Brasil disputa o ouro em nove das 13 categorias possíveis do boxe

O boxe brasileiro se colocou na condição de atingir um feito histórico e inédito nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile. A modalidade já bateu o recorde de medalhas conquistadas em uma única edição de Jogos Pan-americanos. São 12 pódios garantidos nos ringues do Centro de Treinamento Olímpico da capital chilena. A marca anterior era de nove, obtida há 70 anos, na edição de São Paulo, em 1963. O país busca agora o recorde de ouros, que é de três, também conquistado na capital paulista.

BOLSA ATLETA - Dos 13 atletas convocados para representar o Brasil no Pan de Santiago, 12 são atualmente integrantes do Bolsa Atleta, programa de patrocínio individual a esportistas de alto desempenho do Governo Federal. Dez deles integram a categoria Pódio, a principal do programa, um faz parte da categoria Internacional e um da Nacional. O repasse anual total do atual edital para os 12 contemplados supera os R$ 1,34 milhão. Dos nove finalistas, oito são bolsistas.

Nós nos preparamos muito forte. As equipes bravas com a gente, reclamando de tudo porque realmente foi puxado, mas foi isso que fez termos uma campanha extraordinária. Agora vamos buscar, ao menos, três ouros para liderarmos o quadro de medalhas da modalidade"

Mateus Alves, treinador-chefe da equipe brasileira

Os pugilistas brasileiros conquistaram vaga em nove das 13 finais possíveis. As decisões das 13 categorias começam a partir das 11h desta sexta, 27/10 e seguem até o fim do dia, com transmissão ao vivo pelo canal de Youtube do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

Os últimos classificados foram Carolina Almeida, Jucielen Romeu, Barbara Santos, Michael Douglas Trindade, Wanderley Pereira e Abner Teixeira, que venceram seus combates na tarde desta quinta-feira, 26/10.

Pela manhã, Tatiana Chagas, Beatriz Ferreira e Keno Marley Machado já haviam avançado à final. Todos os finalistas garantiram também a vaga olímpica para Paris 2024 (Bia e Jucielen já haviam carimbado o passaporte ao chegarem às semifinais). O desempenho empolga o treinador-chefe Mateus Alves.

“Nós nos preparamos muito forte. As equipes bravas com a gente, reclamando de tudo porque realmente foi puxado, mas foi isso que fez termos uma campanha extraordinária. Agora vamos buscar, ao menos, três ouros para liderarmos o quadro de medalhas da modalidade. Conseguimos cinco finais no feminino e quatro no masculino. Superamos a meta que eram sete classificações para os Jogos e vamos buscar as outras quatro vagas no classificatório no final de fevereiro. Vamos buscar o recorde de ouros fora de casa e, quem sabe, conseguir igualar ou superar São Paulo 1963", disse Mateus.

No fim da tarde desta quinta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou sobre a competição. Parabenizou os atletas brasileiros primeiras vitórias e ressaltou a relevância do investimento federal no esporte. "Importante lembrar que 74% dos nossos atletas têm apoio do Bolsa Atleta, importante política pública que impulsiona o esporte. Ainda teremos mais alguns dias de competição e estamos na torcida por mais medalhas", disse Lula.

FINAIS COM BRASILEIROS NESTA SEXTA

FEMININO

Categoria até 50kg
Caroline Almeida (BRA) x Jennifer Lozano (EUA)

Categoria até 54kg
Tatiana de Jesus (BRA) x Yeni Marcelo Castañeda (COL)

Categoria até 57kg
Jucielen Romeu (BRA) x Valeria Arboleda Mendoza (COL)

Categoria até 60kg
Bia Ferreira (BRA) x Paola Valdes Pana (COL)

Categoria até 66kg
Bárbara Santos (BRA) x Morelle Mccane (EUA)

MASCULINO

Categoria até 51kg
Michael Douglas Trindade (BRA) x Yunior Alcantara Reyes (DOM)

Categoria até 80kg
Wanderley Pereira (BRA) x Arlen López Cardona (CUB)

Categoria até 92kg
Keno Marley Machado (BRA) x Julio Cesar La Cruz (CUB)

Categoria +92kg
Abner Teixeira da Silva (BRA) x Joshua Edwards (EUA)

SURPRESA - Uma das boas surpresas do dia foi Caroline Almeida (50kg). Ela enfrentou Ingrit Victoria, da Colômbia, uma adversária dura, com duas medalhas em mundiais (vice em 2022 e bronze em 2023) e uma olímpica. “Naka”, como Carol é conhecida, não deu chances à adversária, sempre tomando a iniciativa do combate. Com isso, garantiu a vitória e cumpriu a meta que tinha colocado para Santiago 2023.

A estratégia para a final é bailar e ser feliz. Minha meta já foi conquistada, que era a classificação para os Jogos Olímpicos, mas agora que cheguei na final, quero o ouro”

Caroline Almeida, finalista da categoria até 50kg

“Saí com a vitória nos três rounds, classificada para Paris, que era meu sonho. A estratégia para a final é bailar e ser feliz. Minha meta já foi conquistada, que era a classificação para os Jogos Olímpicos, mas agora que cheguei na final, quero o ouro”.

Num confronto entre duas medalhistas de bronze no último mundial, Barbara Santos (66kg) e Camila Bravo (Colômbia) fizeram uma luta equilibrada, com decisões divididas em todos os rounds. Mas no último, quatro juízes deram a vitória para a brasileira que, no total, venceu por 3 a 2. “São meus primeiros Jogos Pan-americanos, já sou finalista, carimbei meu passaporte para Paris e estou muito feliz”, completou.

Wanderley Pereira (80kg) encarou Cedryck Belony-Duliepre, do Haiti, e dominou toda a luta, vencendo por unanimidade. Na final, vai encarar uma pedreira, o bicampeão olímpico Arlen Lopez Cardona, de Cuba. “Estou muito preparado, treinado, confiante. Com certeza, vou dar meu melhor em cima do ringue para sair com essa vitória", comentou “Holyfield”, que, na decisão, deve ter uma boa prévia do que irá encontrar em Paris 2024. “É a realização de um sonho essa classificação, muito feliz em poder representar o Brasil nos Jogos Olímpicos”.

Medalhista de bronxe nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Abner Teixeira se classificou para a final do Pan. Foto: Miriam Jeske / COB

HISTÓRIA - Na última luta do Brasil no dia, o medalhista de bronze olímpico Abner Teixeira (+92kg) venceu Cristian Codazzi, da Colômbia, e superou seu próprio desempenho em Lima 2019, quando conquistou o bronze. "Foi uma luta dura, contra um oponente experimentado, dois Jogos Olímpicos nas costas, disputou mundiais, continentais. Treinamos muito com ele, e a estratégia estava traçada. Era só estar com a mente blindada, coração pronto. Estava ouvindo muito bem o corner hoje, o corpo fluindo. Quero ser o primeiro cara a repetir medalha olímpica no boxe. Nunca teve duas medalhas na minha categoria e quero deixar meu nome cravado com essa conquista", disse Abner, que enfrenta na final do Pan o americano Joshua Edwards, na última luta prevista da modalidade.

BRONZES - No boxe, os semifinalistas que não avançam já garantem o bronze. No período da tarde, Yuri Falcão Reis não conseguiu superar Wyatt Sanford, do Canadá. Pela manhã, Vivi Pereira e Luiz Oliveira “Bolinha” foram derrotados, respectivamente, por Atheyna Bylon, do Panamá, e Jamal Harvey, dos Estados Unidos, e confirmaram a medalha de bronze.

QUADRO DE MEDALHAS - O Brasil encerrou a quinta-feira, 26/10, com 66 medalhas conquistadas no Pan de Santiago, com 14 ouros, 25 pratas e 27 bronzes. Os Estados Unidos seguem na liderança, com 139 medalhas e 59 ouros. Na sequência aparecem México, com 70 pódios e 30 ouros, e o Canadá, com 83 medalhas e 29 ouros. 

Com informações do Comitê Olímpico do Brasil