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Parque São Bartolomeu será revitalizado
Salvador, 30/10/06 – A Prefeitura conseguiu, através da Secretaria Municipal da Reparação (Semur), a liberação de R$4 milhões para investimento em obras de revitalização do Parque de São Bartolomeu. Os recursos provenientes da Fundação Cultural Palmares do Ministério da Cultura também englobam a verba de R$ 2,2 milhões para recuperação de terreiros de candomblé no município de Salvador.
Os recursos foram obtidos através de emenda solicitada pela bancada de parlamentares baianos e os projetos de revitalização do parque e de recuperação dos terreiros foram elaborados pela equipe técnica da Semur. O anúncio oficial da liberação dos recursos aconteceu dia 26, no auditório da Secretaria Municipal do Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente (Vale dos Barris) com a presença de lideranças religiosas e moradores do entorno do Parque São Bartolomeu. Estiveram presentes também o prefeito João Henrique, a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial; o secretário Municipal da Reparação, Gilmar Santiago; secretário executivo do Ministério da Cultura, Juca Ferreira; presidente da Fundação Cultural Palmares, Ubiratan Castro de Araújo; deputado federal Walter Pinheiro; superintendente municipal de Meio Ambiente, Juliano Matos e outras autoridades.
Preservação do Parque São Bartolomeu como ação de Reparação
A nova gestão à frente da Secretaria Municipal da Reparação, assumida em 2005, tem dedicado atenção especial ao Parque São Bartolomeu. “Além do compromisso público assumido pelo Prefeito João Henrique junto à comunidade do Subúrbio, aquele território tem um significado estratégico do ponto de vista da política de Reparação por todos os valores simbólicos, históricos, sócio-econômico e ambiental que ele agrega. Neste sentido, desde janeiro de 2005, temos dialogado com diversas Secretarias e Superintendências do Município, numa busca de soluções interinstitucionais para a diversidade dos problemas que envolvem a região”, afirma o secretário Gilmar Santiago.
Seminário
Em novembro de 2005, a Secretaria Municipal da Reparação realizou o Seminário O Parque Que Queremos, com a participação da sociedade civil organizada e autoridades. Neste encontro foi constituída uma Comissão Técnica com a tarefa de pensar um projeto capaz de revitalizar e preservar o Parque São Bartolomeu, respeitando todas as suas características. Durante o seminário, o secretário Gilmar Santiago manifestou a intenção de buscar a base parlamentar baiana para construção de uma emenda de Bancada que assegurasse recursos no orçamento da União, exercício 2006, para a implementação das ações necessárias ao Parque.
Recursos
Ainda em novembro de 2005, Gilmar Santiago percorreu os diversos gabinetes dos deputados baianos para que estes disponibilizassem algum recurso para uma emenda de bancada. Graças a essa movimentação, garantiu-se a referida emenda (nº 7106001) e foram assegurados R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais), rubricados especificamente para intervenção no Parque São Bartolomeu e alocados no Ministério da Cultura. “Este recurso só foi recentemente garantido graças, mais uma vez, ao empenho do Deputado Walter Pinheiro e do ex-ministro e governador eleito Jacques Wagner. Neste processo, conquistamos também recursos para cumprir nossa agenda de Reparação junto a Terreiros de Candomblé de Salvador, no valor de R$ 2.200.000,00 (dois milhões e duzentos mil reais) que nos permitirá atuar na recuperação de 40 Terreiros numa perspectiva de valorização do patrimônio cultural e religioso afro-brasileiro”, explica o secretário Gilmar Santiago.
FUNDAÇÃO PALMARES, 18 ANOS: Oficina de Percussão Afro Baiana está com inscrições abertas
Brasília, 24/10/06 – Estão abertas as inscrições para a Oficina de Percussão Afro Baiana, a ser promovida pelo percussionista, compositor e regente do Bloco Afro Carnavalesco Ilê Aiyê Mario Pam. A atividade integra as comemorações dos 18 anos da Fundação Cultural Palmares/MinC.
A oficina será promovida de 6 a 9 de novembro próximo, com turmas pela manhã e pela tarde.
As vagas são limitadas e as inscrições podem ser feitas pelo telefone (61) 3424.0153 até o dia 31 de outubro às 18:00hs.
Projeto Brasil Alfabetizado chega ao Quilombo Manoel Barbosa no RS
Gravataí, RS, 19/10/06 – A promoção de uma aula inaugural, na última terça-feira (17), marcou a chegada do Projeto Brasil Alfabetizado na Comunidade Quilombola de Manoel Barbosa, localizada no município de Gravataí, Grande Porto Alegre. O curso que terá a duração de seis meses, com aulas de segunda a sexta-feira, das 19h às 21h30min, na sede da Associação Remanescente do Quilombo Manoel Barbosa. A Secretaria Municipal de Educação de Gravataí (Smed) está viabilizando aos moradores do Quilombo Manoel Barbosa, localizado no Barro Vermelho, o projeto Brasil Alfabetizado. Conforme a titular da Educação, Romi Leffa Cardoso, este projeto, que é uma parceria da Smed com o Governo federal, está ampliando o acesso à educação para moradores da zona rural. “Acreditamos que a escolarização é fundamental para a promoção da cidadania e da qualidade de vida da população”, enfatiza a secretaria. Ela lembra que, em 1997, Gravataí tinha cerca de 20 mil pessoas analfabetas. “Hoje não possuímos mais de mil pessoas nestas condições”, ressalta. Romi destaca o esforço que vem sendo empreendido pela Smed para estender o projeto a todas as regiões. “Estamos assumindo responsabilidade na construção de um país com inclusão social”, enfatiza.
Quilombo Manoel Barbosa
Segundo a educadora e líder da comunidade quilombola, Denise Fátima Ireno, é muito importante para os moradores do Quilombo a implantação deste projeto. “Cadastramos 18 alunos, sendo que o mais velho tem 53 anos”, frisa Denise. Ela explica que o Quilombo Manoel Barbosa fica localizado a 18 km do Centro de Gravataí. “Apesar de contarmos com toda a infra-estrutura, fica complicado para os moradores freqüentarem a escola à noite”, constata a educadora. Ela diz que fez o Curso de Formação Continuada na Smed e está preparando as aulas dentro da realidade vivida pelos moradores.
FCP/MinC entrega kit multimídia para Espaço Cultural Palmares no Mato Grosso do Sul
Dourados, MT, 19/10/06 – O projeto Espaço Cultural Palmares em Dourados já está garantido. Foi realizada nesta quarta (18) no Teatro Municipal de Dourados, a cerimônia de lançamento do programa na cidade, com a entrega do kit multimídia para a realização de oficinas e eventos voltados à produção audiovisual. O Espaço Cultural Palmares está sendo assegurado a comunidade da cidade matogrossense por convênio firmado entre a Fundação Cultural Palmares/MinC e a Prefeitura Municipal de Dourados, através da Fundação Cultural e de Esportes (FUNCED).
Autoridades locais e estaduais participaram da festividade de lançamento do projeto em Dourados. O deputado federal João Grandão (PT/MS) considera de fundamental importância a chegada do material a Dourados, o que permitirá uma abordagem maior das questões raciais, com apresentação de diversas produções e desenvolvimento de projetos que visem discutir os problemas relacionados a este segmento. “É de fundamental importância que haja investimentos em cultura, principalmente quando se trata de um segmento que diz respeito à cultura negra, historicamente relegada a um segundo plano em nosso País”, disse Grandão. O presidente da Fundação Cultural Palmares, professor-doutor Ubiratan Castro de Araújo esteve presente ao evento, o qual foi seguido de uma palestra. Ubiratan Castro fez questão de ressaltar ao público que continuará se empenhando e respondendo com trabalho direcionado a promoção da cultura e da história afro-brasileira até o último dia de seu mandato.
Material para apoio:
Os equipamentos que compõem o kit multimídia são um projetor de imagens multimídia Benq MP 610; um DVD Player CCE, uma câmera fotográfica digital Sony, uma webcam Clone, uma mesa de áudio behringer, uma caixa acústica Ciclotron, um aparelho de som Gradiente, um aparelho de televisão CCE, um aparelho de vídeo cassete Semp Toshiba, microfones de mesa Karset, uma filmadora Sony, um gravador portátil Nakashi, uma tela para projeção Nardelli, e um home theather Semp Toshiba.
Espaço Cultural Palmares chega a mais nove cidades:
Iniciativa da Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura, e tem o objetivo de fortalecer e disseminar a cultura afro-brasileira através da promoção de atividades ligadas ao audiovisual. Dourados é a segunda cidade a receber a iniciativa. A primeira foi Recife, cujo lançamento fora realizado recentemente. O projeto funcionará na capital pernambucana na casa n.º 8 do Pátio de São Pedro. No local, cedido pela Prefeitura do Recife, serão realizadas oficinas de cinema e mostras de vídeos. Até o fim do ano, o projeto da Fundação Palmares deverá ser lançado em mais nove cidades do Brasil.
Todas as cidades envolvidas no projeto – Recife (PE), Uberlândia (MG), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Salvador (BA), Dourados (MS), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG) e Barra do Ribeiro (RS) – receberão da Fundação Palmares vários equipamentos multimídia (gravador, máquina fotográfica, filmadora, DVD player, vídeo-cassete), resultando num investimento de R$ 25 mil por local.
ESPECIAL: Bonecas Negras em favor da beleza e da história afro-brasileira
Brasília, 11/10/06 – Foi ao ouvir um diálogo entre duas meninas, uma branca e uma negra, que duas educadoras gaúchas se motivaram a produzir um projeto que valorizasse a auto-estima da criança negra. Mais de dois anos se passaram e o Projeto Bonecas Negras Referencial de Beleza e Valorização das Origens já percorreu cidades gaúchas e também já foi apresentado em Brasília. Confeccionadas com indumentárias africanas, as bonecas e os bonecos encantam os olhos de quem os vê. Mas não são um artigo mercadológico. São instrumentos de promoção da educação inclusiva. Uma prática que semeia por onde passa o amor as origens e o respeito a presença africana na formação da sociedade brasileira. Crianças de escolas públicas e particulares, vestidas com roupas africanas, desfilam ao som de música negra. No passar, a estrela das passarelas é a boneca. Não só a boneca é o destaque, mas sim toda uma proposta pedagógica e social. No mês dedicado à criança, o Portal FCP homenageia a todos os meninos e meninas, negros ou não, com esta entrevista especial. Nossas entrevistadas estão em Porto Alegre e atenderam a repórter Fernanda Lopes com entusiasmo. O entusiasmo de ensinar, de educar e de formar que as professoras gaúchas Franquilina Marques Cardoso e Maria Marques tem ao falar de um projeto que leva vida, saber, sonho e história:
1) Como surgiu a idéia de criar um projeto utilizando bonecas para tratar a questão racial?
Franquilina Cardoso: Após longo tempo de caminhada na questão da valorização da cultura negra como educadoras, sentimos um grande comprometimento de aprofundarmos nosso trabalho, através de atividades lúdicas tendo em vista o diálogo que ouvimos de duas crianças da escola infantil onde trabalhava (Frank). Uma menina negra disse a outra menina, loira, que ela brincava com uma boneca tão loirinha quanto ela. A menina negra então pediu a boneca loira emprestada e disse a amiguinha loira que ela não tinha uma boneca parecida com ela. Ao mesmo tempo, a menina negra disse que não gostava de ser negra porque não tinha uma boneca que se identificasse com ela. Aquela cena me deixou preocupada, porque demonstrou que a menina negra tem sua auto-estima fragmentada. Muito me preocupou por ver que este tipo de situação é bastante comum. Sendo assim, eu e minha colega de projeto, professora Maria Marques, tomamos a iniciativa de começar a pensar em desenvolver alguma atividade que pudesse incrementar a auto-estima da criança negra. Que a fizesse ser incluída também na sociedade. Esta invisibilidade das bonecas negras nos brinquedos nas escolas,nas vitrines, revistas e também na TV como referencial de beleza nos levou a refletir muito. Conscientes do fascínio que os mesmos e suas propriedades criam aos saberes e ao imaginário infantil foi que elaboramos este projeto.
Maria Marques: Após muita pesquisa, associamos nossa produção a confecção de bonecas negras com elementos de uma cultura, algo que vai além de uma apresentação material e mercadológica. Nossa mensagem não é somente lúdica mas também pedagógica,cultural e antropológica, porque se identifica com a realidade educativa dentro de suas diferentes dimensões, valorizando nossas origens, porque gostar de si é essencial para o bem viver. Nossa proposta fundamenta-se em estudos eobservações utilizando com base a Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei 10.639, Estatuto da Criança e do Adolescente.
2) Por onde o projeto tem sido realizado, quais são as reações de alunos e professores?
Franquilina: O projeto teve e tem uma caminhada muito significativa. Temos atingido um número elevado de instituições deste sua implantação. Hoje o projeto é divulgado e também realizado junto a Faculdade do Vale do Rio dos Sinos (Feevale), Centro de Ensino Superior de Cachoeirinha (Cesuca), instituições sociais, clubes e também junto a terreiros de religiões de matriz africana. Nosso projeto também foi apresentado em eventos estaduais e nacionais, no Rio Grande do Sul e em Brasília, voltados à Capacitação de Professores, Implantação da Lei 10.639, em escolas particulares e públicas. O Projeto Bonecas Negras também é implantado e apresentado em aproximadamente oito municípios do interior gaúcho.
Maria: Constatamos que todos aqueles que tem contato com o projeto reagem com surpresa. São momentos de euforia, de alegria, de entusiasmo, pois são colocados de frente com uma mensagem positiva, um referencial de beleza e um contato com suas origens. Salientamos não só o aspecto da satisfação em criarmos as bonecas e ver isso no registro dos adultos, que nos escrevem e pedem para contatar com o nosso projeto. Também vemos que os negros e os brancos também vêem nas bonecas a sua própria história de vida, onde nelas identificam aspectos familiares e traços biológicos de seus antepassados.
Franquilina: Para os professores o Projeto Bonecas Negras Referencial de Beleza e Valorização das Origens constitui-se numa ferramenta de trabalho. Pois possibilita o fortalecimento do auto-conceito de alunos e alunas pertencentes a grupos discriminados. Nosso trabalho promove a igualdade e encoraja a participação em todas atividades programadas, já que sua apresentação ao público se dá de forma dinâmica, onde os alunos desfilam, vestidos com roupas africanas. Eles apresentam as bonecas também vestidas com trajes típicos de nações africanas. Na maior parte das apresentações, após o desfile dos alunos, se promove um rápido debate, onde se detalha mais sobre o projeto, sobre a história dos países africanos representados e também se fala sobre o combate ao racismo e a promoção da igualdade entre negros e brancos, formadores da sociedade brasileira.
3) Houve resistência em aplicar o trabalho em alguma localidade
Franquilina: Não. Sempre temos uma receptividade grande junto às comunidades que assistiram a apresentação do projeto. Mas vemos que no mês de novembro, mês da Consciência Negra, o número de convites e pedidos para a apresentação do projeto aumenta muito. É um mês onde não temos finais de semana e feriados. Essa aceitação se justifica pelas apresentações que realizamos, onde crianças desfilam com as bonecas, ao som de músicas africanas, com muita alegria e animação. Nos desfiles, as estrelas são as bonecas, com suas roupas típicas e o colorido das roupas africanas encanta a todos que assistem ao trabalho. Também falamos sobre o surgimento da boneca no Brasil, ocorrido por volta de 1806, e também do surgimento das primeiras bonecas loiras no Brasil, na década de 50. As bonecas negras resgatam a sensibilidade, alegria, conhecimento da diversidade étnico-racial da população brasileira.
4) Como foi trazer o projeto a Brasília por duas ocasiões: uma na Semana da Criança no Ministério da Cultura, em outubro de 2005 e outra na Semana da Consciência Negra do Ministério da Educação, em novembro do ano passado?
Franquilina: Foi uma grata satisfação em receber o reconhecimento de nosso trabalho fora do Rio Grande do Sul, como o que ocorreu em Brasília. Nos foi de grande emoção sermos convidadas a apresentar o nosso projeto no Ministério da Cultura e também no Ministério da Educação. Através do Grupo Multiétnico de Empreendedores Sociais (GMES), organização não-governamental sediada em Brasília e com filial no Rio Grande do Sul, estivemos em Brasília não apenas nos eventos dos dois ministérios. Também participamos de eventos na Mostra Raízes Africanas, realizada no Conjunto Nacional, na Semana da Consciência Negra do Colégio Marista Jão Paulo II. Os eventos reuniram mais de 500 pessoas. E em especial no Ministério da Cultura, promovemos a Exposição das Bonecas Negras por duas semanas. Alunos do Colégio Marista e também do Programa Segundo Tempo, do Ministério dos Esportes, participaram de nossas atividades. Depois de estarmos em Brasília, também apresentamos nosso trabalho em eventos no Rio Grande do Sul. Hoje, temos convites para apresentar nosso trabalho no Mato Grosso do Sul. Contamos com o apoio de instituições locais para levar nosso trabalho até Campo Grande.
Maria: No Ministério da Educação, o Projeto Bonecas Negras teve uma presença marcante. Um dos momentos que mais me deixou tocada foi a visita de um funcionário do ministério, a qual se disse emocionado porque o nosso trabalho serviria de apoio para seu projeto de conclusão do curso de História, o qual cursava. A presença do ministro da Educação, Fernando Haddad, na abertura do evento trouxe a confirmação que nosso trabalho promove a Diversidade na Educação. Para nós, este projeto realiza nosso sonho de transformar o mundo em um espaço mais igualitário, justo e humano .A presença do projeto Bonecas Negras, Referencial de Beleza e Valorização das Origens nestes eventos nos leva a fazer uma reflexão muito profunda do comprometimento que temos como educadoras e, principalmebte como mulheres negras na contribuição do desenvolvimento da auto-estima,auto-imagem e da valorização do afro-brasileiro.
5) Que mensagem vocês deixam a todos os leitores do nosso Portal? È através da educação que se combate o preconceito racial ?
Franquilina: A educação é o caminho para a transformação da sociedade. Acredito que com o desenvolvimento de uma proposta pedagógica e lúdica que valorize e respeite a diversidade étnica-racial, cultural e social de cada individuo, cada criança vai encontrar o equilíbrio entre o real e o imaginário. Com isso, ela (a criança) vai alimentar a sua formação interior, para então se descobrir como um agente formador e reprodutor de cultura e de saber.
Maria: Em nome do Projeto Bonecas Negras, gostaria de agradecer a diversas entidades que apoiaram de alguma forma a apresentação de nosso projeto. Nosso agradecimento especial a Fundação Cultural Palmares e também aos ministérios da Educação, dos Esportes, Desenvolvimentos Social e Secretaria de Educação Continuada e Diversidade. Também agradecemos ao apoio do Grupo Multiétnico de Empreendedores Sociais e ao Colégio Marista João Paulo II. Agradeço de forma muito especial a equipe que produz o conteúdo jornalístico deste portal, o qual é editado pelo jornalista Oscar Henrique Cardoso e tem você, Fernanda, como repórter. Estamos sempre à disposição de todos para esclarecimentos e para informações sobre o nosso projeto. Obrigado pelo espaço.
SAIBA MAIS
O Projeto Bonecas Negras Referencial de Beleza e Valorização das Origens é desenvolvido pelas professoras Franquilina Marques Cardoso e Maria Marques. Você pode buscar mais informações sobre o programa, em contato com os e-mails: frank_cardoso@terra.com.br e marquesmz@yahoo.com.br. O projeto percorre não só o Rio Grande do Sul, mas também a todo o território nacional. Convites para apresentações, palestras e participação em seminários podem ser encaminhados para os dois e-mails acima.
Fundação Cultural Palmares/MinC na Mostra AFRO EN FOCO na Argentina
Brasília, 11/10/06 – De 25 a 27 de outubro próximo, o presidente da FCP/MinC, professor Ubiratan Castro de Araújo, acompanhado de um grupo de artistas negros brasileiros participa do Evento Internacional AFRO EN FOCO. O evento reunirá uma série de pesquisadores, artistas e também historiadores da América Latina, em Buenos Aires, Argentina.
A compsição do evento contará com mostras de filmes de cineastas negros brasileiros, argentinos, venezuelanos, cubanos, haitianos, colombianos, entre outros, painéis, debates e mesas-redondas. O cineasta negro Zózimo Bulbul será homenageado no evento e irá a Argentina acompanhado por sua esposa, a produtora cultural Biza Vianna. A mostra será realizada na sede da Embaixada do Brasil, na capital argentina.
Mas as homenagens a artistas negros brasileiros não ficará restrita apenas a Zózimo Bulbul. Também serão homenageados na Argentina a atriz Léa Garcia e o ex-senador e artista plástico Abdias do Nascimento.
FCP/MinC presente nas comemorações do Centenário de Nascimento de Agostinho da Silva
Fundação Cultural Palmares recebe Reitor da Universidade Zumbi dos Palmares
O Presidente da Fundação Cultural Palmares recebeu no último dia 04, o Reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, Sr. José Vicente, para tratar de futuras parcerias entre as instituições ainda este ano em que se celebram os 20 anos de inauguração da Universidade.
No encontro, as autoridades destacaram a importância de conectar a biblioteca Oliveira Silveira da Fundação Palmares e a biblioteca Carolina Maria de Jesus da Universidade Zumbi dos Palmares. O Reitor ainda apresentou o projeto de construção de um Museu da História do Negro em São Paulo, como mais um equipamento da Universidade, visando estabelecer um ponto de cultura e referência da história e memória afro-brasileira na capital paulista.
As autoridades concordaram que a Universidade encaminhará proposta de Memorando de entendimento, a qual será o instrumento para selar a parceria. O diálogo entre os líderes coloca as duas instituições em intensa sintonia, não só pelo o que fizeram no passado, mas, sobretudo, pelo o que farão no futuro.
Quilombolas fazem oficina para continuar a produção dos instrumentos de percussão
Brasília, 28/9/06 – O batuque do tambu ainda vai ser ouvido por muitas gerações se depender das comunidades quilombolas de Jaboticatubas, em Minas Gerais. Sim, a palavra é mesmo tambu, um instrumento formado por três tambores, feitos de madeira e couro. Em setembro, uma oficina de resgate cultural ensinou como fazer tambus, na comunidade Açude, localizada na Serra do Cipó.
O evento recebeu o apoio do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da região. A assistente social Rosângela Villar Duarte explica que as comunidades Açude e Mato do Tição, ambas de Jaboticatubas, utilizam o tambu nas festas tradicionais. “A oficina foi uma demanda da comunidade, porque os instrumentos estavam se danificando”, diz Rosângela.
Os tambus dos quilombolas têm mais de duzentos anos. Eles são feitos manualmente e, dependendo do lugar, a matéria-prima muda. Em Açude, a madeira utilizada é o sabugueiro, enquanto que, no Mato do Tição, é a bananeira. O monitor da oficina foi o quilombola Evandro Ilário dos Santos, de Mato do Tição. Ele ensinava no período da noite, para não ocupar o horário de trabalho dos moradores de Açude.
Depois de oito dias de aula, foram feitos dois tambus pelos participantes. Rosângela explica que os instrumentos são muito importantes para os quilombolas. “Somente os mais antigos da comunidade autorizam outras pessoas a pôr as mãos nos tambus”, conta. No final da oficina, os novos tambus foram batizados e a bandeira de Nossa Senhora do Rosário hasteada, como é tradição na comunidade.
Outra oficina de artesanato com bambu e fibras já foi iniciada também com as comunidades de Jaboticatubas. “Isso faz parte do programa de atendimento para integrar as famílias, proteger a cultura e gerar renda”, explica Rosângela.
Açude e Mato do Tição já são reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares como comunidades remanescentes de quilombos. Atualmente, elas aguardam a regularização da terra pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Quilombolas da Caçandoca recebem terras da União
Brasília, 28/9/06 – A comunidade remanescente de Quilombo de Caçandoca, localizada em Ubatuba, São Paulo, teve uma importante conquista. Um decreto de desapropriação por interesse público da Fazenda Maranduba foi assinado nesta quarta (27) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao meio dia no Palácio do Planalto.
Participaram também da cerimônia a primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, o ministro interino do Desenvolvimento Agrário, Marcelo Cardona Rocha, a ministra da Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Matilde Ribeiro, e a chefe de gabinete da Fundação Cultural Palmares, Marta Rosa Queiroz.
A Fazenda Maranduba pertencia à União e tem uma área de 210 hectares. Esta foi a primeira desapropriação por interesse público que beneficiou uma comunidade remanescente de quilombo. O território de Caçandoca mede, no total, 890 hectares e abriga 53 famílias.
A comunidade de Caçandoca se originou no século XIX. Seus ascendentes foram escravos que trabalhavam numa fazenda cafeicultora da região, e que, após a abolição, permaneceram na terra. Em abril de 2005, Caçandoca recebeu da Fundação Cultural Palmares a certidão de auto-reconhecimento como comunidade remanescente de quilombo.
Os membros da comunidade não puderam comparecer à cerimônia, mas enviaram duas cartas ao presidente Lula em agradecimento.Em seu discurso, Lula disse que a realidade brasileira já seria outra se políticas destinadas aos afro-descendentes, como o projeto Brasil Quilombola, a criação da Seppir e as Ações Afirmativas, tivessem começado há mais tempo.
Espaço Cultural Palmares oferta produção e registro audiovisual em Recife
Brasília, 27/9/06 – O Salão Nobre do Teatro de Santa Isabel foi pequeno para abrigar o público que acompanhou o lançamento oficial do Projeto Espaço Cultural Palmares em Recife, ocorrido na última sexta-feira (22). Estiveram presentes a cerimônia o presidente da Fundação Palmares, Ubiratan Castro; do secretário de Cultura do Recife, Roberto Peixe; da diretora do Núcleo da Cultura Afro-brasileira, Claudilene Silva, além de representantes de vários movimentos negros do Recife. “Entendemos que o combate ao racismo não está apenas em promover ações de conscientização, mas sim de ‘desconstrução’, através da educação nas escolas e da mídia. Por este motivo, a fundação vem promovendo concursos de documentários e resgatando filmes nacionais sobre o tema. Agora, resolvemos contribuir ainda mais para a produção audiovisual, firmando parceria com instituições públicas de credibilidade”, afirmou o presidente da Fundação Palmares, Ubiratan Castro.
Iniciativa da Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura, e tem o objetivo de fortalecer e disseminar a cultura afro-brasileira através da promoção de atividades ligadas ao audiovisual. No Recife, o projeto funcionará na casa n.º 8 do Pátio de São Pedro. No local, cedido pela Prefeitura do Recife, serão realizadas oficinas de cinema e mostras de vídeos. Até o fim do ano, o projeto da Fundação Palmares deverá ser lançado em mais nove cidades do Brasil.
Todas as cidades envolvidas no projeto – Recife (PE), Uberlândia (MG), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Salvador (BA), Dourados (MS), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG) e Barra do Ribeiro (RS) – receberão da Fundação Palmares vários equipamentos multimídia (gravador, máquina fotográfica, filmadora, DVD player, vídeo-cassete), resultando num investimento de R$ 25 mil por local. “A oficina no Recife irá atender dez jovens, entre estudantes de escolas públicas ou envolvidos em movimentos de valorização da cultura negra. As aulas estão previstas para começar no fim de novembro”, explicou diretora do Núcleo da Cultura Afro-brasileira da Secretaria de Cultura, Claudilene Silva.
De acordo como secretário de Cultura, Roberto Peixe, além da realização da oficina, a Prefeitura do Recife pretende promover diversas ações ligadas ao projeto em vários pontos da cidade. “Vamos avançar ainda mais, promovendo um trabalho descentralizado”, disse. O objetivo é oferecer oficinas de produção audiovisual e mostras de vídeos nas diversas RPAs.
Livros
Durante o evento, no Teatro de Santa Isabel, foram lançadas a 2º edição do Livro Caxinguelê, do poeta Lepê Correia, e a Revista Palmares n.º 2. Com três edições anuais, a revista da Fundação Cultural tem o objetivo de divulgar a produção literária de escritores, pensadores, militantes e demais intelectuais negros brasileiros. A publicação é distribuída com tiragem de 10.500 exemplares para escolas, universidades, instituições do Movimento Negro, organizações governamentais e não-governamentais.
Comunidade Xambá, do Portão do Gelo, recebe certidão de autoreconhecimento pela FCP
Ubiratan Castro de Araújo e Maria Bernadete Lopes da Silva ressaltaram em seus pronunciamentos que a Comunidade Xambá, do Portão do Gelo, situada em Olinda, guarda uma dos maiores acervos religiosos do Nordeste brasileiro. O Terreiro Santa Bárbara – Ilê Axé Oyá Meguê, da Nação Xambá, situado desde 1951 no bairro de São Benedito, em Olinda, na localidade do Portão do Gelo, será a sétimo terreiro de religião de matriz africana a ser reconhecido pelo Iphan/MinC.
A Nação Xambá é uma tradição religiosa de origem africana, dentre as inúmeras que existem no Brasil, tais como Jêje, Ketu, Nagô, Angola, Mina. No Brasil, surgiu em Maceió, Alagoas, tendo como seu principal disseminador, o Babalorixá Artur Rosendo Pereira. Na década de 30, Artur Rosendo era um dos mais conceituados líderes religiosos do Recife, contemporâneo de outros grandes babalorixás.
OS KALUNGAS: Descobrindo as próprias riquezas
Brasília, 27/9/06 – “Quem nós somos?”, “O que nós temos?”, “O que queremos?” e “O que podemos?” foram as quatro perguntas trabalhadas durante a Oficina Kalunga. A primeira delas serviu para resgatar um pouco da memória dessas comunidades remanescentes dos quilombos.
Os próprios Kalungas questionaram o instrutor da Iattermundi sobre o porque de receberem esse nome. Existem várias versões sobre a origem do nome. A versão contada pelo quilombola Manoel Moreira, conhecido como Tico, é que existe uma grota chamada Kalunga na Fazenda Tinguizal, em Monte Alegre. Por causa disso, os que viviam na região também passaram a ser chamados assim.
O povo Kalunga engloba hoje mais de 30 comunidades espalhadas pelo norte de Goiás. A grande quantidade de povoados é uma das razões para que se realizem oficinas de discussão e integração. “Hoje até melhorou. A gente está se integrando mais e se articulando melhor”, observa Tico em relação ao início da luta dos kalungas.
Desde que foram expostos à mídia e ao conhecimento de pesquisadores e turistas, muita coisa já mudou nas comunidades Kalungas. Ismael é da comunidade do Vão do Moleque, em Cavalcante, e coordena a festa de Nossa Senhora do Livramento e São Gonçalo. Ele conta que a participação de pessoas de fora tem aumentado nas festas tradicionais, mas existem coisas que prejudicam. “Vão muitos vendedores ambulantes, que retiram a verba da comunidade e deixam muito lixo em nossas festas”, diz ele.
“Antigamente, nós sofríamos não só com os fazendeiros, como também na cidade. Éramos tratados como se fôssemos o lixo da cidade”, observa Tico, que está na luta há mais de 20 anos. Ele avalia que neste governo, houve uma maior atenção à causa dos kalungas. “Mas, ainda falta concluir muita coisa, como a regularização da terra”, observa.
OS KALUNGAS: Memória, Ação e Debate sobre reivindicações
Brasília, 27/9/06 – “Não adianta construir casa em terra dos outros”. Esta foi uma das conclusões apresentadas pelos moradores da Comunidade Kalunga que participaram das atividades oferecidas na Oficina Kalunga – Memória e Ação. Os gritos dos pavões e os “tô fraco” das galinhas d’angola que espiavam o encontro não tinham o som mais convincente do que o das vozes ali reunidas. As vozes que puxavam um coro eram as vozes incansáveis dos Kalungas, habitantes de uma comunidade extensa, cujo território abrange três cidades goianas: Monte Alegre, Teresina de Goiás e Cavalcante. A pousada São Bento, localizada próxima a cidade de Alto Paraíso, em Goiás, serviu de espaço para a promoção da oficina, realizada de 21 a 23 de setembro último. A beleza natural do lugar contribuiu para um clima descontraído, e, ao mesmo tempo, organizado. Isso ajudou o grupo a cumprir o objetivo de avaliar as ações do governo nas comunidades e levantar os projetos realmente necessários e prioritários.
A realização do evento ficou a cargo do Instituto de Apoio Técnico aos Países de Terceiro Mundo (Iattermund) e do Centro Cultural Afro-Brasileiro Francisco Solano Trindade. Apoiaram a oficina a Fundação Cultural Palmares/MinC, a Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan), integrante ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). A metodologia aplicada foi a da capacitação massiva. Ela permite que, a curto prazo e com poucos recursos, a comunidade se organize social e politicamente para conquistar seus direitos e se desenvolver. Ao todo, participaram 38 membros das comunidades Kalungas. Mulheres e homens, idosos e jovens, lideranças que vêm lutando há cerca de 20 anos para não perderem a terra onde vivem. Também esteve presente na oficina o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
A terra
O objetivo da Oficina Kalunga era fazer com que os próprios quilombolas identificassem qual a reivindicação prioritária para as comunidades. Depois de trabalharem em grupo no levantamento de suas principais necessidades, chegaram à conclusão de que a mais urgente é a terra. Existem muitos projetos que estão beneficiando as comunidades kalungas, como a construção de casas, o Bolsa Família, o Luz para todos, entre outros. Todos foram avaliados nos grupos de trabalho, que se formaram por municípios. Nos três grupos foi consenso que nenhum projeto é mais importante que a regularização fundiária. A presença do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no encontro possibilitou uma discussão mais aprofundada sobre a situação da área ocupada pelos kalungas. Eles elaboraram uma carta pedindo uma audiência com o presidente do Incra. O documento foi assinado por todos e encaminhado para Brasília.
No último dia, os kalungas sugeriram que a oficina acontecesse mais vezes, só que dentro das comunidades. “A gente aprendeu muito, tiramos várias dúvidas, retransmitimos os problemas da comunidade, que é difícil passar para os ministérios”, avaliou o kalunga Ismael dos Santos Rosa.
Troféu Raça Negra: Votação popular pela Internet
Espaço Cultural Palmares: Mìdia, Cidadania e Divulgação Cultural
Brasília, 19/9/06 – A herança africana, trazida por milhões de negros(as) vítimas do tráfico transatlântico de pessoas, com uma enorme diversidade de grupos étnicos, fez o Brasil a segunda maior população de negros fora da África. Ao longo da história, a população negra viveu, e ainda vive, em condições desfavoráveis. Depois de um século de abolição, os negros e negras brasileiros(as) vivem em permanente luta em favor da resistência. Estamos na era da Informação e a comunicação se apresenta como um espaço significativo e estratégico para desenvolver ações de combate ao Racismo. Racismo que torna invisível a presença e a colaboração da cultura afro-brasileira no cotidiano dos mais de 180 milhões de brasileiros(as).
Com a proposta de criar uma interface entre comunicação e cultura afro-brasileira, a Fundação Cultural Palmares/MinC promove o Projeto Espaço Cultural Palmares. A iniciativa tem como missão principal fortalecer e valorizar a cultura afro-brasileira. As atividades propostas estão pautadas em ações que priorizam a difusão cultural e audiovisual em 10 cidades brasileiras. Em parceria com a sociedade civil organizada, a Fundação Cultural Palmares/MinC levará ao público mostras de vídeos-documentários, debates em escolas públicas municipais, exposições itinerantes e oficinas de fotografia e produção audiovisual.
Além de Brasília (DF), o Espaço Cultural Palmares será realizado em Uberlândia (MG), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Salvador (BA), Dourados (MS), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG) e Barra do Ribeiro (RS). “Queremos nos integrar junto às comunidades locais”, destaca o presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC, professor-doutor Ubiratan Castro de Araújo.
Em cada cidade onde será realizado o projeto, cada ação do Espaço Cultural Palmares ganhará uma iniciativa específica. No caso de São Luiz (MA), os maranhenses terão a chance de produzir vídeos, fotos e uma publicação impressa com o resumo das peças, palestras e debates realizados em torno da comunicação em favor da promoção e divulgação da cultura afro-brasileira. Em Belo Horizonte (MG), os participantes das oficinas vão produzir um CD-ROM sobre Literatura Afro-Brasileira. A primeira cidade a contar com o lançamento do programa será Recife (PE).
Semelhante as demais cidades, a Fundação Cultural Palmares/MinC garantirá o empréstimo de equipamentos multimídia (gravador, máquina fotográfica, filmadora, DVD Player, vídeo-cassete, etc).
Rede Palmares de Comunicação, a Cultura Negra brasileira no ar.
Um novo Brasil precisa se ver através dos meios de comunicação. A mídia deve ser um espaço onde todos os povos, todas as raças, todas as crenças possam se ver refletidos. Realizamos (Fundação Cultural Palmares/MinC) importantes contribuições para a promoção, eqüidade e diversidade de raça, gênero e faixa etária nos meios de comunicação de massa.
Somos responsáveis pela produção e edição da Revista Palmares – Cultura Afro-Brasileira. Com três edições anuais, divulgamos a produção literária de escritores, pensadores, militantes e demais intelectuais negros brasileiros. A principal publicação impressa de nossa instituição é distribuída com tiragem de 10.500 exemplares para escolas, universidades, instituições do Movimento Negro, organizações governamentais e não-governamentais.
Em parceria com a Fundação Universitária de Brasília (FUBRA), realizamos a Primeira Edição do Prêmio Palmares de Comunicação – Programas de Rádio e Vídeo. Através de edital público viabilizamos a produção de sete vídeos-documentários e 10 programas radiofônicos.
Fomos também inovadores em promover a inclusão da história e da cultura afro-brasileira através do veículo rádio. Com apoio da organização não-governamental “Criar Brasil, Centro de Imprensa, Assessoria e Rádio”, a série de programas Rádio Palmares. Disponibilizamos 32 programas radiofônicos, os quais foram distribuídos para uma rede de 400 rádios comunitárias do país e também para as 3.876 emissoras do Sistema Radiobrás. Os programas enfocam temas relacionados à educação, saúde, religiosidade e cidadania para a população afro-brasileira.
Na área de vídeo, também promovemos, em conjunto com o Centro de Apoio e Desenvolvimento (CAD), o DVD O Cinema de Zózimo Bulbul, com toda a produção cinematográfica de Zózimo Bulbul, pioneiro cineasta negro brasileiro. Em conjunto com o Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (CEAO/UFBA), fomos também co-responsáveis pela produção dos vídeos História do Negro no Brasil e Cultura Afro-Brasileira, ambos projetos selecionados no Primeiro Concurso Nacional Produção de Livros e Vídeos sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
Também somos autores de cinco “spots” para rádio destinados à divulgação do Ano Nacional de Promoção da Igualdade Racial e da Primeira Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, promovidas em 2005. Promovemos ainda a produção de oito VTs para a Campanha de Valorização do Cidadão Negro. Resultado de convênio firmado entre a FCP com a organização não-governamental Instituto Nacional de Combate à Desigualdade Social (CODHES), teve veiculação em todas as emissoras do Sistema Radiobrás e também em emissoras estaduais.
O Portal da Fundação Cultural Palmares/MinC congrega toda a produção audiovisual, literária e um conjunto de links com informações sobre a população afro-brasileira, instituições governamentais, ONGs parceiras e outros dados. O Portal FCP é o espaço de divulgação e comunicação para toda a comunidade negra brasileira. Para contatar conosco basta clicar no sítio eletrônico www.palmares.gov.br.
FCP lança Projeto Espaço Cultural Palmares em Recife
Brasília, 19/9/06 – Recife será a primeira cidade brasileira a receber o Espaço Cultural Palmares. Nesta sexta-feira (22), a Fundação Cultural Palmares, em conjunto com a Prefeitura do Recife lança, às 19h, no Salão Nobre do Teatro Santa Isabel, o Projeto Espaço Cultural Palmares. Desenvolvido através de parcerias públicas, a iniciativa percorrerá, além da capital pernambucana, mais nove cidades brasileiras. Com a proposta de criar uma interface entre comunicação e cultura afro-brasileira, o Projeto Espaço Cultural Palmares irá ofertar um conjunto de ações que priorizam a difusão cultural e audiovisual: mostras de vídeos-documentários, debates em escolas públicas municipais, exposições itinerantes e oficinas de fotografia e produção audiovisual. O Espaço Cultural Palmares será promovido em Brasília (DF), Uberlândia (MG), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Salvador (BA), Dourados (MS), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG) e Barra do Ribeiro (RS). “Queremos nos integrar junto às comunidades locais”, destaca o presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC, professor-doutor Ubiratan Castro de Araújo.
Em Recife, as oficinas estão previstas para iniciar em novembro, assegura a coordenadora do Núcleo de Cultura Afro-Brasileira da Prefeitura do Recife. Claudilene Silva adianta que além das produções em fotografia e vídeo, os participantes das oficinas vão produzir uma publicação impressa. Nela, será divulgado o patrimônio cultural afro-brasileiro existente no Recife. Com mais de 2 milhões de habitantes, 70% da população da capital pernambucana é afro-descendente, destaca Claudilene. Para a coordenadora, a promoção do Espaço Cultural Palmares irá reforçar a atuação não só do Núcleo de Cultura Afro-Brasileira, mas sim de toda a comunidade negra que trabalha com ações em prol da igualdade e divulgação da cultura negra.
Junto com o lançamento do projeto, haverá dois lançamentos: a segunda edição da Revista Palmares, Cultura Afro-Brasileira e a segunda edição do livro Caxinguelê, do jornalista, poeta e professor universitário Lepê Correia.
SERVIÇO:
Evento: Lançamento do Projeto Espaço Cultural Palmares em Recife
Data: Sexta-feira, 22 de setembro de 2006
Local: Salão Nobre do Teatro Santa Isabel, Recife/PE
Atividades: Lançamento do Projeto Espaço Cultural Palmares, Revista Palmares-Cultura Afro-Brasileira e Livro Caxinguelê
Ingressos: a entrada é franca
IV COPENE: TV da Gente estréia em Salvador no final de setembro
Salvador, 16/9/06 – Chega a Salvador, no próximo dia 30, a TV da Gente, dirigida pelo cantor e empresário José Neto de Paula, o Netinho. A notícia foi divulgada na noite da última quinta-feira (15/9), quando participou no IV Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros ( IV COPENE). O empresário fez parte da mesa redonda Ações Afirmativas no Setor Produtivo, no Comércio e no Entretenimento, que contou com a presença do presidente da Fundação de Apoio ao Menor de Feira de Santana (FAMFS), Antônio Lopes, do representante da Associação de Coletivo de Empresários Afro-brasileiros (ANCEABRA), Mário Nelson Carvalho, do empresário Romilson Souza, do pesquisador Nilo Rosa/UEFS, e do professor, poeta e apresentador de televisão, Jorge Portugal.
Na oportunidade, os expositores foram unânimes em criticar a dificuldade de capitalização dos empreendimentos negros e da necessidade de uma rede que fortaleça essas iniciativas. A proposta da mesa foi de aproximar os intelectuais desse tema, devido a sua importância estratégica para o desenvolvimento do país.
O empresário Netinho de Paula aproveitou a oportunidade para falar do seu mais novo e audacioso empreendimento, a TV da Gente, primeira emissora nacional de televisão voltada para a comunidade afro-brasileira Netinho ressaltou tv será pautada pela diversidade, tendo espaço para todos os grupos étnicos, mas com prioridade para a população negra. “Não queremos fazer o que eles fizeram conosco em 50 anos de televisão”, afirmou.
A TV da Gente mantém parceria com o canal 24 (UHF), para transmissão da programação, na cidade de São Paulo e é transmitida para a Grande Fortaleza, pelo canal 19 (UHF), e em todo o Brasil, por parabólica, pelo satélite Brasilsat 1 – B1 Digital. A programação também é distribuída para África, Europa, parte da Ásia e Costa Leste dos Estados Unidos, México e Canadá.
IV COPENE: Conferencista norte-americana aborda auto-afirmação do negro e valorização da herança africana
Joyce Elaine King dividiu suas observações em três aspectos considerados fundamentais: a alfabetização diaspórica; a herança do conhecimento e o estudo crítico do que é ser negro. Para a pesquisadora, a educação diaspórica deve ser um aspecto estruturante na formação da sociedade, pois dimensiona o negro, dando subsídios de auto-afirmação de valores que se perderam ao longo do processo discriminatório por parte da hegemonia branca. Joyce King destacou alguns elementos de resistência como a espiritualidade negra que foi fundamental em toda os lugares da diáspora e do papel da mulher na estrutura religiosa, citando o exemplo de sacerdotisas.
Outro aspecto discutido por Joyce King foi a língua, uma ferramenta constante de dominação. “Por falarmos inglês, pensamos que somos universais, que estamos no centro de tudo”. Ela citou exemplo de preconceitos lingüísticos como os que ocorrem no Brasil. “Soube que aqui há o termo ‘dia de branco’. Práticas como essas devem ser abolidas no processo de educação”.
É essa a contribuição dos pesquisadores negros na descoberta das formas de dominação e no resgate de outras práticas baseadas nos conhecimentos ancestrais dos povos africanos e no estabelecimento de um novo lugar de respeito para o nosso saber, diante dos preconceitos da Academia. “A estrutura da universidade cria uma cultura de alienação. É como se tivéssemos que nos transformar em outras pessoas. Quantas outras descobertas precisaremos fazer para libertar nossa consciência tão massacrada pela ferramenta poderosa da dominação”, questionou a pesquisadora afro norte-americana.
IV COPENE: Presidente da FCP destaca aproximação com Comunidades Tradicionais
Salvador, 16/9/06 – O professsor-doutor Ubiratan Castro de Araújo, preferiu neste sábado (16), em Salvador, a conferência de encerramento do IV Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros (COPENE). Na oportunidade, o pesquisador e presidente da Fundação Cultual Palmares/MinC falou sobre o papel dos intelectuais negros dentro das universidades e apontou os desafios que estes enfrentarão nos próximos anos.
Araújo começou a sua fala, citando a célebre frase “Quero ver meus filhos com anel no dedo (formatura) e aos pés de Xangô” atribuída a Mãe Senhora, saudosa yalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, falecida em 1967. Com base nisso, Araújo convocou a platéia composta por acadêmicos e ativistas a se aproximar mais dos conhecimentos tradicionais dos terreiros, dos quilombos e das demais sociedades africanas para que as próxima gerações conheçam a história dos africanos no Brasil e no mundo. “Mas, não basta chegar no Terreiro com laptop, gravador e sua metodologia, é preciso respeito com os mais velhos”, alertou.
O pesquisador colocou como desafio político para os próximos anos, a garantia da execução da Lei 10.639/03, que obriga o ensino da história e da cultura da África e dos afrodescendentes, e recomendou que esta fosse protagonizada pelos próprios negros. “É importante que os negros tenham controle intelectual do conhecimento negro. Controlar, supervisionar e criticar esse conteúdo é um desafio para nós”, afirmou. Além disso, Araújo chamou a atenção para a quantidade de pesquisadores de outros países que estudam a cultura afro-brasileira e não trazem retorno para a comunidade. “Qual o retorno que a comunidade negra teve com as centenas de pesquisadores estrangeiros que pesquisaram sobre os negros?”, questionou.
Para aproximar mais a sabedoria tradicional com o conhecimento contemporâneo e garantir o protagonismo da população negra na transmissão do saber, Ubiratan Castro de Araújo sugere que os anciões, que detém o saber ancestral, possam ser remunerados para dar aulas em universidades e contribuir com a formação de jovens pesquisadores e professores. “Falta a presença de nossos sábios dentro das universidades, com sua própria pedagogia. Isso já acontece em países como a Nigéria, onde eles são remunerados para isso”, informou o conferencista.
A noite terminou com uma saudação para Oxalá, em celebrando a religiosa africana, cantada e referenciada por todos os presentes, seguida de abraços entre os participantes do IV Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros.