Exposição Primatas da Mata Atlântica
Nossos primos da mata
Saguis, micos-leões, sauás, macacos-prego, barbados e muriquis. Com estes e vários outros nomes, referimo-nos aos primatas da Mata Atlântica, que compartilham conosco a mesma ordem zoológica. São animais arteiros, inteligentes, graciosos, ágeis e vocais, que passam a vida de galho em galho em busca de alimento, diversão e descanso, em família ou em bando. Alguns comem folhas, flores ou frutos, enquanto outros capturam insetos, e alguns até comem pererecas, lagartos e ovos de aves. Por todas essas razões, desempenham papéis ecológicos essenciais nos ecossistemas da Mata Atlântica.
Há milhares de anos, um dos maiores desafios de nossos primos é a convivência com seu parente humano, por serem caçados para alimento e mantidos como animais de estimação. No entanto, esses desafios nem se comparam aos dos últimos séculos, quando suas florestas vêm sendo sistematicamente cortadas, queimadas, dilaceradas e exterminadas. Hoje, mais do que salvar suas próprias vidas, o desafio é salvar suas espécies da extinção.
A exposição Primatas da Mata Atlântica é, portanto, muito bem-vinda, ao retratar nossos primos da mata, verdadeiros símbolos da beleza dessa floresta e embaixadores da conservação biológica. Com imagens de fotógrafos profissionais e primatólogos de campo, complementadas pelas belas ilustrações de Stephen Nash, a exposição nos motiva a refletir sobre os caminhos que devemos seguir como primatas dominantes do planeta, em busca de uma relação mais harmoniosa com a natureza. Assim, evitaremos transformar nossos primos em meras imagens do passado.
Sérgio Lucena Mendes
Diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA/MCTI)
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Primatas da Mata Atlântica
A imagem sempre foi uma grande aliada da ciência. Tanto como método de registro de dados quanto como forma de divulgar os resultados das pesquisas.
O registro do mundo natural, por meio de ilustrações, começou há mais de 30.000 anos, com hominídeos representando nas cavernas animais e plantas que faziam parte do seu cotidiano. As vocalizações sempre foram também uma informação para identificação e localização dos animais.
Mas as imagens e sons vão muito além de simples registros. O audiovisual nos faz sentir e pensar sobre a vida no planeta. Nos permite entrar no universo dos primatas, mostrar o seu comportamento, a sua identidade e os ecossistemas onde vivem.
Do ponto de vista sensorial, imagens aliadas aos sons amplificam nossa percepção. Podem nos transportar para muitos lugares: físicos e imaginários. Ouvir o som dos primatas e olhar para eles, cara a cara, nos remete a nossa existência, aos nossos ancestrais.
Do ponto de vista técnico, os registros imagéticos da natureza surgem muitas vezes de uma simbiose. Pesquisadores oferecem a ilustradores e fotógrafos possibilidades de aproximação dos primatas, conhecimentos detalhados sobre comportamentos e ecologia. Fotógrafos de natureza e ilustradores oferecem aos pesquisadores imagens de qualidade, a serem utilizadas em publicações, assim como na comunicação que conecta a natureza com a sociedade.
E no caso dos registros imagéticos, a fronteira entre ciência e arte muitas vezes se torna tênue. Pesquisadores produzem imagens que são verdadeiras obras de arte, e artistas registram dados em suas ilustrações e fotografias que servem como fonte de pesquisa para a ciência.
A proposta da exposição Primatas da Mata Atlântica é mostrar, de forma conjunta, a produção imagética e sonora de pesquisadores e fotógrafos por meio do registro das 24 espécies de primatas existentes na Mata Atlântica. Fotografias, ilustrações e vocalizações dizem muito sobre a forma como nossos primos se comunicam conosco e entre eles.
Esperamos que a paisagem sonora e imagética desta exposição possa lhes fazer ver, ouvir e pensar sobre a existência dos nossos primos e a responsabilidade que temos, como parentes, na sua conservação.
André Alves
Curador
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Mata Atlântica, patrimônio nacional
Um dos cinco pontos de maior biodiversidade no mundo, a Mata Atlântica abriga a maioria dos animais e plantas ameaçados de extinção no Brasil, com grupos de espécies que somente ocorrem nesse bioma. É composta por formações florestais nativas e ecossistemas associados, como manguezais, restingas, campos de altitude, inselbergs e brejos interioranos.
Seus limites geográficos alcançam 17 estados brasileiros. A cobertura vegetal atual é uma pequena fração da original, devido à ocupação humana e exploração descontrolada de seus recursos.
Além da sua diversidade enorme e única, a Mata Atlântica fornece serviços ecossistêmicos essenciais para o Brasil, mais diretamente para os 60% da população brasileira que vivem nesse bioma, tais como: produção e abastecimento de água; regulação do clima; proteção de encostas; fertilidade e proteção do solo; produção de alimentos, madeira, fibras, óleos e remédios, entre outros
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O Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA)
O INMA é uma instituição federal vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Está sediado em Santa Teresa, no Espírito Santo. Sua missão é produzir, sintetizar e difundir conhecimento científico, para contribuir com a conservação, restauração e uso sustentável da Mata Atlântica.
As pesquisas realizadas no INMA envolvem fauna, flora e água, e são feitas com trabalho de campo, estudos de modelagem, participação pública e organização e análises de acervos históricos e bibliográficos. Assim, o INMA subsidia a elaboração de políticas públicas para a conservação e restauração do bioma, e promove relações sustentáveis entre a natureza e as populações humanas.
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Vocalização dos primatas da Mata Atlântica: https://youtube.com/playlist?list=PLR4khJrjTEwUt1Za3cel-Sly4SxGiBYDh&feature=shared
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Agradecimentos
A todos os fotógrafos e pesquisadores que cederam fotografias dos primatas para esta exposição:
Adriano Gambarini, André Reis, Andreia Martins/AMLD, Celso Margraf, Cristine Prates, Diorge Lourenço, Gabriel Bonfa, Gabriela Rezende, Geraldo Lucas Amaral, Gerson Buss, João Victor de Amorim Verçosa/Idea Wild, Leonardo Merçon, Luiz Cláudio Marigo, Mariane Kaizer, Norton, Marcus Vinícius dos Santos, Renato Grimm, Rodrigo Bramili, Vitor Marigo.
A Stephen D. Nash, pela disponibilização das ilustrações expostas. A Russel A. Mittermeier e demais autores, por terem permitido a utilização dos dados da publicação Monkeys of the Atlântic Forest of Eastern Brasil. Poket Identification Guide. Second Edition, 2022.
À Fonoteca Neotropical Jacques Vielliard e ao Museu de Diversidade Biológica da Unicamp, pelas vocalizações dos primatas utilizadas para criar a paisagem sonora da exposição.
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Ficha Técnica
Coordenação Geral: Felipe Gomes
Coordenação Científica: Sérgio Lucena Mendes
Curadoria: André Alves
Expografia e Design Gráfico: Monomotor, Felipe Gomes, Júlia Brito
Áudios das vocalizações dos primatas: Fonoteca Neotropical Jacques Vielliard e Museu de Diversidade Biológica da Unicamp
Autores das gravações sonoras: A. de Maximi, Eduardo Marques Santos Júnior, Eleonore Setz, G. Vieune, Jacques Vielliard, Johan Dalgas Frisch, José Carlos R. de Magalhães, Luiz dos Anjos e Sérgio Lucena Mendes
Ilustrações: Stephen D. Nash
Assessoria de Comunicação: Alba Lívia Tallon Bozi
Chefe do Setor de Acervos e Informações: Cássia Lima
Revisão de texto: Odete Veiga
Comunicação Visual: Fabio Souto
Impressão Fine Art: Vitória Fine Art