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CubeDesign 2025 encerra quarta edição com premiação, testes no LIT e forte presença feminina nas equipes
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) realizou, entre os dias 26 e 28 de novembro, a quarta edição do CubeDesign, competição latino-americana dedicada ao desenvolvimento de pequenos satélites. O evento reuniu estudantes de graduação, pós-graduação e ensino médio, fortalecendo a formação de novas gerações de especialistas em engenharia espacial. Nesta edição, 22 universidades latino-americanas enviaram propostas, das quais 11 foram selecionadas após rigorosa avaliação técnica, e 7 avançaram para as etapas presenciais realizadas no INPE.
Criado por docentes e alunos da Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia Espaciais do INPE e atualmente coordenado pela Divisão de Pequenos Satélites (DIPST/CGCE), o CubeDesign se consolidou como uma importante ação de extensão do Instituto. Mais do que uma competição, o evento promove troca de conhecimento, integração entre instituições e aproxima a sociedade das atividades espaciais, reforçando a relevância da ciência brasileira. O CubeDesign também contou com o apoio dos especialistas da Divisão de Eletrônica Espacial e Computação (DIEEC/CGCE) e do Laboratório de Integração e Testes (LIT/COMIT).
Nesta edição, os participantes foram desafiados a desenvolver CubeSats para a missão ManchaSat, capaz de identificar manchas de óleo no mar e apontar o navio responsável pelo vazamento. A tarefa envolvia integração de sensores ópticos e dados do Sistema de Identificação Automática (AIS), simulando desafios enfrentados em missões reais de monitoramento ambiental.
O evento também contou com a competição de CanSat, na qual os participantes deveriam projetar minissatélites do tamanho de uma lata de refrigerante. Após o lançamento por drone, os modelos precisavam acionar um paraquedas, capturar uma fotografia e transmiti-la à estação terrena, mantendo-se operacionais após o pouso. Enquanto os CubeSats são satélites reais capazes de operar em órbita, os CanSats funcionam como plataformas educacionais em solo ou baixa altitude, permitindo que estudantes vivenciem a lógica dos sistemas espaciais antes de avançar para missões mais complexas.
Durante o evento, as equipes da missão ManchaSat realizaram testes no Laboratório de Integração e Testes (LIT/INPE), onde passaram por ensaios de vibração e testes térmicos semelhantes aos aplicados em satélites reais. As avaliações analisaram estrutura, integridade física, desempenho de sistemas eletrônicos e comportamento em condições extremas de temperatura, aproximando os estudantes da rotina de preparação de um satélite para o lançamento. Segundo os organizadores do evento, esses ensaios dão maior realismo ao desafio e ampliam o aprendizado dos participantes.
A edição de 2025 também se destacou pela forte presença feminina: entre as sete equipes presenciais, quatro eram lideradas por mulheres. Esse crescimento reforça a importância de iniciativas que incentivam a diversidade e ampliam oportunidades na engenharia espacial.
A premiação, de caráter simbólico, encerrou a competição e reconheceu a dedicação e o desempenho das equipes. No desafio dos CubeSats (missão ManchaSat), o primeiro lugar ficou com o time Czar Space, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A segunda posição foi conquistada pela equipe UERJ Sats, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Já o terceiro lugar ficou com o time Gama CubeDesign, da Universidade de Brasília (UnB).
Além dessas premiações, quatro equipes receberam destaques pelo seu bom desempenho: a USM, da Universidad Técnica Federico Santa María (UTFSM-Chile), com a melhor solução para EPS (Subsistema de Potência Elétrica); a All Spark, do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), com o projeto inovador do ACS (Subsistema que faz o Controle de Atitude do Satélite); a MauaSat, do Instituto Mauá de Tecnologia, com a solução de alta prontidão tecnológica (readiness); e a MinervaSats, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com soluções inovadoras para Processamento de Imagem.
No desafio dos CanSats, das cinco equipes inscritas, apenas duas participaram presencialmente. O primeiro lugar foi conquistado pela equipe CEFAST Aerospace, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), enquanto a segunda posição ficou com o time da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Ao encerrar a quarta edição, o CubeDesign reforçou sua importância para a ciência e para a sociedade. Ao lidar com desafios inspirados em aplicações reais, como a identificação de vazamentos de óleo, os estudantes vivenciam práticas que contribuem para sua formação como futuros engenheiros, pesquisadores e profissionais capazes de impulsionar o desenvolvimento tecnológico do país. O sucesso desta edição reafirma o papel do evento como um ambiente de aprendizado, inovação e colaboração para o setor espacial brasileiro e latino-americano. A organização também anunciou que a edição de 2026 será realizada em Buenos Aires, na Argentina, sediada pela Universidad Nacional de San Martín (UNSAM).