Notícias
“Encontro com Mestres”: projeto une shows e oficinas gratuitas em Belo Horizonte
Hamilton de Holanda - Divulgação projeto "Encontro com Mestres” / Nando Chagas
O choro, patrimônio imaterial brasileiro e considerado o primeiro gênero musical nacional, volta a movimentar a efervescente cena belo-horizontina com o projeto “Encontro com Mestres” neste mês. A nova edição acontece de 28/11 (sexta-feira) a 30/11 (domingo), na Funarte MG, com shows, oficinas, feira gastronômica e roda de choro, reunindo mestres do gênero e novas gerações de músicos. Realizado pela produtora Grupo Dolores, o projeto é viabilizado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, com patrocínio do Grupo Orizonti, com o apoio da Funarte MG através do Programa Funarte Aberta 2025 - ocupação dos espaços culturais da Funarte.
Os ingressos para a festa, incluindo o show de sexta-feira (28/11) do convidado Hamilton de Holanda, estão disponíveis no Sympla. A abertura é do cavaquinista Pablo Dias, com participação de Sérgio Pererê. As entradas para os outros shows, no domingo (30/11), que incluem Henrique Araújo convida Regional Jacarandá, Abre a Roda – Mulheres no Choro e Regional da Serra convida Thamiris Cunha, também podem ser adquiridas pelo Sympla.
De acordo com a produção do evento, o “Encontro com Mestres” propõe um reencontro com a essência do choro, linguagem nascida nas rodas periféricas do Rio de Janeiro do século XIX, e há mais de um século dedicada a ensinar a escuta, o improviso e o respeito às raízes. Ao mesmo tempo, o projeto faz um aceno para as novas gerações, com intenção de formar plateias, descentralizar a cena e renovar os laços entre mestres e aprendizes.
Junto a shows e oficinas, o público presente na Funarte MG poderá aproveitar a feira gastronômica, com barracas de comidas e bebidas, no domingo (30/11), a partir das 12h, reforçando o caráter popular e acolhedor que marca a história das rodas de choro.
“É uma alegria participar do Encontro com os Mestres, projeto do grupo Regional da Serra que oferece programação gratuita e aproxima aprendizes, músicos renomados e o público envolta do choro, linguagem central da nossa música, nascida na roda, que ensina escuta, improviso e respeito às raízes. Iniciativas assim dão um passo decisivo para conservar e renovar a cena de choro em Belo Horizonte”, afirma Hamilton de Holanda.
Shows: mestres do palco à roda
A programação começa na sexta-feira (28/11), às 19h, no Teatro da Funarte, com show do cavaquinista Pablo Dias, do Regional da Serra, recebendo o multiartista Sérgio Pererê, em um encontro de ritmos afro-brasileiros e improviso. Em seguida, às 20h30, é a vez do aguardado show de Hamilton de Holanda, um dos maiores nomes da música instrumental brasileira. O bandolinista, vencedor do Grammy Latino e aclamado internacionalmente, apresenta um espetáculo que reafirma a capacidade do choro dialogar com o jazz, o samba e a música de concerto, por exemplo, em um amplo cardápio harmônico e estilístico, a partir de linhas melódicas técnicas e de abundantes doses de improviso.
“Como integrante do Regional da Serra, a gente está muito feliz em fazer parte desse projeto, que vem alimentando o choro na cidade há alguns anos seguidos. É uma forma de descentralizar e aproximar o chorinho de mais pessoas. E fazer a abertura do show do Hamilton de Holanda, um dos maiores músicos do país e do mundo, junto do Sérgio Pererê, uma referência criativa em sonoridades, é uma honra”, comenta Pablo Dias.
No domingo (30/11), a partir de 13h30, o público contempla a apresentação dos anfitriões, o Regional da Serra, formado por Daniel Nogueira (pandeiro), Daniel Toledo (violão sete cordas), Pedro Álvares (flauta) e Pablo Dias (cavaquinho). O grupo convida a clarinetista e cantora Thamiris Cunha, que leva ao palco um repertório vibrante de mulheres compositoras de diferentes épocas, como Chiquinha Gonzaga, Luciana Rabelo, Raíssa Anastasia, Luísa Miry e Marcela Nunes, valorizando a presença feminina no gênero.
Às 15h, é a vez do Abre a Roda – Mulheres no Choro, formado só por mulheres instrumentistas e compositoras, que rompem com o formato tradicional dos Regionais de choro, ao incorporar instrumentos como saxofone, violino e piano às formações de violão e percussão. O grupo reflete as mudanças da cena do choro em BH, atualmente marcada pela forte presença feminina. “Há dez anos, o cenário era totalmente diferente. Hoje há espaço para grupos femininos, como o Abre a Roda, o Feitiço e as Chorosas. As mulheres estão encabeçando grupos, montando repertórios como compositoras contemporâneas e afirmando seu lugar nesse universo predominantemente masculino”, avalia Thamiris Cunha, que já integrou o Abre a Roda.
Às 16h30, quem encerra a série de shows é o bandolinista Henrique Araújo, um dos mais respeitados educadores e intérpretes do instrumento no Brasil. O músico convida ao palco o grupo Regional Jacarandá, formado por instrumentistas com trajetória destacada na cena paulista do choro, como Lucas Arantes (cavaquinho) e Rafael Toledo (pandeiro). No mês da consciência negra, Henrique Araújo apresenta, junto ao Regional Jacarandá, o show “Choro Negro”. O espetáculo revisita clássicos de Jacob do Bandolim, Pixinguinha e Ernesto Nazareth, além de apresentar composições autorais. Araújo, que é fundador da Escola de Choro de São Paulo, acumula a bagagem de ter acompanhado nomes como Nelson Sargento, Criolo, Renato Teixeira e Fabiana Cozza.
Oficinas: aprender o choro na prática
As oficinas formativas, realizadas no sábado (29/11), são um dos pilares do projeto “Encontro com Mestres”. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas por meio deste link do Sympla. As aulas oferecem ao público a oportunidade de aprender diretamente com mestres do choro, que também estarão nos palcos. O dia começa com credenciamento do público interessado, às 9h, seguido, às 10h, da oficina de Hamilton de Holanda, voltada à improvisação, à escuta coletiva e à construção do repertório do bandolim.
Às 13h, o grupo Abre a Roda – Mulheres no Choro conduz uma vivência prática sobre a atuação das mulheres no gênero e os arranjos de conjuntos femininos. Na sequência, às
14h45, Henrique Araújo explora cadências e contracantos do bandolim brasileiro, e, às 16h30, o Regional Jacarandá encerra a programação formativa com uma oficina sobre o funcionamento e a harmonia dos tradicionais Regionais do choro — formação clássica do gênero, que inclui pandeiro, cavaquinho, violão e violão de 7 cordas.
O encerramento do sábado de oficinas (29/11) acontece com a grande “Roda de Choro com os Mestres”, às 19h, no Baticum Tendinha Cultural, no bairro Concórdia, onde professores, alunos e músicos convidados se encontram em uma celebração aberta e espontânea.
Sobre o Regional da Serra
O Regional da Serra, tal como se configura hoje, também deriva do processo de reinvenção da cena de choro da capital mineira, a partir de 2018. “Crias” da roda do Salomão, os quatro músicos belo-horizontinos — Daniel Nogueira (pandeiro), Daniel Toledo (violão sete cordas), Pedro Álvares (flauta) e Pablo Dias (cavaquinho) — decidiram, naquela época, oficializar o grupo e batizaram-no com o nome do bairro que os conectou.
“Colocamos o nome em homenagem ao bairro onde fica o Salomão, juntando com essa coisa tradicional do choro, do ‘regional’. Geralmente, os ‘regionais’ têm violão sete cordas, violão seis cordas, pandeiro e cavaco. E tocam sem muitos improvisos. No nosso caso, só temos um [violão] sete cordas, mas nos inspiramos nos regionais mais na forma tradicional de executar as músicas e no repertório”, explica Pablo Dias. Este já é o terceiro projeto do grupo em parceria com o Grupo Dolores, composto por Bruna Toledo e Luciana Brandão.
Os músicos do Regional da Serra atuam há mais de uma década, integrando rodas e palcos de referência de BH, como o Pedacinho do Céu, Bar Brasil 41, Bar do Bolão e Bar do Salomão. Já dividiram o palco com nomes como João Camarero, Hamilton de Holanda, Yamandú Costa, Zé da Velha, Silvério Pontes, Paulinho Pedra Azul e Monarco, entre outros.
Serviço
“Encontro com Mestres”
28/11 - (Sexta-feira)
19h – Pablo Dias convida Sérgio Pererê
20h30 – Hamilton de Holanda
Funarte MG – Rua Januária, 68, Centro, BH
R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia-entrada) | Ingressos via Sympla
29/11 (Sábado)
9h – Credenciamento dos participantes
10h – Oficina com Hamilton de Holanda
13h – Oficina com Abre a Roda – Mulheres no Choro
14h45 – Oficina com Henrique Araújo
16h30 – Oficina com Regional Jacarandá
Funarte MG – Rua Januária, 68, Centro, BH
Oficinas gratuitas | Inscrições: Formulário online
19h – Roda de Choro com os Mestres (entrada gratuita)
Baticum Tendinha Cultural – Rua Itararé, 566, Concórdia, BH
30/11 (Domingo)
12h – Abertura da Feira Gastronômica
13h30 – Regional da Serra convida Thamiris Cunha
15h – Abre a Roda – Mulheres no Choro
16h30 – Henrique Araújo convida Regional Jacarandá
Funarte MG – Rua Januária, 68, Centro, BH
R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia-entrada) | Ingressos via Sympla