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EDUCAÇÃO MIDIÁTICA
3ª Semana Brasileira de Educação Midiática reforça importância de articulação com universidades e organizações para promoção da cidadania digital
Ao longo da semana, além de atividades autogestionadas realizadas em todo o país, universidades e organizações da sociedade civil parcerias da SECOM também lideraram iniciativas online e presenciais. Foto: Divulgação/SPDIGI
Com o tema “Mobilizar uma geração para a cidadania digital”, a 3ª Semana Brasileira de Educação Midiática reuniu especialistas, gestores públicos, professores e jovens em uma programação marcada por debates, trocas de experiências e lançamentos de novas formações no tema. Realizado entre os dias 28 e 31 de outubro, o evento foi promovido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e apoio da UNESCO.
Durante a abertura oficial, um dos destaques da programação foi a mesa temática “Currículos de Educação Digital e Midiática em ação pelo Brasil”, que reuniu representantes de diferentes redes de ensino para compartilhar experiências e práticas já em desenvolvimento em seus estados.
A mesa foi composta por Mauricio Martins, Diretor na Multirio do município cidade do Rio de Janeiro, pelo Orientador de Célula da Secretaria de Estado de Educação do Ceará, Paulo de Sousa; pelo Assessor para IA na Educação da Secretaria de Estado de Educação da Bahia, Iuri Rubim; pela Gerente de Currículo da Educação Básica da Secretaria de Estado de Educação do Espírito Santo, Aleide Camargo e pelo Superintendente de Informação e Tecnologia da Secretaria de Estado de Educação do Mato Grosso do Sul, Paulo dos Santos..
Os convidados apresentaram iniciativas que refletem os avanços na implementação da educação digital e midiática nos currículos escolares, em consonância com a Resolução n° 2/2025 do Conselho Nacional de Educação. As experiências mostraram como diferentes redes de ensino vêm se adaptando à nova normativa e integrando a cultura digital ao cotidiano das salas de aula.
Ao longo da semana, além de atividades autogestionadas realizadas em todo o país, universidades e organizações da sociedade civil parcerias da SECOM também lideraram iniciativas online e presenciais. Entre as discussões nos eventos da programação, destacou-se a importância da cooperação entre diferentes setores para ampliar o alcance das ações no campo da comunicação e da educação.
No webinário “Experiências de Cooperação em Educação Midiática”, realizado na quarta-feira (29) pela Universidade de Brasília em parceria com a SECOM, MEC, Universidade Federal de Uberlândia e Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, foi destacado o papel inovador de iniciativas desenvolvidas por meio de parcerias promovidas pelo Governo Federal.
Projetos como o MidiaCop, desenvolvido pela Secom, pela UFMS e pelo governo da França, demonstraram o potencial transformador da parceria entre academia e poder público. A iniciativa prepara estudantes da Amazônia para realizar a cobertura jovem da COP30, em Belém, articulando educação midiática e ambiental.
“Eu costumo dizer que a gente não colocou a mão na massa; a gente colocou a mão na mídia. O celular é uma ferramenta de produção, mas também de manipulação, e é entendendo isso que a gente desenvolve o pensamento crítico”, explicou durante evento o professor Márcio Gonçalves, da UFMS, responsável pelo projeto.
No âmbito do projeto, outra ação da Semana foi uma aula especial com os estudantes que farão a cobertura da COP sobre jornalismo ambiental, em parceria com o Repórteres Sem Fronteiras.
FORMAÇÃO - Outras experiências reforçaram a força da educação midiática como instrumento de formação cidadã e de defesa dos direitos humanos.
O Curso de Aperfeiçoamento em Educação Midiática para a Promoção e Defesa dos Direitos Humanos e Diversidades, resultado da parceria entre a UFU, UnB, MEC e Secom, já alcançou mais de 14 mil educadores de todas as regiões do país.
“A educação midiática se impõe como uma urgência pedagógica e ética. Ela forma sujeitos de direitos e prepara professores para enfrentar as novas dinâmicas da informação”, afirmou Erasto Fortes, coordenador-geral de Políticas Educacionais e Direitos Humanos do MEC.
DIÁLOGO - As discussões também destacaram o diálogo entre Educação Midiática e Educomunicação, áreas que, segundo Mariana Filizola, coordenadora-geral de Educação Midiática da Secom, sempre caminharam lado a lado.
“A educação midiática não é um tema novo, mas hoje ela se afirma como um direito e uma política pública. É resultado da construção coletiva de professores, pesquisadores e comunicadores que, há décadas, vêm mostrando que ler o mundo passa também por compreender as mídias”, afirmou Mariana Filizola.
O professor Ismar de Oliveira Soares, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais de Educomunicação (ABP-Educom), celebrou a aproximação entre os dois campos:
“Estou celebrando a articulação desses conceitos, que em alguns momentos se estranharam, mas esse estranhamento está sendo superado rapidamente.”
A UNESCO também reconheceu o impacto das práticas educomunicativas. Maria Rehder, oficial de projetos de educação da entidade no Brasil, destacou o prêmio internacional concedido ao programa Imprensa Jovem, de São Paulo, como “um marco importante do reconhecimento da educomunicação como prática transformadora”.
A presença e o protagonismo juvenil marcaram toda a programação. Caroline Fernandes Lira, do projeto Memórias em Rede, ressaltou a importância do olhar crítico nas redes: “A desinformação está a todo momento tentando nos confundir, mas precisamos sempre verificar as informações corretas antes de repassar.”
SEGURANÇA DIGITAL - Ainda como parte da Semana, ocorreu na sexta-feira (31/10) o lançamento da segunda edição do curso “Escolas on, Violências off: Educação para Segurança Online de Meninas”, marcando um passo importante na promoção de ambientes digitais mais seguros. Desenvolvido pela organização Serenas com apoio da Secom, MEC Ministério das Mulheres e apoio da Embaixada Britânica, o curso gratuito — agora disponível na plataforma Avamec — qualifica professores e gestores para prevenir e enfrentar as violências de gênero mediadas pela tecnologia.
“Esse curso conecta educação, comunicação e direitos humanos para garantir que meninas possam viver e aprender em ambientes digitais seguros, livres de violência e discriminação”, afirmou Ananda Carrias, coordenadora de projetos de educação midiática da Secom.
Segundo dados apresentados durante o evento, 75% das vítimas de assédio online são meninas, a maioria entre 13 e 25 anos. “A escola é um espaço de convivência democrática e proteção integral — e isso inclui o enfrentamento das violências mediadas por tecnologia”, destacou Thais Luz, coordenadora do MEC.
CIDADANIA DIGITAL - A 3ª Semana Brasileira de Educação Midiática reafirmou que o fortalecimento da cidadania digital depende da colaboração entre governo, universidades e sociedade civil.
Com iniciativas voltadas à formação docente, à valorização da juventude e à promoção da segurança digital, o Brasil segue ampliando o alcance de uma política pública essencial para o futuro — formar cidadãos capazes de compreender, produzir e transformar o ecossistema da informação com responsabilidade, ética e senso crítico.