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IEC participa de debate sobre planejamento das ações de saúde para a COP 30
O Instituto Evandro Chagas (IEC), instituição de ciência, tecnologia e inovação ligada à Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA/MS), participou da “Reunião de Consulta Preliminar do Plano de Ação de Clima e Saúde da COP 30”. O evento foi liderado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e aconteceu nos dias 18 e 19 de março, na sede da OPAS, em Brasília-DF.
O objetivo foi o planejamento das ações de saúde voltadas à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), evento climático global que será sediado em Belém-PA, em novembro deste ano. O encontro contou com o apoio da Fundação Rockefeller e agregou especialistas e atores estratégicos, nacionais e internacionais, para contribuir com evidências e recomendações que subsidiem a formulação e futura implementação de um Plano de Ação sobre Clima e Saúde para a COP 30.
A diretora e pesquisadora em saúde pública do IEC, Lívia Caricio, destacou a importância da realização da COP 30 na Amazônia, região caracterizada pela sazonalidade e adaptabilidade dos povos da região. “As comunidades da Amazônia têm essa resiliência, já que o território apresenta períodos de cheia e seca, mas o que estamos vendo hoje é a recorrência de fenômenos climáticos extremos na região, principalmente secas mais prolongadas. E isso ameaça a capacidade de adaptação dessas comunidades, gera sofrimento e agravamento dos marcadores de vulnerabilidade socioambientais desses povos.”
A dirigente do IEC salientou ainda a importância do aumento de financiamento de estudos para mapear e monitorar as repercussões das mudanças climáticas na saúde da população. “Só com evidências científicas robustas, atualizadas e dinâmicas, os países poderão planejar e executar políticas públicas que respondam aos desafios da atualidade.” finalizou Caricio. A chefe da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas (SEARB/IEC), Livia Casseb, e o chefe da Seção de Comunicação e Memória Institucional (SECMI/IEC), Kelvin Souza, também participaram da reunião.
COP 30 - A Conferência das Partes reunirá milhares de participantes, incluindo chefes de Estado, delegações internacionais e especialistas em meio ambiente. Para o representante da OPAS e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, Cristian Morales, a integração da saúde ao debate sobre mudanças climáticas e equidade é central. “Os eventos climáticos extremos agravam enfermidades relacionadas ao calor, doenças crônicas, impactos na saúde materno-infantil, doenças infecciosas, trazendo-as para áreas que antes não eram afetadas, como, por exemplo, a dengue e outras arboviroses”.
O representante da OPAS e da OMS no Brasil complementou que por trás desses eventos estão muitas vidas e “os mais afetados pelas mudanças climáticas são aqueles que menos contribuíram para essa crise – comunidades vulnerabilizadas, sem recursos para se proteger”.
A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério, Agnes Soares da Silva reforçou a urgência da adaptação do setor de saúde às mudanças climáticas. “O setor da saúde está na linha de frente. À medida que nos preparamos para a COP 30, devemos garantir que esta seja uma COP voltada para as pessoas, onde ações coletivas impulsionem nossos esforços”.
A reunião marca o primeiro passo na discussão do Plano de Ação sobre Clima e Saúde a ser considerado no âmbito da COP 30, que está sendo elaborado com foco na proposição de medidas concretas de adaptação às mudanças climáticas para o setor de saúde. Com a equidade como princípio central, o plano buscará garantir a resiliência dos serviços de saúde durante emergências climáticas e, ao mesmo tempo, reforçar a capacidade dos sistemas de saúde para mitigar a morbidade e mortalidade relacionadas ao clima.
O chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do Ministério da Saúde, embaixador Alexandre Pena Ghisleni, destacou a importância de um Plano de Ação sólido, com apoio da maior coalizão possível para que sejam obtidos resultados que façam a diferença. “Estamos convidando a comunidade internacional a unir esforços para avançar, tomando as ações que serão valiosas para o futuro do nosso planeta”.
O Secretário Adjunto de Gestão de Políticas de Saúde da SESPA, Sipriano Ferraz Santos Júnior, e o Secretário de Saúde de Belém, Romulo Nina de Azevedo, também participaram da Reunião. Ambos destacaram as especificidades da região em relação ao alcance das políticas de saúde pública, bem como, os preparativos do Estado e do Município sede da COP-30.
Impactos das mudanças climáticas
A OMS estima que, entre 2030 e 2050, as mudanças do clima causarão mais de 250 mil mortes por ano. Além disso, os impactos econômicos serão significativos, aprofundando desigualdades. O Banco Mundial projeta que aproximadamente 130 milhões de pessoas estarão na linha da pobreza até 2030 e até um bilhão de pessoas poderão ser deslocadas devido às mudanças climáticas até 2050.
A Região das Américas é uma das mais vulneráveis às mudanças climáticas, com enormes desigualdades e 106 milhões de pessoas sem acesso adequado a saneamento, resultando em 30 mil mortes evitáveis a cada ano.
A reunião realizou uma avaliação preliminar das lacunas atuais de evidências em políticas de adaptação para redução e prevenção dos impactos das mudanças climáticas na saúde, incluindo lacunas de financiamento e propostas para o avanço dessa área.
Com informações da OPAS/OMS