Notícias
Ciência Mundial
Duas cientistas com atuação no INMA figuram entre os 107 brasileiros mais influentes na ciência mundial
Estudo internacional destaca produção científica usada em políticas públicas sobre biodiversidade e meio ambiente
Duas pesquisadoras com atuação no Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) estão entre os 107 pesquisadores brasileiros mais citados em documentos que embasam políticas públicas e decisões estratégicas em todo o mundo. O levantamento, divulgado na quinta-feira (6/11), foi realizado pela Agência Bori em parceria com a plataforma internacional Overton, que mapeia a relação entre ciência e políticas públicas. A lista dos pesquisadores conta com apenas 22 mulheres.
A pesquisadora do INMA Juliana Hipólito teve 12 artigos citados em 204 documentos consultados pelo estudo. Juliana possui graduação em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Ecologia e Biomonitoramento pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), e atua especialmente nos temas polinização, conservação, abelhas, Ciência Cidadã, análises espaciais e polinização agrícola. Integra o Comitê Gestor da Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador, é professora dos Programas de Pós-Graduação em Ecologia, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e da UFBA, além de ser bolsista de produtividade da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES).
“É uma grande honra estar nesse ranking, especialmente ao lado de pesquisadores que são grandes referências para mim. É muito bom quando vemos que o nosso trabalho tem o potencial de gerar impacto na sociedade, auxiliando na construção de políticas públicas”, comenta Juliana, pesquisadora do INMA desde fevereiro deste ano, aprovada em concurso público no perfil Ecologia Vegetal.
Integrante do Conselho Técnico-Científico do INMA, a pesquisadora Blandina Felipe Viana, da UFBA, consta da relação divulgada com 27 artigos citados em 256 documentos analisados pelo estudo. Graduada em Ciências Biológicas e Engenharia Agronômica, com mestrado e doutorado em Ecologia pela Universidade de São Paulo (USP), atua nas áreas de conservação e uso sustentável de polinizadores e do serviço de polinização, práticas agrícolas baseadas na natureza, ecologia aplicada à gestão ambiental e ciência cidadã. É professora titular da UFBA, onde integra o Programa de Pós-Graduação em Ecologia: Teoria, Aplicação e Valores, e cofundadora da Rede Brasileira de Ciência Cidadã, participando de seu comitê gestor nos biênios 2021–2023 e 2023–2025.
“É muito gratificante para nós, pesquisadores, ver que o conhecimento que produzimos na academia está sendo utilizado para orientar decisões concretas capazes de promover mudanças reais na sociedade”, avalia Blandina.
O estudo investigou os pesquisadores brasileiros mencionados com pelo menos 150 citações em documentos estratégicos produzidos por governos, organizações da sociedade civil e organismos internacionais. O relatório indica que o conjunto de 107 pesquisadores foi usado para embasar mais de 33 mil documentos de políticas públicas desde 2019. Assuntos como desmatamento, conservação, restauração e o papel dos ecossistemas são alguns dos temas mais frequentes nos documentos consultados.
A jornalista Sabine Righetti, cofundadora da Agência Bori e pesquisadora da Unicamp, avalia a importância do estudo divulgado. “Esse tipo de levantamento é muito importante porque mostra a incidência do trabalho dos cientistas na sociedade, a circulação real do conhecimento científico impactando a tomada de decisão. Por que a gente faz ciência? Para compreender a realidade, para impactá-la de maneira positiva. Penso que essa avaliação, de como o trabalho dos cientistas e das cientistas está chegando na ponta na sociedade, cada vez mais vai ser levada em conta nas agências de fomento, nas instituições de pesquisa”.
A pesquisadora Blandina Felipe Viana avalia que é preciso também encontrar formas de rastrear o impacto da pesquisa científica nas políticas públicas implementadas no país. “No Brasil, a gente ainda não tem bons mecanismos para acompanhar o impacto da nossa produção científica nas decisões nacionais. A gente não tem aqui uma cultura consolidada de reconhecer e citar essas fontes. Isso não significa que esse conhecimento que a gente está gerando não esteja sendo aplicado, mas que a gente ainda precisa encontrar formas de tornar esse processo mais visível”.