Notícias
Inauguração da lona Mestre Jamelão, na Escola Nacional de Circo Luiz Olimecha, marca os 50 anos da Funarte
Foto: CGCOM Funarte
A Fundação Nacional de Artes (Funarte) celebrou o dia 16 de dezembro, data oficial de sua criação, com uma programação simbólica e histórica na Escola Nacional de Circo Luiz Olimecha (Enclo), no Rio de Janeiro (RJ), integrando o Ato I das celebrações de aniversário dos 50 anos da instituição. O evento marcou a inauguração da nova lona Mestre Jamelão – Diamante Negro, com espetáculos circenses e entrega do documento resultante do Encontro Nacional de Políticas para o Circo, reafirmando o compromisso com a preservação, a formação e a difusão do circo como linguagem artística fundamental da cultura nacional.
A cerimônia reuniu a ministra da Cultura, Margareth Menezes, a presidenta da Funarte, Maria Marighella, o diretor-executivo Leonardo Lessa e o diretor do Centro de Circo, Marcos Teixeira, junto à toda Diretoria Colegiada da Fundação, além de gestoras e gestores públicos, representantes do campo circense, professoras, professores, estudantes da Enclo e agentes de diversas regiões do país. O descerramento da placa que nomeia a lona foi realizado pela ministra e pela presidenta da Funarte, ao lado da comunidade da escola e de participantes do Encontro Nacional.
Além de uma escola de excelência, com reconhecimento internacional, a Enclo esteve ali demonstrando sua capacidade de criação artística. A diversidade de corpos e experiências, os números circenses e um espetáculo de grande porte, com dezenas de artistas em cena, representaram a conquista do circo brasileiro com a potencialização da Escola, viabilizada por esta gestão.
Uma nova lona para o circo
A nova lona homenageia Fidelis Sigmaringa da Silva Nascimento (1947–2025), o Mestre Jamelão, também conhecido como Diamante Negro, figura central da história da Escola Nacional de Circo e referência das artes circenses brasileiras. A escolha do nome reflete o reconhecimento institucional da Funarte às trajetórias que constroem, sustentam e transmitem os saberes do circo no país. A família do capataz esteve presente na homenagem.
Durante a cerimônia, a ministra Margareth Menezes destacou o papel do circo como linguagem artística integral e como porta de entrada para o acesso à cultura em muitos territórios brasileiros, especialmente fora dos grandes centros urbanos. A ministra também ressaltou a importância do apoio contínuo do Ministério da Cultura para a permanência e o fortalecimento da Escola Nacional de Circo e do setor circense como um todo.
“Para que essa escola continue, precisa ter apoio. O Ministério da Cultura reconhece essa força que são as artes circenses. A lona do circo ficará para sempre honrando a história desse grande senhor”, destacou a ministra.
A presidenta da Funarte, Maria Marighella, reforçou o caráter simbólico e político da inauguração da lona no dia do aniversário da instituição. Segundo ela, erguer novamente a lona da Enclo representa um compromisso inegociável com a recuperação institucional, com o fortalecimento das políticas públicas para linguagens artísticas como o circo e com a garantia do direito às artes em todo o território nacional. Em sua fala, destacou ainda a centralidade da Funarte como principal instituição pública de proteção e promoção das políticas para o circo no Brasil.
“Levantar essa lona, erguer esse símbolo do circo brasileiro, é um compromisso inegociável, com a recuperação institucional da Funarte e do Ministério da Cultura, que garantem o direito às artes do Brasil. Nós escolhemos estar aqui, na Enclo, neste dia, para partilhar responsabilidades que projetam as artes pro futuro do Brasil”, ressaltou a presidenta da Funarte.
Encontro Nacional de Políticas para o Circo
A inauguração da lona Mestre Jamelão ocorreu em meio à realização, pela Funarte, do Encontro Nacional de Políticas para o Circo, entre os dias 14 e 16 de dezembro, também na Enclo. A ação reuniu agentes circenses, pesquisadoras(es), gestoras(es) e representantes institucionais em mesas de debate, rodas de diálogo e grupos de trabalho e resultou na elaboração de um documento com diretrizes e encaminhamentos nas áreas de fomento, formação, difusão e pesquisa, entregue à Funarte e ao Ministério da Cultura durante a cerimônia.
O documento apresenta os trabalhos realizados a partir da construção coletiva de um conjunto amplo e diverso de proposições elaboradas pelo setor circense brasileiro, resultado de acúmulos históricos de diálogo, organização política e formulação crítica em torno das políticas públicas para o Circo. Estruturado com base nas diretrizes e eixos da Política Nacional das Artes, o material expressa demandas que atravessam décadas de reivindicação do campo, reafirmando o Circo como linguagem artística autônoma, como modo de vida e como prática cultural profundamente enraizada nos territórios e nas dinâmicas sociais do país.
O circo como patrimônio brasileiro
Representando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial, Deyvesson Gusmão, informou que os estudos para o reconhecimento do circo de tradição familiar como patrimônio cultural imaterial do Brasil já foram concluídos e devem ser apreciados pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural até março de 2026. “O circo tem uma importância fundamental para a formação de pessoas e para a formação de públicos para as artes no Brasil todo. Esse patrimônio forma, faz cultura e é muitas vezes o principal acesso à arte que o nosso país tem”, declarou.
O diretor de Circo da Funarte, Marcos Teixeira, destacou a honra de ser o primeiro diretor da linguagem artística na Fundação e agradeceu à parceria do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) na administração do Curso Técnico em Artes Circenses da Enclo.
A coordenadora da Enclo, Luciana Belchior Mota, ressaltou o significado da lona como símbolo de pertencimento, trabalho, formação e resistência da comunidade circense, relembrando o período de crise vivido pela escola e o processo coletivo de mobilização que garantiu sua continuidade. “A lona é nossa casa, é nossa escola, é nosso trabalho, nosso templo. É o símbolo maior da nossa cultura”, disse.
A programação artística do dia contou com o espetáculo “Circo Science – Do Mangue ao Picadeiro”, da Trupe Circus, da Escola Pernambucana de Circo, em homenagem a Chico Science e ao Movimento Manguebeat.
Depois, expressando potência criativa da Trupe da Enclo, a plateia assistiu à estreia de “RetomAr-te”, espetáculo criado e interpretado exclusivamente por integrantes da Escola, que narra a trajetória da escola, sua resistência e o renascimento simbólico com a nova lona.
Com entrada gratuita e ampla participação do público, a inauguração da lona Mestra Jamelão – Diamante Negro consolidou-se como um dos marcos centrais das celebrações de 50 anos da Funarte. A ação reafirma o circo como patrimônio vivo e campo prioritário das políticas públicas culturais, projetando a Escola Nacional de Circo e a Funarte como referências nacionais na defesa, na formação e na difusão das artes circenses no Brasil.
As comemorações dos 50 anos da Funarte seguem até março de 2026, com uma programação diversa voltada à memória, à valorização dos agentes culturais e à construção do futuro das políticas públicas para as artes.