Instituto Evandro Chagas participa de Reunião da OPAS/OMS para discutir os desafios de eliminação da doença de Chagas na região amazônica

No período de 14 a 16 de outubro de 2025, o Instituto Evandro Chagas (IEC/SVSA/MS) esteve presente na XIII Reunião da Comissão Intergovernamental da Iniciativa dos Países Amazônicos para a Eliminação da Doença de Chagas como um problema de Saúde Pública (AMCHA), organizado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e pela Unitaid. Com a presença dos 9 países da região Pan-Amazônica, o principal objetivo desse evento foi validar o Plano Estratégico 2026-2031 para a abordagem integral da Doença de Chagas na Amazônia e discutir e acordar estratégias e ações complementares e financiamentos para a sua implementação.

O pesquisador do IEC e delegado da AMCHA, Aldo Valente, participou, no dia 14, da sessão “Atualização sobre os problemas de transmissão vetorial da Doença de Chagas na Amazônia: principais desafios”. Ele ministrou a palestra: “Papel dos triatomíneos na transmissão oral”.

De acordo o pesquisador, pensar no papel dos triatomíneos nesse momento de mudanças climáticas é essencial, considerando a adaptação de seus vetores em áreas urbanas: “A transmissão da Doença de Chagas aguda está diretamente ligada ao desmatamento e mudanças climáticas, haja vista que os vetores triatomíneos, tendo seus ecótopos e fontes alimentares destruídos, se deslocam para o domicílio do homem causando infecções. Além disso, a região amazônica tem um papel grande na transmissão de ‘triatomineos de forma oral’,  considerando a associação da cadeia alimentar da população, como o consumo de alimentos contaminados, a exemplo do açaí”, Explica Aldo.

Ecótopos são as menores “porções” da paisagem com condições ambientais homogêneas — solo, relevo, vegetação e água — o que permite comparar áreas, mapear riscos e orientar ações de conservação ou saúde, como focos de vetores.

O pesquisador finaliza, ressaltando que esse evento é importante no contexto de pré-cop 30, tendo em vista a importância em saúde pública da doença: “A realização deste evento em Belém em 2025, o mesmo ano da Conferência do Clima da ONU, reflete a Amazônia como foco palco da COP30. A doença de Chagas, sendo uma zoonose intimamente ligada ao ambiente, vetores e desmatamento, é um tema central na visão de Uma só Saúde (One Health). Sediar a AMCHA em Belém permite que o problema da Chagas seja articulado como um componente crítico da saúde pública diretamente afetado pelas mudanças ambientais e climáticas que serão discutidas na COP”.

Texto: Francisco Souza

Edição: Kelvin Souza