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ENTREGADORES POR APLICATIVOS
Grupo de Trabalho Técnico de Entregadores por Aplicativo ganha reforço de mais ministérios
- Foto: ADRIANO SARMENTO\SGPR
O Grupo de Trabalho Técnico (GTT) de Entregadores por Aplicativo iniciou oficialmente suas reuniões nesta segunda-feira (16), com a participação de sete ministérios do Governo Federal, fortalecendo a atuação interministerial voltada à valorização, à proteção social e à promoção do trabalho decente para trabalhadores de plataformas digitais. A primeira reunião marcou a instalação do grupo e a aprovação de um cronograma de encontros semanais, com agenda intensa ao longo das próximas semanas e previsão de conclusão dos trabalhos até 27 de janeiro, em articulação com o debate legislativo em curso no Congresso Nacional.
Participaram da reunião o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos; a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz; o secretário nacional de Economia Popular e Solidária, Gilberto Carvalho, representando o Ministério do Trabalho e Emprego; Thomas Paris Caldellas, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; Rodrigo Leite, do Ministério da Saúde; Marco Antonio Félix, do Ministério do Empreendedorismo; o procurador do Ministério Público do Trabalho Rodrigo Barbosa de Castilho; e Renata Dutra, do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Inicialmente, o GTT nasceu com a Secretaria-Geral, o Ministério do Trabalho e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. E agora ganhou reforço.
Durante o encontro, o GTT reafirmou a importância da participação das organizações representativas dos trabalhadores, reconhecendo seu papel histórico na defesa de direitos, ao mesmo tempo em que buscou assegurar a presença de entregadores organizados em associações e coletivos, ampliando a representatividade e fortalecendo o diálogo social.
Na abertura da reunião, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, destacou o protagonismo dos trabalhadores no processo de construção das propostas. “Queria mencionar e valorizar a participação dos trabalhadores, os entregadores e entregadoras por aplicativos, que vieram e estão representados aqui a partir de critérios estabelecidos, inclusive com representação regional, garantindo que todas as regiões do Brasil estejam presentes”, afirmou.
Garantias
O ministro também ressaltou a necessidade de um olhar sensível para a realidade vivida pela categoria. “Há uma sensibilidade social elementar que é se colocar na pele dessas pessoas que trabalham horas e horas por dia em cima de uma moto e não têm o mínimo de reconhecimento nem de garantias”, completou.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ressaltou a importância do espaço de escuta e diálogo promovido pelo Grupo de Trabalho. Para ela, “são momentos como esses que fazem a diferença para a gente chegar aqui e saber por quem e para quem a gente trabalha, e de que lado da história a gente está”.
Já o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, saudou a iniciativa de retomar o debate e reforçou o papel do Estado na mediação das relações de trabalho. “É importante a participação do governo para fazer essa mediação, para proteger os trabalhadores. Isso é muito importante”, destacou.
“A retomada desse debate é fundamental para garantir direitos aos trabalhadores por aplicativo, fortalecer o diálogo social e avançar na construção de uma regulação mais justa”, enfatizou Gilberto Carvalho, do Economia Popular e Solidária.
Ao longo da reunião, também foram destacados avanços em discussão no âmbito legislativo, como a ampliação da remuneração mínima por entrega, a garantia de proteção previdenciária e social, a responsabilização das plataformas digitais, a criação de pontos de apoio para descanso e alimentação, além do pagamento de adicionais em períodos noturnos, fins de semana e feriados. O grupo pactuou ainda a realização de reuniões temáticas para aprofundar temas como previdência, seguros, saúde e segurança no trabalho, além das demandas específicas de mulheres entregadoras e ciclistas.
Trabalhadores
Representando as entidades da categoria, participaram da reunião a Aliança Nacional dos Entregadores por Aplicativo (Anea), o Movimento dos Trabalhadores Sem Direitos (MTSD) e a Associação dos Motofrentistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil (AMABR).
Júnior Freitas, do MTSD, destacou que o debate vai além de aspectos técnicos e envolve o reconhecimento da dignidade humana. “A gente precisa entender que o nosso trabalho aqui também é trazer humanidade e dignidade, o mínimo para os trabalhadores que hoje sofrem nas ruas. Muitas vezes, temos discussões técnicas para garantir direitos, mas o que está faltando é humanidade. Quando a igualdade social está à mesa, a gente traz também essa dignidade”, afirmou.
O GTT aprovou ainda a realização de reuniões extraordinárias com as plataformas digitais, com o objetivo de ampliar o diálogo e buscar soluções equilibradas entre inovação, sustentabilidade do modelo e garantia de direitos. O relatório final do Grupo de Trabalho será apresentado em janeiro e servirá de subsídio para a continuidade do debate legislativo, reafirmando o compromisso do Governo Federal com a promoção do trabalho decente, da proteção social e da dignidade dos entregadores por aplicativo.