Notícias
Doença de Chagas
IEC realiza roda de conversa sobre Doença de Chagas
Francisco Souza/IEC
Pesquisa, ensino e assistência. Foi nesse contexto que o Instituto Evandro Chagas (IEC/SVSA/MS) realizou a “Roda de Conversa em alusão ao Dia Mundial da Doença de Chagas”, celebrado no dia 14 de abril. O evento teve como tema: “Para prevenir e controlar, todos somos necessários”. A iniciativa foi do grupo de pesquisa "Doenças Negligenciadas e Pesquisa Clínico-epidemiológica Aplicada na Amazônia”, da Seção de Epidemiologia do Instituto Evandro Chagas (SEEPI/IEC). A atividade reuniu cerca de 50 participantes, entre pacientes e profissionais da saúde.
A chefe da SEEPI/IEC, Ana Yecê Pinto, ressaltou a importância de ações dessa natureza: “O Instituto Evandro Chagas é uma instituição de pesquisa e vigilância historicamente engajada com a saúde de populações menos favorecidas, sendo a Doença de Chagas uma das suas principais e pioneiras linhas de pesquisa. Mesmo sendo uma doença antiga, ainda necessitamos conhecer melhor os seus diversos aspectos epidemiológicos, manejo clínico e prevenção, e, com isso, reforçar nosso papel enquanto instituição de Vigilância em Saúde, que é o de evitar que a doença aconteça. Por isso, estamos aqui, conversando, para que todos conheçam um pouco mais sobre a doença, para que possamos ter cada vez menos pessoas afetadas e, quem sabe, para alcançarmos a sonhada erradicação”.
Participaram ainda da roda de conversa alunos, técnicos e pesquisadores do Laboratório de Doenças de Chagas da Seção de Parasitologia (SEPAR/IEC). A programação abordou desde a descoberta da doença pelo cientista e sanitarista Carlos Chagas até detalhes sobre as várias formas de transmissão, incluindo o reconhecimento do barbeiro, o inseto vetor da doença nas comunidades.
Um dos momentos mais marcantes da roda foi o relato de Eunice Silva, moradora do município de Melgaço, no Marajó. Ela contou que seis pessoas da família foram acometidas pela doença e que ela própria foi diagnosticada pelo Instituto Evandro Chagas, em 2023.
“Passamos muito mal. Contei para a doutora. Um dos meus filhos estava com cirurgia marcada, e ela disse: ‘Cancela a cirurgia, mãezinha’. Viemos todos do Marajó. Todo mundo com febre, vômito, dor nas pernas, rosto inchado... Eu vi meu filho jogado nas cadeiras, dormindo, sem conseguir se levantar. Graças a Deus, chegamos ao Evandro Chagas, o teste deu positivo e, logo depois, toda a nossa família fez o tratamento e melhorou.” Eunice acrescenta que, antes da doença, não percebia a presença de barbeiros, mas que, depois da experiência, passou a vê-los quase todos os dias ao redor de sua casa. “Normalmente, a gente encontra em casa, perto do lava-louças, ou na área onde colhemos açaí, no galinheiro”.
A equipe organizadora do evento alerta: ao apresentar sintomas como febre por mais de sete dias, inchaço na face ou nos membros, manchas vermelhas na pele e sintomas cardíacos, como palpitação ou cansaço, é fundamental procurar atendimento médico em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) o mais rápido possível. Assim será possível obter orientação sobre os fluxos para diagnóstico e tratamento imediatos.

Doença de Chagas:
A Doença de Chagas é uma infecção causada pelo parasito Trypanosoma cruzi, que é transmitida de várias formas, sendo as principais: a via vetorial, por meio do barbeiro — um inseto de hábitos noturnos, que costuma viver em palmeiras; além da via oral (alimentar), comum no Pará e no Amapá, a qual indiretamente envolve estes insetos que cada vez mais se aproximam do ambiente humano.
Entre os principais sintomas da fase aguda, que ocorre em cerca de 2 a 22 dias, dependendo da forma de transmissão, estão: febre prolongada por mais de 7 dias, inchaço no rosto ou membros, manchas vermelhas pelo corpo e, em alguns casos, cansaços e arritmias por conta de inflamação aguda no coração.
As melhores formas de prevenção incluem a garantia de higiene no preparo de alimentos regionais ingeridos sem cozimento, como o açaí, bacaba e suco de cana, além da manutenção da casa limpa e vedada, evitando rachaduras onde o barbeiro possa se esconder. Ao encontrar insetos suspeitos de serem barbeiros em casa ou nas proximidades, é importante entrar em contato com os setores de vigilância epidemiológica do município ou com as instituições de pesquisa afins para receber orientações adequadas sobre o que fazer. Se possível, capturar o inseto para que eles sejam avaliados e verificado se eles estão ou não infectados.
Texto: Francisco Souza
Edição: Kelvin Souza e Vanessa Campelo

