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SEMINÁRIO INTERNACIONAL INTERCÂMBIOS AFRO-LATINOS: Etapa Rio de Janeiro termina com sucesso de público e pluralidade de propostas
Na avaliação da professora Cláudia Miranda, da Universidade Estácio de Sá (RJ) idealizadora do projeto do seminário internacional, os objetivos realizados na plenária carioca, ocorrida de 31 de julho último a 3 de agosto no Hotel Novo Mundo, reuniu um público interessado em buscar informações. Para Cláudia, o seminário também serviu para revigorar a atuação do Movimento Negro, com a aproximação entre a militância e a academia, já que o seminário no Rio de Janeiro contou com painelistas integrantes de projetos e intelectuais negros da atualidade que atuam em universidades públicas e privadas.
Para a professora Elielma Machado, também da Universidade Estácio de Sá, a iniciativa da Fundação Cultural Palmares rendeu novos frutos, em especial porque se valeu de valorizar e se aproximar da militância e dos acadêmicos negros que atuam no Rio de Janeiro. A professora Elielma Machado coordena a pesquisa Ação Afirmativa, Acompanhamento e Monitoramento das Universidades Brasileiras, no Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRJ).
Mas o melhor do encerramento ficou por conta do pronunciamento feito pelo presidente da Fundação Cultural Palmares. Zulu Araújo anunciou que a abertura do Seminário Internacional Intercâmbios Afro-Latinos pelo Rio de Janeiro marca um retorno do contato e do convívio com o movimento negro carioca. O presidente da instituição pública federal também valeu de seu pronunciamento para anunciar que além do intercâmbio que começa a ser construído com a Colômbia, outros dois países também passam a se interligar ao intercâmbio afro-latino. O Equador, através do ministro da Cultura, Antônio Preciado, já entrevistado pelo Portal Palmares, anunciou ao presidente da Fundação Cultural Palmares, que estará participando de um novo seminário de intercâmbio. Seguindo os passos do Equador, a Venezuela também será o próximo país a se ligar com esta ação internacional da Fundação Cultural Palmares e do Estado Brasileiro.
SEMINÁRIO INTERNACIONAL INTERCÂMBIOS AFRO-LATINOS:
Para o professor Júlio Tavares, da Universidade Federal Fluminense, é hora de o Movimento Negro e de toda a militância construir um novo discurso, uma “pedagogia cívica” contra a idéia da multiculturalidade. Ou seja, o professor-doutor da universidade defende a instituição de um respeito às diversas culturas, trazidas e praticadas por todos os grupos sociais que compõem a sociedade brasileira. Em sua apresentação, a professora Magali Almeida, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, destacou o andamento do Programa de Cotas na Universidade, a primeira do país a implantar acesso alternativo a estudantes negros. Magali ressaltou que em meio as conquistas obtidas na instituição, também a batalha em favor da permanência dos universitários e a ampliação do quadro de professores negros tem sido intensa.
O encerramento da última plenária ficou a cargo da professora Fanny Quiñones, da Universidad Pedagógica Nacional da Colômbia. Fanny lembrou a agenda a ser encaminhada junto à Fundação Cultural Palmares/MinC, a qual propõe a formatação de um centro de estudos e referências em cultura negra na América Latina, a realização do Segundo Seminário Internacional Intercâmbios Afro-Latinos na Colômbia e a promoção do intercâmbio de docentes e militantes negros para cursos de português no Brasil e espanhol na Colômbia.
Nesta sexta-feira (3), último dia do Seminário, o evento será concluído com a mesa Práticas diaspóricas e alternativas frente à globalização. Os convidados serão o professor Wilmer Villa, da Universidad Distrital da Colômbia, professora Azoílda Trindade, da Secretaria Municipal de Educação/Universidade Estácio de Sá, professor Amaury Mendes, da UEZO e professora Cláudia Miranda, da Universidade Estácio de Sá.
SEMINÁRIO INTERNACIONAL INTERCÂMBIOS AFRO-LATINOS: Especialistas avaliam a universidade como espaço de inclusão afrodescendente
Mediadora do debate, a professora Cláudia Miranda, da Universidade Estácio de Sá, relatou os resultados de sua tese de doutorado, a qual tratou da presença do negro na universidade brasileira. Cláudia apresentou em seu trabalho dois importantes momentos, onde os militantes, na década de 80, acessaram o ensino superior e completaram sua graduação em instituições privadas como as universidades católicas. Em um segundo momento, já nos anos 90, começa uma nova ocupação da academia, a qual motiva o fortalecimento do movimento negro dentro da universidade brasileira.
Os participantes também conheceram os resultados prévios da pesquisa Ação Afirmativa, acompanhamento e monitoramento das universidades brasileiras, coordenado pela professora Elielma Machado, do Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Os números apontam que hoje 41 instituições universitárias públicas, nas cinco regiões brasileiras, possuem algum tipo de Programa de Ação Afirmativa, que garante o acesso de estudantes negros à universidade. De acordo com a professora Elielma Machado, em 28 universidades a adoção de políticas afirmativas partiu da própria orientação de seus conselhos universitários.
Apresentando um panorama político e racial na América Latina, o professor Mbare N´Gom, da Morgan State University, dos Estados Unidos, apresentou o panorama de exclusão pelo qual a população transafricana enfrenta nos países latinos, com ênfase nos casos do Peru, Colômbia e Equador. Mbare citou o intenso número de pesquisas em instituições superiores norte-americanas sobre a realidade afrodescendente na América Latina, em razão de a mobilização em favor da criação de instituições superiores de ensino ter começado dentro das igrejas protestantes no século XIX. Os Estados Unidos possuem 3.300 universidades. Destas, 107 são universidades negras, freqüentadas por mais de 90% de alunos afrodescendentes.
A segunda palestra desta quinta-feira tratará sobre a Agenda Política e perspectivas para a América Latina, com as presenças da professora Magali Almeida, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Fanny Quiñones, da Universidad Pedagógica Nacional da Colômbia, Júlio Tavares, da Universidade Federal Fluminense e José Carlos Félix, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
SEMINÁRIO INTERCÂMBIOS AFRO-LATINOS: Plenária avalia cultura como forma de promoção da multiculturalidade
Rio de Janeiro, 1/8/07 – A segunda palestra desta quarta (1) do Seminário Internacional Intercâmbios Afro-Latinos chamou os presentes a refletirem sobre o papel da Cultura, Política e Sociedades Multiculturais. Em sua fala, o cineasta e professor Joel ZIto Araújo reforçou a valorização da produção cultural, tomando como exemplo o cinema, para garantir um processo inverso ao que presenciamos hoje no modelo eurocêntrico de produção cultural. Joel ZIto defendeu a descolonização mental da arte, em especial à produção cinematográfica, ressaltando a valorização e a inclusão do cinema afro como um caminho a ser pensado e conhecido.
Também palestrante, a professora Elielma Machado, da Universidade Estácio de Sá, palestrou sobre a cultura como um instrumento antropológico de ver o saber e o fazer da manifestação humana. A professora e pesquisadora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Maria José Lopes da Silva, apresentou as conclusões de sua pesquisa, a qual girou em torno da observação das relações raciais entre alunos e professores de quinta a oitava séries do Ensino Fundamental. Maria José utilizou pensadores e estudiosos raciais afro-americanos para confirmar a importância de se garantir a promoção de uma pedagogia multicultural, onde o centro das práticas de ensino deixam de seguir padrões europeus e judaico-cristãos, mas sim se abre a pluralidade do pensamento africano e de outros povos.
O segundo dia do Seminário Internacional Intercâmbios Afro-Latinos segue nesta quinta-feira (2) com duas mesas de discussão. A primeira, marcada para começar as 8h30min, irá tratar do Movimento Negro e suas Relações com o Estado. A mediação será da professora Cláudia Miranda, da Universidade Estácio de Sá e contará com os debates da professora Elielma Machado, da Universidade Estácio de Sá e do professor Mbare N `Gom, da Morgan State University, dos Estados Unidos. Em seguida, a segunda plenária tratará da Agenda Poítica e perspectivas para a América Latina, com as presenças da professora Magali Almeida, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, professor Júlio Tavares, da Universidade Federal Fluminense e professora Fanny Milena Quiñones, da Universidad Pedagógica Nacional da Colômbia. O mediador será o professor José Carlos Félix, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e também representante regional da Fundação Cultural Palmares no Rio de Janeiro.
SEMINÁRIO INTERCÂMBIOS AFRO-LATINOS: Educadores falam de exclusão e inclusão afirmativa na Colômbia e na América Latina
A Colômbia ainda carece, segundo a educadora, de representações públicas de incremento a inclusão da população negra. De acordo com a educadora, o negro ainda é representado nos livros escolares com aspectos inferiores e a educação ainda é eurocêntrica. Fanny lembrou um episódio promovido pela comunidade negra em novembro de 2005, quando promoveu a invasão de uma igreja católica em Bogotá, exigindo a inclusão de ações políticas e sociais para com os afro-colombianos, que, segundo a educadora, representam 26,5% do total da população colombiana. Depois do Brasil, a Colômbia é o país da América Latina que possui o maior contingente de negros em sua população.
O professor Wilmer Villa, da Universidad Distrital da Colômbia, ampiou aos presentes a discussão em torno do racismo e da discriminação no contexto histórico. Sua explanação frisou a importância da palavra e também a memória em torno da cultura racial, a qual foi e é representada na história da Colômbia e de toda a América Latina com a ótica da discriminação, segregação e inferiorização do negro, como um ser não passível de estudos pela academia.
A invisibilidade midiática e seus discursos foram também apresentados na participação do professor Morgan N´Gom, da Morgan State University, de Baltimore, Estados Unidos. Professor Morgan ressaltou em sua fala que ao mesmo tempo em que se observa as práticas racistas, também se observa inúmeros avanços no trato em torno do tema discriminação. Ao exemplificar as ações midiáticas, apresentou como case a revista Newsweek, onde em várias capas apresenta o cidadão negro como objeto discriminado e inferior. Um dos questionamentos apresentados pelo professor senegalês se deu no intenso questionamento que a mídia norte-americana faz para a sociedade, pois pergunta se os negros bem sucedidos são ou não realmente negros.
A manhã prosseguiu com debates e a promoção da segunda plenária do dia. Com o título Cultura, Política e Sociedades Multiculturais, participam da segunda rodada de discussões os professores Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Joel Zito Araújo e Elielma Machado, da Universidade Estácio de Sá.
SEMINÁRIO INTERCÂMBIOS AFRO-LATINOS: FCP dá a largada rumo a integração negra latinoamericana no Rio de Janeiro
O representante regional da Fundação Cultural Palmares/MinC, José Carlos Félix, ressaltou que o momento era de grande satisfação para a comunidade negra carioca. A promoção do seminário internacional, disse Félix, era de grande valia para apresentar a nova cara da Fundação Cultural Palmares. O dirigente aproveitou para destacar que a Palmares no Rio de Janeiro irá buscar a total interatividade com a sociedade, com destaque a classe artística e militância afro-brasileira.
Convidada internacional, a professora Fanny Milena Quiñones, da Universidad Pedagógica Nacional da Colômbia, se pronunciou lembrando da importância dada pela Fundação Cultural Palmares em iniciar o debate e a construção de um novo panorama cultural e social para a população negra latina, com ênfase a aproximação com a Colômbia. Fanny Quiñones lembrou que 80% da população colombiana é composta por negros, os quais sofrem com todas as formas de exclusão. Dados estes que podem ser observados no número de analfabetos – 40% dos negros colombianos que vivem no interior do país são analfabetos. Na Colômbia, a renda per capta de um cidadão negro não ultrapassa os 500 dólares. Fanny Quiñones será a primeira palestrante desta quarta-feira, 1º de agosto, onde falará sobre a Enunciação e Perspectiva Afro-Latina.
O diretor de Promoção, Estudos, Pesquisa e Divulgação da Cultura Afro-Brasileira da Fundação Cultural Palmares, disse que a realização do Seminário Intercâmbios Afro-Latinos serve para construir uma plataforma de integração entre o Brasil e a América Latina. Antonio Pompêo ressaltou as últimas ações realizadas pelo Governo Federal em favor da população negra: aprovação da Lei 10.639, implantação do sistema de cotas nas universidades públicas – hoje o programa existe em 40 instituições – titulação de terras para remanescentes dos quilombos.
O Seminário Intercâmbios Afro-Latinos se inicia nesta quarta-feira, às 8h30min com o painel “Enunciação e Perspectiva Afro-Latina”. Após, às 10h30min, o evento segue com a plenária Cultura, Política e Sociedades Multiculturais.
INTERCÂMBIOS AFRO-LATINOS: Conheça os palestrantes brasileiros que participam do Seminário Intercâmbios Afro-Latinos em Salvador
Ana Celia da Silva
Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal da Bahia (1968), mestrado em Educação pela Universidade Federal da Bahia (1988) e doutorado em Educação pela Universidade Federal da Bahia (2001). Fez curso de Especialização em Introdução aos Estudos Africanos em 1986 pelo Centro de Estudos Afro Orientais/UFBA, com duração de 640 horas. Atualmente é professora adjunta da Universidade do Estado da Bahia. no Departamento de Educação, Campus I e no Mestrado em Educação e Contemporaneidade. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Currículos Específicos para Níveis e Tipos de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: estereótipos em relação ao negro no livro didático de Língua Portuguesa das séries iniciais, desconstrução, representação social do negro nos livro didático de Língua Portuguesa das séries iniciais,e educação das relações étnicos raciais.Florentina da Silva Souza
Possui graduação em Letras Vernáculas com estrangeira Licenciatura pela Universidade Federal da Bahia (1979), graduação em Letras Vernáculas Bacharelado pela Universidade Federal da Bahia (1978), mestrado em Letras pela Universidade Federal da Paraíba (1985) e doutorado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (2000). Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal da Bahia. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira e Literatura Comparada, atuando principalmente nos seguintes temas: afrodescendência, identidade cultural, literatura afro-brasileira, literatura brasileira e cultura brasileira. Publicou, em 2005, o livro Afrodescendência em Cadernos Negros e Jornal do MNU.
Possui mestrado em Ciência Social (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (1992) e doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (2000). Atualmente é professor adjunto ii da Universidade Federal da Bahia. , atuando principalmente nos seguintes temas: ação afirmativa, bahia, ações afirmativas, candomblés e candomblé.
Possui mestrado em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2001) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2005). Foi substituta da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é professora Adjunta da Universidade Federal do Ceará, lecionando Introdução à Sociologia. Atua principalmente nos seguintes temas: relações raciais, movimento social negro, anti racismo, etnicidade e mulheres negras. É a segunda vice-secretária da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (APBN) eleita em 2006.
Paula Cristina da Silva Barreto
Silvio Humberto dos Passos Cunha
INTEGRAÇÃO AFRO-LATINA: Conheça os palestrantes internacionais que estarão presentes no Seminário Intercâmbios Afro-Latinos no Rio e em Salvador
Rio de Janeiro, 30/7/07 – A partir desta terça (31) a Fundação Cultural Palmares, com apoio e realização de diversas instituições, entre elas a Fundação Sônia Ivar, Ministério das Relações Exteriores, Universidade Federal da Bahia, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Cidan, Prefeitura de Salvador e Programa Proafro, realiza no Hotel Novo Mundo, no Rio de Janeiro, a primeira edição do Seminário Internacional Intercâmbios Afro-Latinos, Diagnóstico e Perspectivas para a Comunidade Negra na América Latina. O evento reunirá especialistas brasileiros e estrangeiros no debate em torno da construção de uma nova formação diaspórica entre o Brasil, Colômbia e a América Latina como um todo. Confira abaixo, a relação dos palestrantes internacionais que estarão presentes no Seminário Internacional, no Rio e em Salvador.
Mbare N`gom
Ph.D. pela Universidade de Paris-Sorbonne/França, professor em estudos de Espanhol e América Latina e de Estudos de Francês e Francofônia na Universidade de Morgan/Estados Unidos. É responsável pelo Departamento de Idiomas Estrangeiros e Diretor do Programa de Estudos Africanos. Possui artigos publicados na Espanha, no Jornal Canadense sobre Estudos Hispânicos, Diáspora e Francofonia, Jornais australianos de Estudos Franceses, Caribe, Revisão Afro-hispânica e Quimera entre outros. Tem cinco entradas na “Enciclopédia de Literatura africana” (Routledge 2003) e é editor do livro “A reconstrução da memória e da identidade nacional na literatura hispano-negroafricana” (Alcala Henares 2003). Recebeu o Prêmio de Decano Pedagogo da Faculdade de Artes Liberais (2001-2002). Viajou, estudou e morou na África, Europa, América do Sul e América Central.
Fanny Milena Quiñones Riascos
É professora pesquisadora, mestre pela Universidade Pedagógica Nacional/Colômbia, assessora de projetos, professora expedicionária, coordenadora da Rede de Professores dos Direitos Humanos étnicos da Universidade Pedagógica Nacional.
Wilmer Villa Amaya
Mestre em Pesquisa Social Interdisciplinar pela Universidade Distrital/Colômbia. Como professor trabalha os temas: Cultura, Educação, Sociedade e Participação Cidadã. Trabalha com projetos comunitários, formulação, elaboração e execução de projetos sociais e produtivos, além da avaliação dos mesmos. Possui experiência com pesquisa social, processo de educação endógenas com grupos étnicos em contextos rurais e urbanos com foco na interculturalidades.
De Norte a Sul, Dia Internacional da Mulher Negra da América Latino-americana e Caribenha reúne literatura, seminários e manifestações
Rio Grande do Sul
Para marcar o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, o governo do Estado, pela Secretaria da Cultura, Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Magnoli (Margs) e Coordenação Estadual da Mulher, promove no próximo dia 25 uma mostra de fotografias da fotógrafa Irene Santos alusiva à data. A exposição Iyálodes, constituída de 13 fotografias em preto e branco de mulheres negras com destacada atuação dentro do cenário cultural de Porto Alegre, ocorre no Café do Margs, das 17h às 19h, com entrada franca. Iyálodes, na língua africana Yorubá, designa mulheres de alta hierarquia na sociedade e, por extensão, mulheres que, dentro de um grupo, destacam-se pela qualidade de suas ações em prol da comunidade. Também prossegue nesta quarta-feira, a Mostra de Artesanato do Centro de Cultura Negra, aberta oficialmente nesta terça-feira (24) em cerimônia a qual contou com a presença da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (Seppir). A mostra acontece no Mercado Público de Porto Alegre e tem entrada franca.
Minas Gerais:
Acontece hoje (25), logo mais, a partir das 19h, na Livraria Mazza, no Savassi, em Belo Horizonte, coquetel de homenagem ao Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe. O evento contará com sessão de autógrafos de escritoras negras e exibição do vídeo “Marias da Misericórdia”, de Cida Reis e Shirli Ferreira. A Mazza Livraria fica na Avenida do Contorno, 6000, Loja 1, Savassi. Telefone 0.xx.31. 3281.5894.
Bahia:
A partir das 9h, no Campo Grande, em Salvador, acontece a Caminhada Mulheres Negras: da Resistência a Caminho da Presidência. A manifestação integrará diversos grupos não-governamentais de apoio à mulher negra e contará com telão, ato público, pela manhã. Às 15h, haverá caminhada, saíndo do Campo Grande e o encerramento do evento será às 18h, com show na Praça Municipal. Também em Salvador, na Casa de Angola, às 19h, acontece mais uma edição do Programa Quartinhas de Aruá. A convidada será a professora Ana Rita Santiago, da Universidade Estadual de Feira de Santana, que fará palestra sobre o tema “Heroísmo e Subversão na Literatura das Escritoras Brasileiras”. A palestra tem entrada franca.
Alagoas:
Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra da América Latino-americana e Caribenha, será realizado, nesta quarta-feira, 25, no auditório do Palácio República dos Palmares, o I Encontro de Mulheres Negras de Alagoas. O evento, organizado pela Associação de Mulheres Negras de Alagoas (Amuneal), acontecerá durante a manhã e a tarde. O encontro abordará os desafios encontrados pela mulher negra, desde o âmbito social ao pessoal, tendo como palestrantes mulheres envolvidas em ONGs e programas sociais. Haverá também uma mesa com a participação de profissionais que vão falar de suas experiências nos diversos setores da sociedade alagoana. A partir das 8h haverá credenciamento dos participantes, e às 9hs, a abertura. A seqüência de palestras começa às 10h, com a participação de Lúcia Xavier, assistente social da ONG Criola/RJ, e uma integrante do Programa Nacional de DST/Aids. Às 14h, uma mesa-redonda vai apresentar experiências de vida da mulher negra, com a participação da jornalista Valdice Gomes, e das professoras Arísia Barros, do Núcleo de de Identidade Negra – SEED/AL, e Maria Aparecida Batista de Oliveira, da Ufal.
Na data em que se comemora o Dia internacional da Mulher Negra das Américas e do Caribe (25) haverá ações programadas para mostrar a luta dessas mulheres e a contribuição no contexto sócio, histórico, econômico e cultural. A formação dos povos do continente americano e caribenho também será lembrada. A iniciativa é da prefeitura do Recife e da Diretoria de Igualdade Racial da Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã. Nesta segunda-feira (23) haverá premiação do concurso Práticas Pedagógicas As Escolas Municipais Descobrindo-se Negras, às 16h, no auditório do Centro de Educação da UFPE, na Cidade Universitária. Uma palestra sobre Desigualdades Raciais na Mortalidade de Mulheres Adultas no Recife no período de 2001 a 2003 acontece no auditório da prefeitura na quarta-feira (25), às 9h. Quem preside a mesa é o Grupo de Trabalho da Saúde da População Negra e a Diretoria de Vigilância a saúde. Seguindo a programação na quinta-feira (26), das 8h30 às 13h, no Centro Público de Casa Amarela acontece o primeiro Encontro de Mulheres Negras e sua Contribuição na Alimentação. Começa na quinta (26) e vai até a sexta (27) o 1º Encontro de Mulheres de Terreiro, no auditório Benício Dias, na Fundação Joaquim Nabuco, das 7h às 17h, quando será lançada a cartilha As Tias do Terço. No dia 30 de julho será lançado o livro Mulheres Negras do Brasil, às 18h, no Museu do Estado.
I SEMINÁRIO INTERNACIONAL INTERCÂMBIOS AFRO-LATINOS: Brasil e Colômbia unidas na integração afro-latina no Rio de Janeiro e Salvador
No caso da Colômbia, que possui a segunda maior população negra da América Latina, atrás apenas do Brasil, a situação é um pouco diferente. Enquanto no Brasil já se discutia diversidade cultural, na Colômbia ainda busca-se a afirmação da comunidade negra na sociedade. Na extensão do Pacífico Sul colombiano se localizam grupos afrodescendentes em condições de exclusão efetiva, apesar da ampla legislação para proteger os direitos humanos das populações afro-colombiana incluindo normas e um discurso oficial alertando para a necessidade do seu cumprimento.
Assim surge o I Seminário Internacional – Intercâmbios Afro-latinos Diagnóstico e Perspectivas para a Comunidade Negra na América Latina que tem por finalidade ampliar o diálogo entre os países da América Latina em especial, Brasil e Colômbia, que busca destacar o empenho dos movimentos políticos, culturais e acadêmicos, na implantação de ações afirmativas para a população afro-descendente latino americana. O evento será realizado em duas capitais brasileiras. De 31 de julho a 3 de agosto próximo, no Hotel Novo Mundo (Praia do Flamengo, 20, Flamengo, Rio de Janeiro) e de 7 a 10 de agosto próximo, no Hotel Tropical da Bahia (Avenida Sete de Setembro, 1537, Campo Grande, Salvador, BA). Informações completas sobre o evento podem ser conferidas no Portal da Fundação Cultural Palmares, no endereço www.palmares.gov.br
A presença de convidados internacionais, professores da Colômbia e dos Estados Unidos, darão aos presentes uma visão mais clara da realidade colombiana e da América Latina e proporcionará um debate vivo e real dos assuntos mais importantes no momento para cada país, além de um olhar mais profundo, por parte do Brasil, do contexto diaspórico latino americano.
Programação
Local: Hotel Novo Mundo – Praia do Flamengo, 20, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ
18h30min: Solenidade de abertura
Zulu Araújo – Presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC
Antonio Pompêo – Diretor de Promoção, Estudos, Pesquisa e Divulgação da Cultura Afro-Brasileira
Ministra Maria Elisa Teófilo de Lima – Ministério das Relações Exteriores
Professora Fanny Milena Quiñones – Universidad Pedagógica Nacional/Colômbia
19h: Performance Teatral com Zezé Barbosa
19h30min: Degustação
Dia 1º de Agosto – Quarta-feira
Palestrantes:
Professora Fanny Milena Quiñones – Universidad Pedagógica Nacional/Colômbia
Professor Wilmer Villa – Universidad Distrital/Colômbia
Professor Mbare Ngon – Morgan State University/ USA
Mediador: Professor Jacques D´Adesky – Universidade Federal do Rio de Janeiro
10h: Degustação
Palestrantes:
Professor Marcelo Paixão – Universidade Federal do Rio de Janeiro – Mercado, Economia e Política
Professor Joel Zito Araújo – Cineasta – Cinema Afrocentrado como política cultural
Mediadora: Professora Elielma Machado (UNESA)
Dia 2 de Agosto – Quinta-feira
8h30min: Painel Movimento Negro e as relações com o Estado
Palestrantes:
Professora Elielma Machado – PUC-RJ
Professora Cláudia Miranda – UNESA
Professor Mbare Ngon – Morgan State University/ USA
Mediadora: Professora Cláudia Miranda – UNESA
10h: Degustação
10h30min: Painel Agenda Política e Perspectivas para a América Latina
Palestrantes:
Professor Miguel Almeida – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Juventude Negra e formação superior, a UERJ e os cotistas.
Professor Júlio Tavares – Universidade Federal Fluminense
Professora Fanny Milena Quiñones – Universidad Pedagógica Nacional/Colômbia
Mediador: Professor José Carlos Félix – Universidade Federal do Rio de Janeiro
Dia 3 de Agosto – Sexta-feira
8h30min: Painel Práticas Diaspóricas e alternativas frente à globalização
Palestrantes:
Professor Wilmer Villa – Universidad Distrital/Colômbia – La Cátedra de Estudios Afro-Colombianos para pensar las relaciones interculturales
Professora Azoilda Trindade – Secretaria Municipal de Educação/UNESA
Professor Amauri Mendes (UEZO) – A Lei 10.639 e as ações em curso
Mediadora: Professora Cláudia Miranda – UNESA
10h30min: Encerramento
Salvador, de 7 de agosto a 10 de agosto de 2007
Local: Hotel Tropical da Bahia – Avenida Sete de Setembro, 1537, Campo Grande, Salvador, BA
Dia 7 de agosto – Terça-feira
18h: Credenciamento
18h30min: Solenidade de abertura
Zulu Araújo – Presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC
Professora Juscelina Nascimento – Chefe de Gabinete
Ministra Maria Elisa Teófilo de Lima – Ministério das Relações Exteriores
Professora Fanny Milena Quiñones – Universidad Pedagógica Nacional/Colômbia
19h: Apresentação Canto Solo de Rita Braz
19h30min: Degustação
Dia 8 de Agosto – Quarta-feira
8h30min: Painel Diálogos Negros entre movimentos sociais trocando experiências
Painelistas:
Professora Fanny Milena Quiñones – Universidad Pedagógica Nacional/Colômbia – Movimento e Propostas da Rede de Intelectuais Afro-Colombianos
Professor Samuel Vida – Universidade Federal da Bahia – Militância nos Espaços Acadêmicos
Mediador: Professor Silvio Humberto – Instituto Cultural Steve Biko
10h: Degustação
10h30min: Painel As políticas de democratização do espaço acadêmico no Estado da Bahia: ranços e avanços
Palestrantes:
Professora Paula Barreto – Universidade Federal da Bahia – Um balanço das experiências de apoio à permanência
Professor Jocélio Teles – Universidade Federal da Bahia – Promoção e presença negra na UFBA de hoje
Mediadora: Professora Juscelina Nascimento – Fundação Cultural Palmares
Dia 9 de Agosto – Quinta-feira
8h30min: Painel Negritude e formação para sociedades multiculturais
Palestrantes:
Professor Wilmer Villa – Universidad Distrital/Colômbia – La Cátedra de Estudios Afro-Colombianos para pensar las relaciones interculturales
Professora Ana Célia da Silva – Universidade Estadual da Bahia – Anti-racismo e transmissão cultural na educação
Professor Mbare Ngon – Morgan State University/ USA
Mediadora: Professora Cláudia Miranda – UNESA
10h: Degustação
10h30min: Painel O Movimento Negro na contemporaneidade
Palestrantes:
Professor Silvio Humberto – Instituto Cultural Steve Biko – O Instituto Cultural Steve Biko e a sua participação no sistema de ensino baiano
Professora Florentina Souza – Universidade Federal da Bahia – Formação intelectual para jovens universitários na Bahia
Professora Joselina da Silva – Universidade Federal do Ceará – Portas para a promoção da igualdade:Iniciativas Negras – Trocando Experiências
Mediadora: Professora Juscelina Nascimento – Fundação Cultural Palmares
Dia 10 de Agosto – Sexta-feira
8h30min: Agenda Intercâmbios e desafios para os movimentos negros – Intelectuais em rede
Palestrantes:
Professora Fanny Milena Quiñones – Universidad Pedagógica Nacional/Colômbia
Professor Wilmer Villa – Universidad Distrital/Colombia
Professor Mbare Ngon – Morgan State University/ USA
Mediadora: Professora Cláudia Miranda – UNESA
11h: Encerramento
Ficha de Inscrição
ATENÇÃO: Agradecemos a sua disponibilidade e interesse. Informamos que graças ao intenso número de inscritos, nossa lotação está completa para a participação na edição Salvador do I Seminário Internacional Intercâmbios Afro-Latinos. A Fundação Cultural Palmares conta com a sua participação em um próximo evento.
Memorial Zumbi dos Palmares é inaugurado nesta quarta em Teresina
Brasília, 24/7/07 – Será inaugurado nesta quarta-feira (25) o Memorial Zumbi dos Palmares, em Teresina, PI. O Memorial fica na Avenida Miguel Rosa, no antigo Colégio Domingos Jorge Velho. A solenidade de inauguração vai contar com a presença do governador Wellington Dias, do presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC, Zulu Araújo, da presidente da Fundação Cultural do Piauí (Fundac), Sônia Terra,e representantes da Eletrobrás e da Chesf.
Durante o evento, ocorrerá o lançamento do concurso Artes Visuais, que vai escolher a logomarca do Memorial. Também será lançado o livro Socializando para ser negro, de Rosário Biserra. Haverá, ainda, a apresentação dos grupos Coisa de Nego, Maravir, Afoxá, grupos de capoeira Abadá e Escravos Brancos e Movimento Hip Hop, pelos grupos MP3 e QI. No encerramento, está programado o show musical A Ópera dos Malungos, com os irmãos Assis, Dimas e Fifi Bezerra.
O Memorial está equipado com espaço para exposição, biblioteca, sala para oficinas de dança, de percussão e de música, cozinha para oficinas de culinária, área para exibição de filmes, espaço artístico para realização de shows e apresentações culturais, além de sala para inclusão digital, com dez computadores. O Memorial Zumbi dos Palmares foi financiado pela Eletrobrás e será coordenado pela Fundac e pelo Conselho de Administração do Memorial.
FCP e Governo do Maranhão assinam Termo de Cooperação Técnica
O Termo de Cooperação Técnica a ser firmado entre as duas instituições garantirá o desenvolvimento de ações nas áreas de produção cultural, apoio a ações direcionadas aos remanescentes de quilombos e também a revitalização das casas de religiões de matriz africana, as quais são inúmeras no estado. Para o secretário extraordinário de Estado de Igualdade Racial, Silvio Bembem, a assinatura do documento irá oportunizar a Seir a promover iniciativas em favor da igualdade racial e da valorização da cultura afro para todas as regiões do estado. O Maranhão é o estado brasileiro que concentra o maior número de comunidades remanescentes de quilombos. São hoje 642 comunidades quilombolas. Destas, mais da metade se concentram no litoral, na Baixada Maranhense.
ESPECIAL: Há 99 anos, Solano Trindade nascia para escrever o lirismo e o amor da palavra negra
Balada do Amor
É preciso fugir
De todo o amor que faz sofrer
É preciso fugir do amor…
Talvez a chuva lá fora faça bem
Talvez o frio da noite
Seja como alguém…
A carreira deste ilustre negro brasileiro começa de fato a partir de 1930, quando começou a compor poemas afro-brasileiros e, já integrado nesta corrente, participou em 1934 do I e II Congresso Afro-Brasileiro, no Recife e Salvador. Em 1936 fundou a Frente Negra Pernambucana e o Centro de Cultura Afro-brasileiro, que tinha o objetivo de divulgar os intelectuais e artistas negros. Em 1940 transfere-se para Belo Horizonte. Depois chega ao Rio Grande do Sul, fixando-se por um tempo em Pelotas, onde funda com o poeta Balduíno de Oliveira um grupo de arte popular. Esta foi sua primeira tentativa de criar um teatro do povo, o que não se concretizou devido à enchente de 1941, que carregou todo o material. Voltou então para Recife, indo logo depois para o Rio, onde no “Café Vermelhinho”, detém-se a discutir e a conversar com jovens poetas e intelectuais, artistas de teatro, políticos e jornalistas. Ali fez sucesso.
Em 1944, edita o livro “Poemas de uma vida simples”, onde se encontra o seu declamadíssimo “Trem sujo da Leopoldina”. Em 1945 funda o Comitê Democrático Afro-brasileirom, com Raimundo Souza Dantas, Aladir Custódio e Corsino de Brito. Em 1954 está em São Paulo, criando na cidade de Embu, um pólo de cultura e tradições afro-americanas. Em São Paulo também funda o Teatro Popular Brasileiro – TPB, onde desenvolveu uma intensa atividade cultural voltada para o folclore e para a denúncia do racismo. Em 1955 viaja para a Europa, com o TPB, onde dá espetáculos de canto e dança. Em 1958 edita “Seis tempos de poesia”; em 1961, “Cantares ao meu povo” (com uma reunião de poemas anteriores).
Solano Trindade faleceu no Rio de Janeiro, em 19 de fevereiro de 1974. Sua obra, não! Continuará eternamente viva, como que escrita com brasas na pele escura de todo afrodescendente, mesmo que não queira, mesmo que não saiba…Fundação Palmares prepara o centenário de Solano Trindade, em 2008:
Para marcar as comemorações dos 100 anos de vida e obra do poeta da militância negra brasileira, a Fundação Cultural Palmares/MinC projeta a realização de inúmeras ações e atividades em favor da vida e da obra de Solano Trindade. O presidente da instituição, Zulu Araújo, informa que a FCP/MinC trabalhará para lançar um livro, um vídeo, editais e também apoiará a realização de espetáculo de dança, teatro e leitura dramática das obras de Solano Trindade. É uma forma, explica Zulu, de de se dar visibilidade e conhecimento a toda a sociedade brasileira sobre a trajetória de arte e militância que este poeta negro e brasileiro desenvolveu em favor de um povo até então oprimido.
Negra bonita
Negra bonita de vestido azul e branco
Sentada num banco de segunda de trem
Negra bonita o que é que você tem?
Com a cara tão triste não sorri pra ninguém?
Negra bonita
É seu amor que não veio
Quem sabe se ainda vem
Quem sabe perdeu o trem
Negra bonita não fique triste não
Se seu amor não vier
Quem sabe se outro vem
Quando se perde um amor
Logo se encontra cem
Você uma negra bonita
Logo encontra outro bem.
Quem sabe se eu sirvo
Para ser o seu amor
Salvo se você não gosta
De gente da sua cor
Mas se gosta eu sou o tal
Que não perde pra ninguém
Sou o tipo ideal
Pra quem ficou sem o bem…
Reflexão
Vieste acender o meu fogo poético,
E minh’alma se abriu pras grandes festas,
A música dos teus poemas,
Faz-me dançar o bailado,
Da primeira mocidade…
Eu sinto vontade de não ser sexo,
Para brincar contigo como criança,
E brincar de cirandinha com tu’alma.
Mas como sou sexo,
Vou assistir um espetáculo humano;
A confecção de bandeiras iguais,
Para seres que parecem diferentes.
Portaria do GDF institui na semana que vem Grupo de Trabalho Espaço Cultural Praça dos Orixás
Em mais uma reunião de trabalho do GT Projeto Espaço Cultural Praça dos Orixás, realizada nesta quarta-feira (18) na sede da Fundação Cultural Palmares/MinC (FCP/MinC), integrantes da Fundação Palmares se reuniram com representantes da Fundação Cultural Palmares/MinC, Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), Federação Brasiliense de Umbanda e Candomblé, Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal, Conselho do Negro do DF e Secretaria Especial de Políticas de Igualdade Racial (SEPPIR). No encontro, presidido pelo presidente da FCP/MinC, Zulu Araújo, foram debatidas as próximas ações do trabalho. O dirigente informou aos presentes sobre a ação de retirada das estátuas, feita por Tati Moreno, a qual foi previamente informada pela FCP em ofício encaminhado no dia 2 de julho último ao governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Também destacou as possíveis ações de restauro que Tati Moreno fará nas estruturas e apresentou um esboço com a projeção de mais uma imagem que irá compor o Panteão dos Orixás, proposta por Moreno. Será uma imagem de Iemanjá, que, conforme projeto do artista plástico, será instalada no meio do Lago Paranoá, proximo à Prainha.
Os próximos encaminhamentos a serem tomados pelo Grupo de Trabalho, cuja publicação oficial será feita na semana que vem no Diário Oficial do Distrito Federal, será a elaboração de uma agenda de eventos para o Espaço Cultural da Praça dos Orixás e detalhes para a assinatura do Termo de Cooperação Técnica entre os poderes local e federal, a se realizar em evento festivo na Praça dos Orixás. Local este que vem sofrendo ataques de vândalos, os quais depredam as estátuas e praticam ações de intolerância contrária às religiões de matriz africana. Um próximo encontro da equipe de trabalho acontecerá na próxima quinta-feira, dia 26 de julho, às 15h.
UFPEL amplia discussão em torno do sistema de cotas sociais e raciais
Brasília, 19/7/07 – A Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), terceira maior instituição federal de ensino superior do Rio Grande do Sul está ampliando a discussão em torno da implantação do sistema de cotas sociais e raciais. É o que confirmou o pró-reitor de Extensão e Cultura da instituição em visita à sede da Fundação Cultural Palmares, em Brasília nesta quarta-feira (18). Ao ser recebido pelo presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC, Zulu Araújo, Vítor Hugo Borba Manzke destacou que a universidade já está gestionando com os setores e departamentos acadêmicos o debate sobre o tema, bem como sua política de ações afirmativas. Hoje, a Universidade Federal de Pelotas conta com aproximadamente 12 mil alunos e oferta dezenas de cursos de graduação e pós-graduação para a comunidade de Pelotas e demais municípios do Sul do Rio Grande do Sul.
O reitor Manzke também destacou que a UFPEL está trabalhando em conjunto com a Fundação Cultural Palmares na construção de ações a serem asseguradas em um convênio a ser assinado entre as duas instituições. O convênio, disse o presidente da Palmares, Zulu Araújo, irá garantir a implantação da Lei 10.639/2003 junto ao ensino público local, bem como a criação do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neab) na UFPEL. O dirigente da UFPEL lembra que a implantação do sistema de cotas sociais e raciais garante sim o reconhecimento da academia à inclusão e a diversidade. Para Zulu Araújo, é para a Fundação Cultural Palmares fundamental participar e acompanhar o desenvolvimento da promoção da igualdade racial junto as universidades brasileiras. Foi e é a Fundação Cultural Palmares a primeira instituição pública federal a se posicionar favorável a adoção de cotas na universidade pública como ação afirmativa de acesso do negro ao ensino superior. No aperto de mãos entre o reitor Manzke e Zulu Araújo, ficou selado o empenho junto a valorização e acessibilidade (veja foto).
As cotas hoje:
De um conjunto de 57 universidades federais espalhadas pelo território nacional, 16 já implantaram o sistema de cotas. Se considerarmos a medida implantada em 18 universidades estaduais e em uma escola técnica federal de ensino, podemos dizer que a política de cotas já é realidade em 35 instituições públicas. Estima-se também que o número de estudantes cotistas no país passe a somar 14 mil. O mais interessante de todos estes processos tem sido as votações nos Conselhos Universitários. Boa parte delas ocorre com aprovação maciça dos conselheiros. No Sul do País, onde o sistema encontrava resistência, ele já é realidade nos três estados. Depois de ser implantado na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi a vez de a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e também a Universidade Federal de Santa Maria, RS (UFSM) dizerem sim às cotas.
ESPECIAL: Há 89 anos, nascia Nelson Mandela: exemplo de luta, força e paz
Brasília, 18/7/07 – A luta é minha vida. Neste 18 de julho de 2007, comemoramos os 89 anos de vida e de luta de um dos maiores líderes negros já conhecidos. Nossos olhos se voltam para lembrar e conhecer um pouco mais sobre Nelson Rolihlahla Mandela. Nascido em Qunu, 18 de julho de 1918, Nelson Mandela é advogado, ex-líder rebelde e ex-presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Principal representante do movimento antiapartheid, Nelson Mandela é sim um guerreiro em luta pela liberdade, bem ao contrário do que considerava o governo sul-africano, o qual temia suas atuações por o classificar como um terrorista. Como jovem estudante de Direito, Mandela se envolveu na oposição ao regime do apartheid, o qual negava aos negros (maioria da população) direitos políticos, sociais e económicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano (conhecido no Brasil pela sigla portuguesa, CNA, e em Portugal pela sigla inglesa, ANC) em 1942, e dois anos depois fundou com Walter Sisulu e Oliver Tambo (entre outros) uma organização mais dinâmica, a Liga Jovem do ANC/CNA.
Trajetória política: luta pela liberdade
Depois da eleição de 1948 dar a vitória aos africâners Partido Nacional apoiantes da política de segregação racial, Mandela tornou-se activo no CNA, tomando parte do Congresso do Povo (1955) que divulgou a Carta da Liberdade – documento contendo um programa fundamental para a causa antiapartheid. Comprometido de início apenas com actos não violentos, Mandela e seus colegas aceitaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville (março de 1960), quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, desarmados, matando 69 pessoas e ferindo 180 – e a subsequente ilegalidade do CNA e outros grupos antiapartheid.
Em 1961 tornou-se comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe (“Lança da Nação”, ou MK), fundado por ele e outros. Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo, fazendo também planos para uma possível guerrilha se a sabotagem falhasse em acabar com o apartheid; também viajou em coleta de fundos para o MK, e criou condições para um treinamento e atuação paramilitar do grupo. Em agosto de 1962 Nelson Mandela foi preso após informes da CIA à polícia sul-africana, sendo sentenciado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Em 12 de junho de 1964 foi sentenciado novamente, dessa vez a prisão perpétua ( apesar de ter escapado de uma pena de enforcamento), por planejar acções armadas, em particular sabotagem (o que Mandela admite) e conspiração para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela nega). No decorrer dos vinte e seis anos seguintes, Mandela se tornou de tal modo associado à oposição ao apartheid que o clamor “Libertem Nelson Mandela” se tornou bandeira de todas as campanhas e grupos anti-apartheid ao redor do mundo.
Enquanto estava na prisão, Mandela enviou uma declaração para o CNA (e que viria a público em 10 de Junho de 1980) em que dizia: “Unam-se! Mobilizem-se! Lutem! Entre a bigorna que é a ação da massa unida e o martelo que é a luta armada devemos esmagar o apartheid!” Recusando trocar uma liberdade condicional pela recusa em incentivar a luta armada (Fevereiro de 1985), Mandela continuou na prisão até Fevereiro de 1990, quando a campanha do CNA e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de fevereiro, por ordem do presidente Frederik Willem de Klerk. O CNA também foi tirado da ilegalidade. Nelson Mandela e Frederik de Klerk dividiram o Prémio Nobel da Paz em 1993.
Como presidente do CNA (de julho de 1991 a dezembro de 1997) e primeiro presidente negro da África do Sul (de maio de 1994 a junho de 1999), Mandela comandou a transição do regime de minoria no comando, o apartheid, ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa. Alguns radicais ficaram desapontados com os rumos de seu governo, entretanto; particularmente na ineficácia do governo em contar a crise de disseminação da SIDA. Mandela também foi criticado por sua amizade próxima para com líderes como Fidel Castro (Cuba) (Fidel se opôs ferranhamente ao apartheid, ao contrário dos EUA) e Muammar al-Gaddafi (Líbia), a quem chamou de “irmãos das armas”. Sua decisão em invadir o Lesoto, para evitar um golpe de estado naquele país, também é motivo de controvérsia.
Caminhadas pela paz
Após o fim do mandato de presidente, em 1999, Mandela voltou-se para a causa de diversas organizações sociais e de direitos humanos. Ele recebeu muitas distinções no exterior, incluindo a Ordem de St. John, da rainha Isabel II, e a Medalha presidencial da Liberdade de George W. Bush. Ele é uma das duas únicas pessoas de origem não-indiana a receber o Bharat Ratna – distinção mais alta da Índia – em 1990. (A outra pessoa não-indiana é a Madre Teresa de Calcutá.) Em 2001 tornou-se cidadão honorário do Canadá e também um dos poucos líderes estrangeiros a receber a Ordem do Canadá. Em 2003, Mandela fez alguns pronunciamentos controversos, atacando a política externa do presidente estadounidense Bush. No mesmo ano, ele anunciou seu apoio à campanha de arrecadação de fundos contra a SIDA chamada 46664 – número que lembra a sua matrícula prisional.
Em junho de 2004, aos 85 anos, Mandela anunciou que se retiraria da vida pública. Sua saúde tem sofrido abalos nos últimos anos e ele deseja aproveitar o tempo que lhe resta com a família. Fez uma exceção, no entanto, por seu compromisso em lutar contra a SIDA. Naquele mesmo mês ele viajou para a Indonésia, a fim de discursar na XV Conferência Internacional sobre SIDA. Em Novembro de 2006, foi premiado pela Anistia Internacional com o prêmio Embaixador de Consciência 2006 em reconhecimento à liderança na luta pela proteção e promoção dos direitos humanos.
Família
Nelson Mandela casou-se três vezes. A primeira esposa de Mandela foi Evelyn Ntoko Mase, da qual se divorciou em 1957 após 13 anos de casamento. Depois casou-se com Winie Madikizela, e com ela ficou 38 anos, divorciando-se em 1996, com divergências políticas entre o casal vindo a público. No seu 80º aniversário, Mandela casou-se com Graça Machel, viúva de Samora Machel, antigo presidente moçambicano e aliado do CNA.
Viver Nelson Mandela
Organizador do livro Mandela: Retrato Autorizado, o professor e político sul-africano Mac Maharaj destacou, em recente visita ao Brasil, quando palestrou no Seminário Diversidade Cultural, em junho último em Brasília, destacou em entrevista ao boletim eletrônico Informe Palmares o que representou para ele conviver com Nelson Mandela. Para Mac Maharaj, “Mandela lhe deu a liberdade e lhe incentivou a buscá-la. Foi um grande privilégio viver por 12 anos na prisão com Mandela e aprender com ele, tê-lo como mentor e aprender as verdadeiras qualidades de um líder, que podem ser resumidas em uma palavra: um verdadeiro líder é um servidor do povo”.
Frases de Nelson Mandela:
- Sinto-me como um jovem de 50 anos.
- Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.
- Ainda há gente que não sabe, quando se levanta, de onde virá a próxima refeição e há crianças com fome que choram.
- Eu faço tudo isso em nome dos principios morais, segundo os quais nao podemos abandonar aqueles que nos ajudaram nos momentos mais sombrios da historia do nosso pais.
Feira de São Joaquim é tema de oficina de trabalho governamental em Salvador
Brasília, 13/7/07 – A Fundação Cultural Palmares/MinC promove nesta sexta-feira, 13 de julho, em Salvador, a Oficina de Trabalho A Feira de São Joaquim e o Processo de Reorganização Urbana da Cidade do Salvador. A programação se inicia às 9h com uma visita guiada a Feira de São Joaquim e segue até às 18h com mesas de conversações, no Hotel Tropical da Bahia, no Campo Grande. Participam dos trabalhos representantes do Ministério da Cultura, Fundação Cultural Palmares, Ministério das Cidades, Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Turismo, Universidade Federal da Bahia, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social. As oficinas, de acordo com o presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC, Zulu Araújo, terão o propósito de sensibilizar os demais integrantes do Governo Federal e organismos internacionais a garantia da valorização da Feira de São Joaquim enquanto fenômeno cultural.
Vale lembrar que já está em andamento no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/MinC), o reconhecimento da Feira de São Joaquim como Patrimônio Cultural, dentro das linhas de conhecimento da importância das grandes feiras (como a Feira de Caruaru/PE e do Ver o Peso, em Belém/PA, entre outras.) e o registro do Livro do Tombo.
Comércio e tradição na Cidade Baixa
Instalada na Cidade Baixa, a Feira de São Joaquim oferta a quem vai até o local gêneros alimentícios em grandes quantidades, artesanato, artigos religiosos, patuás, folhas para banhos de descarrego, amuletos, farinha de copioba de Nazaré, rapadura de Santo Antônio de Jesus, frutas da Ilha de Maré, e ainda uma bela visão da Baía de Todos os Santos. No trapiche construído ao lado da feira, atracam diariamente barcos abarrotados de mercadorias vindas de Santo Amaro, Cachoeira, Maragogipe, São Félix, Paraguaçu e outras cidades do Recôncavo Baiano.
Uma ação intergovernamental, envolvendo a Fundação Cultural Palmares/MinC, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Associação dos Feirantes, Sindicato dos Engenheiros da Bahia e Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) atua em favor do tombamento da Feira de São Joaquim como bem cultural de natureza imaterial. A proposta de tombamento também inclui melhorias nas áreas de locomoção de feirantes e consumidores, armazenamento de produtos e mercadorias, saneamento básico e outras propostas para conservar um dos bens mais importantes da cidade de Salvador e da Baía de Todos os Santos.
Governo estadual, municipal e sociedade civil presentes:
Além de representantes do Governo Federal, o Governo do Estado da Bahia também estará presente na oficina de trabalho, com dirigentes da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, Secretaria do Meio Ambiente do Estado da Bahia, Secretaria do Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia e Companhia de Desenvolvimento. Por parte da Prefeitura de Salvador, participam da oficina dirigentes da Fundação Gregório de Matos, Fundação Mário Leal Ferreira, Secretaria de Serviços Públicos, Secretaria Municipal da Reparação e Câmara Municipal de Salvador. A sociedade civil estará representada com a presença do Sindicato dos Feirantes, Associação dos Ambulantes e União dos Negros pela Igualdade.
PROGRAMAÇÃO OFICIAL
Sexta-feira, 13 de julho de 2007
9h: Visita guiada a Feira de São Joaquim, na Cidade Baixa
12h: Almoço no Restaurante “O Coliseu”, no Terreiro de Jesus
14h30min às 18h: Mesas de Conversações:
Abertura com o pronunciamento do secretário Executivo do Ministério da Cultura – Juca Ferreira
Apresentação da Feira e sua importância – Professor Vicente Deocleciano
Apresentação de uma proposta de urbanização – Dr. Ronan Caíres de Brito
Encerramento
FCP instaura sindicância para apurar processo de certificação de área quilombola
O caso:
Veiculada na edição de 14 de maio último, reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, apontou que houve suspeita de fraude no processo de reconhecimento da comunidade de São Francisco do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano. A comunidade foi reconhecida por certificação emitida pela Fundação Cultural Palmares/MinC e a área de 5 mil hectares é alvo de uma intensa disputa por famílias de fazendeiros que ficam sob a área. Entre estas famíilas está a do fazendeiro Ivo Santana, que possui propriedade no local. A mesma reportagem indicou que para obter o laudo, um grupo de moradores da comunidade se declararam, por meio de uma coleta de assinaturas, descendentes de escravos perseguidos e refugiados. Só que, conforme a matéria, estes mesmos moradores não seriam descendentes de escravos, mas sim pescadores que assinaram o documento na expectativa de receber barcos e materiais para pesca. A certidão foi emitida pela Fundação Cultural Palmares e o presidente à época, historiador Ubiratan Castro de Araújo, declarou ao repórter José Raimundo, da TV Bahia, que emitiu o documento após receber da comunidade o abaixo assinado com documentos assinados, inclusive com impressão digital. A Comunidade de São Francisco do Paraguaçu já recebeu a certidão e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) está trabalhando no processo de titulação da área.
A divulgação da reportagem causou indignação em vários setores da sociedade baiana, principalmente no Movimento Negro. O secretário de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia, Luiz Alberto, se pronunciou à época em favor de uma intensa mobilização social. Luiz Alberto lembrou que não só a comunidade negra foi atingida com o conteúdo da reportagem, mas sim todo um processo de articulação que vem sendo feito pelo governo em favor do direito agrário aos quilombolas. A procuradora federal da Fundação Cultural Palmares/MinC, à época, Ana Maria Lima de Oliveira, considerou “leviana” as informações e a condução da reportagem veiculada pela Rede Globo. Ana Maria declarou que a instituição acompanha junto com o Incra e demais órgaõs governamentais todo o processo de certificação de áreas quilombolas e que não cabe ao governo dizer quem é ou não quilombola. O governo tem por dever constitucional emitir a certidão de auto-reconhecimento e o Incra abre então o processo para titular a terra. Não conheço e nunca vi nenhum tipo de equívoco nesta ação, ainda mais um caso de uma comunidade quilombola vir à público e dizer que não é quilombola após ter recebido uma certidão. Em avaliação feita por representantes do Movimento Quilombola, as origens do conflito, no caso o ocorrido na Bahia são freqüentes e marcam a trajetória de luta e valorização dos descendentes de escravos.
Feira de São Joaquim é pauta de reunião nesta sexta-feira em Salvador
Comércio e tradição na Cidade Baixa
Instalada na Cidade Baixa, a Feira de São Joaquim oferta a quem vai até o local gêneros alimentícios em grandes quantidades, artesanato, artigos religiosos, patuás, folhas para banhos de descarrego, amuletos, farinha de copioba de Nazaré, rapadura de Santo Antônio de Jesus, frutas da Ilha de Maré, e ainda uma bela visão da Baía de Todos os Santos. No trapiche construído ao lado da feira, atracam diariamente barcos abarrotados de mercadorias vindas de Santo Amaro, Cachoeira, Maragogipe, São Félix, Paraguaçu e outras cidades do Recôncavo Baiano.
Uma ação intergovernamental, envolvendo a Fundação Cultural Palmares/MinC, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Associação dos Feirantes, Sindicato dos Engenheiros da Bahia e Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) atua em favor do tombamento da Feira de São Joaquim como bem cultural de natureza imaterial. A proposta de tombamento também inclui melhorias nas áreas de locomoção de feirantes e consumidores, armazenamento de produtos e mercadorias, saneamento básico e outras propostas para conservar um dos bens mais importantes da cidade de Salvador e da Baía de Todos os Santos.
Audiência pública mobiliza deputados a incentivar pesquisa sobre terreiros no Brasil
Falando sobre regularização fundiária e melhoria nas condições habitacionais para a comunidade negra soteropolitana, a secretária municipal da Habitação de Salvador, Angela Gordilho Souza, explicou que através de recursos financeiros repassados pelo Ministério das Cidades, a prefeitura da capital baiana está realizando uma ação de melhoria nos acessos aos terreiros de matriz africana localizados no Engenho Velho da Federação, bem como acréscimos nas áreas de moradia à comunidade. O secretário municipal da Reparação de Salvador, Gilmar Carvalho Santiago, fez um chamamento a promoção de um novo tempo ao século XXI, como sendo um período de reparação para todo o povo negro. Também apontou o encaminhamento de um projeto à Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia para garantir a reforma estrutural de 150 terreiros de Salvador, bem como destacou a iniciativa da Secretaria da Reparação em ampliar convênios com a Secretaria Municipal da Educação para levar programas de alfabetização de adultos e educação infantil para o espaço dos terreiros. Pelo Ministério das Cidades, o diretor de Assuntos Fundiários, Celso Santos Carvalho, disse que o quadro de exclusão habitacional segue não só em Salvador, mas em boa parte das cidades brasileiras. Carvalho considerou que o Ministério das Cidades, em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Secretaria Especial de Promoção de Políticas de Igualdade Racial e demais órgãos federais trabalham em conjunto desde 2003, a partir do Decreto 4.887. Os resultados deste grupo de trabalho interministerial podem ser traduzidos na realização de dois laudos antropológicos dirigidos as comunidades do Sacopã e Pedra do Sal, ambas na cidade do Rio de Janeiro, estudo de regularização fundiária da área da Família Fidélis, no centro de Porto Alegre e mais ações em outras nove comunidades quilombolas.
O presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC, Zulu Araújo, destacou que o momento também é de se pedir além da regularização fundiária aos terreiros de candomblé. Aproveitou para narrar aos presentes sobre os atos de vandalismo contra 14 das 16 estátuas de orixás da umbanda e do candomblé instaladas na Praça dos Orixás, na Prainha do Lago Paranoá, em Brasília. O local tem servido de palco para ações de depredação contra as estátuas, feitas pelo artista plástico Tati Moreno. Disse que a Fundação Cultural Palmares, em conjunto com o Governo do Distrito Federal, estará divulgando em 30 dias um plano de ação e dará início ao restauro das imagens, bem como irá atuar na implantação de um espaço cultural na Prainha, o qual ficará sob responsabilidade da Federação Brasiliense de Umbanda e Candomblé. Zulu Araújo lembrou que também é momento de se fazer um chamamento a toda a sociedade brasileira, em especial da mídia, para refletir acerca da produção de reportagens racistas, as quais tentam intimidar a ação da Fundação Palmares e do governo como um todo na promoção de políticas públicas para a população negra, em especial aquelas que tratam da regularização fundiária e do acesso à terra para os negros brasileiros.
A audiência pública contou também com o pronunciamento de deputados estaduais, federais, representantes de associações de cultura negra e terminou com uma saudação religiosa feita por Mãe Railda da Oxum, Pai Adailton e a ialorixá Justina Ferreira dos Santos, que veio de Salvador para acompanhar a audiência na Câmara Federal.