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Oficina sobre o Centro de Interpretação de Patrimônio Mundial Cais do Valongo
A Fundação Cultural Palmares (FCP) esteve nesta segunda-feira (30), por intermédio do presidente, João Jorge Rodrigues, com membros do Grupo de Trabalho Interministerial do sítio Arqueológico Cais do Valongo, localizado na zona portuária do Rio de Janeiro, em parceria com o Comitê Gestor do Valongo.
A reunião trata-se de uma oficina sobre o Centro de Interpretação de Patrimônio Mundial Cais do Valongo, a fim de estruturar os enfrentamentos quanto às demandas da sociedade civil e às definições sobre o equipamento a ser implantado, e as implicações sobre a gestão do sítio.
A oficina teve como propósito trazer conhecimentos conceituais e de gestão para a definição do equipamento cultural, relacionado à interpretação do bem reconhecido como Patrimônio Mundial e ao Centro de Referência da Herança Africana, propostas tratadas durante o processo de candidatura do bem, que ser implantado no Prédio André Rebouças (Docas II) e que constam das suas diretrizes de gestão.
Estiveram presentes representantes do Ministério da Igualdade Racial, do Ministério da Cultura, do Direitos Humanos e da Cidadania e da Coordenadação-Geral de Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Pessoas, do Instituto Brasileiro de Museus e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Relembre
Em março deste ano, a Fundação participou da posse de novos integrantes do Comitê da posse dos novos integrantes do Comitê Gestor do Cais do Valongo. Com o retorno, o principal objetivo do comitê é planejar ações de preservação, revitalização e promoção do sítio arqueológico. A meta é que as reuniões aconteçam pelo menos uma vez por mês.
Cais do Valongo
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas, o Cais do Valongo, localizado no Rio de Janeiro (RJ), passou a integrar Lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1º de março de 2017. O Brasil recebeu perto de quatro milhões de escravos, durante os mais de três séculos de duração do regime escravagista. Pelo Cais do Valongo, na região portuária da cidade, passou cerca de um milhão de africanos escravizados em cerca de 40 anos, o que o tornou o maior porto receptor de escravos do mundo.
Possuía desenho específico para atracagem de pequenos barcos que traziam os escravos após passagem pela alfândega. Além de ser porto de entrada era também ponto de parada de outros navios seguindo para outros destinos no continente sul americano, conectando o Brasil e as rotas da diáspora, onde contatos, trocas materiais e culturais aconteciam no Cone Sul.
A escolha da localização do Cais do Valongo no seu tempo de funcionamento deu-se pelo afastamento da cidade oficial, e seu isolamento pela posição entre uma estrutura de morros.
Palmares participa da 1ª Roda de Conversa Psicologia e Religião
A Universidade de Brasília promoveu na quinta-feira (23), no auditório da Faculdade de Saúde, a 1ª Roda de Conversa Psicologia e Religião. O debate teve a mediação do professor Dr. Wladimir Porreca, professor de Psicologia e Religião da UnB. A mesa foi composta por cinco representantes religiosos. Cada um teve trinta minutos para expor sobre sua religião: a contribuição e participação social, a doutrina, a liturgia social e as práticas interacionais com a Psicologia.
A conversa começou com o Dirigente Niéliton Leite Gomes. Em sua fala esclareceu a afirmativa que diz que “todos somos Budas em potencial”, mostrando que Buda é antes de tudo uma condição de consciência e entendimento interior, amor e compaixão ao próximo. Niéliton também falou sobre doenças cármicas e o conceito da unicidade de corpo e mente adotado pelo Budismo, que se assemelha aos entendimentos da psiquiatria.
O Budismo possui várias vertentes e entre seus ensinamentos está o entendimento de que a existência é interminável porque os indivíduos podem reencarnar mudando seu estado espiritual, experimentando o sofrimento e adquirindo sabedoria ao longo de várias vidas até alcançar a iluminação.
Em seguida a Yalorixá Mãe Baiana (Adna Araújo), que atua na Coordenação de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares – MinC, esclareceu características do Candomblé que geralmente são alvos de preconceito. Em sua palestra explicou como os rituais praticados dentro de uma casa de santo, também chamada de roça ou terreiro, influenciam positivamente o tratamento de mazelas do corpo e do espírito.
Mãe Baiana disse que “se formos fazer uma triagem dos que estão na fila do SUS ela vai andar mais rapidamente. Vai contemplar quem está lá e vai fazer um bom trabalho. Porque se tirar o tanto de gente que está lá achando que tem alguma doença da carne sem ter, a fila reduz. A questão é muito séria. Assim como também se a gente chegar em um manicômio, vamos ver muita gente ali que não tem nada na mente, que não tem depressão. O que é depressão? Eu lá no terreiro sei. Depressão lá a gente põe a pessoa para dentro, dá banho de descarrego, dá reza. Tem a iniciação, faz um ritual chamado bori, onde mexemos com o ouri, que quer dizer cabeça, da pessoa, no sentido bom. No sentido de fortalecimento e a pessoa sai de lá bem.” A Mãe de Santo fez menção também ao uso de ervas e folhas sagradas em defumadores, chás e banhos, com o intuito de tratar doenças do espírito.
O Xeique Kamal foi o próximo a falar. A respeito da religião islã destacou como sendo a última religião revelada por Deus à toda humanidade por meio de seu profeta Mohamed, até o juízo final. Conforme sua explicação, o Islamismo compreende que cada um dos profetas foi enviado para um tempo e povo específico. Ao morrerem a mensagem se encerrava porque o trabalho era temporário. Para o Xeique “a religião Islã vem para ensinar o ser humano como se relacionar com a humanidade, independentemente das suas cores, raça e da religião. Então, talvez ao contrário do que muita gente entende e pensa da religião islâmica, o mulçumano tem por obrigação respeitar todos os mensageiros e profetas de Deus, respeitar todas as religiões que foram reveladas antes da religião islâmica.”
Em sequência, Iniciando sua participação, a Pastora Noêmia falou sobre a origem da intolerância, que não nasce na religião e sim no coração humano e na mente que está doente. Noêmia destacou que os extremismos são frutos de pessoas que não conhecem a arte, seja a arte do futebol ou a arte da religiosidade. Mas segundo ela, a divergência de ideias não é errada porque Deus nos fez diversificados para um ajudarmos uns aos outros. Apresentou resumidamente o que a Bíblia revela como o início dos pecados e falhas da alma humana e o plano de Deus para salvar o espírito e restaurar integralmente o homem. E esse plano é centralizado na obra de Jesus.
Padre Scott Randall Paine relatou como se converteu à Igreja Católica e como os momentos que esteve fora do catolicismo foram essenciais para entender a religião melhor. Explanou sobre a importância dela em diferentes civilizações ao longo da história. Explicou o papel do Apóstolo Pedro em perpetuar e manter a integridade da mensagem deixada por Jesus.
Em seguida à exposição resumida de cada uma destas religiões houve uma roda aberta de conversas e discussões acerca de tolerância religiosa e demais temas correlacionados. Para a Presidenta Nacional da Aliança de Negros e Negras Evangélicos no Brasil, Pastora Waldicéia Moraes, a roda de conversa foi muito importante porque ela não enxerga outra maneira a curto prazo de combater questão da intolerância religiosa que não seja por meio da promoção de eventos inter-religiosos. Waldicéia disse que “a intolerância também está atrelada à discriminação, ao preconceito e ao racismo. Isto ocorre porque em geral na sociedade não há uma aversão às religiões que tem origem europeia e norte-americana. No Brasil o preconceito é percebido de forma mais clara e contundente contra as religiões de matriz africana”.
A organização da roda de conversa informou que ainda no segundo semestre de 2017 haverá uma segunda roda sobre os pesquisadores da religião, psicologia, sociologia e outros saberes.
Fundação Palmares saúda João Jorge, presidente do Olodum, por seu aniversário
A Fundação Cultural Palmares parabeniza o presidente do Olodum e advogado, João Jorge Rodrigues pelo seu aniversário, ocorrido nessa última quinta-feira (23/06)
Além de presidir a organização do movimento negro, Olodum, João Jorge é mestre em Direito pela Universidade de Brasília e membro do conselho da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). Integrar também a Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil, na condição de membro consultor.
Respeitado por seu trabalho e admirado pela dedicação que têm ao enfrentamento ao racismo e outras expressões da desigualdade social, João Jorge está à frente de uma das principais organizações do movimento negro brasileiro. A Casa do Olodum, sede da ONG, fica localizada no centro histórico de Salvador, o Pelourinho, onde acontece a maioria das suas apresentações e desenvolve ações de combate à discriminação social e estimula a autoestima e o orgulho dos afro-brasileiros, por meio da arte e da educação.
Olodum
Fundado como bloco afro carnavalesco em Salvador no ano de 1979, o Olodum estreou no carnaval de 1980, quando a banda conquistou quase dois mil associados e passou a abordar temas históricos relativos às culturas africana e brasileira. O primeiro LP do grupo, Egito, Madagascar, foi gravado em 1987 e alcançou grande sucesso na Bahia e no restante do país com a música “Faraó”. A ideia desse LP foi homenagear as raízes do grupo e mostrar ao Brasil a Mama Africa, e também apresentar como surgiu o grupo, do batuque ás influências dos Deuses africanos.
Na década seguinte, o Olodum experimentou grande visibilidade internacional ao participar do disco de Paul Simon (The Rhythm of th Saints), na faixa The Obvious Child, e ao gravar com Michael Jackson (Don’t care about us), ambas músicas com videoclipes gravados no Pelourinho. Outros artistas consagrados também fizeram parcerias com o grupo: Caetano Veloso, Wayne Shorter, Herbie Hancock e Jimmy Cliff.
O Olodum desenvolve trabalho não só com música e percussão, mas também por meio da dança e do teatro. O Bando de Teatro do Olodum, formado desde meados dos anos 1990, possui sede própria e desenvolve ações inspiradas no Teatro Experimental do Negro. Por lá passaram atores como Lázaro Ramos
Outra frente de atuação do grupo se dá por meio da Escola Olodum. Criada em 1984, é um espaço real de participação e expressão da comunidade afrodescendente, constituindo-se numa referência nacional e internacional pela inovação no trabalho com arte, educação e pluralidade cultural. A escola, surgida a partir de um projeto que dava aulas gratuitas de percussão (Rufar dos Tambores) é responsável pela formação de lideranças, cursos para inclusão digital, seminários com a participação de acadêmicos e de militantes.
Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Olodum
Presidente da Fundação Palmares se reúne com representantes da cultura afro-brasileira
Na sexta (17), o presidente Erivaldo Oliveira esteve em Salvador/BA para se reunir com representantes de grupos culturais afro-brasileiros, entre os quais o Cortejo Afro, Os Negões e o Ilê Aiyê, que disponibilizou sua sede para viabilizar o encontro.
Entre as várias demandas apresentadas pelos grupos que participaram da conversa, uma delas foi uníssono: “fazer a Palmares chegar na ponta!” Para eles, as políticas desenvolvidas pela Fundação Cultural Palmares (FCP) têm um alcance bastante limitado, o que explica a pouca visibilidade do órgão e o desconhecimento de grande parte da população negra em relação a sua missão institucional.
Em resposta, Erivaldo se comprometeu com a descentralização das políticas por meio das Representações Regionais da Fundação e de parcerias interfederativas. Na mesma direção, garantiu que continuará a se encontrar com lideranças do movimento negro, lideranças das religiões tradicionais de matriz africana e com os representantes dos grupos culturais afro-brasileiros, a fim de, dialogando, diagnosticar os anseios e necessidades, para desenvolver políticas capazes de gerar os resultados esperados e os impactos necessários. Desse modo, novas reuniões nos mesmos moldes ocorrerão em outros estados do país.
Dirigentes da Fundação Palmares e da SEPPIR se reuniram nessa quarta (22)
Na tarde dessa quarta (22), reuniram-se, na sede da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) do Ministério da Justiça e Cidadania, o presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Erivaldo Oliveira, juntamente com a secretária da SEPPIR/MJ, Luislinda Valois, e sua equipe de assessoria. O encontro que teve como foco o estabelecimento de parcerias entre os órgãos, visando o desenvolvimento de políticas transversais e o empoderamento do povo negro.
No encontro foram tratadas várias pautas sobre políticas públicas voltadas para a população negra, entre elas: o combate à intolerância religiosa, a visibilidade e valorização das comunidades tradicionais de matriz africana e questões voltadas aos quilombolas.
Dentre os temas tratados destacam-se a proposta de reconhecer o efeito civil dos casamentos realizados em terreiros e a que busca assegurar aos adeptos das religiões de matriz afro o acesso a prédios públicos e a reuniões/eventos solenes, trajando suas vestes sagradas/ritualísticas e tradicionais.
Mateus Santana
Parceria com a Faculdade Zumbi dos Palmares foi pauta em reunião ocorrida no MinC
Nessa quinta (16), reuniram-se no edifício sede do Ministério da Cultura (MinC), o secretário-executivo da pasta, Volnei Canônica, o presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Erivaldo Oliveira, e o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente. O encontro objetivou aproximar e estabelecer parcerias entre o MinC, a FCP e a Faculdade, que busca apoio institucional na realização e divulgação de atividades desenvolvidas por ela, a exemplo da Flink Sampa (Festa do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra) e do Troféu Raça Negra, que em 2016 terão sua 4ª e 14ª edição, respectivamente.
O reitor José Vicente apresentou ambos projetos e frisou que, embora já consolidados, carecem de respaldo governamental que os incluam entre os eventos culturais que merecem destaque e divulgação. Em resposta, tanto o secretário-executivo do MinC quanto o presidente da FCP se comprometeram em, inicialmente, promover a Flink Sampa e o Troféu Raça Negra, bem como suas ações prévias, por meio dos sítios eletrônicos e mídias sociais do Ministério e da Fundação.
A coordenadora-geral da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca (DLLLB), Lucília Soares, por sua vez, informou que, por meio dessa diretoria, o MinC organizará 3 mesas nesta edição da Flink Sampa: uma delas tratando do ensino da afro-literatura nas escolas, uma segunda sobre comportamentos do leitor e outra sobre literatura lusófona, que contará com a presença de escritores/escritoras de país africanos que tenha o português como língua oficial.
O presidente Erivaldo Oliveira destacou que é vital a parceria e o estreitamento das relações da Fundação Cultural Palmares com a Faculdade Zumbi dos Palmares, sejam por meio de eventos culturais, ou a partir de atividades de formação/ capacitação e do desenvolvimento de pesquisas de interesse mútuo.
O secretário de Fomento e Incentivo à Cultura (SEFIC), José Martins, que também esteve presente na reunião, registrou que o Troféu Raça Negra é financiado pela Lei Rouanet e que é papel do MinC divulgar as ações contempladas pelo maior mecanismo de fomento à produção cultural existente no país.
Faculdade Zumbi dos Palmares
Localizada no bairro da Armênia (São Paulo/SP), a Faculdade Zumbi dos Palmares foi inaugurada em 20 de novembro de 2003, Dia da Consciência Negra e dia da morte do primeiro grande líder da luta contra o regime escravocrata nas Américas, Zumbi. Trata-se de uma instituição comunitária, sem fins lucrativos, que se dedica à inclusão e formação qualificada de profissionais comprometidos com os valores da ética, dignidade da pessoa humana e diversidade étnico-racial.
A Faculdade Zumbi dos Palmares é a primeira instituição de educação superior idealizada por negros, tendo como foco a cultura, a história e os valores da negritude (90 % dos alunos são negros autodeclarados). A faculdade tem, na matriz curricular de seus cursos, o compromisso com a implantação da lei 10.639/2003 que institui como obrigatório o ensino de História da África e Afro-Brasileira em todos os níveis.
Troféu Raça Negra e Flink Sampa
Instituído em 2000 durante as comemorações dos 500 anos de descobrimento do Brasil, o Troféu Raça Negra passou a ser anual a partir da segunda edição, em 2004. Da 5ª edição, em diante, a premiação passou a homenagear uma vez por ano uma personalidade de destaque da comunidade negra nacional ou internacional. A cerimônia agracia as personalidades que, em diferentes campos de atividade, contribuem para a construção de uma sociedade plural, por meio do combate ao preconceito, à intolerância e à discriminação. O homenageado de 2015 foi Martinho da Vila.
Desde 2013, a entrega do Troféu é realizada juntamente com a Flink Sampa. Organizada pela Faculdade Zumbi dos Palmares e pela ONG Afrobras (Sociedade Afro-brasileira de Desenvolvimento Sociocultural), o evento inclui debates literários com autores brasileiros e estrangeiros, lançamento de livros com sessões de autógrafos, espetáculos de teatro e de dança, exibição de filmes, oficinas de moda e beleza e atividades especiais para crianças.
Fonte:
http://www.zumbidospalmares.edu.br/
Vovô do Ilê completa 64 anos
Fundador e presidente do primeiro bloco afro da Bahia, o Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos, conhecido como Vovô, completa 64 anos nesta terça-feira (14).
O Vovô do Ilê é filho de Mãe Hilda, do terreiro Ilê Axé Jitolu, onde é o Ògan de Obaluaê. Ao fundar o Ilê Aiyê, em 1º de novembro de 1974, Vovô, juntamente com Apolônio de Jesus, tinha como principal preocupação preservar e promover as tradições culturais africanas e afro-brasileiras existentes na Bahia, bem como denunciar e combater o preconceito étnico-racial. Desde a criação do bloco, dedica-se exclusivamente a sua administração.
Antes disso, fez cursos técnicos de Patologia Clínica e de Engenharia Eletromecânica, e trabalhou no Polo Petroquímico da Bahia. Hoje, é responsável pelo Projeto de Extensão Pedagógica e pela Escola Profissionalizante do Ilê, que desenvolve ações comunitárias e pedagógicas no bairro da Liberdade, onde está concentrada a maior parte da população negra de Salvador.
Com o Ilê Aiyê, Antônio Carlos teve a oportunidade de conhecer diversos países, levando a cultura afro-brasileira para muitos lugares do mundo. Vovô, apelido que lhe foi dado desde os 9 anos de idade, é um homem simples, persistente e coerente com suas convicções. Por acreditar na importância de valorizar, dar visibilidade e protagonismo ao povo negro, não é permitida a participação de pessoas não-negras nos cortejos do Ilê Aiyê.
A Fundação Palmares saúda e parabeniza o incansável Vovô do Ilê, que desempenha papel fundamental para a disseminação e perpetuação da cultura afro-brasileira.
Erivaldo Oliveira é o novo presidente da Fundação Palmares
O vice-presidente, no exercício do cargo de presidente da República, Michel Temer, nomeou, nesta segunda (13), o Sr. Erivaldo Oliveira da Silva como novo presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), autarquia vinculada ao Ministério da Cultura.
Erivaldo Oliveira, 54 anos, é natural de Santo Amaro da Purificação. É economista e administrador de formação, especialista em gestão governamental e políticas públicas e mestre em economia do setor público e administração pública. Atuava como professor da pós-graduação do Centro Universitário Estácio da Bahia e ministrava palestras em outras instituições de educação superior também de Salvador.
Dedicava-se, ainda, à prestação de consultorias a administração de estados e municípios. Enquanto algumas eram destinadas à elaboração de políticas culturais, outras abordavam questões mais amplas, como a importância da capacitação contínua do corpo técnico e outras estratégias para a melhoria da gestão pública.
O novo presidente da FCP chega com o compromisso de ouvir a todos, tanto servidores e técnicos da casa, quanto representantes dos movimentos sociais, e o desejo de conhecer os projetos que já estão em andamento, com o intuito de dar continuidade às ações bem-sucedidas e que tenham respaldo social, evitando, assim, a ocorrência de retrocessos.
O presidente Erivaldo Oliveira informou que já nesta semana participará de reunião com representantes da cultura afro-brasileira, em Salvador/BA. “Diálogo é a palavra de ordem!”, afirmou.
Tocha Olímpica é recebida com muita festa em União dos Palmares
Milhares de pessoas acompanharam na manhã desta segunda-feira, 30, a chegada da Tocha Olímpica em União dos Palmares. O símbolo dos Jogos Olímpicos foi recebido com muita festa e apresentações culturais, ao longo do percurso.
A chama foi conduzida por onze pessoas num trajeto de 2,5 km pelas principais ruas e avenidas da cidade. “É uma emoção muito grande participar desse momento, estou emocionado demais, pois o pobre só aparece em coisa ruim na televisão, e eu estou aqui representando minha terra”, disse Cícero do carro de confeito, último condutor da Tocha na cidade.
Após a celebração na cidade, a Tocha seguiu para a Serra da Barriga, onde está localizado o Parque Memorial Quilombo dos Palmares. No solo sagrado, a chama foi recebida por centenas de religiosos de matrizes africana, comunidades quilombolas, um grupo de afoxé e autoridades.
Na Serra, a tocha foi conduzida pelo professor Francisco Viana, a iyalorixá Mãe Neide Oyá d’Oxum, Mãe Miriam e Pai Célio. “Estou emocionada e feliz por esse momento especial aqui neste solo de guerreiros”, disse Mãe Neide.
O prefeito Eduardo Pedroza, destacou a importância do evento para o município. “A vinda da Tocha a União dos Palmares mostra a nossa importância cultural para o mundo, sinto-me muito feliz por todo esse evento ter dado certo”, disse.
João Paulo Farias
Assessoria de Comunicação
Prefeitura Municipal de União dos Palmares
Reunião de Conselho Curador relembra as principais ações da gestão de Cida Abreu
Nesta terça-feira (10) na sede da Fundação Cultural Palmares, em Brasília/DF, reuniu-se o Conselho Curador nomeado pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, em novembro de 2015. Estiveram presentes também a Chefe de Gabinete, o Coordenador-Geral de Gestão Estratégica da FCP e representantes da Fundação Palmares na Bahia, Alagoas, São Paulo, Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.
O ato submeteu à apresentação da evolução do trabalho realizado no decorrer do mandato iniciado em 1º de maio de 2015 através do relatório de gestão sintético, discorrendo sobre o orçamento contingenciado e demais dificuldades encontradas dentro da realidade econômica e política atual. A execução orçamentária anual foi avaliada e submetida à sugestões e aperfeiçoamento.
Indicou-se a tripartição das estruturas finalísticas da Fundação Cultural Palmares: Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro (DPA), Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira (DEP) e o Centro Nacional de Informações e Referência da Cultura Negra (CNIRC). Sobre este, elencou a execução de atividades previstas para o alcance da meta do PPA, devido ao apoio à realização de pesquisas e estudos que darão origem a produção de cinco romances frutos do Prêmio Oliveira da Silveira, do Edital de Concurso n.º 01/2015. Da mesma ação surgiu o encaminhamento para a formação do Conselho Editorial da Palmares.
A Presidenta informou acerca do redirecionamento de recursos para a implementação da ação de distribuição de 1.000 exemplares de livros nas comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra – 20 de novembro para professores e público em geral.
A respeito das cestas de alimentos foi dito que 42.956 famílias foram atendidas por meio da parceira com o Ministério de Desenvolvimento Social e Ministério do Desenvolvimento Agrário. Foi relembrado também o lançamento do programa Diálogos Palmares em parceria com a Universidade de Brasília e atividades culturais comemorativas ao Dia Nacional da Consciência Negra – 20 de novembro, na Serra da Barriga, onde ocorreu a posse deste Conselho Curador da Fundação Cultural Palmares.
A presidenta da Palmares salientou a importância da alteração da forma de promoção dos projetos constantes do plano de trabalho para chamadas públicas visando a lisura, publicidade e transparência que os processos requerem. Ressaltou ainda, a necessidade de implantação de pontos de cultura quilombolas, de terreiros, de memória, inclusive memória viva e tantas estéticas culturais pertencentes ao movimento afro brasileiro.
Diversas ações de promoção da cultura afro brasileira realizadas pelo Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira (DEP) foram citadas como: Festival Latinidades; eventos de hip hop junto aos Movimentos de Cultura Negra do Rio de Janeiro; Nordeste em Foco; lançamento do selo de Mãe Stela; Encontro Preparatório para o Congresso Internacional da Capoeira, que ocorrerá nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em agosto de 2016.
Também foram recapitulados o seminário para a construção do Programa de Turismo Étnico e o Encontro da Cultura Afro Brasileira com a Juventude, contando com a presença de mais de 250 jovens em uma das regiões onde o índice de violência entra jovens negros é um dos maiores do país. E ainda o lançamento da marca da Campanha Filhos do Brasil.
Cida abreu enalteceu a necessidade de um novo modelo de gestão, para que se desprenda de modelos tradicionais e inicie uma gestão arrojada e que dialogue amplamente com todos os setores governamentais e institucionais como IPHAN, IBRAM, FUNARTE, FUNAI e UNESCO com vistas a ampliar a margem de negociação e diminuir o distanciamento das ações. Informou a respeito do pedido de concurso público para a próxima gestão.
A Conselheira Sr.ª Giane Vargas Escobar, relembrou a importância da inclusão de museus afro brasileiros para os próximos exercícios. Com a palavra o Conselheiro Sr. Welton Jhon Oliveira Suruí, representante indígena, solicitou maior inserção dos indígenas dentro da Fundação Cultural Palmares por se sentirem unificados pelas lutas das mesmas causas e histórias. Citou ainda, a possibilidade de uma ação que vise a união das culturas do Pará, tão diversa e rica nas culturas negra e indígena. Afirmou que um dos poucos apoios do Governo Federal é em relação aos Jogos dos Povos Indígenas e que é imperioso a criação de metas para o fortalecimento da relação afro-indígena.
Colegiado aprova Plano Setorial para as Culturas Afro-Brasileiras
Em reunião realizada na última terça-feira (10), o Colegiado Setorial de Culturas Afro-Brasileiras, do Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC) do Ministério da Cultura (MinC), aprovou o Plano Setorial para as Culturas Afro-Brasileiras.
Este Plano, segundo Igor dos Prazeres, diretor-substituto do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro, da Fundação Cultural Palmares, “é mais um instrumento em prol da política para as culturas afro-brasileiras, na tentativa de firmá-la como política de Estado.”
O Plano Setorial também eleva o Colegiado de Culturas Afro-Brasileiras ao patamar dos demais colegiados que integram o CNPC e que se encontram mais consolidados. A partir de suas diretrizes e metas serão desenvolvidas as ações para as culturas afro-brasileiras.
Arthur Leandro, membro do Colegiado Setorial, destacou que, apesar da demora para sua aprovação, é preciso celebrá-la, pois as políticas que promovem a igualdade racial e a cultura afro-brasileira ainda são muito vulnerabilizadas.
Instalação da nova sede da Fundação Cultural Palmares
a noite da última terça-feira (10), foi realizada uma cerimônia simbólica de instalação da nova sede da Fundação Cultural Palmares (FCP). O evento contou com a presença de membros do Colegiado Setorial de Culturas Afro-Brasileiras, do Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC), e das Representações Regionais da Palmares.
A mudança para o novo endereço (localizado no Setor Comercial Sul, região central de Brasília), ocorrida em janeiro de 2016, visou facilitar o acesso do público à Fundação.
“A Fundação Palmares estava isolada, o antigo local de funcionamento não era estratégico para o transporte público. Queríamos proximidade com as pessoas e poder garantir o acesso das pessoas à instituição. O público, a cultura negra, agora se vê aqui”, afirmou a presidenta Cida Abreu.
Em um cenário de ajuste fiscal, a troca de endereço possibilitou uma economia considerável da Fundação em relação às despesas com aluguel. A diferença foi reinvestida nas atividades fins do órgão.
Durante a cerimônia, foi entregue à população um telecentro, fruto de uma parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO), empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda, que funcionará como base para consultas, pesquisa e desenvolvimento de ações de capacitação para o público da Fundação Palmares.
Endereço
O endereço completo da FCP é: Setor Comercial Sul – SCS, Quadra 02, Bloco C, nº 256 – Edifício Toufic – CEP 70.302-000 – Brasília – DF.
Campanha Filhos do Brasil – Principais declarações
Na última terça-feira (10), durante o lançamento da campanha Filhos do Brasil, estiveram reunidos, junto com o embaixador da campanha, Arlindo Cruz, Cida Abreu, Presidenta da Fundação Cultural Palmares, e o ministro da Cultura, Juca Ferreira, várias lideranças religiosas. Aqui, separamos trechos das principais declarações, que revelam os pontos de vistas e impressões dos componentes da mesa, a partir de seus lugares de fala, sobre a Campanha e o contexto em que ela se insere:
Juca Ferreira, Ministro da Cultura
“A intolerância principal no Brasil, historicamente embasada é a intolerância contra as religiões de matriz africana. É preciso valorizar a diversidade cultural e religiosa brasileira, criar um ambiente de respeito mútuo e que o Estado também não se omita e tenha uma posição clara a respeito da questão da intolerância.”
“Agrediram recentemente uma criança com pedradas. Isso é manifestação de barbárie, jamais podemos entender isso como uma manifestação religiosa. Na verdade, é uma fragilidade, uma falta de desenvolvimento espiritual das pessoas que se incomodam com quem é diferente.”
“O evento promove uma relação não só respeitosa, mas afetiva, solidária e amorosa.”
Cida Abreu, presidenta da Fundação Cultural Palmares
“A Filhos do Brasil é uma campanha, em primeiro lugar, em homenagem à memória de Mãe Gilda, do Ilê Axé Abassá de Ogum, do terreiro de candomblé localizado nas imediações da Lagoa do Abaeté, no bairro de Itapuã, em Salvador, que morreu vítima de um crime de intolerância religiosa. Vide esse crime de intolerância religiosa, o presidente Lula criou em 21 de janeiro [de 2007] o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, em homenagem à memória de Mãe Gilda.”
“A campanha vem estabelecer um debate de formulação de conteúdo e construção de narrativa que é enfrentar toda e qualquer forma de discriminação. A intolerância tem várias facetas.”
“Filhos do Brasil é dizer: ‘Independentemente de onde você estiver, de sua cultura e da fé que você professa, você é filho deste país, você é filho desta terra, você é filho do Brasil!’.”
Arlindo Cruz, músico e embaixador da campanha Filhos do Brasil
“A cultura negra sempre se sobressaiu. Como embaixador dessa campanha, percebi que a campanha teve uma rápida adesão pelo momento que passa o país, por essa intolerância contra tudo e contra todos, principalmente contra o negro brasileiro.”
Pai Adailton, babá-egbé da Casa Ilê Axé Omi Oju Aro
“Por que nossa tradição é tão perseguida por cultuarmos nossa natureza? Por que nossos deuses são considerados demônios, diabos, maléficos, se só são representantes da Mãe Terra que abriga a todos? […] Olodumare não faz distinção, discriminação entre nós. O mundo é para todos nós.”
Franklin Félix de Lima, do Movimento Espírita e Direitos Humanos
“Um evento dessa magnitude tem a importância de, primeiro, referendar e reforçar o Estado laico que nós vivemos. […] Fazemos coro para que o Brasil continue apoiando plenamente a sua laicidade. Retroceder, jamais!”
“Nós, enquanto espíritas acreditamos que a diversidade, em suas diversas esferas, contribui para o enfrentamento às várias intolerâncias.”
João Brant, secretário executivo do Ministério da Cultura
“A diversidade é uma afirmação perene e constante. Não é uma lei, uma norma que depois de afirmada ela se garante. Ela é uma batalha diária.”
“A campanha pela tolerância e a Filhos do Brasil é a principal mensagem que precisamos passar durante os Jogos Olímpicos, a afirmação do Brasil como um país tolerante.”
Daniel Sottomaior, da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos
“Eventos como este, que dão voz a ateus e agnósticos, são ainda raros e a defesa da diversidade, para ser plena, deve escutar todos os lados. As raras instituições que se dispõem a ouvir os ateus estão verdadeiramente alinhadas com a pluralidade, por isso parabenizamos a Fundação Cultural Palmares.”
“A ideia de que nosso país sempre foi um oásis de harmonia religiosa é um mito. Historicamente o Brasil é um país de imposição religiosa. […] Há ainda hoje um monopólio religioso [discursivo] que atinge as minorias religiosas e a-religiosas.”
“A ausência da laicidade no nosso Estado entronou uma religião e seus seguidores como superiores às demais religiões e seus seguidores, bem como ao ateísmo e aos ateus. É óbvio que isso um dia iria dar errado como está dando agora. Essa cultura legitima qualquer tipo de violência: moral, verbal, física.”
Sheikh Mohammad Al Bukai, da União Nacional das Entidades Islâmicas do Brasil
“Eu gostei muito dessa expressão Filhos do Brasil. É como se o Brasil fosse uma mãe e nós todos fossemos filhos dessa mãe. Ela trata todos os filhos de uma forma igual.”
“Não podemos aceitar a intolerância ou o uso da religião para menosprezar o outro. Infelizmente, hoje a religião está sendo muito usada por interesse político ou econômico. Por isso estamos tendo esses conflitos, esses problemas em vários lugares do mundo, porque a religião está sendo usada por interesse.”
Pastora Romi Bencke, do Conselho Nacional de Igrejas
“Essa campanha Filhos do Brasil vem em boa hora, a gente está vivendo um momento de acirramento das intolerância, dos ódios. Boa parte da intolerância religiosa vem caracterizada também do componente do racismo.”
“Um dos grandes desafios que essa campanha nos coloca, igrejas cristãs, é o desafio da autocrítica, porque lamentavelmente a intolerância religiosa aqui no Brasil tem sido praticada por pessoas que instrumentalizam a fé em Jesus Cristo e com isso começam a identificar demônios e o rosto do demônio tem componente forte de racismo, de sexismo e de homofobia.”
“Outro grande desafio de afirmação do Estado laico é nossa discordância quanto à instrumentalização, no Congresso Nacional, da religião cristã para a aprovação de leis que ferem os direitos humanos. Essas pessoas precisam ser honestas e fazer isso em nome delas, não em nome do cristianismo.”
“A campanha Filhos do Brasil retoma a perspectiva da casa comum. O Brasil é uma grande casa comum composta pela diversidade e é essa diversidade que precisamos defender e proteger.”
Edoarda Scherer – facilitadora nacional da Rede Ecumênica da Juventude
“A campanha Filhos do Brasil alerta e denuncia a intensa violência sofrida pelas religiões de matriz africana. Cabe também a outros setores da sociedade se colocarem a serviço dessa proteção e de promover não só ambientes de diálogo, mas também promover caminhos que façam com que a sociedade tenha um espaço saudável, um espaço público saudável, onde se possa valer a democracia e, nesse ambiente democrático, um espaço pleno da diversidade religiosa, garantindo a laicidade do Estado àqueles que creem e àqueles que não creem.”
Serra da Barriga é candidata a Patrimônio Cultural do MERCOSUL
Local marcado pela construção do Quilombo dos Macacos, sede do Quilombo dos Palmares, a Serra da Barriga, em Alagoas, é aspirante a Patrimônio Cultural do MERCOSUL. A candidatura se insere na proposta La Geografía del Cimarronaje: Cumbes, Quilombos y Palenques del MERCOSUR, juntamente com Equador e Venezuela, que também apresentaram sítios de interesse para a valoração da contribuição africana no continente sul-americano. O dossiê da habilitação será avaliado no fim do segundo semestre de 2016, na próxima presidência pro tempore do MERCOSUL.
A Serra da Barriga foi o local escolhido por negros, brancos e índios, entre os séculos XVII e XVIII, para a criação da República dos Palmares, no Quilombo dos Macacos, durante o período de lutas contra os holandeses e da economia canavieira.
O governador eleito e vitalício, Zumbi, e seu comando superior residiam na capital, a Cidade Real dos Macacos, atual União dos Palmares. A população total chegou a 30.000 pessoas, agrupadas em povoados. Em torno de cada um deles existia uma área de agricultura e pecuária, onde todos trabalhavam. Não podendo lutar contra o Exército e suas armas bélicas, os quilombolas palmarinos foram exterminados em 14 de maio de 1697. Ainda se conservam, nas proximidades da Serra, as últimas pedras das trincheiras onde se abrigaram durante a luta.
Fonte: http://portal.iphan.gov.br/
Lançada a campanha Filhos do Brasil
O Ministério da Cultura (MinC) e a Fundação Cultural Palmares (FCP), ao longo dos últimos anos, têm trabalhado arduamente contra todas as formas de intolerância, males sociais que se chocam com o que descreve e prescreve nossa Constituição, a qual nos reconhece como uma nação pluralista, constituída por uma população culturalmente diversa, resultante da ampla gama de valores, comportamentos e identidades que na grande parte das vezes se acomodam harmoniosamente e convivem prezando pelo respeito mútuo.
Entre as diferenças que nos formam encontram-se aquelas atreladas à religiosidade. O Brasil abriga inúmeras religiões e práticas religiosas, e garante aos seus filhos e filhas a liberdade de crença e de culto. Por isso, não pode admitir manifestações de intolerância religiosa como as que infelizmente vemos se repetir e se espalhar por algumas partes do país.
Sabemos que o tema é muito delicado, mas estamos certos quanto à real necessidade de se falar sobre ele. A melhor maneira que encontramos para isso foi reunindo algumas lideranças religiosas e artistas brasileiros para abordar e saudar nossa diversidade sociocultural.
Assim, o MinC e a Fundação Palmares vêm comunicar o lançamento da campanha Filhos do Brasil, realizado nesta terça-feira (10/05), no jardim do Palácio do Planalto.
Filhos do Brasil, cujo embaixador é o cantor e compositor Arlindo Cruz, é uma campanha que tem o intuito de valorizar a diversidade religiosa, o respeito ao próximo e o convívio com a alteridade.
O evento de lançamento contou com a presença de membros do Conselho Curador da Fundação Cultural Palmares, do Colegiado Setorial de Cultura Afro-Brasileira, do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) e do Grupo de Trabalho do Ponto de Cultura de Matriz Africana e de Cultura Afro-Brasileira, e de autoridades de diferentes matrizes religiosas.
Na cerimônia, compuseram a mesa o Pai Adailton Moreira, Babá-Egbé da Casa de Mãe Beata, o Sheikh Mohammad Al Bukai, da União Nacional das Entidades Islâmicas do Brasil, Franklin Félix de Lima, do Movimento Espírita e Direitos Humanos, Daniel Sottomaior Pereira, da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, a Pastora Romi Bencke, do Conselho Nacional de Igrejas, e Edoarda Sopelsa Scherer, da Rede Ecumênica da Juventude, além do ministro da Cultura, Juca Ferreira, da presidenta da Fundação Cultural Palmares, Cida Abreu, do titular do setorial de Cultura Afro-brasileira do CNPC, Adegmar José da Silva (Candieiro), e do músico Arlindo Cruz.
A campanha é composta por várias peças publicitárias, entre as quais um manifesto, que contará com inserções de 30” na TV e na Internet, que também terá uma inserção de 2’, e um conjunto de depoimentos que serão postados no hotsite da campanha, hospedado no sítio eletrônico do MinC.
Por meio desse hotsite, você poderá enviar seus próprios vídeos em defesa da liberdade de crença e pela garantia dos direitos previstos na Constituição.
As redes sociais do MinC e da FCP também serão acionadas como disseminadoras da campanha. Use as hashtags #FilhosdoBrasil e #SouFilhodoBrasil e altere a foto de seus perfis das redes sociais se você também apóia esta causa.
Registre-se que, por se tratar de um projeto de mobilização e sensibilização e por se identificarem com a proposta, as/os líderes religiosas/os e as/os artistas participantes cederam gratuitamente a autorização de uso de imagem.
Nota de pesar
A Fundação Cultural Palmares vem a público manifestar o mais profundo sentimento de pesar pelo falecimento no domingo (08) de Antônio Corrêa Costa, de 59 anos. Mais conhecido como Dragão, Antônio foi fundador da escola de samba Unidos da Ponte de União dos Palmares. Nos últimos anos esteve presente nas celebrações de 20 de novembro no Dia da Consciência Negra promovidos por esta Fundação no município de União de Palmares. Junto com o grupo Afro Nação Dandara e sua alegria contagiante levava músicas e danças que promoviam a cultura afro-brasileira. Perdemos um artista brasileiro extraordinário. Somos solidários com a família e amigos neste momento.
Cida Abreu
Presidenta da Fundação Cultural Palmares
Mãe Stella de Oxóssi completa 91 anos
Ontem (02), Maria Stella de Azevedo Santos, a Mãe Stella de Oxóssi, completou 91 anos de idade. Mãe Stella é uma das mais importantes líderes espirituais e defensoras da igualdade racial e do respeito mútuo entre as religiões.
Iniciada no Candomblé em 1939, no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá (Salvador – BA), pela Iyalorixá Mãe Senhora (Oxum Muiwá), tendo por ela todas as obrigações completadas, ocupou o posto de Kolabá, assim designada no ano de 1964. Foi eleita Iyalorixá (Mãe de Santo), em 1976, sucedendo Mãe Ondina (Iwin Tonan).
Após visitar a Nigéria, em 1981, tornou-se a anfitriã da II Conferência Mundial de Tradição dos Orixá e Cultura, realizada em Salvador, dois anos depois. Participou ainda da terceira edição, ocorrida em Nova York (EUA), em 1986. No ano seguinte, Em 1987, Mãe Stella integrou a comitiva organizada por Pierre Verger para a comemoração da Semana Brasileira na República do Benin, na África. Sua presença mereceu destaque e ela foi recebida com honras de líder religiosa.
Em 1999, Mãe Stella, após anos de luta, conseguiu o tombamento do Ilê Axé Opô Afonjá pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), órgão ligado ao Ministério da Cultura (MinC).
Redigiu diversos artigos em jornais e revistas sobre as questões atinentes às comunidades de terreiro; foi convidada a participar em congressos acadêmicos voltados à questão da religiosidade. Recebeu vários prêmios de destaque, como a Medalha de Ordem ao Mérito da Cultura, do MinC, na classe Comendador, no ano de 1999. Publicou dois livros: Òwe – Provérbios (2007) e Epé Laiyé – Terra Viva (2009).
Para Cida Abreu, presidenta da Fundação Cultural Palmares (FCP), “a personificação de Mãe Stella simboliza a necessidade de afirmação e a resistência da população negra brasileira”.
A FCP, lançou em setembro de 2015, o selo e o carimbo personalizados em comemoração aos 90 anos de Mãe Stella de Oxóssi. A solenidade ocorreu no próprio Ilê Axé Opô Afonjá, no Cabula em Salvador. A iniciativa, realizada em parceria com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), fez parte de uma ação estratégica contra a intolerância religiosa.
“A homenagem significou o reconhecimento à força da resistência de uma matriarca, defensora da igualdade racial; do respeito mútuo entre religiões; da preservação da oralidade da religião de matriz africana, como patrimônio cultural ancestral afro-brasileiro”, enfatizou Cida Abreu.
Na ocasião, Mãe Stella pediu aos presentes que não permitisse que “o mundo em que vivemos se transforme, sem retorno, em uma sociedade de poetas mortos”.
Ainda em 2015, a Iyalorixá foi nomeada membro do Conselho Curador da Fundação Cultural Palmares, órgão colegiado presidido pela presidenta da Fundação Palmares e composto por dez membros nomeados pelo Ministro da Cultura, Juca Ferreira, para um mandato de três anos, com a finalidade de formular e propor metas norteadoras para o Sistema e o Fundo Nacional de Cultura.
Fundação Palmares participa de 2º Ato Cívico de Segurança
O Ministério da Cultura, representado pela Fundação Cultural Palmares (FCP), participou nesta segunda-feira (02) do 2º Ato Cívico de Segurança Pública com Cidadania. O evento ocorreu pela manhã na sede da Secretaria de Estado de Segurança Pública.
A cerimônia teve por objetivo promover a cooperação técnica, científica e educacional através da assinatura de um protocolo de intenções entre a Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Paz Social e a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), organização não-governamental presidida por Graça Marchel. Segundo Márcia Fernandes, Chefe de Gabinete da FCP, “o ato de hoje foi ao encontro das políticas culturais que estão sendo adotadas pelo Ministério da Cultura”.
Graça Machel, última esposa de Nelson Mandela, esteve presente e foi homenageada durante a cerimônia. Ativista de causas humanitárias, Machel fará um discurso pela paz mundial dentro da programação referente à chegada da tocha olímpica ao Brasil, na terça-feira (03) em Brasília. Mãe Railda, uma das mais antigas yalorixás do Distrito Federal, também foi convidada para participar desta mesma solenidade e será acompanhada por Mãe Baiana, da Coordenação de Matriz Africana e Terreiros e Cida Abreu, presidenta da Fundação Palmares.
Sobre as Olimpíadas e a busca por paz social, Márcia acrescenta que “ é missão da Fundação Palmares somar para que a paz seja levada a todos os povos e os Jogos Olímpicos são o cenário ideal para propagar a importância do respeito a todos os credos religiosos. É o momento propício para darmos visibilidade ao nosso legado cultural afro-brasileiro, visto que os olhos do mundo estarão voltados para o Brasil. É uma excelente oportunidade de mostrar que o Brasil não aceita mais casos de intolerância”.
Biografia
Ativista de Moçambique, Graça Graça Simbine Machel é conhecida mundialmente pela promoção da Justiça Social, do Empoderamento Feminino e da Cultura de Paz. Nos anos 70, Graça Machel militou na Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), grupo que lutou pela independência do país frente ao domínio colonial português. Em 1976, casou-se com Samora Machel, líder revolucionário que se tornou o primeiro presidente do país.