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PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR
Governo do Brasil cria comitê para discutir casos de intoxicação por metanol e fortalecer cooperação com setor de bebidas
Ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) afirmou, durante reunião que formalizou a criação do comitê, que a atuação do governo vai além da repressão, priorizando abordagem pedagógica e cooperativa com o setor privado. Foto: Ailton de Freitas/MJSP
O Governo do Brasil anunciou a criação de um comitê para discutir casos de intoxicação por metanol nesta terça-feira, 7 de outubro. A iniciativa foi anunciada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, durante reunião com representantes de órgãos federais e de entidades do setor de bebidas. O grupo terá como foco promover uma resposta rápida e articulada para conter os casos de intoxicação por metanol, fortalecer o setor produtivo e integrar informações e boas práticas entre o poder público e a iniciativa privada.
O comitê será coordenado pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e funcionará, inicialmente, de forma informal, com reuniões virtuais. O objetivo é permitir trocas ágeis de informações, acelerar medidas para identificar e retirar do mercado produtos adulterados e restabelecer a confiança dos consumidores.
“O governo tem a convicção de que, dada a magnitude do problema, a solução não pode ser alcançada, com a velocidade necessária, apenas pelo setor público. É indispensável a colaboração do setor privado. Esta é também uma crise econômica, que exige coordenação e cooperação”, afirmou Lewandowski. O ministro destacou ainda que a atuação do governo vai além da repressão, priorizando uma abordagem pedagógica e cooperativa. “Nosso objetivo é um diálogo transparente: diremos o que estamos fazendo e o que pretendemos fazer e esperamos a colaboração de todos. Este não é mais um problema exclusivo do Estado brasileiro, mas também do empresariado e da sociedade civil”, completou.
O governo tem a convicção de que, dada a magnitude do problema, a solução não pode ser alcançada, com a velocidade necessária, apenas pelo setor público. É indispensável a colaboração do setor privado. Esta é também uma crise econômica, que exige coordenação e cooperação”
Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública
AÇÕES INTEGRADAS – Na reunião, o secretário nacional do Consumidor, Paulo Pereira, apresentou as ações em andamento e destacou que equipes técnicas da Senacon estão mapeando soluções tecnológicas desenvolvidas por universidades brasileiras para o diagnóstico rápido de bebidas adulteradas. Segundo ele, a adoção dessas ferramentas poderá garantir maior previsibilidade ao mercado e segurança aos consumidores. “Queremos ouvir o setor sobre como essas ferramentas podem ser aplicadas para restabelecer a tranquilidade da sociedade e permitir o retorno gradual da normalidade nas vendas e no consumo”, explicou Pereira.
A secretária Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos, Marta Machado, reforçou que o Programa Nacional de Integração de Dados Periciais sobre Drogas (PNIDD) foi colocado à disposição dos estados para fortalecer os laboratórios locais com apoio técnico, logístico e capacitação, formando uma rede integrada de análises.
Marta destacou também a atuação da Polícia Federal, que está recebendo amostras para a realização da perícia isotópica, exame que identifica a origem do metanol, determinando se é derivado de combustíveis fósseis ou resultado de processos fermentativos. “O Ministério da Justiça e Segurança Pública também coordena, junto aos estados, uma força-tarefa interfederativa para levantamento de necessidades estruturais e técnicas dos laboratórios periciais. O objetivo é fortalecer as capacidades locais e garantir um fluxo contínuo de informações”, finalizou Marta.
COLABORAÇÃO – Durante o encontro, o ministro e os secretários ressaltaram a importância da participação ativa das entidades setoriais, com o envio de denúncias, compartilhamento de padrões técnicos e identificação de práticas suspeitas no mercado.
O Comitê de Enfrentamento da Crise do Metanol será o espaço estruturado para essa cooperação e terá três eixos principais de atuação:
- Troca de informações e boas práticas entre governo e setor privado;
- Divulgação coordenada das medidas adotadas pelos órgãos públicos;
- Registro e acompanhamento das iniciativas desenvolvidas pelas empresas e associações.
A Polícia Federal será convidada a integrar o grupo, que poderá evoluir para uma instância formal, conforme os resultados alcançados.
COMPOSIÇÃO – Participaram da reunião representantes do Ministério da Saúde (MS), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Receita Federal do Brasil. Também estiveram presentes as seguintes entidades do setor produtivo e associativo: Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe); Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD); Confederação Nacional da Indústria (CNI); Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP); Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF); Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) e fábrica Diageo, representante da indústria de bebidas.