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Publicado em 24/11/2013 09h00 Atualizado em 09/12/2025 17h19

Nota de Pesar: Carlos Nobre Cruz

Publicado em 16/10/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 11h17

A Fundação Cultural Palmares lamenta o falecimento de Carlos Nobre Cruz, ocorrido nesta terça-feira, 15 de outubro, em decorrência de um infarto.

Sergipano, fiel às raízes, docente do Departamento de Comunicação da PUC-Rio, Cruz se dedicava a aulas sobre Jornalismo e Racismo. Comprometido com a defesa dos Assuntos relacionados à cultura afrodescendente, tratava constantemente de temas como racismo, preconceito racial e violência policial nas favelas do Rio de Janeiro em suas pesquisas, publicações, palestras e conferências.

Formado em Jornalismo, mestre em Ciências Penais pela Universidade Cândido Mendes, pesquisador Nirema (Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente) do Departamento de História da PUC-Rio, Nobre, com currículo tão rico, nunca deixou de ser repórter.

Sempre atento, apurando e investigando fatos, que seriam objetos de matérias jornalísticas, livros, seriados ou cursos voltados para releituras das ligações históricas entre o Continente Africano e o Brasil, trabalhou nos principais jornais do país: O Dia, Jornal do Brasil, Estado de São Paulo, entre outras.

Autor de muitas obras, em novembro, mês da Consciência Negra, lançaria o “Guia Afetivo sobre Joãozinho da Gomeia”. Trata-se da sua segunda biografia sobre o pai de santo – a primeira foi em 2017, “GomeiaJoão: a arte de tecer o invisível” – que, como descrevia, “ao se instalar em Duque de Caxias (na Baixada Fluminense), em meados dos anos 1940, colocou essa cidade no mapa do mundo”.

Em suas passagens pelo Jornal do Brasil e O Dia. também se especializou na cobertura do Judiciário. Em consequência, foi capa da revista LIDE, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro em 1998.

Seu mais novo projeto vinha sendo desenvolvido na Comissão Diversidade, da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). No início do próximo mês, ele seria o representante palestrante de evento sobre censura realizado em conjunto com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro.

Instituto Rosa dos Ventos e Fundação Palmares promovem oficina de Tambor de Crioula no DF

Publicado em 15/10/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 11h24

Teve início neste sábado (12), no Centro de Tradições Populares, em Sobradinho, a Oficina de Tambor de Crioula que colocou diferentes gerações para dançar juntas. Apoiada pela Fundação Cultural Palmares (FCP), a atividade que é parte do Circuito de Culturas Populares e Afro-brasileiras é promovida pelo Instituto Rosa dos Ventos de Arte, Cultura e Cidadania.

Com o Circuito, a proposta é garantir a valorização de territórios culturais do Distrito Federal (DF). Outras três grandes ações – 15 anos do Grupo Seu Estrelo; Samba e Ancestralidade; e, aulas-espetáculos do Bumba Meu Boi de Seu Teodoro – foram realizadas desde o mês de agosto. Já com a Oficina o Instituto espera fechar 2019 com uma grande conquista: a ampliação e o maior envolvimento dos públicos em torno das artes tradicionais.

Para a FCP o Circuito é uma proposta inovadora enquanto projeto social, pois, tem foco em fortalecer os grupos que promovem as manifestações culturais, quando a maior parte das proposições enfatizam apenas públicos. “Projetos como este são importantes à preservação da cultura, especialmente no DF que ainda está em processo de constituição da sua identidade cultural”, afirma Nelson Júnior, fiscal de Temo de Fomento do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira (DEP) da Fundação.


Tales Guimarães Paiva, técnico de Termo de Fomento do DEP, reforça que vantagem dos repasses de emendas para projetos é que o dinheiro é investido diretamente no suprimento de demandas das localidades onde eles são executados. “Principalmente sabendo que essas necessidades são identificadas pelas próprias comunidades, segundo as suas realidades”, destaca, recordando o valor de intervenções culturais e sociais nas periferias.

Oficina Tambor de Crioula – A primeira turma da oficina de Tambor de Crioula que acontece até 09 de novembro, contou com praticamente 100 participantes. “É uma oportunidade para a comunidade vivenciar a cultura popular. Conhecer as raízes é muito importante para o fortalecimento das identidades”, diz Tamatatiua Freire, brincante e filha de Seu Teodoro.
As aulas estão sendo ministradas por Gilvan do Vale, artesão, puxador das toadas e membro do grupo há 28 anos. Além dos toques de tambores e da matraca, os alunos também aprendem, com as coreiras, a dança de roda. “Um verdadeiro mergulho na cultura popular”, afirma Stéffanie Oliveira, diretora do Instituto.

“Aqui também damos foco às composições de toadas, que muitas vezes são feitas de improviso, e nas técnicas utilizadas para a confecção e o afinamento dos tambores”, explica Vale. “No fim fazemos uma roda dos próprios alunos. Uma roda deles, tocada por eles”, conta, relembrando a emoção de outras oficinas ministradas por ele.

As próximas aulas estão marcadas para 19 e 20 de outubro e 09 de novembro. As oficinas são gratuitas e sempre das 17h às 19h. Quem perdeu o primeiro fim de semana, pode comparecer para as aulas seguintes. “É possível pegar o ritmo da turma, perde um pouco, mas não impede que o aluno acompanhe se estiver disposto a aprender”, estimula Vale.

O último dia de atividade será marcado por um grande festejo em homenagem ao Mestre Teodoro, fundador do grupo que completaria 99 anos em 09 de novembro de 2019. A história do Mestre se confunde com a construção da identidade individual e coletiva, do grupo que carrega a tradição regional do Bumba Meu Boi maranhense, representada na capital federal.

O Centro de Tradições Populares, onde acontecem as atividades é um dos territórios culturais mais importantes e tradicionais do DF. É a sede do Bumba Meu Boi de Seu Teodoro, grupo declarado Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado, em 2004.

O nobel da paz ao etíope Abiy Ahmed

Publicado em 14/10/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 11h27

O anúncio na sexta-feira (11) de que o escolhido como ganhador do Prêmio Nobel da Paz, em 2019, foi o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali, merece comemorações, obviamente, pela população do país do agraciado, dos povos dos demais países africanos e de defensores do desenvolvimento e do congraçamento entre as nações, o que inclui de modo contundente o Brasil.

Abiy Ahmed, de 43 anos, mereceu a distinção, de acordo com o comitê do prêmio, na Noruega, pela atuação que tem em prol da paz na região especialmente no que se refere ao conflito entre a Etiópia e a Eritreia.

Abiy Ahmed foi protagonista de uma conciliação com a Eritreia. Em apenas um semestre de governo, ele conseguiu celebrar um tratado de paz com o país vizinho, colocando fim a duas décadas de confrontos.

No seu governo, Abiy também concedeu liberdade a dissidentes políticos. Pediu desculpas oficiais pela violência estatal e recebeu de braços abertos os integrantes de grupos exilados que seus antecessores haviam chamado de “terroristas”.

Os dois estados têm um histórico de confronto e esforço por autodeterminação, que tem raízes na antiguidade clássica, quer dizer, passa pelo período grego e romano, logo diz respeito a uma relação complexa e longínqua. Há também menções tanto à Etiópia quanto à Eritreia em fontes literárias egípcias, ou seja, datadas por volta de 2 500 a.C.

Os dois territórios podem ser considerados integrantes do berço da civilização mundial. Não é por acaso que a sede da União Africana está na capital da Etiópia, Adis Abeba.

A repercussão desse prêmio no Brasil, país que tem a segunda maior população afrodescendente do planeta, deveria ser impactante. Por essa característica étnica, quando o Continente Africano avança em quaisquer áreas de políticas públicas, essa conquista ajuda a elevar a estima dos negros do nosso país.

A Etiópia com 110 milhões de habitantes tem a segunda maior população entre os países africanos. Conta com tradições profundas entre cristãos e judeus. Portanto, simbolicamente é um estado bastante representativo.

Abiy é o 24º a conquistar um Nobel. No ano passado, o prêmio laureou o médico congolês, Denis Mukwege. Ele atendeu mais de 30 mil vítimas de abuso sexual com ferimentos graves, numa região em que a guerra civil levou que milhares de mulheres tenham sido estupradas e ceifou mais de 6 milhões de vidas humanas.

Conforme divulgou o comitê do Nobel, o prêmio divulgado hoje é a expressão de um desejo “de reconhecimento a todos os atores que trabalham pela paz e a reconciliação na Etiópia e nas regiões do leste e nordeste africanos”.

Nós aqui do Brasil aplaudimos e manifestamos o mesmo desejo de que essa celebração se traduza em mais um passo em direção à paz entre esses povos e nações africanas.

Por: Sionei Ricardo Leão
Diretor de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares

Gisele Gama, autora da coletânea Sara e Sua Turma, lança sua nova obra: Preto no Branco

Publicado em 02/10/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 11h29

A autora que já lançou 74 livros infantis da coleção Sara e sua Turma, traduzidos para os idiomas Espanhol, Inglês e Japonês e que abordam a temática da inteligência emocional e relacional, lançará no dia 04 de outubro o seu novo livro de poesia.

O livro marca uma nova fase da carreira da autora que, já consagrada por suas obras voltadas ao público infantil, lança agora este trabalho voltado a públicos de todas as idades. Trata-se de uma coletânea de crônicas, poesias e textos com provocações sobre temas como diversidade, raça, reconhecimento de si, desconstrução de verdades absolutas, direitos humanos e desenvolvimento pessoal, empoderamento negro e outros.

Amores, Calmaria, Caos, Farol, Calor, Imagem, Prece e Velhice são alguns dos textos que compõem as mais de 150 páginas de Preto no Branco. Segundo a autora, o livro é uma forma de ruptura com o que está posto. “Esta obra não segue padrões. Não está dentro daquilo que as pessoas esperam. E foi exatamente isso que pensei ao concebê-lo. Não busquei linearidade, lógica nem temporalidade. A intenção desta obra é provocar um rompimento. Entre o que existia antes e que vem depois. Um encontro com o mais profundo de mim”, avaliou Gisele.

O livro será lançado no dia 04 de outubro de 2019 às 18h, na Livraria Leitura do Shopping Pier 21 em Brasília e também contará com o show do consagrado artista de Brasília, Marvyn.

Serviço:
Lançamento do livro: Preto no Branco
Autora: Gisele Gama
Data: 04 de outubro de 2019
Horário: 18h
Local: Leitura do Shopping Pier 21

A cultura judaica marcará presença no IV Fesman em 2020

Publicado em 09/10/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 11h33

O 4º Festival Mundial das Artes Negras (Fesman), em 2020, contará com atrações e manifestações da cultura judaica na sua programação oficial. O evento será uma parceria entre a Fundação Cultural Palmares (FCP), as embaixadas africanas e países parceiros interessados em divulgar as contribuições culturais negras de suas sociedades. Nesse contexto, a proposta de garantir a participação de Israel no Fesman partiu de um diálogo entre Vanderlei Lourenço, presidente da FCP e representantes da Associação Cultural Israelita de Brasília (ACIB) na sexta-feira (04).

Emília Stenzel e Mourad Belaciano trouxeram à Fundação uma nova demanda que é apresentar uma versão não contada da Diáspora Judaica: a marcada pela presença de pessoas negras que, como a Diáspora Africana, contribuiu à constituição de muitas nacionalidades. “O judaísmo não é divulgado oficialmente por sua participação na constituição da identidade brasileira”, afirma Emília. Segundo ela, o Brasil assumiu como matrizes as suas raízes mais expressivas, deixando de reconhecer as que são vistas como minorias, como é o caso do judaísmo.

Belaciano enxerga nas políticas públicas de cultura, reais possibilidades de mudança de olhar sobre a pluralidade étnica. “É importante investir na cultura. As políticas públicas trazem a informação e depois somem cumprindo assim o seu papel de incluir e dar visibilidade, mas a cultura fica e se perpetua”, enfatiza. “A cultura tem o papel de mostrar a história e essas atividades serão uma forma de tratar da consciência negra sob outros aspectos, diferentemente do que vem sendo sempre tratado”, complementa Lourenço.

Judeus etíopes – Sionei Leão, diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro (DPA/FCP), conta que na década de 1970 os judeus etíopes foram reconhecidos como judeus legítimos pelos rabinos e puderam voltar a Israel por meio da Lei do Retorno. “É emblemática a presença negra nas raízes do judaísmo, um traço de Israel de que a comunidade mundial precisa tomar conhecimento” , diz.

Também chamados Beta Israel, esses judeus pertencem a uma das comunidades negras espalhadas pelo Continente Africano. Sua origem não é clara e se mistura com a mitologia bíblica. A família real etíope, deposta pelos revolucionários em 1974, dizia-se descendente de Makeda, a rainha de Sabá, com o rei Salomão, de Israel. Na Bíblia ambos aparecem conduzindo relações meramente diplomáticas, porém os Beta Israel se dizem remanescentes dessa relação entre realezas.

Para que a programação completa de Israel no Fesman seja fechada com toda essa riqueza de peculiaridades e influências judaicas, haverá ainda outras reuniões. A FCP e a ACIB se comunicarão nos próximos dias com a Embaixada de Israel para tratar de parcerias.

FESMAN – Idealizado há cinco décadas por Léopold Sédar Senghor – político, escritor e presidente do Senegal de 1960 a 1980 – o Fesman teve a sua primeira edição em 1966, em Dacar, no Senegal, com o tema Significado das Artes e Cultura Negra na vida dos Povos e para os Povos. Outras duas edições aconteceram em 1977 na Nigéria e em 2011 novamente em Senegal. Nesta última, o Brasil foi convidado de honra do Festival.

O terceiro Fesman uniu 80 países que, em duas semanas apresentaram, apoiaram e/ou prestigiaram expressões negras como Arquitetura; Artes e Artefatos Antigos; Artesanato; Artes contemporâneas; Cinema; Culturas Urbanas; Dança; Design; Literatura; Moda; Música; e Teatro. Do encontro cultural entre nações participam, não somente Brasil e África, mas também países convidados, de outros continentes, que reconhecem os valores por trás das artes negras.

Feira do Livro de Frankfurt terá presença de escritoras brasilienses

Publicado em 04/10/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 11h36

Três escritoras brasilienses que atuam no registro literário da cultura afro-brasileira participarão do maior evento mundial do mercado editorial: a Feira do Livro de Frankfurt. Custódia Wolney, Waleska Barbosa e Gisele Gama Andrade apresentarão junto aos seus trabalhos as obras premiadas pelo I Prêmio Oliveira Silveira, edição 2015, da Fundação Cultural Palmares (FCP).

A presença das escritoras, no evento que acontecerá entre os dias 16 e 20 de outubro, na Alemanha, foi garantida pela participação de Gisele Gama, com o Projeto Sara e Sua Turma, no edital Conexão Cultura DF, da Secretaria de Cultura do Governo do Distrito Federal (Secult/GDF). Gisele, que é autora, consultora e empresária, crê que a aposta para este ano está na possibilidade de mostrar o Brasil como ele precisa ser visto: um país rico em diversidade cultural. “Poder mostrar ao mundo a nossa cultura é mais que uma oportunidade, é uma missão. Nossos títulos já estão traduzidos para o inglês, o espanhol e o japonês. É uma chance de criarmos outras conexões também”, diz.

Junto dos livros premiados – Água de Barrela; Haussá 1815: Comarca das Alagoas; Sobre as Vitórias Que a História Não Conta; Sessenta e Seis Selos e Sina Traçada – as escritoras levarão ainda a obra O amor ao próximo é legalizado – pode usar sem medo! de Mateus Santana, poeta brasiliense que enfatiza as relações afetivas presentes nas situações cotidianas. Também publicitário, Santana desenvolveu as capas dos livros contemplados pelo Prêmio, elaborando das ilustrações à composição gráfica.

Best Sellers afro-brasileiros – Os livros publicados pela Fundação no I Prêmio Oliveira Silveira totalizaram uma tiragem de 30 mil exemplares que foram distribuídos pelas principais capitais do Brasil. “As obras publicadas pela Palmares já vão para as ruas como Best Sellers, e em Frankfurt trabalharemos a viabilidade para que elas se internacionalizem, até porque as temáticas são de interesse mundial”, enfatiza Vanderlei Lourenço, presidente da FCP.

“A participação em Frankfurt será um momento importante, uma visibilidade e a internacionalização da nossa literatura e da nossa cultura registrada”, destaca o presidente. “Um grande passo, pois, em 2020, a Palmares pretende entrar no circuito das feiras literárias internacionais com os livros contemplados na segunda edição do Prêmio Oliveira Silveira”, completa.

Oportunidade – A Feira será movimentada por editorias de todo o mundo, dentre as quais estarão 31 do Brasil. O estande do país tem mais de 10 nomes de peso confirmados na programação especial com palestras e performances.
Para a jornalista Waleska Barbosa, que participa da feira pela primeira vez e discursa sobre literatura periférica, Frankfurt será em breve, um sonho realizado: “Tenho um sentimento de expectativa, curiosidade e uma alegria imensa por fazer parte desse seleto grupo de escritores”, ressalta.

– Confira a programação completa do estande do Brasil:

16 de outubro
12h às 12h30 – A escritora Regina Drummond e a CEO da editora Gira Brasil, Brita Moench-Pingel, abrem os talks do primeiro dia da Feira em conversa sobre tradução de livros brasileiros vendidos no exterior.
16h às 16h30 – Autor Alexandre Oliveira conversa sobre o seu primeiro romance, Reservado.

17 de outubro
12h às 12h30 – Ilan Brenman fala sobre o que torna um livro infantil um bestseller dentro e fora do Brasil.

18 de outubro
16h às 16h30 – Romancista Custódia Wolney comenta sobre local de fala versus conhecimento agregado na literatura negra.
17h30 às 18h – Sessão de meditação e mindfulness no final do dia fecha a sessão de talks da sexta-feira, com a editora De Rose.

19 de outubro
10h às 10h30 – Autoras da Fundação Palmares falam sobre suas obras e questões raciais
12h às 12h30 -Autora Fernanda Oliveira fará uma apresentação cantada.
14h-14h30 – Jornalista Waleska Barbosa e o autor Alexandre Oliveira falam sobre a literatura que vem da periferia.
16h-16h30 – Texto Vivo – programação de contação de história. A atração conta com uma performance literária com expressão corporal e teatralidade metaforizando o “eu literário” em diversas formas de linguagens.

Presidente da Palmares e embaixador de Camarões se encontram para alinhar proposta do IV Fesman

Publicado em 27/09/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 11h41

O presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Vanderlei Lourenço, foi recebido nesta segunda-feira (23) por Martin Agnor Mbeng, embaixador da República de Camarões no Brasil, para tratar do IV Festival Mundial das Artes Negras (Fesman). A razão do encontro foi propor que o embaixador seja o responsável por levar a proposta do Fesman aos países do Continente Africano, com objetivo que estes sejam parceiros na articulação e execução do Festival.

Mr Mbeng participará nesta quinta-feira ((26), de reunião junto a representantes de 35 países africanos, onde informará sobre a proposta apresentada por Lourenço. “Esperamos a maior adesão possível, pois, a cultura é uma expressão muito importante a um povo. Assim, a relação entre o Brasil e a África deve ser compreendida como de grande relevância”, disse Mr Mbeng.

A ideia é que a próxima edição do evento aconteça no Brasil no próximo ano. “O Fesman será a grande ação da Palmares em 2020. Estamos otimistas, a previsão é que pelo menos 20 estados brasileiros, além de países africanos e de outros continentes participem conosco”, afirma Lourenço.

Kátia Cilene Martins, coordenadora-geral do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC) da FCP, e, Carolina Petitinga, coordenadora de Estudos e Pesquisa, acompanharam o presidente. Segundo elas, é gratificante constatar a grande receptividade da proposta. “Será um importante canal de intercâmbio e de reconhecimento internacional das artes negras”, destaca Katia.

Até novembro, outras reuniões ocorrerão com o objetivo de efetivar as parcerias para que o IV Fesman ocorra. “Esses encontros são importantes para que possamos visualizar a concretização deste grande Festival”, ressalta Carolina.

FESMAN – O Fesman é a maior reunião das artes e da cultura negra do mundo. O evento foi idealizado há cinco décadas por Léopold Sédar Senghor, político, escritor e presidente do Senegal de 1960 a 1980. No período entre as duas Guerras Mundiais, juntamente ao poeta antilhano Aimé Césaire, conceituou o termo “negritude”, dando origem ao movimento literário que exaltava a identidade negra em sua época.

A primeira edição do Fesman foi realizada em 1966, em Dacar, no Senegal, com o tema Significado das Artes e Cultura Negra na vida dos Povos e para os Povos. Outras duas edições aconteceram em 1977 na Nigéria e em 2011 novamente em Senegal. Nesta última, o Brasil foi convidado de honra do Festival. O terceiro Fesman uniu 80 países que, em duas semanas apresentaram, apoiaram e/ou prestigiaram expressões negras como Arquitetura; Artes e Artefatos Antigos; Artesanato; Artes contemporâneas; Cinema; Culturas Urbanas; Dança; Design; Literatura; Moda; Música; e Teatro.

Do encontro cultural entre nações participam, não somente Brasil e África, mas também países convidados, de outros continentes, que reconhecem os valores por trás das artes negras.

Rota de turismo em Centro Histórico marca 190 anos da proibição dos batuques em Curitiba

Publicado em 25/09/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 13h52

Para marcar os 190 anos da proibição dos batuques e fandangos pela Câmara Municipal de Curitiba, em 24 de setembro de 1829, o Centro Cultural Humaitá realizou nesta terça-feira (24) o passeio Linha Preta. A rota turística conta com 21 pontos de memória afro-curitibana pelo Centro Histórico da capital. A proposta é compartilhar com o público informações sobre fatos e personagens invisibilizados pela História Oficial do estado do Paraná.

A Linha Preta tem como objetivo dar visibilidade à contribuição de negras e negros à construção de Curitiba. Nesse sentido, outros projetos também vêm sendo realizados no sentido de modificar o olhar social sobre a cultura negra. A Fundação Cultural Palmares (FCP) estuda a formalização de um termo de cooperação que garanta a preservação e visibilidade das tradições afro-brasileiras no município e no estado.

Já estão em estudo as possibilidades para a efetivação de projetos culturais em diversas linguagens, com temáticas negras que tenham impacto social relevante, além do programa Conhecendo Nossa História – Da África ao Brasil. Marco Antônio Evangelista, presidente substituto da FCP, afirma que a elaboração de parcerias como a que vem sendo desenhada é de suma importância. “Especialmente neste caso, pois, não há, no momento qualquer, atividade apoiada pela FCP no Sul do país”.

É necessário um olhar diferenciado para se trabalhar as tradições afro-brasileiras nesse estado que ainda é visto nacionalmente como composto por uma população exclusivamente branca, apesar de 28,5% da população se autodeclarar negra. De acordo com Adegmar José da Silva, o Mestre Candieiro, os 19,73% de negros presentes na sociedade curitibana trabalham no sentido de desconstruir a ideia de que Curitiba não tem negros.

Afrocuritibanos – Desde o ano 2018 a Prefeitura se empenha em produzir uma série de vídeos promocionais para homenagear a população negra local. O trabalho começou a ser feito em decorrência dos 130 anos da Abolição da Escravatura, dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos 30 anos da Constituição de 1988.

Nos vídeos produzidos aparecem fotografias, nomes e referências de personalidades que fazem parte da existência de Curitiba, mas que foram omitidas da História Oficial durante séculos. Também pesquisador, Candieiro relata uma série de fatos históricos em que os negros estiveram à frente, a exemplo da chegada desses povos nos anos 1670, vindos de São Paulo e do Paranaguá, antes mesmo dos europeus que só se fizeram presentes no território dois séculos depois.

Registros alcançados do Arquivo Público Municipal de Curitiba, cartórios e acervo sobre a História do Paraná, foram: a aquarela pintada por Jean Baptiste Debret em 1827, que mostra um afrocuritibano como personagem principal; fotografia de fundação do 13 de Maio, o segundo clube social negro mais antigo do país; uma obra de João Pedro Mulato, o primeiro cartunista do Brasil.

Ao longo da História, outras personalidades negras do estado surgem, a exemplo de Maria Águeda, ícone da resistência Afrocuritibana; de Panphilo D’Assumpção, fundador da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB/1912); de Emiliano David Perneta, príncipe dos poetas paranaenses e um dos fundadores do Simbolismo; de Enedina Alves Marques, primeira engenheira do Brasil (1945).

Resgate e reconhecimento – As informações foram levantadas pelo Centro Cultural Humaita – de Estudo e Pesquisa da Arte e Cultura Afro-brasileira – que vem subsidiando a Prefeitura para as atividades de conscientização. A partir dos estudos, a história de Curitiba passa a ser recontada, dessa vez com as provas da participação da população negra na sociedade local devidamente registradas.

De acordo com os produtores da série de vídeos (Capoeira e Afrocuritibanos), a cidade está levando se surpreendendo, pois são aspectos da verdade que nunca foram publicados. “Somente com informação essa falha da omissão histórica será superada. Na sua missão de promover a cultura afro-brasileira, a Palmares apoia toda iniciativa que contribua para a visibilidade do negro e de sua cultura como parte na identidade nacional”, completa Evangelista.

Edital disponibiliza R$ 900 mil para projetos com foco na promoção da igualdade racial

Publicado em 24/09/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 13h55

Estão abertas as inscrições para projetos de Organizações da Sociedade Civil (OSCs) nas áreas temáticas de “Políticas Afirmativas” e “Políticas de Povos e Comunidades Tradicionais”. O edital é resultado do BRA/15/010, projeto de cooperação técnica entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e a Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SNPIR).

O objetivo é avançar na descentralização das políticas públicas de igualdade racial, fortalecendo e expandindo o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir). O edital disponibiliza o valor de R$ 900 mil para o apoio às iniciativas e o valor de cada projeto deve ser de até R$ 90 mil. Não há exigência de contrapartida financeira para as proponentes.

As propostas serão recebidas até o dia 04 de outubro de 2019, exclusivamente pelo e-mail seppir.sinapir@mdh.gov.br, devendo-se seguir o formato de projeto definido pelo processo seletivo. Acesse o edital!

Clique Aqui para acessar o edital.

Título de Patrimônio Cultural do Mercosul aumenta visitação estrangeira na Serra da Barriga

Publicado em 23/09/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 13h58

Desde que foi reconhecido como Patrimônio Cultural do MERCOSUL, em 2017, a Serra da Barriga, em União dos Palmares/AL, tem atraído um importante número de turistas brasileiros e estrangeiros. No primeiro semestre de 2019, somente em visitas internacionais, foram registrados 21 países de distintos pontos do globo, dentre os quais: Argentina, Uruguai, Itália e Arábia Saudita.

De acordo com Valéria Cunha Gonçalves Monteiro, coordenadora de Preservação do Patrimônio Afro-brasileiro, da Fundação Cultural Palmares (FCP), a visitação da Serra deve ser vista como mundialmente relevante. “Gerida pela Fundação é o marco geográfico e histórico onde existiu o Quilombo dos Palmares, território negro onde viveu o herói nacional Zumbi dos Palmares na segunda metade do século XVII”, afirma.

O local foi um dos pontos estratégicos onde, no período da grande migração proporcionada pela escravidão, ocorreu a reorganização social africana e afrodescendente no território brasileiro. “A história da população negra do Brasil é internacional, pois se inicia na África a partir de uma tragédia humana. Este fato jamais deve ser esquecido e por isso é evidenciado pela proteção dos poucos locais preservados como é a Serra da Barrira”, destaca.
Instituições federais, estaduais e municipais de Alagoas se empenham para que a Serra da Barriga seja reconhecida também pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade. “Estudos e levantamentos arqueológicos vêm sendo feitos desde a década de 1980 para que este título seja alcançado por sua relevância para a população negrae para a identidade nacional”, ressalta Vanderlei Lourenço, presidente da FCP.

Registros estatísticos – De acordo com a secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo de Alagoas, o segmento mais forte na região é o turismo pedagógico, onde estudantes, pesquisadores e intelectuais dos mais variados níveis de graduação realizam visitas técnicas à região.

Entre turistas nacionais e internacionais, mais de 7.500 pessoas passaram pelo Parque Memorial Quilombo dos Palmares no período de janeiro a junho de 2019. Número superior ao de visitantes de todo o ano anterior. Dentre os estrangeiros, argentinos, italianos e espanhóis são os que mais visitam o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, localizado na Serra, seguidos por alemães, canadenses, paraguaios e franceses.

Já no que se refere ao fluxo nacional, se destacam turistas de Alagoas e de Pernambuco. Nos primeiros seis meses do ano foram registrados mais de sete mil visitantes de apenas de 77 dos 102 municípios alagoanos. A previsão é que o número duplique até o 20 de novembro, data mais visitada do espaço em decorrência do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

Rafael Brito, secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo, ressalta que estes resultados têm sido obtidos também pelo esforço do governo de Alagoas na promoção e fortalecimento do Destino. “A Serra da Barriga é um dos nossos principais diferenciais turísticos para o mundo e estamos empenhados em fortalecê-la cada vez mais, divulgando dentro e fora do país”, diz.


Com informações da Ascom/Sedetur

Nota de pesar – Alê do Rosário

Publicado em 20/09/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 14h00

A Fundação Cultural Palmares lamenta o falecimento de Alessandro Borges Araújo, o Alê do Rosário, líder quilombola e grande disseminador da cultura negra.

Alê atuou de forma honrosa para a preservação e fomento da cultura. Foi coordenador municipal de Cultura do município de Berilo, Diretor de Cultura da Federação das Comunidades Quilombolas do Estado de Minas Gerais, Contra Mestre da Folia de Reis e puxava o grupo cultural do Batuque Cultura Viva Berilo. Foi fundador da Coquivale e um dos criadores dos Roteiros Turísticos da Rota dos Quilombos.

Temos certeza de que o seu legado de luta será sempre um exemplo a toda comunidade negra, principalmente no Vale do Jequitinhonha, região onde nasceu e trabalhou incansavelmente pela preservação das tradições culturais e dos saberes de nossa gente.

Reaberto o prazo para a interposição de recursos para a fase de habilitação do Edital do II Prêmio Oliveira Silveira – Literatura Infantojuvenil

Publicado em 11/09/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 14h30

II PRÊMIO OLIVEIRA SILVEIRA – INFANTOJUVENIL:

A Fundação Cultural Palmares (FCP) informa que foi reaberto o prazo para a interposição de recursos para a fase de habilitação do Edital do II Prêmio Oliveira Silveira – Literatura Infantojuvenil.

Em virtude de indisponibilidade dos serviços de rede da FCP, as solicitações de recursos encaminhadas para o e-mail de contato podem não ter chegado ao destinatário.

Sendo assim o prazo foi prorrogado para os dias 11 e 12 de setembro de 2019. Os interessados em interpor recurso devem preencher o formulário (CLIQUE AQUI) constante do Anexo III do referido, o qual deve ser enviado exclusivamente para o endereço eletrônico:

premiooliveirasilveira2@palmares.gov.br 

(CLIQUE AQUI) e veja a lista de habilitados.

Diminuir a vulnerabilidade das comunidades quilombolas é foco da Fundação Palmares

Vanderlei Lourenço fala sobre o processo que garantiu à comunidade de Mato Grande, na Serra, o reconhecimento do governo federal
Publicado em 02/09/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 14h37

Por Andrei Andrade/ o Pioneiro

Na reportagem Viver e morrer no “Matão” , o Almanaque mostrou a história da comunidade de Mato Grande, distrito de muitos Capões, único grupo na Serra a receber o certificado de autodefinição de Comunidade Remanescente de Quilombo (CRQ) pela Fundação Cultural Palmares.

Vinculada ao Ministério da Cidadania, a Fundação Cultural Palmares (FCP) é o órgão responsável por conceder as certificações das Comunidades Remanescentes de Quilombo (CRQs). No Rio Grande do Sul, existem 130 CRQs, a maioria na região Sul do Estado, em municípios como São Sepé, Canguçu e Piratini. Além de “colocar no mapa”, o título concede a esses grupos, que muitas vezes vivem em extrema vulnerabilidade social, facilidades no acesso a políticas públicas de Saúde, Educação e Cultura por parte do governo federal.

A seguir, confira entrevista feita pelo Almanaque com o presidente da FCP, Vanderlei Lourenço:

Almanaque: Qual a importância de uma comunidade obter a certificação de Comunidade Remanescente de Quilombo ?
Vanderlei Lourenço : O início dessa relação parte da própria comunidade, através da sua associação local, tendo como base a descendência dessas pessoas. Logo, naturalmente, ela irá anexar a documentação que possa comprovar a sua relação com aquela localidade. O fato de se reconhecer como CRQ traz alguns benefícios, principalmente no sentido de facilitar o acesso a políticas públicas por parte do governo federal. No caso específico de Mato Grande, constam nos processos os relatos e os documentos dos bisnetos dos primeiros casais que iniciaram aquela comunidade, em 1874, que eram descendentes de povos escravizados. Esse é o início para que a Fundação possa reconhecê-los, com base na sua própria autodeclaração.


Foto: Lucas Amorelli / Agencia RBS
Foto: Lucas Amorelli / Agencia RBS
O viés principal da certificação é facilitar a inclusão social?
É importante salientar que a FCP uma fundação cultural, que tem como marco de atuação preservar traços da cultura oriunda dos povos africanos no país. A partir disso, temos uma atuação social, em conjunto com vários órgãos do Estado, que visa levar melhorias para essas comunidades. Muitas delas estão localizadas em lugares de difícil acesso, algumas vivem quase em isolamento em relação ao município-sede, seu modo de vida muitas vezes é o trabalho de agricultura, mais braçal. Acaba por haver uma situação de vulnerabilidade muito grande e o trabalho de dar esse reconhecimento é para buscar minorar essa situação.

É possível que haja outras comunidades quilombolas na Serra que ainda não tenham pedido a sua certificação?
A certificação é o primeiro passo para que a existência dessa comunidade se torne oficial e que possa haver uma presença maior do Estado no local. Certamente há outras que ainda não se organizaram e nem solicitaram esse reconhecimento. Sobretudo nessa região, que tem um histórico grande com os povos escravizados. Num local onde houve um número grande de pessoas escravizadas, é natural que tenha havido quilombos ou que, mesmo após a abolição, tenha havido comunidades por perto e que seus descendentes ainda estejam nessa região. Não necessariamente existiu ali um quilombo. Pode acontecer que, após a abolição, as pessoas passaram a residir em determinado local, e que seus descendentes tenham permanecido. Essas comunidades são remanescentes em função desse histórico.

Reunir documentação é um entrave?
Existe, sim, a dificuldade de ter a documentação formal. Isso exige uma pesquisa mais detalhada, que permita reunir elementos que demonstrem os laços dessa comunidade. A certificação se dá a partir da autodefinição, mas, após a certidão, é feita toda uma pesquisa antropológica e de checagem de documentos. Muitas vezes é preciso o laudo antropológico, para que o Incra possa regularizar a propriedade daquela terra para os seus moradores, nos casos em que isso é necessário. Não foi o caso de Mato Grande, em que as famílias já tinham a propriedade da terra.

Republicada de: Pioneiro

Governo Brasileiro Trabalha Para Proteger Patrimônio Cultural da Humanidade

Publicado em 22/08/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 14h44

O governo brasileiro vem intensificando parcerias nacionais e internacionais para proteger e promover o Sítio Arqueológico Cais do Valongo como Patrimônio Cultural da Humanidade, conforme reconhecido pela UNESCO em 2017. A Fundação Cultural Palmares (FCP), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e outros órgãos competentes, negociam possibilidades para a construção do Centro de Interpretação referente à área, com o objetivo de aproximar os visitantes da realidade vivida por escravizados do período colonial.

Nesse sentido, estiveram reunidos no Rio de Janeiro, na última semana, o presidente da FCP, Vanderlei Lourenço, e os representantes do Consulado Geral dos Estados Unidos: o adido cultural Kevin Brosnahan e o especialista em cultura Victor Tamm. O encontro resultou em proposta para a elaboração de um seminário internacional que viabilizará a criação do Centro de Interpretação do Cais do Valongo.

A ideia é que o seminário seja realizado em dezembro com a participação de especialistas da África, de Portugal e dos Estados Unidos. Nele serão compartilhadas experiências para a constituição do Centro de Interpretação e trabalhados modelos de gestão compartilhada para o Sítio Arqueológico. “Por se tratar de uma referência mundial, é importante a participação de outros países na sua preservação”, afirma Lourenço.

Valongo – Reencontrado em 2011, o Cais é uma das provas históricas da diáspora africana. Desde o seu reconhecimento como Patrimônio Mundial, o Brasil recebe participação financeira chinesa e norte-americana para salvaguardá-lo. É considerado pela Unesco, um sítio sensível por estar relacionado a memória de uma grande tragédia humana. Como ele, existem apenas dois no mundo: a cidade de Hiroshima, no Japão, e os destroços de Auschwitz, na Polônia.

Edificado em 1811 e ativo por duas décadas, o Cais foi o local onde desembarcaram entre 500 mil e um milhão de escravizados, trazidos do
Continente Africano por meio dos navios negreiros. Em 1831, o tráfico de escravizados entre continentes foi proibido e, hoje, o Valongo representa o único vestígio material do período da escravidão, um importante recurso para a memória da história nacional e mundial.

IV Fesman – Outra pauta de parceria entre o Consulado e a FCP foi o IV Festival Mundial das Artes Negras (Fesman), previsto para acontecer no ano 2020 como parte das celebrações da década Internacional dos Povos Afrodescendentes. “O Fesman não deve ser visto como restrito aos países como o Brasil e os países africanos, mas como um festival das artes negras dos quais todos os países podem participar. O ideal é que seja um grande intercâmbio”, disse Lourenço.

As tratativas com relação ao Fesman ocorrem desde o mês de junho, quando teve início a análise de alternativas estruturantes do Comitê Organizador para a quarta edição do evento. Fazem parte das parcerias as 54 embaixadas dos países africanos no Brasil, representadas pela Embaixada de Camarões – que sedia o decanato do Comitê desses países.

De acordo com Carolina Petitinga, Coordenadora de Estudos e Pesquisa do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC/FCP), a equipe do Consulado se mostrou aberta e considerou que há ainda outros meios para que a parceria com a Fundação se intensifique.

Já em São Paulo, Lourenço, acompanhado de Carolina, visitou ainda a Faculdade Zumbi dos Palmares e a Câmara Brasileira do Livro (CLB) onde trataram da representatividade negra na Feira do Livro de Frankfurt. “Há muito interesse na literatura de temáticas africanas e afro-brasileiras em outros países, é nesse caminho de registrar e de informar que a Fundação vem investindo para dar mais visibilidade à população negra”, afirmou.

Outros assuntos também foram tratados com as instituições. Entre as pautas, a participação da FCP em grandes atividades culturais dos dois estados.

Palmares 31 Anos: da Serra da Barriga à Contemporaneidade

Publicado em 27/08/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 14h48

A História do Brasil vem passando por um processo de ressignificação e, a versão do que foi vivenciado por negras e negros durante o período colonial, passa a ser contada por seus descendentes nos espaços sociais, ouvida e reverenciada pelo Estado. Até recentemente não reconhecida formalmente, essa versão sai da oralidade das comunidades remanescentes de quilombos e passa a se formalizar por diferentes meios constituindo a história oficial do país.

Nesse contexto, a história do Quilombo dos Palmares, o maior e mais populoso das Américas, foi abordado nesta quinta-feira (22) durante a celebração dos 31 anos da Fundação Cultural Palmares (FCP). O tema foi pauta da Roda de Conversa Parque Memorial Quilombo dos Palmares – Serra da Barriga, da qual participaram Vanderlei Lourenço, presidente da FCP, Carlos Moura, fundador e primeiro presidente da entidade, e, Zezito Araújo, historiador e ativista pela proteção do Parque Memorial Quilombo dos Palmares.

De acordo com Lourenço, a história de Zumbi dos Palmares e da Serra da Barriga – onde o herói viveu e morreu – é um recorte importante, pois, traz a tona a realidade do que acontecia no país no final dos anos 1500 e os seus impactos econômicos, sociais e culturais até a contemporaneidade. “Durante séculos foram apagados registros importantíssimos da História, impedindo o reconhecimento do povo negro brasileiro”, disse.

Lourenço destaca que somente há 130 anos a população negra alcançou a liberdade no país, porém impedida de um espaço digno onde fosse reconhecida e participante dos avanços econômicos. “Faltou ser incluído naquela lei um artigo garantindo que negras e negros fossem reconhecidos, indenizados e que tivessem igualdade de oportunidades”, enfatizou, se referindo à Lei Áurea ou Carta de Abolição da Escravatura.

A verdadeira liberdade – As pessoas negras só começaram a ter um contato de fato com a liberdade no Brasil em 1988, a partir da Constituição Federal que trouxe no Artigo 5º que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros […] a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. No mesmo ano nascia a FCP com a missão de proteger, salvaguardar e promover a cultura negra.

Resultado da luta do Movimento Negro, foi fundada por Carlos Moura, primeiro presidente da entidade, homenageado durante o evento desta quinta-feira. Ele recebeu de Lourenço, a Certidão de Nascimento da Fundação. “É muita emoção! Me trouxe a reflexão de todo um processo que mostra exatamente de onde viemos, o que trouxemos, o que estamos fazendo e sobre o legado que todos deixamos para o Brasil, evidentemente, junto às outras etnias do país”, afirmou.

Moura e Lourenço enfatizaram os valores por trás de cada período histórico. “Por séculos, o olhar de um dos grupos étnicos do país foi completamente ignorado, mas, 31 anos de movimentos e de articulações trouxeram importantes avanços”, pontuou Lourenço. “O passado justifica as ações necessárias no presente para que se alcance, no futuro, a superação de desafios como o racismo, os preconceitos e as intolerâncias”, concluiu.

Um novo olhar sobre o negro brasileiro – “Sem nós, negras e negros, o Brasil não existiria. Quem salvou o domínio português foi o povo africano”. Com essas palavras Zezito Araújo marcou a tarde de celebração. Pesquisador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Federal de Alagoas (Neab/UFAL), ele teve toda a sua vida acadêmica e profissional voltada à proteção da Serra da Barriga e trouxe para este momento as verdades do território palmarino.

O historiador afirma que as interpretações históricas ocorrem no imaginário social a partir do modo como são narrados os fatos e que, determinadas palavras podem ter sido utilizadas para manipular a realidade. “Hoje, quando se pensa em Palmares, se pensa em liberdade. Mas, aquela liberdade a ser alcançada dentro de um sistema opressor, onde o negro era visto como fujão”, refletiu. Mas, de acordo com ele é hora de se pensar o quilombo palmarino tal como ele existiu: constituído por pessoas livres, com autonomia sobre um território, sobre as decisões individuais e coletivas, e, que buscavam sair do trabalho escravizado.

Araújo apresentou uma tabela com as características das sociedades europeias e africanas daquele período, nunca antes comparadas. A primeira era patriarcal, de monocultura, defendia a posse individual da terra, focava na produção para exportação com uma visão capitalista e defendia o trabalho de pessoas escravizadas. A segunda, era constituída por um sistema matriarcal, de policultura, defendia a posse coletiva da terra, focava na produção de subsistência realizada por pessoas livres.

“Isso mostra como duas sociedades absolutamente opostas são capazes de conviver em um mesmo território”, disse Araújo, trazendo a informação de que o Quilombo dos Palmares foi essencial à dominação colonizadora. “A população palmarina, por estar situada na região mais produtiva do Brasil Colônia e por ser estrategicamente organizada, vendia os excedentes de seus plantios para a sobrevivência dos europeus”, disse.

Araújo defende que a releitura da história do Quilombo dos Palmares e a História do Brasil é um exercício que deve ser feito constantemente, de modo que todos os seus participantes sejam representados. “Jamais poderemos compreender a História do Brasil e da população brasileira sem aprender a História da África”, conclui.

Zumbi dos Palmares foi assassinado em 1695, um ano depois de o Quilombo dos Palmares já estava fragilizado pelos ataques holandeses, ocorridos por interesses relacionados à posse de terra, à perda de dinheiro – pela liberdade das pessoas negras que eram tidas pelos colonizadores como comerciáveis – e pelos movimentos negros em busca da garantia da liberdade.

Araújo é uma referência importante na articulação para que o sítio histórico da Serra da Barriga tenha se tornado protegido e para que o Parque Memorial Quilombo dos Palmares tenha sido construído e fundado. Ele participou dos estudos e levantamentos arqueológicos que contribuíram para consolidar o espaço também como Patrimônio Cultural do Mercosul. O próximo passo é alcançar que a Serra da Barriga seja reconhecida também pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade.

FCP Celebra 31 Anos Com Roda de Conversa Sobre o Parque Memorial Quilombo dos Palmares

Publicado em 22/08/2019 09h05 Atualizado em 18/08/2023 14h50

Para celebrar o seu 31º aniversário, a Fundação Cultural Palmares (FCP) receberá na quinta-feira (22) jovens-aprendizes da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi) para participar da Roda de Conversa Parque Memorial Quilombo dos Palmares – Serra da Barriga. A programação está agendada para o dia 22 de agosto, às 16h, no auditório da Fundação, em Brasília.

O evento será conduzido pelo historiador Zezito Araújo, multiplicador do Projeto Conhecendo Nossa História – da África ao Brasil e importante nome da articulação para que o sítio histórico da Serra da Barriga tenha se tornado protegido e para que o Parque Memorial Quilombo dos Palmares tenha sido construído e fundado.

“Toda a minha vida acadêmica esteve voltada à Serra da Barriga e, para além do trabalho, tenho uma forte relação afetiva com esse espaço e com os palmarinos”, afirma o historiador que compartilhará com o público a sua experiência. Da roda de conversa também participarão nomes da instituição que estiveram envolvidos nas últimas décadas para que a visibilidade do Parque tenha crescido ao ponto de torná-lo Patrimônio Cultural do Mercosul.

Parque Memorial – Situado em União dos Palmares, no estado de Alagoas, o Parque é fruto de uma luta de mais de 25 anos do Movimento Negro brasileiro, o Memorial foi implantado em 2007 pelo Ministério da Cultura, por meio da FCP, no território original onde ocorreu uma das mais importantes histórias de resistência à escravidão ocorridas no mundo: a história do Quilombo dos Palmares.

Os primeiros registros históricos de formação de Palmares datam de 1597 e sua história física se encerra em 1694 com a grande invasão que derrubou o reinado de Zumbi, herói que é recordado a cada 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. A história de Zumbi, do Quilombo dos Palmares e da Serra da Barriga estão intimamente ligadas à História do Brasil, razão pela qual o evento é uma oportunidade extraordinária à qual todos estão convidados.

SERVIÇO:

O quê? Roda de Conversa Parque Memorial Quilombo dos Palmares – Serra da Barriga
Quando: Quinta-feira, 22 de agosto
Que horas: 16h
Onde: Auditório da Fundação Cultural Palmares, Sede

Palmares apoia 15ª Edição do Festival Cara e Cultura Negra

Publicado em 20/08/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 14h57

A 15ª edição do Festival Cara e Cultura Negra – Contemporaneidade Afrodiaspórica – que acontecerá em setembro, será apoiada pela Fundação Cultural Palmares (FCP). O recurso proveniente de emenda parlamentar, na ordem de R$ 800 mil, contribuirá para a realização do evento que tem por objetivo valorizar e fortalecer a negritude brasileira por meio da arte e do diálogo.

Em entrevista ao nossaMarka, o Centro de Estudos para o Desenvolvimento da Cidade, Vanderlei Lourenço, presidente da FCP, disse nesta quinta-feira (16), que o Festival já é importante no Distrito Federal e que facilita a valorização efetiva da cultura negra pela sociedade local e nacional. “Também possibilita a proximidade da Palmares com o parlamento e permite o cumprimento institucional de sua missão fortalecendo as políticas de igualdade racial”, afirma.

Lourenço falou ainda sobre a programação que, além de trazer entretenimento, garantirá o debate sobre temas relevantes a partir do Seminário Encontro Nacional Pensamento Negro Contemporâneo. “Ter uma atração cultural acompanhada de uma roda de conversa por exemplo, enriquece e faz com que os participantes tenham uma interação maior com o que é apresentado”, explica.

Segundo ele é sempre relevante discutir sobre a África. “É o continente que guarda grande parte da nossa herança cultural”, destaca. Lourenço reforça a necessidade de inserir a temática africana como método à compreensão da identidade brasileira para a superação do racismo.
Nas palavras do presidente, a FCP sempre teve uma relação muito próxima com as universidades por meio dos Núcleos de Estudos Afro-brasileiros (NEABs). Porém, o Festival e Seminário são caminhos interessantes para que os laços entre as instituições sejam ainda mais fortes, beneficiando a maior parte da população, em especial a juventude negra.

Festival Cara e Cultura Negra – Com programação diversa de acesso gratuito a todos os públicos que se interessam pelo tema, tem se consolidado como um encontro democrático de promoção da cultura e revitalização do espaço urbano de Brasília. Para garantir que a mensagem chegue ao maior número de pessoas, foram escolhidos vários formatos: teatro, fotografia, palestras, roda de conversa, poesia, literatura, moda e oficinas práticas.

Na edição 2019 as atividades serão espalhadas por pontos de fácil acesso e em diferentes regiões do DF: SESC Ceilândia, Setor de Autarquias Norte, Estações do Metrô Ceilândia e Central, Setor de Diversões Sul e Conjunto Nacional. Entre as principais atrações está o espetáculo “Áfricas”, do Bando de Teatro Olodum (BA), as exposições fotográficas “Diáspora Africana – travessias femininas, passado e presente”, “Ativismo negro no DF: uma breve memória visual” e “Contemporaneidade Afrodiaspórica”.

Fazem parte da programação, ainda, o lançamento do Museu Digital da Memória Negra; a apresentação da coleção “Adornos”, do estilista Fernando Cardoso; uma roda de conversa de profissionais do teatro sobre a valorização dos atores negros; um sarau e o lançamento da campanha “Abraço Negro”.  Da origem – A ideia do evento veio da necessidade de se estimular uma discussão ampla sobre a história africana e seus efeitos na sociedade atual. Em 15 anos, o Festival Cara e Cultura Negra gerou muitos frutos: capacitou dois mil professores, ganhou um prêmio internacional e um nacional, realizou 50 oficinas, produziu dois livros e promoveu a visita guiada de mais de 10 mil alunos.

O evento também tem se destacado pela valorização dos artistas negros da cidade e do país, reconhecidos nacional e internacionalmente. Nas edições passadas, apresentaram-se, por exemplo, Negra Li, Sandra de Sá, Ellen Oléria e Dhi Ribeiro. O Festival Cara e Cultura Negra foi elaborado em 2003, após constatada uma lacuna de grandes eventos de fortalecimento e difusão da cultura negra em Brasília. O projeto tem o objetivo de mostrar as potencialidades religiosas e artísticas da cultura negra em Brasília e a influência africana na formação da construção da identidade brasileira.

Com informações do nossa Marka

II PRÊMIO OLIVEIRA SILVEIRA – INFANTOJUVENIL: Divulgação dos Habilitados

Publicado em 19/08/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 15h00

II PRÊMIO OLIVEIRA SILVEIRA – INFANTOJUVENIL

DIVULGAÇÃO DOS HABILITADOS

A Fundação Cultural Palmares divulga a Portaria nº 143/2019, contendo a relação dos habilitados e inabilitados no Edital nº 01/2019 – II Prêmio Oliveira Silveira, Infantojuvenil.

(CLIQUE AQUI) e veja a lista de habilitados.

Os interessados em interpor recurso devem preencher o formulário (CLIQUE AQUI) constante do Anexo III do referido Edital, no período de 20 a 22/08, o qual deve ser enviado exclusivamente para o endereço eletrônico: premiooliveirasilveira2@palmares.gov.br.

Nota de Esclarecimento – Palmares não Exige Contrapartidas Sobre Políticas Públicas

Publicado em 09/08/2019 09h05 Atualizado em 18/08/2023 15h02

A Fundação Cultural Palmares (FCP), entidade pública vinculada ao Ministério da Cidadania, tem por missão promover, preservar e proteger os valores culturais, históricos, sociais e econômicos ligados à população afro-brasileira.

Dentre as suas principais ações, a Fundação reconhece as comunidades quilombolas emitindo a Certidão de Autodefinição, que permite a cada uma delas a autonomia sobre o seu território tradicional, a sua salvaguarda diante do Estado e o maior acesso às políticas públicas direcionadas, atendendo às suas especificidades.

Tendo tomado conhecimento de denúncias referentes a supostas cobranças, por entidades da sociedade civil, para facilitar o acesso das comunidades quilombolas a programas governamentais na área de habitação, a Fundação informa que a execução dos projetos mencionados não é de sua competência.

A Fundação destaca, ainda, que não existe nenhuma forma de cobrança de contrapartida das comunidades para a execução de quaisquer políticas públicas culturais que sejam de competência desta Fundação.

Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro Realiza Oficina para Qualificar Serviços

Publicado em 09/08/2019 09h00 Atualizado em 18/08/2023 15h13

Os funcionários da Fundação Cultural Palmares (FCP) passa, este mês, pela oficina Qualificação dos Procedimentos e Processos da FCP. Promovida pelo Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro (DPA/FCP), a iniciativa propõe formas de qualificar os procedimentos burocráticos e os serviços abertos com o objetivo de dar agilidade, por exemplo, à emissão das Certidões de Autodefinição Quilombola e aos processos relacionados a elas.

Conceição Barbosa, chefe de gabinete da FCP, enfatiza a importância de que os métodos estejam sempre de acordo com a legislação e com os regimentos cabíveis. “Faz parte da nossa missão institucional cumprir sempre com os critérios legalmente dispostos”, diz. De acordo com ela, quando trabalhados adequadamente, os procedimentos dão fluidez a processos que ficariam praticamente parados durante anos.

Valéria Cunha Gonçalves Monteiro, coordenadora de Preservação do Patrimônio Afro-brasileiro, do DPA, afirma que o setor gerencia um volume elevado de informações, razão pela qual é necessária a constante atualização dos procedimentos por meio dos quais elas são trabalhadas. Ela refere que o Sistema Eletrônico de Informações (SEI) é uma atualização concreta do modo de lidar com a documentação e que todos os envolvidos precisam se adequar ao seu funcionamento.

Cristian Farias Martins, coordenador substituto de Proteção do Patrimônio Afro-brasileiro, conduz a oficina que não tem prazo para terminar. As atividades seguirão até que o novo modelo de trabalho não apresente mais desafios. “Estamos nos obrigando a, por meio do SEI, implementar uma gestão diferenciada de processos. Para isso é importante também a interação de qualidade entre todos os servidores e colaboradores”, diz.

Por exemplo, as atuações de competência do DPA e da Procuradoria ficarão melhor alinhadas pois estarão subsidiando uma a outra em tempo real. Segundo os dois coordenadores, as medidas trarão benefícios internos e externos, pois, a transparência de informações, além de garantir a participação direta de todos os interessados em cada processo, garantirá a segurança de cada um deles possibilitando a correção imediata de possíveis erros técnicos e impedindo fraudes.

Métodos organizacionais – Nesta quinta-feira (1º), a pauta da oficina esteve em torno do mapeamento de conteúdo, dos métodos de solicitação (interna e externa), de encaminhamentos e de encerramento dos processos. Além disso, foi tratado o modo de organização do trabalho entre os setores e o a adequação ao cumprimento de critérios técnicos.

Um desafio identificado pela equipe foi o número de solicitações relacionadas a cada uma das comunidades certificadas, pois, existe o processo de certificação que é uma das exigências para que se dê a titulação definitiva do território, e ainda outras questões relacionadas a mesma comunidade, conduzidos em outros processos. “Daí a necessidade de que estejam relacionados para dar maior dimensão daquela realidade”, explica Valéria.

O novo modelo de organização dos arquivos no sistema, permitirá a mais fácil localização das peças correspondentes, contribuindo para que decisões importantes sejam tomadas imediatamente e com maiores chances de acerto, sempre que for o caso.

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