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BTSA completa 26 anos como referência latino-americana em testes de propulsores espaciais
O Banco de Testes com Simulação de Altitude (BTSA), instalado na unidade de Cachoeira Paulista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), completa 26 anos de atividades. Desde sua inauguração, em 29 de dezembro de 1999, o laboratório se consolidou como o único da América Latina dedicado à qualificação de propulsores espaciais de pequeno porte, utilizados principalmente em satélites e no controle de veículos lançadores, desempenhando papel estratégico no desenvolvimento da engenharia aeroespacial brasileira.
O BTSA é responsável por ensaios fundamentais para a validação de propulsores utilizados no controle de atitude e órbita de satélites, bem como em sistemas de veículos lançadores. No laboratório, são testados propulsores químicos monopropelentes, com empuxo de até 150N, e bipropelentes, de até 200N, operando em modos contínuo ou pulsado, com o uso de combustíveis como hidrazina anidra e monometil-hidrazina, além de oxidantes como o tetróxido de nitrogênio.
Projetado e construído a partir de uma parceria entre o INPE e a empresa francesa SEP (Société Européenne de Propulsion), atualmente SNECMA Moteurs, o BTSA tem como núcleo uma câmara de vácuo de 8,5 m³ de volume, onde a altitude é simulada a uma pressão equivalente a cerca de 130 km acima do nível do mar (10⁻⁴ atm). Essa infraestrutura permite a realização de ensaios controlados e compatíveis com o ambiente espacial.
Avanços em 2025
Ao longo de 2025, o BTSA manteve intensa atividade. O laboratório foi palco de campanhas de testes de propulsores destinadas ao satélite Amazonia-1B e ao Microlançador Brasileiro (MLBR), contribuindo diretamente para programas estratégicos do setor espacial nacional.
Outro marco do ano foi a chegada à fase final do retrofit do sistema de vácuo da câmara de 20N, que envolveu a atualização de equipamentos e melhorias na interface de controle, ampliando a confiabilidade, a eficiência operacional e a vida útil do sistema.
O BTSA também integrou as ações institucionais de acolhimento do INPE, recebendo, ao longo do ano, novos analistas e tecnologistas durante as Semanas de Integração promovidas pelo Instituto, possibilitando a aproximação desses servidores com a infraestrutura e as atividades do laboratório.

- Ao fundo, a Câmara de Vácuo do Banco de 20N; em primeiro plano, um dos tanques de propelentes do sistema (Hidrazina). Foto: Diego Rhamon
Infraestrutura técnica complementar
Além da câmara de testes, o BTSA conta com o Laboratório de Inspeção de Propulsores e Análise de Propelentes (LIAP), infraestrutura própria dedicada à análise e à garantia da qualidade dos ensaios. No LIAP, são realizadas análises dos propelentes no momento do recebimento e antes dos testes, assegurando que os resultados obtidos reflitam exclusivamente o desempenho dos propulsores, sem interferências decorrentes da condição dos materiais.
O laboratório também executa inspeções físicas e funcionais dos propulsores, incluindo avaliações visuais e testes de acionamento de válvulas, garantindo que os equipamentos atendam aos requisitos necessários para a realização dos ensaios. No mesmo ambiente, o BTSA dispõe de um shaker específico para o abastecimento de propulsores monopropelentes, utilizado para assegurar a distribuição homogênea do material catalítico sólido na câmara catalítica, fator essencial para o desempenho eficiente e seguro dos motores.

- Sala de Inspeção Física do Laboratório de Inspeção de Propulsores e Análise de Propelentes (LIAP). Foto: Diego Rhamon
Trajetória e futuro
Com uma equipe técnica altamente especializada, o BTSA elabora cronogramas detalhados para cada teste, incluindo o desenvolvimento de uma Cronologia Geral do Banco (CGB) e uma Cronologia Geral do Motor (CGM), além de procedimentos específicos para o sistema de segurança, grupo de vácuo, instalação da balança de empuxo e tratamento de dados. A capacidade de adaptação para o uso de novos propelentes e tecnologias mantém o laboratório alinhado às demandas do Programa Espacial Brasileiro.
Ao completar 26 anos de atuação, o BTSA reafirma sua importância como infraestrutura estratégica do INPE, contribuindo para a autonomia tecnológica do país, o fortalecimento da indústria espacial nacional e o avanço da ciência e da engenharia aeroespacial no Brasil e na América Latina.
