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14.09.2015 - Sucesso na agroecologia estimula retorno de produtores ao campo
Foi a partir da união de propriedades localizadas em Santa Rosa de Lima, município das Encostas da Serra Geral, em Santa Catarina, que em 1996 surgiu a Associação dos Agricultores Ecológicos, Agreco. No início eram apenas quatro famílias recém-saídas da crise da produção fumageira no estado, que de modo associado produziam hortaliças orgânicas e comercializavam com uma rede de supermercados de Florianópolis. O que na época era apenas uma associação, hoje reúne aproximadamente 130 famílias que em 2009 transformaram a Agreco na Cooperagreco, uma cooperativa com foco no desenvolvimento territorial dos municípios da região.
Nestes quase vinte anos, o território das Encostas da Serra Geral tem sido uma referência nacional quando o assunto é sustentabilidade e o desenvolvimento de técnicas para assegurar a recuperação do solo, agredido pelo excessivo uso de agrotóxicos nas antigas plantações de fumo e tabaco. Apesar das dificuldades iniciais para desenvolver o plantio sem uso de defensivos químicos, havia fatores naturais e condições climáticas específicas que hoje favorecem a produção de mais de 30 toneladas mensais de alimentos. Alguns municípios das Encostas da Serra Geral estão localizados no mesmo nível do mar e, como contam os moradores, “têm mais nascentes de águas do que habitantes”.
Adilson Lunardi é um dos responsáveis pela cooperativa. Formado em Administração e produtor de mel orgânico, Lunardi também gerencia a comercialização dos mais de 50 itens da Cooperagreco, inclusive os provenientes da agroindústria vinculada aos cooperados. A substituição do cultivo fumageiro pela produção orgânica de alimentos foi possível, segundo o agricultor, principalmente a partir das atuais políticas públicas federais que têm estimulado a permanência no campo: “depois do sucesso da agroecologia em nossa região, vemos famílias que tiveram que deixar as terras na época da crise do fumo [década de 1990] e retornam agora para produção orgânica. Eles veem oportunidades de trabalho na agroecologia feita de modo associado”.
Desde a fundação da cooperativa, em 2009, até os dias atuais, os cooperados destacam o crescimento das vendas em 30% e a valorização do segmento agroecológico, principalmente pelas oportunidades criadas com a adesão dos produtores ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do governo federal. No PAA, as compras públicas de alimentos são feitas diretamente com os agricultores familiares e destinadas às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional, àquelas atendidas pela rede de assistência social e para rede pública e filantrópica de ensino.
Atualmente a Cooperagreco comercializa produtos perecíveis como mel orgânico, frutas e vegetais e, para conquistar novos mercados, transforma estes em produtos com validade mais estendida como geleias, molhos e frutas desidratadas. Os produtos com a marca Cooperagreco também já conquistaram mercados no Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.
Marília Marques – Ascom/SG
Com a Cooperativa de Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral, em Santa Catarina, finalizamos esta série de reportagens sobre a agroecologia e produção orgânica. O conteúdo é uma prévia para o Seminário Dialoga Brasil Agroecológico, que de 16 a 18 de setembro vai promover um diálogo em Brasília, entre o governo federal e a sociedade civil para a elaboração do 2º Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo 2016-2019).
O debate vai ser feito a partir da proposta da Câmara Interministerial de Agroecologia e Produção Orgânica (Ciapo) e terá um momento para troca de experiências e um balanço das políticas de estímulo à agroecologia postas em prática por meio da execução do Planapo I.
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