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Funarte reverencia Jards Macalé
(Divulgação)
A Fundação Nacional de Artes (Funarte) reverencia a vida e a obra do carioca Jards Anet da Silva (1943-2025), o Jards Macalé, vanguardista da música brasileira, criador inventivo que fez da arte a sua estrada de liberdade e imortalidade. Compositor, cantor, violonista, arranjador, produtor musical e ator, teve sua relação com a música iniciada ainda na infância, em concertos de música erudita, cuja riqueza se soma em sua experiência nos estudos de orquestração e composição, que se encontram também com a música popular do Rio de Janeiro e do Brasil, dos morros ao rock’n’roll, fazendo surgir uma estética híbrida e bastante particular.
Sua primeira composição, “Meu Mundo É Seu”, em parceria com Roberto Nascimento, foi gravada por Elizeth Cardoso em 1964 – abre-alas de popularidade para uma trajetória que logo se cruza com nomes como Maria Bethânia, Nara Leão, Caetano Veloso, Gal Costa, Vinicius de Moraes, Torquato Neto, Capinam e Waly Salomão, com quem compôs o seu esplendoroso sucesso “Vapor Barato”.
Jards também criou trilhas sonoras para teatro e filmes como “Amuleto de Ogum (1973), de Nelson Pereira dos Santos; “Macunaíma” (1968), de Joaquim Pedro de Andrade; “Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” (1969), de Glauber Rocha; e “Terra Estrangeira” (1995), de Walter Salles. O documentário “Jards Macalé, um Morcego na Porta Principal” (2010), do cineasta Marco Abujamra e do jornalista João Pimentel, contam das primeiras quatro décadas de sua carreira.
Irreverente, corajoso e avesso às ordens da indústria da música, enfrentou com sua música a repressão política da ditadura civil-militar e seguiu ecoando a liberdade em sua existência. Filiou-se à estética tropicalista, criando uma marca na narrativa da MPB. Recebeu da crítica o rótulo de “maldito” ou “anjo torto”, que, segundo o próprio Macalé, revela a incompreensão de sua obra e a resistência do mercado à sua produção. A despeito disso, ressaem ao público o seu talento vibrante, a singularidade de suas interpretações, o seu violão rítmico e a sua coerência.
A Funarte se solidariza com familiares, amigos, admiradores e todas as gerações admiradoras desse mestre.