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Justiça Federal sentencia reintegração de posse favorável ao Quilombo de Macambira
O juiz federal Hallison Rêgo Bezerra, da 9ª Vara Federal do Rio Grande do Norte, sentenciou na última semana a reintegração de posse em favor do quilombo Macambira, situado no município de Currais Novos/RN. A comunidade, reconhecida pela Fundação Cultural Palmares – MinC em 2005, enfrentou conflitos relacionado a área e agora poderá retornar ao seu território de direito.
A decisão sobre as terras do quilombo, em uma região conhecida como Cabeço da Macambira, foi ajuizada pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) que entrou com ação solicitando a proteção possessória da área que abrange os municípios de Lagoa Nova, Santana dos Matos e Bodó. Na sentença, o juiz ressalta que a reintegração “deverá ser cumprida com cautela e evitando, por todos os meios, o uso da violência”.
Para Alexandro Reis, diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da FCP, a decisão proporcionou a proteção dos quilombolas de Macambira. “O parecer garante o acesso aos direitos fundamentais pela comunidade até que o território seja titulado”, disse.
Direito a terra – A reintegração, solicitada pelo Incra, é relativa a reintegração/manutenção da posse do território pelos quilombolas. De acordo com a comunidade de Macambira, a área que será devolvida passou por vários processos de venda, o que afetou a comunidade quanto ao trabalho e a produção de alimentos. O último proprietário citado no documento do Incra, chegou a descumprir um acordo cercando um espaço consideravelmente maior do que o negociado.
De acordo com o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), principal ferramenta para o reconhecimento do território como quilombola, o espaço a ser devolvido à comunidade é tido como necessário ao desenvolvimento das 263 famílias que o constituem, pois se trata de local destinado ao plantio. O documento ressalta que a comunidade ocupa a área desde meados do século XIX.
Ainda, de acordo com o relatório, a área total passível de titulação no quilombo Macambira soma 2.589 hectares. Outras contestações sobre o RTID da comunidade estão sob avaliação desde o ano passado. Somente após essa etapa, sem data prevista para ser encerrada, o território poderá ser titulado pelo Incra.
Em Recife/PE carnaval, identidade negra e economia são temas de seminário internacional
Um dia repleto de trocas de experiências que tornaram possíveis perceber que o Brasil, Angola, Barbados, Benin, Colômbia, Peru, Trinidad & Tobago e New Orleans (EUA) tem muito mais em comum do que se imagina. Nessa quarta-feira (19), o Seminário Internacional Carnaval, Identidade Negra e Economia Criativa uniu representantes dessas localidades no Recife/PE, para que cada um possa saber mais sobre como a ancestralidade africana está presente nas manifestações culturais que compõe a folia.
Cerca de 100 pessoas participaram da iniciativa da Fundação Cultural Palmares – MinC, que aconteceu na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e possibilitou ainda uma aproximação entre os carnavalescos, assim como debates sobre estratégias para promoção das atividades que compõem a economia criativa e sobre novas perspectivas para inserir as culturas negras nas políticas culturais.
Carnaval e Identidade Negra – Martha Rosa Queiroz, abriu os debates da mesa com uma apresentação sobre como a festividade no Brasil tornou-se palco de ações para o combate ao racismo e a discriminação racial. Durante palestra, Martha fez um resgate da participação do Movimento Negro Brasileiro para a criação dos blocos afro e afoxés, assim como da importância dessas manifestações para manutenção e valorização da cultura afro-brasileira.
Motivados pela fala de Martha Rosa, os produtores culturais internacionais explicaram as atividades carnavalescas em seus países. O colombiano Martín Costa Valência falou como as referências religiosas no carnaval do país estão presentes na música e nas fantasias que o compõem. Cherice Harisson, de New Orleans (EUA), falou sobre o Mardi Gras (terça-feira gorda, em francês), nome dado aos festejos carnavalescos, e as referências da cultura indígena ali presentes.
Ingrid Ryan-Ruben, de Trinidad & Tobago, explicou que no país os festejos de carnaval nascem no início do século 19, ao fim do período escravocrata, com as caminhadas negras em celebração a liberdade. A música (Calypso) e as máscaras e fantasias de referência africana, dão o tom dos festejos, que têm referências do cristianismo europeu. Já em Barbados, Andrea Wells conta que as máscaras, vestimentas e coloridas compostas por plumas e paetês, também fazem parte do carnaval. Segundo ela, esses elementos que representam a importância da diáspora africana para o país. O angolano Rodão Ferreira falou sobre o samba.
Carnaval Negro no Brasil – Atividade voltada para a discussão do carnaval no Brasil reuniu ícones das principais manifestações do país, entre eles a professora Helena Theodoro, o Vovô do Ilê, presidente do bloco afro IlêAyê, Ana Amélia Bandeira, do Akomabu, Rubem Confete, da Mangeira, Kaxito Campos, presidente da União das Escolas de Samba de São Paulo e Maria José, da UNISAMBA. Sob a coordenação de Lindivaldo Jr, diretor de Fomento e Promoção ao Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação Palmares, os produtores do carnaval brasileiro contaram suas experiências para manutenção da identidade e da cultura negra nos festejos.
Políticas culturais – O presidente da FCP – MinC, Hilton Cobra, abriu a mesa com uma exposição sobre o trabalho da Fundação para uma por uma política pública de cultura que inclua as especificidades das produções culturais negras. Com esse mote, André Brasileiro, da Fundação de Cultura de Pernambuco (FUNDARPE), falou sobre o trabalho para promoção da cultura no estado e o papel entidade no apoio aos produtores culturais populares.
Os debates ainda contaram com a participação de Gilson Matias, chefe da Representação Regional do MinC para o Nordeste, Lucio Rodrigues, também do MinC NE, e Melvin Ramirez, do Museu Afro Peruano, e da colombiana Josefina Klingeae, cujo apresentaram as experiências de políticas culturais nesses países.
Cadeia Produtiva do Carnaval – O deputado federal pelo Rio Grande o Sul Paulo Ferreira trouxe a perspectiva do legislativo sobre a cadeia produtiva do carnaval. Isadora Tami, da Secretaria de Economia Criativa do MinC, apresentou um levantamento sobre a folia no Brasil. Os dados mostram que os investimentos ainda estão concentrados nas regiões onde a festa é tradicional, apesar de a maioria das cidades brasileiras promoverem eventos no período do carnaval. Isadora crê na implementação de ações afirmativas específicas para garantir a destinação de recursos aos produtores culturais populares.
Leandro Salazar, do SEBRAE/PE, levou aos participantes informações sobre como a entidade pode ajudá-los na geração de renda. O consultor deu exemplos de sucesso de agremiações carnavalescas do estado que já conseguiram traçar estratégias de atividades culturais lucrativas. Segundo ele, essas ações podem podem reduzir a dependência desses produtores aos recursos públicos e garantir sua sustentabilidade. Também participaram do debate Lelie Cuesta, da Colômbia, e David Soto, diretor da Fundação Acua (Activos Culturales Afro).
Na tarde desta quinta-feira (20), os visitantes internacionais foram a ao quilombo de São Lourenço, em Goiana/PE, para um conhecer as ações de empreendedorismo na comunidade que sobrevive da pesca e assistiram a apresentação do grupo Pretinhas do Congo. O Intercâmbio Carnaval Identidade Negra e Economia Criativa continua amanhã, quando a comitiva internacional chega a Salvador/BA, e segue até domingo (23).
Abertura de seminário destaca importância de mais investimentos para a cultura negra
“Estamos num governo de inserção então precisamos continuar a pensar formas de inserir a cultura negra nos processos de fomento”, disse Hilton Cobra, presidente da Fundação Cultural Palmares – MinC, na noite dessa terça-feira, 18/2, durante a abertura do Seminário Internacional Carnaval Identidade Negra e Economia Criativa, realizada na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Também estiveram presentes a deputada estadual Teresa Leitão, o secretário de Economia Criativa do Ministério da Cultura, Marcos André Rodrigues de Carvalho, Davi Soto, da Fundação Acqua da Colombia, assim como especialistas internacionais em produção carnavalesca do Brasil, Trinidad & Tobago, New Orleans (EUA), Peru e Barbados.
Durante o encontro, a deputada Teresa Leitão (PT-PE) falou sobre as iniciativas do estado para a realização de atividades de economia criativa, e alertou para a necessidade da produção de dados sobre a contribuição das agremiações carnavalescas para a economia do carnaval do estado. Ela indica a realização de parcerias com as fundações de cultura para consolidar esse mapeamento.
Criatividade e economia – Marcos André, da Secretaria de Economia Criativa do MinC, falou sobre as ações da pasta para promoção das atividades de fomento a cultura, nesse sentido, destacou a necessidade de criar um modelo brasileiro de economia criativa. “O Brasil ainda está atrasado nessa discussão, mas não precisamos copiar modelos internacionais. Temos uma cultura rica, diversa e precisamos pensar uma política criativa que conceba essa diversidade cultural e beneficie o pequeno produtor cultural que precisa ser foco de uma estratégia de economia criativa e solidária”, disse.
Carnaval e Identidade Negra – O presidente do Bloco Afro Olodum, João Jorge, resgatou a resistência negra cultural para manutenção do carnaval de hoje. De acordo com ele, os blocos afros do país são responsáveis pela valorização e manutenção da cultura e identidade negra. Durante a conferência, João Jorge contou ainda a trajetória do Olodum e o trabalho que lhe rendeu projeção internacional”.
Seminário Internacional – A fim de compreender o impacto socioeconômico do carnaval na vida dos homens e mulheres negras responsáveis pela festa no país, na África e América Latina, a FCP – MinC realiza hoje, em Recife/PE, o Seminário Internacional Carnaval, Identidade Negra e Economia Criativa. Acompanhe a cobertura pelo Twitter @culturanegra.
Rio de Janeiro: carnaval e desenvolvimento econômico são temas de intercâmbio
A economia do Carnaval tornou-se vital ao desenvolvimento econômico, a preservação e ao fortalecimento cultural. A conclusão foi do presidente da Fundação ACUA (Activos Culturales Afro), David Soto, em sua participação no Intercambio Internacional Carnaval: Identidade negra e economia criativa, realizado de 14 a 16 de fevereiro, pela Fundação Cultural Palmares, no Rio de Janeiro.
O encontro teve como foco o intercambio entre o Brasil e países na América Latina, África e Caribe no debate a respeito do Carnaval. A proposta foi fortalecer as ações dos grupos representados, direcionando-os para a Economia Criativa e a formulação de políticas públicas específicas.
De acordo com Lindivaldo Júnior, diretor do Departamento de Fomento à Cultura Afro-brasileira da FCP, a ideia é romper os limites do apoio financeiro e aprofundar a reflexão e o conhecimento sobre os aspectos das tradições, raízes, identidades, valores sociais, elementos religiosos, da expressão de ideias e pensamentos que dão significado ao Carnaval.
Lindivaldo Junior também enfatizou a importância da parceria firmada com a Fundação ACUA (Activos Culturales Afro), sediada na Colômbia: “A parceria com a ACUA foi selada em gestões anteriores da Fundação Cultural Palmares, e mais uma vez dá frutos, com a realização deste Seminário”.
Na mesma linha de pensamento, o presidente da ACUA, David Soto, reforçou o sucesso da parceria com a FCP no sentido de conceber o Seminário e colocá-lo em prática: “Da ideia de colocar em cena os valores e a importância das festas populares de origem africana surgiu esta valiosa troca de experiências”, disse. Ele ressaltou ainda, a presença dos que considerou os mais relevantes representantes desses segmentos, em termos de organização, promoção e potencialidade econômica do Carnaval.
Reencontro com a identidade – A Zona Portuária do Rio de Janeiro foi ponto de entrada de um grande contingente de africanos escravizados no Brasil, assim como de expressiva concentração social e cultural da população negra, que ali acabou por formar o núcleo que ficou conhecido como Pequena África.
Não por acaso, foi a região escolhida para dar as boas-vindas aos participantes do Seminário Internacional Carnaval: Identidade negra e economia criativa. Ali – entre muitos outros símbolos da história e da cultura afro-brasileiras, como o Cais do Valongo e a Pedra do Sal – está instalado, sobre as ruínas do que foi um cemitério de escravizados recém-chegados, o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), onde a comitiva foi recepcionada com a apresentação de uma parte da história da ancestralidade negra.
Atividades paralelas ao Seminário – Como parte da programação paralela, a primeira roda de conversas do seminário aconteceu na manhã do último sábado, no Centro Cultural Cartola, onde a diretora Nilcemar Nogueira apresentou fatos sobre a história do samba e do samba-enredo.
Neta de Dona Zica e Cartola, o casal mais emblemático da escola de samba Estação Primeira de Mangueira – Nilcemar é considerada uma guardiã da memória do samba carioca e mantém no centro cultural um verdadeiro museu do samba, com duas exposições permanentes: uma sobre o compositor que dá nome ao local e outra sobre a história do samba.
A troca de experiências continuou à tarde, desta vez com o tema blocos afro e afoxés, na sede da federação de mesmo nome, localizada na Lapa, outro reduto cultural carioca. Encerrando o primeiro dia da programação, os participantes do seminário foram conhecer a Passarela do Samba, onde assistiram ao ensaio técnico das escolas Portela e Imperatriz Leopoldinense.
No domingo, uma visita à Cidade do Samba, que reúne os barracões das escolas, onde são confeccionados os carros alegóricos, deixou o grupo encantado. A programação carioca terminou com muito samba no Renascença Clube, o primeiro clube social negro da cidade do Rio de Janeiro e que este mês está completando 63 anos de fundação.
Continuidade – Teve início nessa terça-feira (18) a edição do Seminário Internacional Carnaval, Identidade Negra e Economia Criativa que acontece em Recife/PE. É a oportunidade para conhecer mais sobre a produção carnavalesca no Benin e Angola e as referências que a ancestralidade africana torna possível no Brasil, Colômbia, Trinidad & Tobago, Barbados e New Orleans (EUA).
Esta edição segue até a quinta-feira (20) e será seguida de edição em Salvador, prevista para 21 a 23 de fevereiro. Confira a programação para o segundo dia do evento em Pernambuco:
20 de Fevereiro (quinta-feira)
Seminário
Local: Auditório da CFCH – Universidade Federal de Pernambuco na Av.Prof. Moraes Rego, 1235, Cidade Universitária – Recife
Mesa 1 – 9h-12h
Carnaval e Identidade Negra
Fala Motivadora: Martha Rosa Queiroz (FCP)
* Colômbia: Sr.Ramon Cuesta Valencia
* Nova Orleans: Cherice Harrison
* Trinidad e Tobago: Ingrid Ruben
*Barbados: SrªAndrea Wells, Secretária de Cultura
*Angola: Ródão Ferreira
*Coordenação: Kátia Santos- Assessora Internacional FCP
Mesa 2 – 14h-16h
Carnaval Negro no Brasil: relatos de experiências
Fala motivadora: Helena Theodoro
Antonio Carlos (Vovô)-Bloco Afro IlêAiyê
Mestre Afonso- Maracatu Leão Coroado
Ana Amélia Bandeira -Akomabu
Kaxito Ricardo Campos – Presidente da União das Escolas de Samba de São Paulo
Rubem Confete – MANGUEIRA
Maria José – UNISAMBA
Coordenação – Diretor Lindivaldo Junior (FCP – MinC)
Mesa 3 –16:30h-18:30h
Desafios de uma Política que valorize a tradição cultural negra.
Fala Motivadora: Hilton Cobra
André Brasileiro – Diretor de Políticas Culturais do Estado de Pernambuco
Antônio Albino Canelas Rubim, Secretário de Cultura da Bahia
Gilson Matias – Chefe da Representação regional MinC Nordeste
Monica Oliveira – Diretora de Programas da Secretaria de Ações Afirmativas – SEPPIR/PR
Deputada Estadual Tereza Leitão
Sr. Melvin Francisco Almonacid Ramirez – PERU (Museu Afro Peruano)
Coordenação: Lucio Rodrigues – MinC Regional do Nordeste
Mesa 4 – 19h-20h
Cadeia Produtiva do Carnaval
Fala motivadora: Paulo Ferreira (Dep. Federal do Rio Grande do Sul)
Isadora Tami -Coordenadora da Secretaria de Economia Criativa
Leandro Salazar – Consultor SEBRAE-PE
Sra..Lelie Joanna Valoyes Cuesta – Colômbia – (Figurinista de Festa Carnavalesca de San Pacho
Coordenação – Davi Soto
Morre Mestre Erenilton, o mais antigo “Alabê” de Salvador
Foi sepultado na última sexta-feira (14), às 14h, no cemitério Jardim da Saudade, localizado no Pelourinho/BA, o Mestre Erenilton do terreiro Casa de Oxumarê. Ícone do Candomblé na Bahia, Erenilton Bispo dos Santos nasceu em 1943 e era conhecido como o mais antigo “Alabê” de Salvador, cuja atribuição no terreiro é tocar os atabaques e entoar os cânticos sagrados no idioma da nação do terreiro.
Mestre Erenilton sofreu em três oportunidades AVCs e estava há 25 dias na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Português, em Salvador, em decorrência de um infarto.
O Alabê era profundo conhecedor dos cânticos sagrados das quatro principais nações da religião dos orixás: ketu, ijexá, jêje e angola. Em 2012, foi homenageado pela Assembleia Legislativa, que lhe concedeu o título de Mestre Popular.
Com informações da Secretaria de Cultura da Bahia.
Projeto Palmares.Doc nas Escolas leva espetáculo Áfricas a 400 estudantes em Salvador
Você já imaginou seus filhos, sobrinhos ou netos conhecendo, na escola, uma África diferente da que você aprendeu? Para desmitificar histórias que foram repassadas erroneamente a gerações de brasileiros, a Representação da Fundação Cultural Palmares Bahia e Sergipe realizará em 18 de fevereiro, a segunda edição do projeto Palmares.Doc nas Escolas,que tem como objetivo apresentar de forma lúdica a cultura afro-brasileira para crianças e adolescentes em idade escolar.
Nesta edição, o projeto levará ao Centro Cultural Plataforma em Salvador, 400 estudantes com idade entre sete e 12 anos, da Escola Municipal Úrsula Catarino. Eles vão assistir ao DVD do espetáculo Áfricas do Bando de Teatro Olodum, que coloca em cena o continente africano, por meio de seus contos, seu povo, seus mitos e sua religiosidade.
A edição será dividida em duas sessões (às 10h/15h)e as exibições do vídeo serão seguidas de bate-papos com Ridson Reis e Elane Nascimento,atores do Bando.De acordo com eles, a proposta é fugir das imagens de uma África estereotipada, com animais selvagens, doenças e fome, suprindo a escassez de referenciais africanos no imaginário infantil.
De acordo com Fábio de Santana, representante da FCP na Bahia e Sergipe, a ideia é levar o debate em torno do cotidiano e das contribuições dos povos negros para a construção da sociedade brasileira. “O projeto tem como objetivo fortalecer a Lei 10.639/2003 oferecendo subsídios aos professores no ensino da História e Cultura Afro-Brasileira”, disse.
Sinopse
Dirigido por Chica Carelli,o foco da peça África é mostrar o modo de ser do povo africano, as formas de se relacionar com a natureza e com o sagrado e os traços que unem o Brasil, em especial a Bahia, ao continente negro. O espetáculo aborda um continente complexo, formado por mais de 50 países e centenas de dialetos e povos com histórias diferenciadas, formas de resistência e sobrevivência e um rico modo de se relacionar com o sagrado. Enfim, a África no plural.
Está em cena o talento do elenco do Bando que canta, toca, dança em um espetáculo repleto de músicas, cores e danças para abordar o universo mágico e lúdico das lendas e contos africanos que ultrapassaram séculos e continentes através das narrativas dos griôs, ancestrais detentores da sabedoria e da linguagem oral.
Entre estes contos selecionados, está o da Criação do Mundo, que narra a aventura de Oxalá, enviado por Olorum para criar os recursos da terra e o homem. Conta-se que Oxalá utilizou-se de vários elementos para a feitura do ser humano (água, fogo, madeira) e todos se tornaram ineficientes, até que Nanã Buruku, a mais velha e sábia entre os deuses, apresentou a Oxalá, a lama, com a qual o homem foi moldado e ganhou vida.
Programação
10h – Exibição do vídeo do espetáculo infanto-juvenil Áfricas, do Bando de Teatro Olodum 10h50– Bate papo com Régia Mabel Freitas, mestra em Políticas Sociais, Ridson Reis e Elane Nascimentoatores do Bando de Teatro Olodum.
15h – Exibição do vídeo do espetáculo infanto-juvenil Áfricas, do Bando de Teatro Olodum 15h50– Bate papo com Geise Oliveira, produtora cultura e Mestranda em Pós Cultura da Ufba, Ridson Reis e Elane Nascimento (atores do Bando de Teatro Olodum).
Serviço
O que: Palmares.Doc nas Escolas Quando: 18 de fevereiro Horário: 10h / 15h Onde: Centro Cultural Plataforma, Salvador Informações:(71) 3322-4188 e fcp.bahia@palmares.gov.br
Volta Redonda/RJ recebe a 1ª Mostra de Arte Negra Azoeira
Associação Amigos na Cultura em parceria com a Fundação Cultural Palmares – MinC realiza entre 12 e 14 de fevereiro, em Volta Redonda – RJ, a “1ª Mostra de Arte Negra Azoeira”, que celebrará a formação dos agentes culturais que participaram do projeto NUFAC 2013 (Núcleo de Formação de Agentes Culturais da Juventude Negra).
Segundo Renata Cipriano, coordenadora geral da Amigos na Cultura (organização não governamental que coordena o NUFAC RJ), o evento é também uma oportunidade os novos artistas e produtores formados pelo projeto colocarem em prática os conhecimentos teóricos adquiridos durante os cursos. “Nossa proposta é envolvê-los em toda a concepção da mostra, desde a pré-produção até a apresentação dos eventos, por exemplo”, afirma.
Ainda de acordo com Renata, os jovens agentes culturais também terão a oportunidade de trocar conhecimentos com artistas e produtores culturais já experientes em suas áreas de atuação. “Além dos produtores de arte locais, nós também convidamos artistas de outros estados, como Bahia e Minas Gerais. Os nossos alunos farão um verdadeiro intercâmbio de experiências”, comemora.
Atrações – Durante os dias do evento, que é gratuito, o público poderá conferir grupos de teatro e de dança, debates, exibição de filmes nacionais e discussões a respeito de políticas públicas para novos artistas e produtores culturais locais. Renata Cipriano explica que a programação é uma promoção da arte e da cultura negra urbana. “Volta Redonda é uma cidade que tem essa característica urbana muito forte então, porque não unir a juventude e a cultura negra com mais esse elemento marcante?”, encerra a coordenadora da Amigos na Cultura.
NUFAC’s – Por meio de chamada pública e com recursos do Fundo Nacional de Cultura (FNC), a FCP – MinC selecionou 10 (dez) propostas de entidades que possuíam a capacidade técnica e administrativa para oferecer cursos de formação profissional na área cultural para jovens negros e negras de todo o Brasil nos Núcleos de Formação de Agentes de Cultura da Juventude Negra – NUFAC’s. Foram investidos cerca de R$ 4 milhões na formação profissional de 1.200 jovens do ensino fundamental e médio, completo e incompleto, oriundos das classes sociais C, D e E.
Serviço
O que: 1ª Mostra de Arte Negra Azoeira
Quando: 12,13 e 14 de fevereiro
Onde: Memorial Zumbi, na Vila Santa Cecília, Volta Redonda – RJ
Entrada gratuita
FCP – MinC chega as casas de axé de Salvador/BA para discutir intolerância religiosa
Promover um debate sobre as realidade das comunidades religiosas de matriz africana de Salvador/BA, é a proposta do projeto Palmares.DOC no Terreiro, realizado pela Fundação Cultural Palmares – MinC, por meio da Representação Regional para Bahia e Sergipe. A atividade acontece no próximo domingo, 9/02, no Terreiro Ilê Axé Omeleji e faz parte da programação em homenagem aos 14 anos de iniciação do Babalorixá Erivaldo da Conceição de Ogum (Odú Iká).
Durante o evento, será exibido o documentário Povo de Santo, de Manoel Passos e Wilson Militão. Em seguida acontece um debate sobre questões como intolerância religiosa, preconceito e direitos para comunidades religiosas afro-brasileiras. Para dar continuidade à proposta, a FCP planeja visitar outras comunidades tradicionais de Terreiro ao longo de 2014.
De acordo com Fábio Santana, representante Fundação Palmares no estado, o projeto surgiu da demanda dos povos de Terreiro. “Era necessário um espaço que garantisse o diálogo entre a FCP e as comunidades de Terreiro. O projeto vai proporcionar debates sobre intolerância religiosa, discriminação e como essas pessoas lidam com os preconceitos”, disse.
Ilê Axé Omeleji – Situado no bairro do Alto do Cabrito em Salvador-Ba, o Terreiro é uma instituição da Cultura Afro Brasileira que desenvolve ações culturais e educativas dentro da comunidade. Com o objetivo de homenagear o Babalorixá Erivaldo da Conceição de Ogum (Odú Iká) por seus 14 anos de iniciação, o Terreiro organizou uma programação especial que terá início às 8h com um café da manhã.
Entre as demais atividades do domingo estão programadas a performance do grupo Vozes do Engenho, almoço e roda de capoeira. A comemoração será encerrada com uma alvorada de fogos seguida de missa ecumênica.
Serviço
O quê: Primeira edição do projeto Palmares no Terreiro e homenagem ao Babalorixá Erivaldo da Conceição de Ogum (Odú Iká)
Quando: 9 de fevereiro de 2014
Onde: Ilê Axé Omeleji, Rua B, Qd 11, Casa 15. Loteamento Bela Vista do Lobato. Alto Cabrito, Salvador – Bahia
Horário: 8h às 18h
Informações: (71) 3239 2933 / 8817 4602
Com história sobre quilombo Mimoso, aluna do NUFAC é selecionada em projeto da Petrobrás
Uma estudante da Universidade Federal do Tocantins (UFT) é a única representante do estado na quinta edição do Concurso Nacional de Histórias Revelando os Brasis. O projeto do Instituto Marlin Azul é realizado com patrocínio da Petrobrás, em parceria com a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura e o Canal Futura, e apoio da TV Brasil.
Autora da história “A Mulher Guerreira”, sobre a comunidade quilombola Mimoso, onde vive, Carlúcia de Melo Soares foi selecionada entre 951 inscritos. Ela é aluna do Núcleo de Formação de Agentes de Cultura da Juventude Negra (Nufac) no Câmpus de Arraias. O Núcleo é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (Proest) da UFT, que foi contemplada no edital NUFAC 2012, da Fundação Cultural Palmares – MinC, que selecionou dez instituições para oferecer cursos de formação profissional na área cultural para jovens negros e negras de todo o Brasil.
Foi durante os encontros do Nufac que Carlúcia ficou sabendo do concurso cultural. E para escrever a história, buscou inspiração na própria experiência de vida. “Eu quis mostrar a importância e o valor da comunidade quilombola Mimoso, porque muitas pessoas acham que quem vem do quilombo não tem condição de ser alguém. Eu saí de lá para trabalhar como pedreira, e quero usar esse vídeo para mostrar que é possível transformar a vida da gente”, afirma ela.
Com a seleção no projeto, essa história tocantinense tem tudo para ser conhecida por todos os cantos do Brasil. Isso porque Carlúcia e os demais selecionados irão participar de oficinas de audiovisual no Rio de Janeiro, durante 15 dias no mês de fevereiro, com todas as despesas pagas pelo projeto. Depois, com auxílio de uma produtora do Tocantins, também disponibilizada pelo projeto, a estudante vai poder colocar em prática o aprendizado e transformar sua história premiada em um vídeo de até 15 minutos.
O filme será exibido no Circuito Nacional de Exibição Revelando os Brasis, em telas de cinema itinerantes que irão passar pelos municípios participantes, e também no Canal Futura. Além disso, estará em um DVD que será distribuído gratuitamente entre organizações sociais e culturais, bibliotecas, universidades, pontos de cultura e cineclubes de todo o país.
Sobre o projeto – O Revelando os Brasis tem por objetivo promover a democratização do acesso e da produção audiovisual. Para isso, oferece aos moradores de municípios com até 20 mil habitantes a possibilidade de contar suas próprias histórias, como forma de compor um registro da memória e da diversidade cultural do país, bem como revelar novos olhares sobre o Brasil. Com 951 inscritos de todo o país, esta foi a mais concorrida de todas as edições do Concurso Nacional de Histórias até agora.
Evento em União dos Palmares/AL relembrar a última batalha no Quilombo dos Palmares
Para relembrar a última batalha realizada no Quilombo dos Palmares, ocorrida em 6 de fevereiro de 1694, a Fundação Cultural Palmares – MinC realiza, por meio de sua Representação Regional em Alagoas, a terceira edição do projeto De volta à Angola Janga. O evento, que reunirá os descendentes dos guerreiros quilombolas que sobreviveram ao combate, acontecerá nos dias 5 e 6 de fevereiro, no Sítio do Recanto, localizado na subida da Serra da Barriga, em União dos Palmares – AL.
De acordo com Maria José, representante da FCP-MinC no estado, o evento é uma reverência às origens, tanto africanas, quanto do Quilombo dos Palmares. “Mais do que uma homenagem, nós queremos resgatar a memória desses homens e mulheres que lutaram pela liberdade dos milhares de negros e negras que foram escravizados no Brasil”, afirma.
O projeto “De volta à Angola Janga” é realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de União dos Palmares e grupos culturais do estado, e tem o Projeto Inaê e a Universidade Federal de Alagoas como parceiros.
História – O Quilombo dos Palmares resistiu por quase um século, tornando-se o maior centro de resistência negra no colonialismo. A nação erguida por africanos de diferentes etnias no Brasil foi batizada por eles de Angola Janga, que significa “pequena Angola”. Foi neste lugar que negros, indígenas se refugiaram por décadas até sua derrubada pelo comandante Domingos Jorge Velho, contratado pelo então governador de Pernambuco para destruir os quilombos da região.
Confira programação
18h – Estação Ferroviária
21h30min – Fala de Abertura;
22h – Saída para o Sítio Recanto;
22h30min – Chegada ao Sítio Recanto;
Ato religioso com participação do Pároco de União dos Palmares
1ª Parada – Estacionamento
Reflexão com os Capoeiristas
2ª Parada Eliponto
PJMP/Juventude de Terreiro
3ª Parada Jaqueira
Quilombolas
4º Parada – Entrada do Parque Memorial Quilombo dos Palmares
Religiosos de Matriz Africana
Café da Manhã
8h Descida
Carnaval, identidade negra e economia criativa são temas de seminário no Recife
De acordo com levantamento do Ministério do Turismo, o Carnaval deve movimentar cerca de R$ 6,1 bilhões na economia do país em 2014, além da gerar emprego e renda para milhares de trabalhadores nas cidades onde a folia é tradicional. E com objetivo de compreender o impacto socioeconômico dessa manifestação na vida dos homens e mulheres negras responsáveis pela festa no país, a FCP – MinC realiza o Seminário Internacional Carnaval, Identidade Negra e Economia Criativa, nos dias 21 a 23 de fevereiro, em Salvador/BA.
O evento, tem como um dos principais objetivos promover o intercâmbio cultural de grupos culturais negros na América Latina, África e Caribe. É a oportunidade para conhecer mais sobre a produção carnavalesca no Benin e Angola e as referências que ancestralidade africana torna possível no Brasil, Colômbia, Trinidad & Tobago, Barbados e New Orleans (EUA).
Carnaval e a diáspora negra – O diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira da FCP-MinC, Lindivaldo Júnior, explica que essa troca de experiências deverá ser totalmente enriquecedora para todos os países envolvidos, uma vez que o trabalho com o carnaval pode fortalecer a identidade negra dos produtores. “E isso acaba acontecendo em toda a diáspora africana. Esse encontro vai fortalecer o produtor do carnaval e o coletivo no qual ele está ligado”, completa.
Lindivaldo afirma ainda que outra questão importante do carnaval é o fato dos eventos realizados em todo o país escoarem a produção cultural negra em grande escala. “Por isso que trabalhar o conceito de economia criativa é importante, porque essas pessoas também dependem do carnaval para o seu sustento. O Seminário vai ajudar essas pessoas a investirem na produção e se organizarem para ter o melhor resultado com o seu trabalho”, aponta o diretor da Fundação Palmares.
Na programação está prevista uma recepção turística de caráter vivencial da cultura em seus espaços tradicionais, além de apresentações culturais, como a do Maracatu Leão Coroado, uma das mais antigas de Pernambuco e que completa 150 anos em 2014.
Inscrições – Os/as interessados/as em participar do Seminário devem preencher a ficha de inscrição e enviar para o e-mail seminariodocarnaval@gmail.com. É necessário informar no assunto do e-mail o nome do evento: Seminário Internacional Carnaval, Identidade Negra e Economia Criativa. Para outras informações, basta entrar em contato com a FCP – MinC pelo telefone (61) 3424-0154.
Intercâmbio – Como forma de concretizar a troca de experiências que envolvem o carnaval na região latino-americana e caribenha, a FCP-MinC em parceria com a Fundação ACUA (Activos Culturales Afro), organizou rodas de intercâmbio entre produtores de carnaval do Brasil e de Angola, Barbados, Benin, New Orleans (EUA) e Trinidad & Tobago.
As reuniões acontecem nas cidades brasileiras reconhecidas internacionalmente pela produção carnavalesca: Rio de Janeiro/RJ, e Salvador/BA. Nessas visitas técnicas, os criadores participarão de duas rodas de diálogo para troca de experiência sobre o Carnaval no Rio de Janeiro (15/2) e em Salvador (22/2). Essas atividades serão abertas ao público.
Para participar dos debates na capital carioca basta enviar e-mail para a Representação Regional da FCP – MinC na cidade fcp.rj@palmares.gov.br. Já em Salvador, o contato é com a Representação Regional da FCP para Bahia e Recife, através do endereço de e-mail fcp.bahia@palmares.gov.br.
São parceiros do Seminário Internacional Carnaval, Identidade Negra e Economia Criativa: A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), a Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural, a Secretaria de Economia Criativa/MinC, a Regional Nordeste do MinC, a Regional MinC Bahia, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE), a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult/BA), Secretaria de Cultura do Recife, a União dos Afoxés de Pernambuco, a Associação dos Maracatus de Baque Virado de Pernambuco, a Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco, a Federação dos Blocos Afros e Afoxés do Rio de Janeiro (FEBARJ), o Centro Cultural Cartola, a Assembleia Legislativa de Pernambuco, o Bloco Afro Ilê Aiyê, o Bloco Afro Olodum e o Quilombo Urbano Comunidade do Xambá.
PROGRAMAÇÃO em SALVADOR
21 de fevereiro (sexta-feira)
Manhã: chegada a Salvador
- Noite: Coquetel de acolhimento com lideranças e autoridades locais.
Local: Solar do Ferrão-Rua Gregório de Matos nº 45,Pelourinho
22 de fevereiro (sábado)
Manhã – Visita ao Espaço Mauanda
Local: Av.Luiz Tarquinio nº3324,Lauro de Freitas (ao lado do Corpo de Bombeiros)
Tarde : Roda de conversa
Objetivo: propiciar espaço reflexivo sobre as experiências dos participantes do projeto, quando cada um apresenta suas vivencias na produção do carnaval
Local: Sede do bloco Afro Bankoma- Rua Queira Deus nº78,portão,Lauro de Freitas
21h – Ensaio do Bloco Afro Ilê Aiyê,
Local: Senzala do Barro Preto-Rua do Curuzu,17-Liberdade.
23 de fevereiro (domingo)
Manhã e tarde: encontro e oficina percussiva com integrantes da Banda Tambores do Mundo, composta por percussionistas de diferentes países (todos formados por músicos do bloco afro IleAiyê) que participam anualmente do carnaval soteropolitano.
Local: Forte de Santo Antonio Além do Carmo-Praça Barão do Triunfo s/n.
18h – Encerramento
Sara Antunes apresenta Negrinha, direção de Luiz Fernando Marques, em União dos Palmares e Maceió
Depois de percorrer o Nordeste e de três temporadas de sucesso no Rio de Janeiro e em São Paulo, o projeto concebido pela atriz paulistana Sara Antunes e pelo diretor Luiz Fernando Marques tem sessão dia 25 de janeiro, às 19 horas, no Parque Memorial Quilombo dos Palmares (Serra da Barriga), em União dos Palmares e dia 26 de janeiro, às 20 horas, no Museu Palácio Floriano Peixoto (MUPA), em Maceió. Contemplado pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2013 as apresentações são gratuitas.
Inspirado no conto homônimo de Monteiro Lobato (1920) e com influências de Gilberto Freyre (Casa-Grande & Senzala) e Câmara Cascudo, Negrinha representa o Brasil escravagista pelo ponto de vista de uma criança escrava, a protagonista Negrinha, identificada apenas por um apelido no diminutivo e com um futuro reprimido pelas paredes da casa-grande.
E se a história da escravidão no Brasil fosse recontada pela voz inocente de uma criança? Se os engenhos de açúcar fossem chamados apenas “casas de açúcar” e a pele negra de “cor de café”? Mais do que uma peça de teatro, Negrinha é uma experiência sensorial.
Negrinha é uma pequena escrava que nasceu em uma senzala. Órfã aos sete anos vive submetida aos maus tratos da patroa e ao ambiente opressor de um engenho de açúcar – lugar que a menina chama de “casa de açúcar”. Ambientada no período final da escravidão, pouco antes da abolição, a peça tem a intenção de mostrar uma História diferente da que é contada nos livros, a história de uma garota que constrói seus sonhos no revés da sociedade.
Chamada apenas de “Negrinha” pela cor de sua pele, a personagem desenvolve um apreço pelas cores, especialmente a das pessoas. Por isso, o espetáculo interage com os espectadores e dá a eles nomes de cores: cor de leite, cor de café, cor de banana. A brincadeira, fruto de uma extensa pesquisa conceitual, faz parte de uma metáfora para abordar a questão racial, provocando o público a refletir sobre uma época do Brasil em que o caráter era definido pelo tom da pele.
Em Negrinha, Sara está só em cena e cumpre os dois papéis – autora e intérprete. A peça brinca com as fronteiras entre ficção e realidade, e propõe à plateia um jogo de contrários: a luz e a sombra, o cruel e o delicado, o real e o imaginário. A começar pelo fato de que uma personagem negra é interpretada por uma atriz branca, tudo o mais é metáfora.
Alimentando-se da mistura entre o mundo concreto e a fantasia, e do contraste entre a doçura do açúcar produzido no engenho e a amargura do contexto social, Negrinha faz um passeio sinestésico pelos sentidos, pois brinca com texturas visuais, cheiros e sons.
“Queremos convidar o público a sentir na pele e nos sentidos o ambiente de Negrinha. A peça propõe que a plateia vivencie a experiência dentro do cenário; forjamos uma senzala, onde as pessoas sentam em esteiras e cadeiras antigas. Assim, pertinho, provocamos a sensibilidade dos espectadores. Cheiro de manjericão, alecrim, café, luz de velas: é uma imersão sensorial”, entusiasma-se a autora, que integrou a companhia Tablado de Arruar e o grupo XIX de Teatro, que ajudou a fundar e permaneceu por mais de oito anos.
Um dos destaques da carreira de Sara é o espetáculo Sonhos Para Vestir (2011), drama-poético com texto seu e direção de Vera Holtz, que foi sucesso de público e crítica, e chegou a representar o Brasil na Quadrienal de Praga. Conhecida também por sua atuação no cinema, Sara já fez 6 longas-metragens e dois curtas. Com o cineasta Luis Dantas, é protagonista do longa Se Deus Vier Que Venha Armando (2013), prêmio de direção no Festival do Ceará. Seus dois filmes mais recentes, Primeiro Dia de Um Ano Qualquer, de Domingos Oliveira (com Maitê Proença, Ney Matogrosso, Alexandre Nero e Clarice Falcão) e As Horas Vulgares, de Rodrigo de Oliveira e Vitor Graize, entram em cartaz agora em novembro. Além disso, Sara está gravando outro longa, no Espírito Santo, Teobaldo Morto Romeu Exilado, de Rodrigo de Oliveira.
Ambientação – O cenário da peça é um casarão do fim do século XIX, e a montagem acontece fora dos padrões convencionais de teatro, para provocar uma experiência sensível no espectador. Como se imergisse numa viagem no tempo, o público encontra a Casa-Grande, com cadeiras e poltronas de época, e a Senzala, com esteiras e tocos de madeira.
A iluminação, um delicado jogo de sombra e luz, é feita por velas e funciona como um coadjuvante na atuação. “É um trabalho artesanal, voltado para o preciosismo das palavras, objetos e figurinos, a fim de colocar o espectador em contato com uma dimensão poética e lúdica, mas ao mesmo tempo apavorante e cruel. O fim da escravidão e os dias de hoje guardam semelhanças.
As questões sobre a cor, o preconceito e os fundamentos da história do Brasil são abordadas de forma lúdica, tendo em vista o aspecto humano primeiramente, as brincadeiras dela, as amizades. Pelos laços de afeto que destilamos, evidenciamos questões sociais ainda abertas hoje em dia”, explica Sara.
A peça estreou em 2007, em São Paulo, e já passou pelo Interior paulista, pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco e Bahia, entre outros Estados. Depois de São Paulo, Negrinha segue para o Maranhão, Pará, Bahia e para a Serra da Barriga (Quilombo dos Palmares), em Alagoas. Para Sara, essa trajetória tem uma intenção histórico-artística. “Nesta viagem histórica, Negrinha poderá dialogar com a própria pesquisa in loco, ampliando assim o debate, dilatando a experiência, aprofundando ainda mais a compreensão entre pesquisa e prática, arte e vida”, conta a autora.
Dia 25 de janeiro, às 19 horas, no Parque Memorial Quilombo dos Palmares (Serra da Barriga), em União dos Palmares (AL). Capacidade: 70 lugares. Ingressos: Ingresso gratuito (distribuído 1h antes do espetáculo. Sujeito a lotação).
Fonte: Organização do evento.
Bahia celebra tombamento do terreiro Oxumaré
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, e a presidenta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado, estiveram nesta quarta-feira (15) no terreiro Oxumaré (Salvador – BA), onde se celebrou a aprovação do tombamento da Casa em decisão do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan.
O governador Jaques Wagner, a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (ACM Neto), o presidente da Fundação Cultural Palmares, Hilton Cobra, a senadora Lídice da Mata e as Ialorixás Stela de Oxóssi e Carmen de Oxalá prestigiaram o evento.
“Estivemos juntos, em Brasilia, onde acompanhei a análise e votação sobre a relevância e símbolo do terreiro Oxumaré. E, portanto, é uma honra e um momento muito especial ser acolhida e hoje estar aqui neste terreiro iluminado e agora tombado”, disse a ministra.
Segundo Marta, ao aprovar o tombamento, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan reconheceu que, “junto das práticas religiosas, aqui se exerceu papel fundamental à luta e resistência do povo negro, bem como na disseminação da rica cultura africana no nosso país”.
Oxumaré é orixá do movimento e dos ciclos vitais que geram as transformações. É símbolo da riqueza, da continuidade e da permanência. O babalorixá Pecê, representando a Casa, lembrou as origens do terreiro e seus fundamentos. Pediu proteção aos orixás e disse: “a conquista não é só do terreiro, mas do povo de santo da Bahia e do Brasil”. “Precisamos ser respeitados dentro de um país que nosso povo construiu. Não só pela culinária, ou conhecimento de música, mas também pela forca espiritual.”
Alem deste terreiro, o Iphan reconheceu em tombamentos a Casa Branca, Ilê Axé Opô Afonjá, Gantois, Alaketu e Bate-folha, todas em Salvador (Bahia), e a Casa das Minas Jejê, em São Luís (MA).
A ministra Luiza Bairros comemorou a parceria com Iphan e Ministério da Cultura (MinC) junto ao Plano de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades de Matriz Africana, da sua Pasta. “O processo, na atual gestão, de Jurema Machado e da ministra Marta Suplicy, foi acelerado. Existe um lugar de dignidade e de liberdade para homens e mulheres negros no Brasil e estamos aqui ocupando este espaço”, observou.
O governador Jaques Wagner destacou que “é uma honra participar de um momento em que se corrige séculos de injustiça, um momento especial de vitoria”.
À nova caminhada de Oraida Abreu
Oraida Abreu é mais uma mulher negra que dedicou a vida para tornar possível que outras mulheres e homens negros tenham garantidos seus direitos. A Fundação Cultural Palmares – MinC agradece sua incansável contribuição para valorização da população afro-brasileira, tanto como militante do Movimento Negro, quanto como gestora de políticas públicas de igualdade racial.
Psicóloga e mestre em Ciências Ambientais e de Saúde, Oraida Abreu integrou o Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra da FCP – MinC, na coordenação de Disseminação de Informação. Atuou também na SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República) como secretária executiva do CNPIR (Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial).
A Fundação Palmares deseja que o legado deixado por Oraida se reverta em luz para esse novo caminho que se inicia.
Oficina para a juventude de terreiros: confira a relação das pessoas inscritas
A Representação Regional da Fundação Cultural Palmares – MinC para Bahia e Sergipe divulgou hoje (08/01) a relação dos inscritos para participar das “Oficinas de Elaboração de Projetos Socioculturais para Juventude de Terreiro”, que será realizada entre os dias 13 e 15 de janeiro, em Salvador/BA.
Realizada em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, as oficinas têm como objetivo auxiliar os/as jovens de comunidades de terreiro a participar de forma eficiente em editais, prêmios e convênios e chamadas públicas, além de promover o intercâmbio de informações entre os terreiros de diferentes nações e fomentar a proteção das Comunidades de Terreiro, a partir da criação de políticas de salvaguarda destes locais.
Para mais informações basta entrar em contato com a representação da FCP-MinC na Bahia pelos telefones: (71) 3322-3488 ou por e-mail fcp.bahia@palmares.gov.br
Nota da FCP – MinC sobre a Comunidade Rio dos Macacos – Janeiro, 2014
A Fundação Cultural Palmares – MinC lamenta o episódio ocorrido nessa segunda-feira, 6 de janeiro de 2014, na Comunidade Quilombola Rio dos Macacos, localizada em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador/BA. Segundo relatos, os lideres quilombolas Rosimeire Messias dos Santos e Edinei Messias dos Santos, estavam a caminho de sua residência quando foram agredidos por oficiais da Marinha do Brasil após um desentendimento.
A Fundação Palmares, criada pela Lei nº 7.668, de 22 de agosto de 1988, com a missão institucional de preservar o patrimônio cultural afro-brasileiro e a identidade cultural dos remanescentes das comunidades dos quilombos, reforça a necessidade de resguardar todas as comunidades quilombolas assim como as mulheres, homens, crianças e idosos que as compõem.
A FCP – MinC acredita que, independente das questões relacionadas a terra, os quilombolas devem ter seus direitos fundamentais garantidos enquanto cidadãos e memórias vivas da cultura e identidade negra brasileira. E é nesse sentido, que a Fundação informa a todos os brasileiros e brasileiras que acompanhará as apurações dos fatos e adotará as medidas cabíveis tendo em vista a prestação de assistência jurídica ao Quilombo Rio dos Macacos, bem como redobrar os esforços para a construção de solução justa e equilibrada referente ao processo de regularização fundiária.
A comunidade Rio dos Macacos teve a certificação de autorreconhecimento emitida pela FCP – MinC em 04/10/2011 e passa por diversos entraves relacionados ao direito a terra. A área é tombada pela União Federal e está situada nas proximidades da Base Naval de Aratu, administrada pela Marinha do Brasil.
Editais Palmares 25 anos: adiada a data de divulgação dos habilitados
A Fundação Cultural Palmares – MinC informa que devido aos recessos de final de ano a divulgação dos habilitados nos Editais Palmares 25 Anos: 1º Imagens da Memória e 3º Ideias Criativas foi adiada para 13 de janeiro de 2014. A instituição lamenta o transtorno e conta com a compreensão de todos e todas os/as inscritos/as.
No que se refere às inscrições, os Editais Palmares 25 anos são um sucesso. Foram recebidas ao todo 408 inscrições (3º Ideias Criativas: 307 e 1º Imagens da Memória: 101) de projetos que buscam a valorização da presença histórica da população negra no Brasil e na promoção da resistência cultural negra.
Investimento – Os Editais Palmares 25 anos vão investir um total de R$ 2,3 milhões em ações para o registro e dinamização das culturas negras brasileiras. O 1º Edital Imagens da Memória premiará, com R$1,3 milhão, 12 obras audiovisuais que irão captar as narrativas de mulheres e homens negros das comunidades quilombolas, tradicionais de matriz africana e ícones das manifestações culturais afro-brasileiras sobre de temas diversos, adotando as histórias sobre a escravidão como parâmetro prioritário para os registros.
Já a terceira edição do Edital Ideias Criativas, com apoio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, vai destinar R$1 milhão à 38 projetos para elaboração e execução de atividades socioeducativas formativas, assim como para pesquisa produção e publicação de trabalho. As ações devem, principalmente, promover a dinamização, preservação e difusão da memória da população negra no Brasil.
FCP-MinC promove oficina para a juventude de terreiros na Bahia
Para auxiliar os/as jovens de comunidades de terreiro a participar de forma eficiente em editais, prêmios e convênios e chamadas públicas, a Fundação Cultural Palmares – MinC (FCP) em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, realiza “Oficinas de Elaboração de Projetos Socioculturais para Juventude de Terreiro”. As inscrições têm início hoje (13/12) e seguem até 7 de janeiro de 2014, são apenas 20 vagas.
As atividades, que serão realizadas por meio da Representação Regional da FCP – MinC para Bahia e Sergipe, pretendem ainda promover o intercâmbio de informações entre os terreiros de diferentes nações e fomentar a proteção das Comunidades de Terreiro, a partir da criação de políticas de salvaguarda destes locais.
Políticas Públicas direcionadas – De acordo com o representante regional da Bahia, Fábio de Santana, as comunidades de terreiro exercem há anos inúmeras ações socioculturais que acontecem de forma independente e autônoma em relação ao Estado. “Pensando nisso e no crescente número de chamadas públicas lançados nos últimos anos, acreditamos que é fundamental colocar em pauta e assegurar políticas públicas para as Comunidades de Terreiro. A oficina é o primeiro passo em busca disso”.
Mais oportunidade – A oficina, que será realizada nos dias 13 e 15 de janeiro de 2014, na sede da Representação da Fundação Palmares, será ministrada por Vagner Rocha, Coordenador de Editais da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Jovens de Terreiro com ou sem experiência em elaboração de projetos socioculturais podem participar.
Os interessados deverão preencher o formulário de inscrição e depois enviá-lo para o e-mail oficinas.fcpbahia@palmares.gov.br, juntamente com uma carta emitida pelo terreiro de origem indicando a pessoa que irá para participar da oficina.
No dia 08/01/14 será divulgada no Portal da Fundação Palmares a relação das pessoas inscritas e os respectivos suplentes que poderão ser convocados em caso de desistência.
Para mais informações basta entrar em contato com a representação da FCP-MinC na Bahia pelos telefones: (71) 3322-3488 ou por e-mail fcp.bahia@palmares.gov.br
Livro Mulheres de Axé será lançado amanhã (11/12), em Brasília
Nas religiões de matriz africana, é costume pedir licença aos ancestrais, a benção aos mais velhos muitas vezes representados pelas lideranças e trocar a benção com os mais jovens, antes de qualquer ato. Nesse sentido, a Fundação Cultural Palmares – MinC (FCP) pede licença para publicar um dos que virão a ser uma importante referência à população religiosa afro-brasileira, o livro Mulheres de Axé.
O lançamento está agendado para às 17 horas, desta quarta-feira 11, na Biblioteca Nacional. A proposta da obra, organizada por Marcos Rezende, é traduzir a importância de mulheres que são símbolo de autonomia e superação, e que também são herdeiras de um legado. São elas, a prova viva da resistência às adversidades impostas pelo regime escravocrata e pelo racismo que ainda perdura.
De acordo com Alexandro Reis, diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da FCP, o livro é um reconhecimento importante à trajetória das mulheres do Candomblé da Bahia que são consideradas base fundamental da religiosidade, da cultura e da organização social das comunidades negras que vivem nos terreiros.
“Através das histórias de cada uma das personalidades retratadas no livro é possível notar o papel da mulher em sua capacidade de liderança, superação e generosidade”, disse. Segundo Reis, essas são características que mostram a importância delas também na constituição e construção de famílias com valores importantes a uma sociedade plural e democrática.
Elas no Axé – Mulheres que dedicaram e dedicam grande parte de suas vidas à luta contra a intolerância religiosa tiveram cada uma à sua época, grandes desafios impostos pela sociedade. Entre as personagens estão yalorixás do século XIX como Tia Massi, Mãe Pulchéria e Mãe Emiliana, bem como mães da contemporaneidade como Stella de Oxóssi, Jandira de Yansã e Gilda de Ogum.
A partir do livro é possível também conhecer as hierarquias dentro das Casas de Axé, um pouco mais sobre os rituais religiosos e os trabalhos sociais por elas promovidos. Para falar sobre o assunto, no lançamento do livro estarão presentes Mãe Railda, de Brasília, e Mãe Jaciara de Oxum, de Itapoan em Pernambuco.
Africanidades – Makota Zimewanga, ou makota Valdina, é outro importante nome na atualidade, pois é considerada patrimônio vivo das tradições e costumes africanos no Brasil. Militante do movimento negro, tem entre suas principais lutas o combate ao racismo a partir de suas referências religiosas. Graças a elas conquistou o respeito de muitas pessoas. “Lembro que na ascensão do movimento negro, muitos militantes negros marxistas diziam que a religião era o ópio do povo e tratavam nossa crença como folclore, coisa exótica. Hoje, encontro essa mesma gente, eles vêm me tomar a bênção. Vou dizer o que? Meu Pai abençoe, né?”, diz.
Também retratada no livro, a mais velha representante da tradicional família Sowzer, Mãe Irinea de Xangô, é um dos maiores símbolos de respeito aos ancestrais no país. Guardiã de conhecimentos e tradições, remonta a história familiar desde o tempo da fundação das primeiras Casas de Axé no Estado da Bahia. Mãe Irinea sempre reforça a prioridade de se manter viva a história dos Terreiros, do zelo com a religião e o respeito aos mais velhos.
Serviço
O que: Lançamento do livro Mulheres de Axé
Quando: 11 de dezembro
Horário: 17h
Onde: Biblioteca Nacional, Esplanada dos Ministérios, Brasília/ DF.
Câmara aprova feriado nacional: Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
Na última quarta-feira (29), a Fundação Cultural Palmares (FCP), juntamente com toda a população afro-brasileira, celebrou uma conquista marcante para a comunidade negra no Brasil. O Projeto de Lei nº 482 de 2017 de autoria do senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), depois tramitado como Projeto de Lei nº 3268/21, agora aguarda a sanção presidencial. Este projeto declara o dia 20 de novembro como feriado nacional, comemorando o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
O novo feriado é um aceno de apoio à luta contra o racismo em todas as suas esferas, começando pela institucional. Partidos e terceiros interessados apontaram ações e omissões do Estado que culminam na violação dos direitos constitucionais de parcela da sociedade negra brasileira. O Supremo Tribunal Federal está debatendo a questão apresentada.
Outras conquistas igualmente importantes como a Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", vão ao encontro desse avanço alcançado.
Essa vitória é fruto de uma persistente luta travada pela sociedade civil ao longo dos anos, com o apoio do Ministério da Cultura, da Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Igualdade Racial, entre vários outros organismos que trazem, cada um sua contribuição para que a história do povo negro brasileiro seja reconhecida.
João Jorge Rodrigues Santos, atual presidente da Fundação Cultural Palmares, acrescenta à lista de homenageados: “Dandara dos Palmares, Acotirene, Aqualtune, mulheres e homens que fizeram daquela experiência da República Negra, da República Popular Brasileira, entre 1595 e 1695, uma experiência exitosa”, prossegue, “o movimento negro, Movimento Negro Unificado (MNU), as instituições culturais do país, os blocos Afros e de Afoxé, os artistas individuais e principalmente aqueles inspiradores, Oliveira Silveira, Abdias Nascimento, Lélia Gonzales, e também mulheres importantes como Mãe Hilda, matriarca do Ilê Aiyê, Kátia de Melo, Ana Célia, Luiza Bairros, e tantas outras mulheres que lutaram". O presidente ainda destaca “os blocos afros da Bahia, e entidades na luta para divulgar a Serra da Barriga”.
Não se pode deixar de destinar essa conquista também aos pioneiros abolicionistas que séculos atrás já lutavam para acabar com a opressão existente no Brasil, como: José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Luís Gama, o ex-escravizado que se tornou advogado; Maria Tomásia Figueira Lima, a aristocrata que lutou para adiantar a abolição no Ceará; André Rebouças, o engenheiro que queria dar terras aos libertos; Adelina, a charuteira que atuava como 'espiã'; Dragão do Mar, o jangadeiro que se recusou a transportar escravizados para os navios; Maria Firmina dos Reis, a primeira escritora abolicionista e tantas outras pessoas que foram verdadeiros desbravadores.
A matéria foi aprovada atendendo a uma demanda da recém-criada bancada negra da Câmara. Com 286 votos a favor e 121 contrários, a Câmara dos Deputados aprovou a lei, após pressão dessa representação política solicitou ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a inclusão do projeto na pauta de votação.
Atualmente, o dia 20 de novembro já é reconhecido como feriado em seis estados brasileiros e aproximadamente 1.200 cidades. A relatora da proposta, deputada Reginete Bispo (PT-RS), destacou que a escolha desse feriado pela bancada negra é estratégica, marcando o início de esforços concentrados no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial.
Depoimento dos departamentos da Fundação Cultural Palmares sobre a data
“O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é um marco crucial na história do Brasil e merece ser reconhecido como uma das datas mais importantes da história do país. Esta data não apenas homenageia Zumbi dos Palmares, o principal líder quilombola que desafiou a escravidão.
Ao declarar o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra como feriado nacional, estamos confrontando o passado racista do Brasil, onde milhões de negros e negras foram submetidos ao trabalho forçado e sujeitados a diversas formas de violência por 388 anos. Essas marcas do passado continuam a afetar a população negra brasileira até os dias atuais.
Assim, essa data proporciona uma oportunidade para todos os brasileiros se conscientizarem sobre o legado do racismo estrutural e se comprometerem com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Desconsiderar a importância do Dia da Consciência Negra é, na verdade, perpetuar o racismo e a discriminação que têm deixado uma mancha na história do Brasil.”
(Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra, Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira, Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro).
20 de Novembro
A data é uma homenagem a Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares. No dia 20 de novembro de 1695, Zumbi foi descoberto com 20 companheiros na Serra Dois Irmãos, no município de Viçosa, em Alagoas, e, como era de se esperar de um chefe guerreiro, morreu em combate.Sua cabeça degolada fora exposta publicamente na cidade do Recife, por ordem do governador de Pernambuco, para servir de exemplo aos escravizados e como prova de que Zumbi não era imortal, tal como se costumava dizer àquela época.
A história de Zumbi dos Palmares, que agora é homenageada nacionalmente neste dia, serve como um lembrete de que a resistência contra a opressão é uma parte intrínseca da identidade afro-brasileira.