Livraria Mário de Andrade reabre no Palácio Capanema com programação cultural

A Livraria Mário de Andrade, que abriga parte importante do catálogo de publicações da Fundação Nacional de Artes (Funarte), será reaberta ao público no dia 14 de novembro, sexta-feira, a partir das 9h, com programação cultural. Localizado no térreo do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, edifício histórico da cultura do Brasil, o espaço volta a funcionar como ponto de encontro e acervo da memória das artes do país. O evento, realizado em parceria pela Funarte e pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), contempla o lançamento de edições históricas, rodas de conversas e a apresentação do espetáculo “Chegança do Almirante Negro na Pequena África”, da premiada Grande Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades. 

“O Palácio Gustavo Capanema voltará a abrigar, junto aos seus pilotis, a Livraria Funarte Mário de Andrade. Um marco histórico de recuperação institucional e de compromisso com a memória das artes, seja através da reativação desse espaço, seja através das nossas publicações que constituem, ao longo de 50 anos, parte importante da formação e reflexão sobre as artes brasileiras”, anuncia a presidenta da Funarte, Maria Marighella.

A reinauguração do espaço marca o início da temporada de celebração dos 50 anos da Funarte em sua afirmação das artes como direito de todo o povo. Também se soma às entregas dos 80 anos do Palácio Gustavo Capanema – marco da arquitetura modernista brasileira que foi reaberto este ano com uma nova proposta de uso, que combina espaços culturais, áreas de visitação pública e também um gabinete do Ministério da Cultura (MinC) e sedes das entidades vinculadas Funarte, Iphan e Fundação Biblioteca Nacional (FBN). 

“A Funarte é uma instituição referência nas publicações sobre as artes brasileiras e a sua livraria, o ponto de encontro entre essa produção e um público muito diversificado, de artistas, pesquisadores, estudantes e apreciadores da arte de modo geral. É um momento, portanto, festivo, de reencontro com esse público e lançamento de publicações importantes para o país”, afirma Caroline Cantanhede, coordenadora de Programas para Pesquisa e Produção de Conteúdos da Funarte. 

Após a cerimônia de com falas públicas, às 9h, a reinauguração da Livraria é celebrada ao longo do dia. às 10h, acontece uma roda de conversa sobre a publicação “Meu amado me disse: os cantos tōlo dos povos Karib do Alto Xingu”, lançado em outubro durante uma missão inédita e pioneira da Funarte na Aldeia Ipatse, localizada na Terra Indígena do Xingu. A obra, resultado de anos de trabalho da antropóloga Bruna Franchetto, em parceria com o pesquisador indígena Yamaluí Kuikuro Mehinaku, reúne cantos tradicionais transmitidos entre gerações e executados por mulheres em rituais sagrados dos Kuikuro, transcritos na língua original, pertencente à família Karib, e traduzidos ao português, incluindo áudios acessíveis por QR-Code.

O Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular promove na sequência mesas redondas sobre duas obras históricas de seu catálogo, com reedições lançadas neste dia: “Projeto e Missão: o Movimento Folclórico Brasileiro (1947-1964)”, de Luís Rodolfo Vilhena, e “Carta do Folclore Brasileiro: 70 anos”, organizado por Daniel Reis.

Lançada em 1997, a primeira obra, fruto de pesquisa do autor sobre os estudos de folclore e cultura popular no Brasil, tornou-se emblemática para a antropologia brasileira e, após anos esgotada, ganha segunda edição, em parceria com a Editora da Fundação Getúlio Vargas. Já a segunda reúne sete artigos e uma entrevista de especialistas em diversas áreas do conhecimento sobre “A Carta do Folclore Brasileiro”, documento redigido em 1951 e reeditado em 1995, marco de referência de políticas públicas culturais desenvolvidas pela, à época, Comissão Nacional de Folclore.

A programação fecha com a apresentação do espetáculo “Chegança do Almirante Negro na Pequena África”, da Grande Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades. Com dramaturgia em cordel inspirada no episódio da Revolta da Chibata e seu líder João Cândido, a peça encena uma “epopeia marítima” com grande elenco de músicos, atores e dançarinos que atuam sobre pernas de pau, elevando o aspecto arquetípico e tragicômico das personagens. 

“Essa é uma programação que celebra o vínculo histórico entre as duas instituições, a reabertura desse espaço tão importante para a cidade do Rio de Janeiro e para a cultura nacional, e também o Novembro Negro. Por isso a importância de trazer arte e também publicações robustas do ponto de vista documental e arquivístico, com impacto na construção de políticas públicas culturais para o país”, afirma Rafael Barros Gomes, diretor do Centro Nacional do Folclore e Cultura Popular (CNFCP). 

Livraria Mário de Andrade 

Inaugurada em 1997, a Livraria Mário de Andrade oferece uma seleção de títulos das Edições Funarte, além de outros produtos como discos de vinil, disponíveis para aquisição em todo o Brasil. Os pedidos podem ser feitos pelo e-mail livraria@funarte.gov.br. A livraria retorna ao seu local de origem, o Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio de Janeiro, e está localizada agora no pátio do edifício. A partir do dia 17 de novembro, a Livraria funcionará regularmente de segunda a sexta, das 10h às 18h.

Na página de Edições On-line da Funarte, diversas publicações estão disponíveis gratuitamente para download.

Reabertura Livraria Mário de Andrade

14 de novembro (sexta-feira)

• 09h00 - Cerimônia

• 10h00 - Lançamento no Rio de Janeiro do livro “Meu amado me disse: os cantos tōlo dos povos Karib do Alto Xingu” (Funarte)

Mesa-redonda com Sandra Benites (Funarte), Bruna Franchetto (UFRJ), Oiara Bonilla (UFF), com mediação de Caroline Cantanhede (Funarte)

• 11h00 - Lançamento da 2ª edição do livro “Projeto e Missão: o Movimento Folclórico Brasileiro (1947-1964)” (CNFCP/IPHAN e Ed. FGV), de Luís Rodolfo Vilhena

Mesa-redonda: Maria Laura Cavalcanti (UFRJ), Maria Elisabeth Costa (CNFCP/IPHAN), Joana Corrêa (NEAD IFNMG/Diamantina) e Ana Carolina Nascimento (CNFCP/IPHAN), com mediação de Rafael Barros (CNFCP/IPHAN)

• 13h30 - Lançamento do livro “Carta do Folclore Brasileiro: 70 anos” (CNFCP), organizado por Daniel Reis

Mesa-redonda com os autores: Ana Teles da Silva, Caio Csermak, Cascia Frade, Clóvis Carvalho Britto, Jean Costa Souza, Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti, Maria Elisabeth Costa e Renata de Castro Menezes, com mediação de Daniel Reis

• 16h30 - Sessão de autógrafos

• 17h00 - Espetáculo “Chegança do Almirante Negro na Pequena África", da Grande Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades