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GEO-7
Pesquisadores do INPE têm papel central no relatório Global Environmental Outlook (GEO-7)
Os pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) Ana Paula Dutra de Aguiar e Jean Pierre Henry Balbaud Ometto são coautores da sétima edição do relatório “Global Environmental Outlook (GEO-7): a Future we choose” (“Perspectiva Global sobre o Meio Ambiente: Um Futuro Escolhemos”), a principal publicação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
O relatório lançado hoje (9/12) é a avaliação científica mais completa já realizada sobre o meio ambiente global e apresenta novos cenários desenvolvidos especialmente para a publicação, sob coordenação e coprodução da Agência de Avaliação Ambiental dos Países Baixos (PBL). A pesquisadora Ana Paula Aguiar desempenhou papel central no desenvolvimento das narrativas desses cenários, enquanto o pesquisador Jean Ometto foi um dos autores do capítulo sobre a América Latina e o Caribe.
Crises Ambientais Globais
Há um amplo consenso na ciência sobre as crises ambientais que afetam nosso planeta, como mudanças climáticas, perda de biodiversidade, degradação e desertificação da terra, além de poluição e desperdício. O GEO-7 aponta que, apesar disso e dos esforços globais e dos apelos à ação, o mundo não está no caminho certo para alcançar metas internacionalmente acordadas para superar essas crises, o que acarreta danos sociais e econômicos substanciais. De acordo com o relatório, investir em um clima estável, na natureza e na terra saudáveis e em um planeta livre de poluição pode gerar trilhões de dólares adicionais ao PIB global por ano, evitar milhões de mortes e tirar centenas de milhões de pessoas da fome e da pobreza nas próximas décadas.
Embora a janela de oportunidade esteja se fechando, o GEO-7 sustenta que alcançar essas metas ainda é possível, com fortes benefícios tanto para as pessoas quanto para o planeta. Existem múltiplos caminhos para isso, embora todos exijam ações sem precedentes e a coordenação entre setores e partes interessadas. Os novos cenários ajudam a imaginar esses caminhos plausíveis. O "Cenário de Tendências Atuais" mostra um futuro marcado pela continuidade das tendências socioeconômicas atuais e pela redução das políticas climáticas e ambientais. Em contraste, o relatório apresenta dois cenários alternativos que ilustram possíveis caminhos de transformação, construídos em torno de narrativas contrastantes de transformação social e tecnológica.
De acordo com Ana Paula Aguiar, as narrativas dos dois cenários combinam soluções integradas baseadas em diferentes perspectivas sobre como resolver as crises ambientais globais. “Captar múltiplas perspectivas da sociedade sobre o futuro é muito importante nesse tipo de cenário que visa representar caminhos para alcançar metas globais. Existem poucos exemplos de cenários deste tipo na literatura; o que fizemos é bastante inovador. No caso do GEO-7, organizamos diversas reuniões com os especialistas dos demais capítulos, incluindo os capítulos regionais, com base na literatura de cenários” — comenta a pesquisadora, coordenadora do capítulo “Transformation pathways towards achieving global goals – global implications” (Caminhos de transformação para o alcance das metas globais – implicações mundiais, em tradução livre).
Implicações regionais
O relatório também apresenta uma análise das implicações dos cenários para diferentes regiões. As crises ambientais globais estão afetando negativamente todas as regiões do mundo, embora com grande variabilidade, limitando o desenvolvimento socioeconômico e acarretando consequências mais severas para as populações mais vulneráveis e desfavorecidas. Dentro de cada região, diferenças sub-regionais em vulnerabilidade, capacidade e prioridades devem ser reconhecidas ao definir os caminhos de transformação. Na América Latina e no Caribe, as prioridades consideradas foram as alterações na dinâmica da cobertura do solo, na qualidade e na disponibilidade de água doce, bem como a degradação dos recursos costeiros e marinhos.
Além de participar da elaboração dos capítulos, o INPE também contribuiu com resultados de modelos regionais para o Brasil, alinhados aos cenários globais,desenvolvidos no contexto do Projeto Temático NEXUS. De acordo com Jean Ometto, “os resultados das análises regionais e do relatório como um todo são críticos para as ações do Brasil. A integração entre os setores é a palavra-chave. Soluções para energia, alimentação e conservação têm de ser planejadas em conjunto, num esforço de toda a sociedade, como enfatiza o relatório”. O pesquisador coordenou o projeto NEXUS, financiado pela FAPESP, e foi autor no Capítulo sobre América Latina e Caribe do GEO-7. “Globalmente, o relatório indica que transformar os sistemas de economia e finanças, materiais e resíduos, energia, alimentos e meio ambiente traria benefícios macroeconômicos globais que poderiam atingir US$ 20 trilhões por ano até 2070, um resultado muito importante”, complementa.
Sobre o GEO-7
O relatório “Perspectiva Global sobre o Meio Ambiente, Sétima Edição: Um Futuro Escolhemos” (GEO-7) foi lançado no dia 9 de dezembro de 2025, durante a sétima sessão da Assembleia Ambiental das Nações Unidas, em Nairóbi. O GEO-7, resultado do esforço de 287 cientistas multidisciplinares de 82 países ao longo de três anos, com mais de 800 revisores.
O resultado das análises são um chamado a governos, organizações não governamentais e multilaterais, o setor privado, a sociedade civil, a academia, organizações profissionais, o público e os Povos Indígenas a reconhecerem a urgência das crises ambientais globais, a aproveitarem os progressos alcançados nas últimas décadas e colaborarem no co-desenho e implementação de políticas, estratégias e ações integradas para garantir um futuro melhor para todos.
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