Instituto Evandro Chagas realiza curso de atualização para o diagnóstico de malária

A malária é uma doença ainda considerada um grave problema de saúde pública em todo o mundo, considerando o impacto na morbidade e mortalidade da população em países tropicais, a exemplo do Brasil e na região Amazônica que registra 99% dos casos em todo o país. Em 2021, a campanha da Organização Mundial da Saúde (OMS) chama atenção para a busca de diminuir o número de casos para zero até 2030.

Nesse contexto e compreendendo a necessidade de um diagnóstico laboratorial confiável, preciso e oportuno, assim como a necessidade de atualização dos técnicos dos Laboratórios Centrais (LACEN´s), os Laboratórios de Pesquisas Básicas em Malária (LPBM) e de Ensaios Clínicos em Malária (LECEM) do Instituto Evandro Chagas (IEC), e a Coordenação-Geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde (CGZV/DEIDT/SVS/MS), realizaram no período do dia 22 de novembro a 03 de dezembro de 2021, o curso denominado “Atualização do Diagnóstico Laboratorial de Malária”, tendo como público-alvo os microscopistas revisores e supervisores provenientes dos LACEN´s da região Amazônica, que ocorreu nos auditório da SAARB (conteúdo teórico) e laboratórios da Seção de Parasitologia (conteúdo prático) no Campus “Gilberta Bensabath” do IEC em Ananindeua.

A pesquisadora Giselle Viana ressalta que a realização do curso pelos profissionais que atuam no diagnóstico laboratorial da malária realizado pelos LACEN´s tem dois marcos importantes:

“Este evento representa a retomada da agenda regular do curso já mencionado, que tem como objetivo principal fomentar a atualização no diagnóstico laboratorial da malária e realizar a avaliação de competências. Outro marco importante é a consolidação do trabalho integrado entre os dois laboratórios de referência regional para a malária, composto pelo Laboratório de Pesquisas em Malária do IOC como referência para a extra-Amazônia e o Laboratório de Pesquisas Básicas em Malária do IEC como referência para a Amazônia, sob a coordenação do GT-Malária da SVS, contribuindo para a maior eficiência dos produtos e serviços oferecidos por estes laboratórios”.

O técnico Ricardo Mauro que atua no Controle de Qualidade do LACEN-AM ressalta que entre as atividades deles está a de capacitar e atualizar toda a rede laboratorial do estado, e que por isso participar do curso no IEC é tão importante:

“É relevante o curso oferecido pelo Instituto Evandro Chagas, porque de fato ele vem nos atualizar para que possamos levar esses conteúdos para o nosso estado e assim multiplicar essas informações para todos os 62 municípios do Amazonas”.

Jéssica Ramos do CGZV/MS ressalta que a partir do curso todos os profissionais certificados tem uma missão, que é ser “multiplicador de conhecimento. Dessa maneira, contamos com vocês no sentido de transmitir o que aprenderam tanto aos microscopistas de revisão, como de base, para que essas informações cheguem aos estados e municípios e vocês saiam daqui com essa tarefa”.

Com palestrantes do IEC, SESPA, CGZV e do Instituto Osvaldo Cruz da FIOCRUZ do Rio de Janeiro (IOC/FIOCRUZ/MS), o treinamento teve como conteúdo programático toda a parte teórica em relação à malária e outros hemoparasitos de importância médica, como aspectos clínicos, tratamentos, a epidemiologia da doença no Brasil, o agente transmissor e também a parte prática, aonde os participantes observaram e realizaram toda a técnica para o diagnóstico laboratorial de referência para a doença.

Kérzia Nascimento, responsável pelo Controle de Qualidade da Malária, Doença de Chagas e Leshimaniose do LACEN-PA ressalta os aprendizados adquiridos durante o curso. “Primeiramente, visualizar os aspectos gerais da malária, tanto do malariae como do Plasmodium ovale, esse segundo não é encontrado no Brasil, a interação também dos profissionais de saúde de outros estados e atualizar sempre é bom, né?”

 No último dia do evento (03/12) foi realizada no auditório do Centro Nacional de Primatas (CENP), a cerimônia de encerramento com a entrega de certificados aos participantes do treinamento.

A diretora substituta do Instituto Evandro Chagas (IEC), Lourdes Garcez ressaltou a importância da atividade, especialmente nesse momento ainda pandêmico: “Com os surtos de malária que tem acontecido, mostra-nos que possivelmente a pandemia da COVID-19 implicou no aumento do número de casos de uma doença que já havia tido controle anteriormente”.

Ao fim, o pesquisador Claudio Tadeu Ribeiro da IOC/FIOCRUZ ministrou a palestra intitulada “Plamodium simium na Mata Atlântica Fluminense: o terceiro foco de Malária zoonótica no mundo”. Na oportunidade, o pesquisador ressaltou a importância dos microscopistas no treinamento de atualização.

“Vocês são parte do desafio para que possamos eliminar a malária, nos próximos anos, levando em consideração a proporção desse desafio que é enorme, tendo em vista que a estratégia de eliminação e controle deve ser sustentável. Inclusive essa palavra diferencia os termos eliminação e erradicação. A eliminação pode zerar o número de casos, mas ele pode voltar, já a erradicação não há probabilidade de retorno da doença, por isso a estratégia de eliminação precisa ser sustentável”.

Ao reverenciar o trabalho de multiplicação do conhecimento que os microscopistas têm pela frente, o pesquisador Claudio Ribeiro finaliza emocionado trazendo uma fala de Galileu Galilei: “O que eu sei, passo adiante”.