa são considerados crimes no Brasil, as ocorrências aumentaram de forma substancial nos últimos anos. Um levantamento realizado pelo Ministério dos Direitos Humanos mostra que no período de janeiro de 2015 ao primeiro semestre de 2017 há uma denúncia a cada 15 horas.
DENÚNCIAS
NÚMERO DE CASOS
É importante lembrar que mais que tolerância, é preciso que haja respeito em todas as religiões. Os praticantes das religiões de matriz africana não buscam tolerância, lutam por respeito e liberdade para professarem sua fé.
Denúncias de violações contra religiões de matriz africana, comunidades quilombolas, de terreiros e ciganas podem ser feitas pelo Disque 100, serviço do governo federal para receber denúncias de violações de direitos humanos. O Disque 100 , juntamente com a Ouvidoria da Igualdade Racial , são instrumentos oferecidos pelo governo federal no combate ao racismo.
Aconteceram e irá acontecer atos em celebração ao dia em diversos cantos do país, aqui mapeamos algum deles:
- A 2ª Marcha de Combate à Intolerância Religiosa em Sorocaba (SP) neste domingo (20);
- Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa em Olinda (PE) nesta segunda (21);
- Ato em homenagem a Mãe Gilda em Salvador (BA) nesta segunda (21);
- Roda de conversa sobre intolerância religiosa em Brasília (DF) nesta segunda (21).
Local: ParlaMundi – LBV
Lavagem da Escadaria do Senhor do Bonfim, uma das maiores expressões de fé e de cultura do povo baiano
Quando eu cresci dei a faixa de presente
Pra pagar uma promessa
Ao meu Senhor do Bonfim
Pedi que me abrisse o caminho
Da felicidade
Pedi que me desse um carinho
Prá minha mocidade
Sou feliz, ninguém mais feliz que eu (Faixa de Cetim, Ari Barroso).
Ocorre hoje, 17 de janeiro, em Salvador/BA, a tradicional Lavagem da Escadaria do Senhor do Bonfim, uma das maiores expressões de fé e de cultura do povo baiano.
Há diferentes versões e datas sobre como e quando iniciou essa tradição. Há relatos de que o início se deu em 1740, 1754 e 1773, segundo o site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o festejo ocorre desde 1745.
“É uma celebração tradicional que ocorre desde o século XVIII. Sua origem remonta à Idade Média, na Península Ibérica e na devoção ao Senhor Bom Jesus ou Cristo Crucificado. Integra o calendário litúrgico e o ciclo de Festas de Largo de Salvador e é realizada anualmente, sem interrupção, desde 1745. A Festa do Senhor Bom Jesus do Bonfim – inscrita no Livro de Registro das Celebrações. em 2013 – articula duas matrizes religiosas distintas, a católica e a afro-brasileira, e incorpora diversas expressões da cultura e da vida social soteropolitana. Está profundamente enraizada no cotidiano dos habitantes de Salvador, e possui grande poder de mobilização social.”
O culto ao Senhor do Bonfim teve início na Igreja Nossa Senhora da Penha em 1945, igreja onde ficava a imagem do Senhor do Bonfim, que foi trazida de Setúbal – Portugal por Theodósio Rodrigues de Faria, Capitão de Mar e Guerra e pela irmandade de portugueses, Devoção de Nosso Senhor Bom Jesus do Bonfim.
A irmandade fazia cultos e venerava o seu patrono no altar lateral da igreja, até que conseguissem fundos para a construção do seu próprio local de culto. O novo local escolhido foi na antiga Colina de Monte Serrat (atual Colina do Bonfim, nome dado após a construção do novo templo) e a obra foi concluída em 1754, tendo igreja sido batizada por Capela do Senhor do Bonfim na Colina.
Ainda segundo historiadores a lavagem remete à limpeza que era realizada na basílica para a festa em louvor ao Senhor do Bonfim, desde o século XVII / XIX, no segundo domingo após a Festa de Reis. Para que a comemoração fosse realizada, convocavam os negros escravizados eram convocados e obrigados a realizarem a lavagem da igreja na quinta-feira anterior ao evento. Lembra-se que nos terreiros, esse também é um hábito antigo, tendo sido reinterpretado pelos escravizados, ao sincretizar o Senhor do Bonfim com Oxalá, sendo a sexta-feira, o dia regido por este Orixá. Por isso, os negros escravizados aproveitavam a ocasião para realizarem os preparativos para a homenagem a Oxalá.
Em 1889, ano da Proclamação da República, a festa do Senhor do Bonfim, por determinação do Arcebispado, foi proibida. No entanto, no dia 17 de janeiro de 1890, as baianas resolveram desacatar a ordem e dirigiram-se à colina, vestidas à maneira africana (blusas e saias brancas e rendadas, pescoços ornados com as guias dos Orixás), munidas de vassouras e potes de barro com água de cheiro (água preparada com infusão de ervas aromáticas que, segundo o Candomblé, quando derramada na cabeça do fiel, livra-o de males como mal olhado).
A polícia tentou intervir, apreendendo todos os objetos, mas isso não foi capaz de coibir e enfraquecer totalmente o ritual. Pois proibidas de lavarem o interior do tempo, passaram a lavar a escadaria, garantindo assim as bênçãos do Senhor do Bonfim e Oxalá.
No ano de 2013 a Lavagem do Bonfim recebeu o título de Patrimônio Imaterial Nacional do Brasil, reconhecido pelo IPHAN.
O festejo teve início hoje e vai até o dia 20 de janeiro, confira na íntegra mais informações sobre a festividade e dicas. (clique aqui)
Fontes:
Você já ouviu falar sobre a Revolta dos Malês?
A Revolta dos Malês foi uma das inúmeras lutas pela liberdade, promovidas por negros escravizados durante o Período Regencial (interregno entre a abdicação de D. Pedro I e o chamado “Golpe da Maioridade”, quando seu filho D. Pedro II teve a maioridade proclamada – 1831 a 1840). O motim ocorreu na cidade de Salvador – BA, entre os dias 24 e 25 de janeiro de 1835 (no fim do mês sagrado do Ramadã), há exatos 180 anos.
Os malês eram formados por libertos e escravizados africanos, principalmente, os negros de ganho, escravizados que tinham mais liberdade do que os negros das fazendas para circular pela cidade, o que não os livrava de serem constantemente alvejados pelo desprezo e pela violência.
Os negros de ganho que desempenhavam atividades livres, como alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e carpinteiros, a partir das quais poderiam economizar uma pequena parte dos ganhos que seus donos lhes deixavam, para comprar sua alforria, dominavam a leitura e a escrita em árabe. “Malê” é a corruptela do termo iorubá imalê, que quer dizer muçulmano.
O levante reuniu cerca de 600 negros (embora outras fontes indiquem 1500) e foi composto por escravizados africanos de várias etnias, com protagonismo de nagôs (também conhecidos como iorubas) e participação de hauçás ou haussaás.
Os líderes nagôs eram os negros escravizados Ahuna, Pacifico Licutan, Sule ou Nicobé, Dassalu ou Damalu, Aprígio, Pai Inácio e Gustard. Também nagô era o liberto Manuel Calafate. Os outros eram o escravizado tapa, Luís Sanim e o liberto hauçá Elesbão do Carmo ou Dandará, que negociava com fumo.
O mote da revolta era a libertação de todos os escravizados africanos de origem muçulmana, a partir da tomada do governo. O movimento teria sido planejado em reuniões — possibilitadas pela relativa autonomia de que dispunham escravos urbanos — em que exercícios de leitura e escrita corânicas dividiam tempo com rezas e conspirações.
O plano dos rebeldes se constituiu a partir das experiências de combate que tiveram anteriormente em África e visava opor-se às práticas herdadas pelo Império do sistema colonial português, a saber, a escravidão e a intolerância religiosa. Essa revolta ainda foi resultado do desmando político e da miséria econômica do período regencial.
Todavia, de modo pragmático, os revoltosos buscavam inverter a lógica a que estavam submetidos, portanto, tomar o poder, impor o islamismo, assassinar e confiscar os bens de brancos e mulatos e escravizar os não-muçulmanos. A ideia era conquistar primeiro a cidade de Salvador e de lá seguir partir para a conquista dos engenhos do Recôncavo baiano.
Não obstante, as autoridades também se organizaram com rapidez, conseguindo repelir os ataques aos quartéis de Salvador, colocando em fuga os revoltosos. Suspeita-se que algum integrante tenha delatado o próprio movimento. Ao procurar sair da cidade, um grupo de mais de quinhentos revoltosos, entre escravos e libertos, foi barrado na vizinhança do Quartel de Cavalaria em Água dos Meninos, onde se deram os combates decisivos, vencidos pelas forças oficiais, mais numerosas e bem armadas.
Foram mortos 70 revoltosos e sete homens das tropas oficiais. Quase 3 centenas de malês foram presos e julgados. As penas aplicadas variaram de açoites, trabalhos forçados até a deportação para a África e a condenação à morte (o que foi sentenciado aos líderes).
Outra consequência da Revolta foi a proibição da circulação noturna dos africanos muçulmanos pelas ruas da capital da província da Bahia e a proibição da prática de cerimônias religiosas pelos adeptos do Islã.
Apesar de rapidamente controlada, a Revolta dos Malês serviu para demonstrar às autoridades e às elites o potencial de contestação e rebelião que envolvia a manutenção do regime vigente, ameaça que esteve sempre presente durante todo o Período Regencial e se estendeu pelo Governo de D. Pedro II, o que pode ser constatado pelo número de revoltas e conspirações ocorridas nos anos seguintes (5 delas tiveram projeção nacional: a Cabanagem, a Farroupilha, a Sabinada, a Balaiada e a Praieira).
A historiadora Priscilla Leal Mello, autora da tese de doutorado Leitura, encantamento e rebelião — O Islã negro no Brasil, avalia que: “Embora derrotado, o Levante dos Malês foi um episódio importante que, a longo prazo, foi enfraquecendo o sistema escravista e a noção de que povos africanos e afro-brasileiros estavam contentes com sua condição. A resistência fazia parte do seu cotidiano, e a liberdade era mais que um sonho, era um projeto, um objetivo a ser alcançado.”
Fontes:
https://bit.ly/2HeTK6B
15 de janeiro de 1929: nascia em Atlanta, Martin Luther King Jr.
Em 15 de Janeiro de 1929 nascia Martin Luther King Jr., na cidade de Atlanta (EUA). Filho e neto de pastores protestantes batistas fez seus primeiros estudos em escolas públicas segregadas e graduou-se no prestigiado Morehouse College , em 1948, formou-se em teologia pelo Seminário Teológico Crozer e, em 1954, iniciou suas atividades como pastor em Montgomery, capital do estado do Alabama. Em 1955, concluiu o doutorado em filosofia pela Universidade de Boston , onde conheceu sua futura esposa, Coretta Scott.
Luther King foi um grande defensor da resistência não violenta contra a opressão racial e, por este motivo, elevado à condição de líder do movimento em favor dos direitos civis dos afro-americanos. Luther King lutou por um tratamento igualitário e contribuiu para a melhoria da situação da comunidade negra mediante protestos pacíficos e discursos enérgicos sobre igualdade racial.
Em 1955, organizou o famoso boicote ao transporte público em Montgomery, em protesto contra a prisão de Rosa Parks, uma mulher negra que se recusou a dar lugar a uma passageira branca em um coletivo. A ação, que durou 381 dias, representou uma grande vitória para o protesto pacifista, fazendo com que Luther King emergisse como líder altamente respeitado.
Apesar do reconhecimento, Luther King foi preso, teve sua casa atacada e recebeu diversas ameaças contra a sua vida. Não obstante, nem a violenta repressão policial enfraqueceu o movimento. Por fim, em 21 de dezembro de 1956, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu pelo fim da segregação racial nos transportes públicos.
Em 1957, participou da fundação da Conferência de Liderança Cristã do Sul (SCLC, na sigla em inglês), que lutava pelos direitos civis e era liderada por Luther King, que passou a ser citado como referência na busca pela igualdade racial. No ano de 1963, ele comandou um protesto não-violento em Birmingham, também no Alabama, uma das regiões mais segregacionistas do país na época. O protesto foi fortemente sufocado pelas forças locais do comissário de segurança pública Theophilus Connor (O Touro), onde foram feridos vários manifestantes, incluindo crianças e aproximadamente 3.300 pessoas foram presas, inclusive Luther King.
Esse acontecimento foi mostrado a todo o planeta e atraiu uma legião de adeptos à causa dos direitos civis dos negros estadunidenses, ocasionando outro grande momento ainda, em 1963: a Marcha pelo Trabalho e pela Liberdade , em Washington, que reuniu mais de 250.000 adeptos em frente ao Memorial Lincoln . Ocasião na qual Luther King proferiu seu mais famoso discurso, “Eu Tenho Um Sonho”. No mesmo dia, uma comissão de lideranças da Marcha de Washington , como ficou conhecido o episódio, foi recebida pelo então presidente John Kennedy, que declarou apoio à pauta de reivindicações.
No ano seguinte, foi aprovado o
Ato dos Direitos Civis
, que baniu a segregação e discriminação racial em escolas e locais públicos, e, em 1965, a
Lei dos Direitos de Voto
, que também foi conquistada em decorrência das manifestações.
O ano de 1964 foi marcado pelo reconhecimento mundial pelos esforços de Martin Luther King por um mundo mais justo e igualitário e por sua militância em defesa da vida, o que se deu por meio do Prêmio Nobel da Paz. Aos 35 anos, Luther King tornou-se o mais jovem a receber o Nobel.
O líder aos poucos foi ampliando seus objetivos e, ao mesmo tempo, ganhava mais inimigos, tanto entre brancos como entre negros que acreditava que a filosofia da não-violência não trazia resultados práticos. Respondendo às alas radicais do movimento, disse que o povo negro não deveria matar a sede de liberdade na taça do ódio e da revolta, mas que, porém, não deveria se sentir satisfeito com as meias-verdades oferecidas pelas elites do país.
Em 1967, Luther King, apesar das tentativas de dissuasão feita por alguns de seus companheiros de luta, temerosos de que os negros americanos fossem acusados de antipatriotismo, posicionou-se contra a Guerra no Vietnã com discursos como “Além do Vietnã” e “Por que sou contra a guerra no Vietnã?” ( assista ).
Durante sua luta, Luther King recebeu inúmeras ameaças, teve sua casa depredada, foi esfaqueado por uma mulher negra com problemas mentais e foi preso inúmeras vezes. Na noite de 04 de Abri de 1968, foi assassinado a tiros na varanda do seu quarto em um Hotel em Memphis, Tennesse, onde estava em apoio a uma greve de coletores de lixo, por um homem branco que havia escapado da prisão.
Em 1986 foi estabelecido um feriado nacional nos Estados Unidos para homenagear Martin Luther King, o chamado “Dia de Martin Luther King” (sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário de King). Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do país.
No ano de 2011, o presidente dos EUA, Barack Obama, inaugurou, no Washington Mall , um monumento em homenagem a Martin Luther King Jr, uma estátua de 9m de altura, esculpida em granito branco chinês pelo artista Lei Yixin. Luther King é o único líder que não assumiu o posto máximo de sua nação a receber uma homenagem no Mall – até então um panteão dedicado a presidentes americanos: George Washington, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln e Franklyn Roosevelt.
Fonte:
https://abr.ai/2RvJNWM
https://bit.ly/2gXnmIR
https://bbc.in/2VWVOn4
Confira o resultado final dos candidatos habilitados e inabilitados do prêmio de música
A Fundação Cultural Palmares divulgou nesta sexta-feira (8), a lista final da fase de habilitação e inabilitação do edital "PRÊMIO LUIZ MELODIA DE CANÇÕES AFRO-BRASILEIRAS".
O edital visa incentivar a participação plena e efetiva da população negra homenageando assim, Luiz Melodia, ator, cantor e compositor brasileiro de MPB, rock, blues, soul e samba. Melodia compõe a galeria de personalidades homenageadas pela Fundação Cultural Palmares, devido à sua grande relevância no cenário artístico do país.
Confira a lista clicando aqui.
Hoje nascia André Rebouças – O engenheiro abolicionista
André Pinto Rebouças nasceu na cidade de Cachoeira – BA, em 13 de janeiro de 1838, filho mais velho de Antônio Pereira Rebouças e Carolina Pinto Rebouças. Possuía sete irmãos.
Embora vivendo no século XIX, numa família de afrodescendentes, sua mãe era filha de comerciantes e seu pai, um homem importante e de grande prestígio na época. Advogado autodidata, representou o estado da Bahia na Câmara dos Deputados por diversas legislaturas, foi secretário de governo da, então, província de Sergipe, e conselheiro do Império.
Essa condição familiar atípica para o período garantiu a André Rebouças e seus irmãos uma educação de qualidade. Em 1846, muda-se com a família para o Rio de Janeiro e, em 1854, aos 16 anos, ingressa, junto com seu irmão Antônio Rebouças, na Escola Militar (posteriormente, Escola Politécnica, no Largo do São Francisco), de onde saem, após conclusão do curso preparatório, como 2º tenente do Corpo de Engenheiros. O complemento do estudo de ambos se dá na Escola de Aplicação da Praia Vermelha. André tornou-se bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas, em 1989, obtendo o grau de engenheiro militar, no ano seguinte.
Novamente em companhia de seu irmão Antônio, viaja para a Europa motivado pelos estudos, entre fevereiro de 1861 e novembro de 1862. Ao retornar, passam a trabalhar como comissionados do Estado brasileiro com a incumbência de vistoriar e aperfeiçoar os portos e fortificações litorâneas, elementos estratégicos na garantia da soberania brasileira.
Atuou como engenheiro militar na Guerra do Paraguai, a partir de maio de 1865, porém dado a problemas de saúde, retorna à capital do Império em julho de 1866.
Desse momento em diante, passa a desenvolver projetos com seu irmão Antônio na tentativa de estruturação de companhias privadas com a captação de recursos junto a particulares e a bancos, visando a modernização do país.
As obras que André realizou como engenheiro estavam ligadas ao abastecimento de água na cidade do Rio de Janeiro, às docas Dom Pedro II e à construção das docas da Alfândega. Os irmãos Rebouças foram responsáveis pelo projeto da estrada de ferro que liga Curitiba ao porto de Paranaguá, considerada, até hoje, uma obra de concepção arrojada.
Na década de 1880, André se engaja na campanha abolicionista, ao lado de Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, Cruz e Souza, e Machado de Assis, todos representantes da diminuta classe média negra em ascensão durante o Segundo Reinado.
Ajudou a criar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, participou também da Confederação Abolicionista e redigiu o estatuto da Associação Central Emancipadora. Participou da Sociedade Central de Imigração, juntamente com o Visconde de Taunay.
Dotado de uma visão progressista e liberal, contrapôs-se firmemente à indenização dos senhores de escravos, posto que, conforme defendia, o trabalho desempenhado pelo escravo superava em muito qualquer que tenha sido o investimento feito pelo senhor. Ademais, sustentava que conceder as tais indenizações significaria reconhecer a legitimidade de se possuir escravos, o que para ele era absurdo, já que o desempenho de qualquer trabalho deveria ser retribuído por meio de um salário. Saliente-se que, para André, o salário deveria garantir a autonomia e a dignidade dos trabalhadores, caso contrário, representaria uma re-escravização.
Por meio de seu livro Agricultura nacional, estudos econômicos: propaganda abolicionista e democrática, André Rebouças advogava que a existência de uma real emancipação e integração do negro na sociedade nacional estaria atrelada à garantia de acesso à terra. Argumento esse que até hoje mantém-se relevante.
Monarquista e possuindo vínculos muito estreitos com Dom Pedro II, acompanhou a família real em seu exílio após a Proclamação da República, em 1889. De Lisboa, colaborou com os jornais Gazeta de Portugal e The Times, de Londres.
Em 1892, transferiu-se para Cannes, na França, a pedido de D. Pedro II, lá permanecendo até o falecimento do antigo imperador. Nesse mesmo ano, devido a problemas financeiros, aceitou trabalhar em Luanda, Angola. No entanto, pouco mais de um ano depois, mudou-se para Funchal, na Ilha da madeira.
Deprimido pelo exílio e com constantes problemas de saúde, em 09 de maio de 1898, André Rebouças atirou-se de um penhasco, próximo ao hotel em que vivia.
A importância de André Rebouças para a modernização do país e para a abolição da escravatura revela-se na toponímia de várias cidades brasileiras, a exemplo do bairro Rebouças, em Curitiba, da avenida Rebouças, em São Paulo, e do túnel homônimo, no Rio de Janeiro.
Fontes:
Presidente Erivaldo fala sobre as metas da Fundação Cultural Palmares para o ano de 2019
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira falou nesta sexta feira (11) as pretensões, metas e objetivos para FCP no de 2019
No primeiro semestre do ano terá o lançamento da segunda edição do livro Conhecendo Nossa História – Da África ao Brasil. Um material didático de grande importância, que tem como papel, ser o aliado no resgate e no conhecimento da história, da cultura e das manifestações afro-brasileiras e de matriz africana.
“Precisamos contar a história dos grandes heróis e heroínas negros” Afirma Erivaldo Oliveira.
A reinauguração da Biblioteca Oliveira Silveira na sede da FCP, é umas das grandes metas da instituição para esse ano. O acervo possui mais de 26 mil obras especializadas em cultura afro-brasileira, entre livros, fotografias, quadros, peças e documentos históricos de artesanato, presentes que foram dados por personalidades de outros países, entre outros itens. O presidente ressaltou a importância de reinaugurar a biblioteca para que a sociedade possa ter acesso a todo seu conteúdo.
Com a iniciativa dos governos estaduais o Mapeamento dos Terreiros irá ser ampliado para cada estado da federação. A meta é melhorar as condições de funcionamento dos terreiros por meio de políticas públicas específicas e valorizar o espaço das religiões de matriz africana. A Fundação Cultural Palmares continuará o seu trabalho de de conscientização e respeito a todas as manifestações religiosas.
O projeto “Virada Afro-cultural” um projeto de sucesso que visa a mobilidade social e o protagonismo das manifestações culturais afro-brasileiras e de matriz africana, com feiras, cursos de formação e shows de artistas locais e nacionais, também vai continuar rodando o Brasil no ano de 2019 e novos municípios receberam o projeto.
Através da parceria e de uma emenda parlamentar, a FCP junto do Instituto Federal de Brasília (IFB) irá oferecer cursos de formação para estudantes das periferias. Os cursos terão duração de até 02 anos e meio e a previsão para o lançamento do projeto é em março. A Universidade Federal da Bahia (UFBA) juntamente com a Fundação Palmares também irá promover cursos de formação.
“Os alunos poderão sair das periferias ou quilombos para fazer os cursos no Instituto Federal de Educação. O intuito é formar pessoas para gerar empregabilidade, para mudar a estrutura social e empoderar nossos jovens através do conhecimentos. A Palmares entende que não existe mobilidade social sem formação”
O retorno do “Seminário Estado, Racismo e Violência” que tem como foco, a discussão e proposição de ideias como alternativas para a redução dos diversos tipos de racismo e violência contra a população negra. “Nós não vamos reduzir a violência do país se não promover o desenvolvimento social. É preciso retirar as pessoas das situações de risco e vulnerabilidade social e econômica”
A Serra da Barriga é um símbolo de resistência e preservação da cultura afro-brasileira e cenário do herói que defendeu sua terra Zumbi dos Palmares. Foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1986 e foi certificada como Patrimônio Cultural do Mercosul em 2017. Um dos grandes objetivos de 2019 é a Serra da Barriga se tornar Patrimônio Cultural da Humanidade.
A Plenário Quilombola também está prevista para o primeiro semestre de 2019. O intuito da FCP é dialogar com os representantes das comunidades quilombolas e apresentar alternativas de como tornar as comunidades mais produtivas, desta forma os remanescentes que permanecerem em sua terra poderão gerar renda e sustento próprio de acordo com sua vocação econômica, seja ela: agricultura, pecuária ou a própria cultura local.
O Projeto Escola Sem Racismo continuará atuando de maneira eficaz nas escolas do Distrito Federal, com a proposta de inserir a educação étnico-racial na grade escolar durante todo ano letivo, empoderando e conscientizando crianças, jovens e funcionários da escola, trazendo à tona a discussão do que tem sido e pode ser feito para reduzir o racismo nas instituições de ensino.
Este ano a Fundação Cultural Palmares comemora seu 31° aniversário e os planos para 2019 é continuar a fomentar a mobilidade social para a população negra, promover e preservar a nossa cultura, e combater diariamente o racismo religioso e todo tipo de discriminação racial.
Avante, Palmares!
16 anos da Lei 10639/2003
A Lei 10.639, de 2003, promoveu importante mudança de perspectiva na educação do país, com entrada em vigor da obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana. Nesta terça-feira, 9 de janeiro, esta conquista completa 16 anos.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação e incluiu no currículo oficial da rede de ensino público e privada a obrigatoriedade da presença da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”. Ela contempla reivindicações de longa data do movimento negro no Brasil; é uma notável e importante conquista que traz e provoca a discussão sobre a identidade histórica e cultural de matriz africana e afro-brasileira.
O objetivo do estudo da história da África nos currículos escolares da educação básica é diminuir a distância entre África e o Brasil, desconstruindo o imaginário criado em torno do homem negro e a sua história que sempre foi esquecida e inferiorizada.
O objetivo do estudo da história da África no currículo escolar da educação básica, é diminuir a distância entre África e o Brasil. É necessário haver uma desconstrução do conhecimento que foi disseminado desde o período escravocrata até os dias de hoje, que demoniza e inferioriza a cultura africana.
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, doutora em Ciências Humanas e indicada pelo movimento negro para a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação em entrevista para a Fundação Cultural Palmares (FCP) relata o seguinte: “O racismo, ao longo dos séculos, têm criado estratégias para manter os negros brasileiros à margem dos direitos devidos a todos os cidadãos, sobretudo os negros que se reconhecem descendentes de africanos, que se negam deixar assimilar por ideias e conhecimentos depreciativos de tudo que vem da sabedoria construída a partir de suas raízes. Infelizmente, pessoas e instituições ignorantes das civilizações e culturas africanas continuam fomentando e renovando atitudes, posturas racistas e desigualdades entre negros e não-negros. Por isso, foi necessário que se estabelecesse uma política pública com o intuito de corrigir disparidades, começando por garantir a todos os brasileiros, igual direito a sua história e a cultura.
Não se trata apenas de oferecer conteúdos “referentes à participação do negro para o desenvolvimento da sociedade brasileira”. O Parecer CNE/CP3/2004 esclarece com precisão que a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana não visa tornar os brasileiros mais eruditos, mas reeducar as relações étnico-raciais a fim de que todos – descendentes de europeus, asiáticos, africanos e povos indígenas – valorizem a identidade, a cultura e a história dos negros que constituem o segmento mais desrespeitado da nossa sociedade.”
O Conhecendo Nossa História: da África ao Brasil é realizado pela Fundação Palmares em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e governos estaduais e prefeituras. A iniciativa envolve formação de docentes para, com base nas relações étnico-raciais, tratar nas salas de aula de questões como artes, história e cultura, além de preconceito, racismo e intolerância religiosa. A ação mostra aos estudantes o papel da contribuição dos negros na formação da identidade nacional.
“Em nível federal, a administração do sistema de ensino tem de continuar intensificando apoio financeiro e técnico. Além disso, é necessário ampliar, fortalecer procedimentos de acompanhamento e avaliar a implantação da educação das relações étnico-raciais e do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, contando para tanto, com os conselhos e secretarias de educação dos estados e municípios.
Há muito que ser feito, pois a implantação da referida lei exige intenso combate ao racismo que cotidianamente se manifesta nos diferentes âmbitos da sociedade. Exige também muito estudo e ampliação de muitas das experiências bem sucedidas de professores e estabelecimentos de ensino” Afirma Drª. Petronilha.
Desta forma, cabe às escolas incluir diariamente, no contexto dos estudos, atividades que abordem as contribuições histórico-culturais dos povos africanos a fim de valorizar a identidade, o reconhecimento e os processos das lutas dos negros no Brasil até os dias atuais.
Nasce Juliano Moreira: o pai da psiquiatria brasileira
Juliano nasceu na capital Salvador em seis de janeiro de 1873. Filho de Manoel do Carmo Moreira Junior (português) e de Galdina Joaquim do Amaral (empregada do Barão de Itapuã).
Mestiço e pobre, Juliano Moreira iniciou seus estudos primários no Colégio Pedro II e os concluiu no Liceu Provincial, ambos na cidade de Salvador. Doutorou-se muito jovem pela Faculdade de Medicina da Bahia, 1891, com a tese intitulada “Sífilis Maligna Precoce”, que foi divulgada e elogiada inclusive no exterior.
Em 1896 ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia como professor substituto da Seção de Doenças Nervosas, após defender a dissertação “Discinesias Arsenicais“. Em seu discurso de posse, ao ser aprovado no concurso, Juliano Moreira descreveu de forma tão elegante o que parecia ser sua experiência pessoal com relação ao marcante preconceito de cor na sociedade brasileira de então. Na Bahia, dedicou-se à dermatologia e à neuropsiquiatria, colaborou na periódica Gazeta Médica da Bahia, na Revista Médico-Legal e As jaces de Iltliano Moreira, na Revista dos Inzernos da Faculdade de Medicina da Bahia. E foi um dos fundadores da Sociedade de Medicina e Cirurgia e da Sociedade de Medicina Legal da Bahia.
Entre 1895 e 1902 fez uma série de viagens à Europa para tratar-se de tuberculose, contraída pela rotina e pela dedicação intensiva aos estudos. Nesse período, frequentou diversos cursos de doenças mentais, tendo como professores Flechsig, Krafft-Ebing, Emil Kraepelin, Magnan, entre outros, cujas experiências resultaram em trabalhos publicados na Gazeta Médica da Bahia.
Já na Europa também realizou estágio de anatomia patológica com Virchow – um médico e político alemão considerado o pai da patologia moderna e da medicina social. Visitou as principais clínicas psiquiátricas e manicômios da Alemanha, Inglaterra, Escócia, Bélgica, França, Itália, Áustria e Suíça. De volta ao Brasil, Juliano Moreira instalou-se no Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão.
Em 1903, por influência de Afrânio Peixoto e J.J. Seabra, ministro da Justiça do governo Rodrigues Alves, foi nomeado diretor do Hospital Nacional de Alienados. Sua nomeação dava-se após uma série de escândalos ocorridos na administração de Antônio Dias Barros, que resultou num inquérito levado a cabo pelo Ministério da Justiça. Esse inquérito constatou as péssimas condições de tratamento no hospital. Com a atuação de Juliano Moreira foram realizadas algumas mudanças: instalação de laboratórios de anatomia patológica e de bioquímica no hospital; remodelação do corpo clínico, com entrada de psiquiatras/neurologistas e outros especialistas (de clínica médica, pediatria, oftalmologia, ginecologia e odontologia); a abolição do uso de coletes e camisas de força; a retirada de grades de ferro das janelas; a preocupação com a formação dos enfermeiros; o grande cuidado com os registros administrativos, estatísticos e clínicos, entre outras mudanças significativas.
Juntamente com Júlio Afrânio Peixoto, fundou em 1905, na sede da Academia Nacional de Medicina, a Sociedade Brasileira de Psychiatria, Neurologia e Sciencias Affins. Em 17 de novembro de 1907 esta associação que reunia médicos do Hospício Nacional de Alienados, professores e alunos da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, foi renomeada como Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal, da qual Juliano Moreira foi presidente, e presidente perpétuo (1928).
Em 1911 foi nomeado diretor da Assistência Médico-Legal de Alienados, órgão criado em 1890 para a formulação de uma política assistencial para os alienados – órgão este que em 1927 foi rebatizado de Serviço de Assistência a Psychopatas, passando a integrar o Ministério da Justiça e dos Negócios Interiores.
Juliano também foi um dos membros fundadores, vice-presidente (1923-1926), e presidente da Sociedade Brasileira de Ciências criada em 1916, posteriormente denominada Academia Brasileira de Ciências (1926-1929).
Durante sua gestão, Juliano Moreira criou o Manicômio Judiciário e enviou esforços para a aquisição do terreno, a construção e a fundação da Colônia Juliano Moreira. Já em 1928, foi convidado pelas universidades japonesas de: Tokyo, Kyoto, Sendai e Osaka, para fazer diversas conferências sobre sua especialidade, sendo condecorado com a Ordem do Tesouro Sagrado pelo Imperador Hirohito (1901-1992).
Somente em 1930 se afastaria da direção do Hospital Nacional de Alienados, vindo a falecer, três anos mais tarde, na cidade de Correias, no Rio de Janeiro, para onde mudou-se, já muito debilitado devido à tuberculose. E em 02 de maio de 1933, faleceu em decorrência da doença.
Um aspecto marcante na carreira de Juliano Moreira foi sua explícita discordância quanto à atribuição da degeneração do povo brasileiro à mestiçagem, especialmente a uma suposta contribuição negativa dos negros na miscigenação. Para ele, na luta contra as degenerações nervosas e mentais, os inimigos a combater seriam o alcoolismo, a sífilis, as verminoses, as condições sanitárias e educacionais adversas. O trabalho de higienização mental dos povos, disse ele, não deveria ser afetado por “ridículos preconceitos de cores ou castas”.
O Clarim da Alvorada: O jornal da resistência
Em 06 de janeiro de 1924 circulava pela primeira vez o que viria a ser um dos mais importantes periódicos da imprensa negra paulistana: O Clarim d’Alvorada.
Fundado pelos jovens militantes Jayme de Aguiar e Jose Correia Leite o jornal era editado na cidade de São Paulo e circulava várias cidades do Brasil. Ao longo de sua publicação ele foi apresentado em diversos formatos, uma mudança drástica na linha editorial, transformou o jornal em um elemento fundamental na construção de uma consciência política e social na comunidade negra.
O jornal circulou com o nome de “O clarim” até a 4ª edição. A partir da 5ª lançada em 13 de maio de 1924, foi adicionado ao seu título em letras menores a palavra “da Alvorada”. Consolidando assim o nome: “ O Clarim da Alvorada”.
A primeira fase do jornal que vai da fundação até outubro de 1927 teve 36 edições publicadas. Nestas primeiras edições eram escritos artigos com foco na abolição da escravatura, lutas, acontecimentos e os desdobramentos referentes a população negra.
No início de 1928 o jornal viveu sua segunda fase, que consistiu em apresentar uma identidade política forte voltada para a
“questão racial”
e propondo a mobilização do povo negro para conquistar a cidadania plena. O redator responsável, Correia Leite propôs diversas mudanças ao Clarim, bem como: organização, cabeçalho e diagramação. Até o ano de 1933 o jornal publicou cerca de 26 edições e ainda neste mesmo ano foi extinto.
Em 1940 sua terceira fase, foi publicada apenas a edição número um.
Em depoimento José Correia Leite discorreu sobre essa a última fase do Jornal: “ Depois de um longo silencio, o porta-voz que marcou uma época nas indagações históricas, nas afirmações dos direitos e em todos os anseios de conquistas dos homens negros, surge hoje, uma edição do “Clarim da Alvorada”. Isto prova que das cinzas de velhos ideais, ainda brilham as pequenas brasas da esperança” . (LEITE, “O Clarim da Alvorada”, 28 de setembro de 1940, p.1)
Naquela época, os jornais eram o meio de comunicação mais difundido. No mesmo período, poucos se colocavam dispostos a refletir sobre as questões do povo negro, por isso é importante destacar que os jornais da imprensa negra que circulavam, estimulavam a população negra na luta contra a opressão e na reivindicação de sua inserção social. Deste modo, com o passar dos anos a imprensa negra além de difundir o conhecimento, denunciava os primeiros casos de discriminação racial nos espaços públicos. O Clarim d’Alvorada trouxe a questão da militância política e procurava sempre estar a par de tudo que acontecia no meio da população negra, assuntos eram debatidos através dos escritos do jornal promovendo assim uma afirmação social da população.
“A comunidade negra tinha necessidade dessa imprensa alternativa. Não se tinha outro meio a não ser copiar o que as colônias estrangeiras faziam. O negro, de certa forma, era também minoria como os italianos, os alemães, os espanhóis. E todos eles tinham jornais e sociedades. As publicações negras davam aquelas informações que não se obtinham em outra parte.” Afirma Correia Leite, redator responsável na segunda fase do O Clarim d’Alvorada, em depoimento.
Fontes:
Capital Nacional do Reggae
Nesta segunda- feira (11), foi sancionada a Lei n.º 14.668 que concede ao Município de São Luís, capital do Estado do Maranhão, o título de Capital Nacional do Reggae.
O reggae é um gênero musical de origem jamaicana, caracterizado por canções lentas e dançantes que fazem críticas sociais. Resultado de um processo de trocas culturais e das influências dos povos que habitavam e habitam o território. Fazem parte do processo evolutivo desse estilo de música os ritmos mento, ska, rocksteady, roots e dancehall.
No Brasil, começou a ganhar força no país por volta dos anos 1970, sendo um ritmo musical mais predominante no norte, especialmente no estado do Maranhão, no município, São Luís. Por meio de marinheiros que chegavam ao porto e deixavam discos trazidos da Jamaica para pagar por serviços.
Até hoje, a música reggae continua a evoluir e seguir as tendências da música moderna, mas ainda assim, as tradições da nação foram preservadas, espelhando as visões de mundo e vivências coletivas que foram passadas de geração em geração ao longo dos anos, sem comprometer sua identidade.
Foi inaugurado o Museu do Reggae, em 2018, e é o primeiro museu temático de reggae localizado fora da Jamaica, no qual estuda, preserva e celebra a Cultura Reggae no Maranhão. Além de contar com vários objetos de grande relevância para o reggae maranhense como discos raros e radiolas.
A capital incorporou o reggae em seus festivais e programação cultural, influenciando as interações já existentes, e assim nasceu uma nova cultura e trocas simbólicas. A criação de uma imagem semelhante das duas ilhas no pensamento coletivo levou muitos a acreditar que São Luís é verdadeiramente a Jamaica do Brasil.
No entanto, o reggae maranhense tem as suas particularidades, se diferenciando do resto do mundo, é o único lugar do mundo em que é dançado a dois, o famoso “agarradinho”.
Possui termos únicos como “pedra”, “pedrada” ou “pedra de responsa”, em outras palavras, é conhecido como aquele reggae bom, bonito, que envolve todos que estão ao redor.
O melô é o modo como os DJs passaram a nomear certas músicas, com objetivo de esconder a verdadeira identidade da música para evitar o acesso da concorrência.
A radiola é o equipamento em que são acopladas caixas de som, formando um “paredão”. No Estado, ela se popularizou bastante e passou a existir batalhas de radiolas para saber qual tinha maior potencialidade.
Assim, possibilitou o surgimento de muitos artistas populares, referências do reggae nacional, como Cidade Negra; Tribo de Jah; Nativus, Natiruts, Maneva; Maskavo; Planta Raiz dentre outros.
Presidente da FCP e integrantes da entidade visitam futura sede
O presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), João Jorge Santos Rodrigues, visitou na manhã desta terça-feira (12), o espaço onde em breve será o futuro prédio da entidade. O local, situado no Setor de Autarquias Sul tem espaço amplo e permitirá a adaptação de toda equipe e acervos da FCP.
De acordo com o presidente João Jorge, o objetivo é fazer com que todos os colaboradores e servidores da instituição se sintam confortáveis para exercerem suas atividades. Ainda segundo ele, esse é mais um importante passo para a construção da nova Palmares.
“Já conseguimos avançar. A próxima conquista é sair desse prédio que não comporta todos os funcionários da entidade e muito menos as pessoas que vêm visitar o local. A cultura negra deve ser expandida e reconhecida. Com a colaboração de todos os servidores e o empenho da Junta Comercial, vamos concluir essa etapa e começar uma próxima o mais breve possível.”, observou o presidente.
Já o presidente da Junta Comercial do Distrito Federal (Jucis), Walid de Melo Pires Sariedine, destacou a importância de ter a Fundação Palmares como parceira, pois, de acordo com ele, a entidade tem a missão de salvaguardar a cultura afro-brasileira.
“A Jucis se identificou com a Palmares no primeiro contato. Estamos providenciando os ajustes necessários para que todos se sintam bem. Sempre fui muito entusiasta com esse prédio, a localização é boa e tem estacionamento para todos. Agradeço a paciência do presidente João Jorge que lutou para trazer a Palmares a este espaço. Acredito que serão felizes aqui, disse Walid.
20 de novembro se torna feriado estadual em São Paulo
Celebrado no Brasil, os 20 de novembro — data referente à morte do maior líder quilombola da América Latina, Zumbi dos Palmares — se torna oficialmente o Dia Estadual da Consciência Negra, como feriado do estado de São Paulo. A Lei nº 17.746, de 12/09/2023, que institui o feriado, foi publicada no Diário Oficial nesta quarta-feira (13).
A data, que também é memorada nos estados de: Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Rio de Janeiro e em cerca de 1260 municípios, tem como principal objetivo trazer à tona a reflexão sobre o valor e a contribuição da comunidade negra para o Brasil.
A data, dentre outros temas, abrevia questões sobre racismo, discriminação, igualdade social e inclusão. Assim, como tem papel importante na promoção de fóruns, debates e outras atividades que valorizam a cultura africana.
Idealizada na década de 1970, pelo poeta, professor e pesquisador gaúcho Oliveira Silveira, no âmbito das lutas dos movimentos sociais, em reunião com a Fundação Cultural Palmares (FCP), reunia militantes e pesquisadores da cultura negra brasileira, na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Atuavam para que a Lei Estadual de 8.352, de 11 de setembro de 1987, fosse inclusa ao calendário oficial. No mesmo ano, o estado de São Paulo instituiu novembro como o "Mês da Consciência Negra", por meio da Lei Estadual nº 5.680, de 21 de maio.
Hoje, a celebração torna-se mais um marco histórico, e contribui imensamente para a conscientização do pensamento coletivo à igualdade racial e social com o propósito de ressaltar o protagonismo das pessoas negras.
Fundação Palmares lança edital Bolsa de Mobilidade Cultural Afro-Brasileira
A Fundação Cultural Palmares (FCP), vinculada ao Ministério da Cultura, lança nesta quinta-feira, 14 de setembro de 2023, o edital BOLSA DE MOBILIDADE CULTURAL AFRO-BRASILEIRA para os segmentos de artes visuais, artes cênicas (dança, música e teatro), artes integradas, circo e história, tradição e cultura. Serão concedidas 45 (quarenta e cinco) bolsas, em cota única, para realização de projetos de mobilidade cultural voltados a cultura afro-brasileira. O Edital totaliza R$ 825.000,00 (oitocentos e vinte e cinco mil reais) de investimento nessas bolsas.
A iniciativa visa promover a circulação no território nacional das diversas expressões culturais afro-brasileiras, bem como ações de formação e intercâmbio cultural, por meio do apoio financeiro para o custeio de despesas de hospedagem, alimentação e transporte de agentes culturais autodeclarados negros (pretos ou pardos) e quilombolas pertencentes a Comunidades Remanescentes, devidamente certificadas pela FCP, bem como o custeio de transporte de suas obras e material agregado.
Serão concedidas 45 (quarenta e cinco) bolsas culturais, sendo 9 (nove) para cada uma das 5 (cinco) regiões brasileiras, assim distribuídas: 2 (duas) bolsas no valor bruto de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para propostas de coletivos culturais e 7 (sete) bolsas no valor bruto de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) para propostas apresentadas por agentes culturais de forma individual. Caso não sejam encaminhadas inscrições de coletivos de agentes culturais, as bolsas para coletivos serão remanejadas na região para propostas de mobilidade cultural individual.
QUEM PODE PARTICIPAR
Poderão participar pessoas físicas, brasileiros natos ou naturalizados, maiores de idade, residentes no Brasil e autodeclaradas negras (pretas ou pardas), com experiência no campo da cultura afro-brasileira, membros de Comunidades Remanescentes de Quilombo - CRQ, devidamente certificadas pela Fundação Cultural Palmares, com experiência no campo da cultura afro-brasileira.
Grupos ou coletivos culturais, sem constituição jurídica, poderão indicar uma pessoa física como proponente responsável em declaração assinada pelos integrantes (Anexo II).
IMPORTANTE
Cada proponente poderá concorrer com apenas um projeto. O mesmo projeto não poderá ser inscrito simultaneamente por vários proponentes, sendo integrantes ou não de um mesmo coletivo.
O(a) proponente deverá se inscrever na região e Unidade Federativa (UF) correspondente ao seu endereço residencial, sob pena de eliminação do certame.
Os proponentes pertencentes à comunidade indígena, quilombola, cigana, circense, população nômade ou itinerante, estão dispensados de apresentar comprovação de endereço. Porém, deverão selecionar região de sua localização atual no momento da inscrição.
Os(as) proponentes poderão optar por apresentar o projeto de forma oral, em formato de vídeo, com o limite máximo de 15 (quinze) minutos de duração, no que concerne aos itens: Apresentação, Justificativa e Plano de trabalho, devendo orientar-se exclusivamente pelo Roteiro para Apresentação em Vídeo (Anexo IV), respondendo todos os quesitos na sequência em que se encontram.
A apresentação de projeto de forma oral deverá ser enviada no próprio formulário de inscrição, no campo destinado a este fim através do link: https://shre.ink/2wdO
O vídeo deve estar em formato MP4, gravado na horizontal, com até 100MB de tamanho.
Após o envio do formulário de inscrição online não serão admitidas alterações, complementações ou correções no projeto.
Se o(a) proponente inscrever mais de 1 (um) projeto, somente o último projeto inscrito será avaliado pela Comissão de Seleção.
Os projetos que apresentem quaisquer formas de preconceito de origem, raça, etnia, gênero, cor, idade ou outras formas de discriminação serão desclassificados em qualquer fase do edital, com fundamento no disposto no inciso IV do caput do art. 3º da Constituição, garantidos o contraditório e a ampla defesa.
O proponente é o responsável pelo envio dos documentos e pela qualidade visual, conteúdo dos arquivos e informações do seu projeto.
INSCRIÇÕES
As inscrições encerram-se no dia 09 de outubro de 2023 e deverá ser feita exclusivamente pelo Formulário do Google Forms, disponibilizado por meio do link:
DOCUMENTOS
- Aviso de Edital (publicação no DOU)
- Edital
- Cronograma
- Declaração de indicação de pessoa física como responsável legal por grupo ou coletivo cultural sem constituição jurídica
- Autodeclaração étnico-racial
- Roteiro para apresentação em vídeo
- Termo de concessão de bolsa (PDF) (Word)
- Relatório do(a) bolsista (PDF) (WORD)
- Retificação de cronograma - Anexo I
Resultado provisório/ preliminares
Resultados Finais
- Resultado final de seleção - classificação geral
- Resultado final de seleção - por região
- Resultado final
Retificações
Retificação de Cronograma - 29/01/2023
DÚVIDAS
Dúvidas e informações referentes ao Edital poderão ser esclarecidas e/ou obtidas por meio do endereço eletrônico: mobilidadeculturalafro@gmail.com
A Escola Olodum e a Série Olodum Griô
A Escola Olodum inicialmente chamada de Projeto “Rufar dos tambores” foi criada, em 1983, pelo Grupo Cultural Olodum e desde 2001 é mantida pela Associação Carnavalesca Bloco Afro Olodum, organização que tem como objetivo resgatar, preservar e valorizar a cultura negra, buscando construir uma identidade cultural para os afro-brasileiros.
É um espaço idealizado para explorar o potencial criativo e empreendedor dos jovens afrodescendentes, a partir de suas experiências de vida, ritmo e interesses próprios, implementando a formação de valores sociais e morais, que permita a convivência harmônica com todos os segmentos sociais.
A Escola Olodum desenvolve suas ações dentro de uma proposta de grade curricular pluricultural que envolve as linguagens de: percussão, dança afro, coral e inclusão digital, trabalhando paralelamente a questão da cidadania étnico-cultural, por meio de workshops de cidadania, seminários, ensaios das oficinas, produção de um jornal e campanhas de mobilização social. Os beneficiários são 300 crianças, adolescentes e jovens, na faixa etária de 07 aos 21 anos, matriculados em escolas públicas de Salvador.
Há 30* anos a Escola Olodum vem mostrando, por meio de suas ações, que a verdadeira história da população negra na construção do Brasil precisa ser destacada.
E isso vem sendo feito principalmente com as discussões promovidas pelos Seminários Olodum – “Revolta dos Búzios”, “Mãe Mulher Maria”, “Educação, Cultura e Diversidade Étnica”, “Você Sabe a Cor de deus?” e “Ciência, Cultura e Tecnologia”.
A partir da Lei Federal 10.639/03 que altera dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB número 9394/96, de 20 de dezembro de 1996, e torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileiras nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio das redes pública e particular de todo o país, os Seminários Olodum tomaram um caráter voltado para a implementação da Lei, trabalhando diretamente com professores da rede de ensino municipal e estadual de Salvador.
A necessidade de criação de materiais para realização do trabalho em sala de aula tem sido uma das maiores reivindicações que os professores vêm apresentando nas avaliações que são realizadas nos Seminários Olodum.
Desta forma, a Escola Olodum, por meio das Edições Olodum, participa desse processo lançando a Série Olodum Griô, e como um contador de histórias mostrará as contribuições dos negros que construíram o Brasil, preservando nossa história. De geração em geração.
A Editora Olodum já publicou os livros: OLODUM – de bloco afro a holding cultural, de Marcelo Dantas (1994, Por que resisti à prisão, de Carlos Marighella (1994), Estrada da paixão, de João Jorge Rodrigues (1996), Triologia do Pêlo, de Márcio Meireles (1996) e Carnaval, cultura, negritude, de Nelson Mendes e João Jorge Rodrigues (2005), além de editar anualmente os livros de música do Olodum.
O primeiro número da série Olodum Griô é Revolta dos Búzios – uma história de igualdade no Brasil, onde, pelos traços de Maurício Pestana é contada a história que representa o marco zero dos direitos humanos no Brasil, a luta pela implantação de uma república democrática e justa e pelo fim da escravidão, que impedia negros (as) e brancos (as) de serem tratados com igualdade.
Crédito do texto: Escola Olodum
Sobre a 2º Edição da série Olodum Griô, lançada em 2015:
Autor e ilustrador: Maurício Pestana
Coordenadora e organizadora: Mara Felipe
Criação de textos, layout, diagramação, paginação: Pestana Arte & Publicações
Revisão histórica e ortográfica: Verônica Gomes
Supervisão da revisão histórica: Marcelo Gentil
*Data corrigida, pois o texto original de divulgação da série foi publicado em 2015.
Presidente da FCP recebe integrantes da TV Bahia
O presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), João Jorge Santos Rodrigues, recebeu na tarde desta quarta-feira (20) o chefe da Gestão Geral da TVE Bahia, Flávio Gonçalves e Gustavo Pinto, do setor de marketing do veículo, a fim de tratarem possíveis parcerias. O chefe de gabinete da FCP Nelson Mendes, também participou da reunião.
Na ocasião, foram debatidas ações para fomentar e divulgar o dia 20 de novembro, data em que se comemora o Dia da Consciência Negra. O objetivo é estabelecer parcerias com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB); a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e a TVE Bahia, como uma futura concessão entre as empresas.
TVE Bahia
É a televisão pública do estado da Bahia no ar desde 1985, com programação diversificada que inclui cultura, educação, saúde, esportes e informação. Opera no canal 10, e é afiliada a TV Brasil e o Canal Futura.
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
É um indicador criado pelo governo federal para medir a qualidade do ensino nas escolas públicas. O último IDEB, realizado em 2019, declara a nota do Brasil sendo 5,7 nos anos iniciais, 4,6 nos anos finais e 3,9 no ensino médio da educação pública.