Memorial de Francisco Beltrão
CODEARQ:
BR PRMFB
Nome da Instituição:
Memorial de Francisco Beltrão
Endereço:
Rua: Octaviano Teixeira dos Santos, n.º 1121
Cidade:
Francisco Beltrão
Estado:
PR
CEP:
85.601-030
Telefone:
(46) 98816-5936
Seu endereço de e-mail:
URL:
Ano de Criação:
2012
Vinculação administrativa:
Prefeitura Municipal de Francisco Beltrão
Missão Institucional:
O Memorial de Francisco Beltrão foi criado em 21 de dezembro de 2012 com objetivo de preservar a memória histórica e cultural do município. O acervo cultural que compunha o Memorial neste primeiro momento era fundamentalmente formado por documentação coletada e produzida pelo Departamento de Cultura e suas ações de preservação histórica através do Projeto Memória, iniciado em 2001. De início, a estimativa de materiais era de mais de 20 mil itens, entre fotografias, documentos, negativos em acetato, fitas cassetes e objetos históricos.
A cidade de Francisco Beltrão, onde está localizado o Memorial, iniciou seu povoado como “Vila Marrecas” cuja colonização era promovida pela CANGO (Colônia Agrícola Nacional General Osório), criada por Vargas em maio de 1943. O objetivo político era ocupar as regiões próximas à fronteira com a Argentina, auxiliando a instalação de famílias de agricultores e dando todo suporte necessário. Dessa maneira, mais do que somente assistir, a Cango participou ativamente da vida dos primeiros colonos, emprestando ferramentas e sementes e trazendo profissionais necessários para a comunidade, como médicos, dentistas, professores e topógrofos (Vorpagel, 2018). Assim, a colonizadora deu todo o amparo necessário para a ocupação da região sudoeste do Paraná.
Do material remanescente desse período, o memorial recebeu do 16º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado um conjunto de documentos de cerca de uma tonelada, em 2002. Esse conteúdo permaneceu na sede do Memorial até meados de 2016, quando foi cedido ao Centro de Memória do Sudoeste (Cemesp), um órgão de pesquisa de catalogação criado pela Universidade Paranaense (Unipar). Nesse período, toda documentação que incluía fotografias, registros e livros de contabilidade começou a ser classificada por alunos do Cemesp (Francisco Beltrão, 2016). Todavia, com o fechamento do curso de História, ficou novamente encaixotado e esquecido em uma sala da universidade.
Da história da cidade, o acontecimento mais conhecido pela população beltronense foi a Revolta dos Posseiros. Na época, os colonos ocupavam as terras, mas não recebiam o título de propriedade, o que abria precedente para instalação de colonizadoras particulares que exigiam o pagamento por um falso documento. Diante de ameaças, medo e coerção, os colonos pegaram em armas e se revoltaram contra tais colonizadoras, culminando na revolta de 10 de outubro de 1957, quando essas empresas foram expulsas da região (Pegoraro, 2007; 2008). Mesmo que o episódio seja motivo de orgulho entre os pioneiros da cidade, há ainda uma grande dificuldade com a manutenção e arquivamento do material remanescente desse período.
Dentre as atuais atividades realizadas pelo Memorial, estão o resgate, preservação e divulgação da memória da sociedade beltronense de seus registros documentais, por meio do acesso à informação. Uma dessas formas de divulgação é a organização de exposições locais e itinerantes. Algumas já realizadas são: Guerra do Contestado; Cango 70 Anos; Exposição Fotográfica Amácio Mazzaropi; Coral Municipal: 40 anos de história; 60 Anos de história: Revolta dos Posseiros e Exército Brasileiro em Francisco Beltrão; Fragmentos da Memória: Documentos da Colônia Agrícola Nacional General Osório; Evolução da Moda Feminina no Sudoeste do Paraná; CANGO 75 anos (itinerante); Lugares de Memória: Artista Plástico Marcio Ronsani; Expobel 50 anos de história; retratos que o tempo esqueceu na história (Exposição digital); Espaço da Arte & Teatro Eunice Sartori: 22 anos (1997-2019); Cine Memória: a história do cinema beltronense; Máquinas do Tempo: Fotografia, história e arte; Banda Municipal: 50 anos; Evolução do Vestuário e Nas Ondas do Rádio.
Dentro de suas atividades culturais e sociais, o Memorial é responsável pela manutenção, gestão, preservação e atendimento guiado do Museu da Colonização. Nesse sentido, realizam-se atividades de cunho educativo, em parceria com escolas da rede municipal e estadual de Francisco Beltrão e demais cidades da região Sudoeste. As atividades incluem exposições e visitas guiadas por historiadores que buscam recordar fatos e objetos históricos que destacam a história, memória e cultura regional.
Caracterização do Acervo:
O acervo é constituído por fundos e coleções documentais oriundos de múltiplas proveniências, incluindo doações da comunidade, acervos privados, arquivos institucionais e documentos oficiais, conferindo à instituição caráter híbrido e representativo da diversidade sociocultural local. Ao reunir, custodiar e tratar tecnicamente essas diferentes tipologias documentais, o Memorial consolida-se como um repositório arquivístico de referência, contribuindo significativamente para a construção da memória coletiva, a valorização da identidade regional e o fortalecimento do sentimento de pertencimento da população. Entre os fundos e coleções sob sua guarda, destaca-se a documentação referente à Colônia Agrícola Nacional General Osório (Cango) e à Revolta dos Posseiros (1957), episódios-chave na constituição da memória coletiva local.
Condições de acesso aos documentos:
Pesquisas e consultas ao acervo podem ser agendadas pelo e-mail memorial.fbeltrao@gmail.com ou pelo telefone e Whatsapp. O acervo está disponível para pesquisas e visitação em horário de atendimento específico.
Com relação à documentação da CANGO, trata-se de um acervo recolhido em 2002 ao Memorial de Francisco Beltrão, proveniente do 16º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, totalizando aproximadamente uma tonelada de documentação (57 caixas, 18 livros, 2 gaveteiros com múltiplas pastas e fichários, além de uma mapoteca com jornais e periódicos que apresentam as ações da Cango). Posteriormente, o fundo foi cedido em regime de comodato ao Centro de Memória do Sudoeste (Cemesp), da Universidade Paranaense (Unipar), onde permaneceu até a descontinuidade do curso de História, resultando em seu abandono técnico e físico. Atualmente, encontra-se desorganizado, encaixotado e inacessível, em condições inadequadas de armazenamento, agravando o risco de perda definitiva de parte significativa do acervo. A estimativa preliminar indica que cerca de 80% da documentação encontra-se em estado de risco de preservação, com presença de suporte papel frágil (papel-jornal, papel carbono, papel ofício antigo), sujeição a umidade, acidez, fungos e danos físicos acumulados. Estão incluídos livros contábeis, livros registro dos colonos migrantes, relatórios administrativos, registros fotográficos, correspondências oficiais, dados divulgados na imprensa nacional e estadual, plantas da então Vila Marrecas com a divisão das glebas de terras, normativas da colonizadora e mapas, abrangendo temporalmente os anos de 1943 a 1970, período-chave para a compreensão da atuação da Cango e da política de interiorização promovida pelo Estado Novo. A ausência de tratamento técnico impediu até o momento a aplicação de qualquer nível de descrição arquivística, tampouco a elaboração de instrumentos de pesquisa.
Dia e horário de atendimento:
De segunda a sexta das 8h às 17h
Data do Cadastro:
10/06/2025